terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

AUTORA: HILMA FREIRE

ÍNDICE


1 APRESENTAÇÃO CONTEXTUAL

2 O LIVRO “LÚPUS SEM MARTÍRIO”: APRENDIZADO, ESPIRITUALIDADE E AMOR À VIDA (NA ÍNTEGRA)

3 ENTREVISTA DO MÉDICO REUMATOLOGISTA DR. EYORAND ANDRADE CASTELO BRANCO SOBRE ESTA OBRA


APRESENTAÇÃO CONTEXTUAL


A OBRA “LÚPUS SEM MARTÍRIO” TORNOU-SE UMA GRANDE MISSÃO QUE CONTINUA, PARA AJUDAR A ALGUÉM.

            A minha tarefa ainda não terminou com a publicação deste livro, “Lúpus sem martírio: aprendizado, espiritualidade e amor à vida”. É pura verdade que este trabalho para a minha alma é mais que um livro: é uma missão.
            Se Deus me deu tanta coragem (a coragem é consequência da Fé) para eu ir avante sempre, não importando as dificuldades, obstáculos... as pedras do caminho, hei de sobreviver à mais dura e cruel lição da vida, que é a da perda de entes queridos: a minha mãe.
            Estou aqui, vivendo, criando, produzindo algo. Qualquer coisa, simples ou não, pouco interessa se for para ajudar a alguém: um livro, um sorriso, um abraço, ouvindo-as.
            Estou na luta de me evoluir e tento conscientemente me policiar, objetivando me aperfeiçoar. A vida é passageira demais; é impossível em uma só existência conseguir a perfeição, pelo menos eliminar os sentimentos inferiores como o ódio, mágoa, ressentimentos... O grande Chico Xavier dizia: “Sou um verme. Como definir Deus e me comparar à sua perfeição?” E diz ainda: “Se o verme falasse, certamente agradeceria ao Sol que lhe dá vida, e a todo o Universo...”.
            O segredo da vida, da felicidade, é humildade e caridade; mas a caridade pela caridade, tão pouco não é? Porque será que, para a grande maioria, é tão difícil?
            Estou seguindo em frente, tentando seguir melhor os ensinamentos, pois acredito estar alegrando a Deus, à minha mãe, minha rainha Hilda, e a mim mesma.
            Através da minha própria vida, embora com inúmeras limitações, posso ajudar ao Mundo, a partir do íntimo do meu coração: a vida é linda, maravilhosa; vale ser vivida de maneira construtiva, semeando otimismo, a verdadeira amizade e compromisso, procurando ser feliz; e só é possível ser feliz quando se consegue fazer os outros felizes.
            Na tragédia, na dor, é possível ver que ainda existem os valores eternos: amor, solidariedade.
Janeiro de 2011. Essa tragédia na região serrana do Rio de Janeiro, muito me sensibilizou com a dor dos que perderam seus entes queridos, todo o material e eles falam ao repórter que “não tenho mais nada, mas tenho fé em Deus para recomeçar”. Isso é prova que Deus existe! Em meio a tanta tragédia (descaso da maioria dos representantes políticos brasileiros) todo ano é a mesma coisa.
A minha enfermidade, as minhas dificuldades são reduzidas a quase nada. A dor, para os que aprendem a lidar com ela, é a mestra de todas as mestras.
            Saio de mim, dos meus problemas e vejo que sou capaz de ajudar outros que estão na verdade em situação mais difícil do que a minha.
            Um dia, um amigo fraterno me falou:
“Professora, o pior sentimento que alguém pode sentir por nós, chama-se ‘piedade’; portanto, não queira ser vítima, a coitadinha. Todos nós possuímos potencial; desenvolva, se sinta útil, ajude a alguém. Isto é verdadeiro: seja qual for sua enfermidade, tenha fé, que irá ter coragem para nunca desistir de lutar”.
            A vida é luta, batalha; termina uma, vem a próxima; o importante é saber administrar cada batalha e ter perseverança.
            No Prefácio escrito por Emmanuely Dantas Macedo G. Santana, ela consegue entender o objetivo desta obra, pois, ao escrevê-lo, estava no âmago da minha alma. A capacidade dessa jovem acadêmica de Medicina muito me impressionou ao conseguir ler a minha íntima pretensão. Com certeza, essa capacidade é um dom de Deus, é tamanha a sua sensibilidade quando assim comenta:
“Apesar de ter elaborado um livro autobiográfico, Hilma Freire consegue expressar em seus textos um pouco da vida de cada um de nós — nossos medos, angústias, fraquezas, fé e esperanças —, tornando esta obra imensamente rica, não apenas aos portadores de Lúpus ou profissionais da Saúde, mas a qualquer pessoa que tenha a capacidade de emocionar-se e de encantar-se com o espetáculo da Vida. [...] É uma homenagem à vida, à vida como é: com suas alegrias, tristezas, desilusões, erros e acertos, dores e aprendizados...”.
            Quando intencionamos praticar um ato, uma ação, atitude, um trabalho honesto, sincero, da alma pura, visando ajudar ao próximo, todo o Universo conspira a favor, tudo tem um “final feliz”.
            Fui abençoada na Apresentação sob o título “Renascer das cinzas” — um presente do meu amigo fraterno Promotor de Justiça, Escritor e Poeta Dr. Edilson Santana; na “Orelha”, pela presidente do Grupo de Apoio aos Pacientes Reumáticos do Estado do Ceará (Garce), Dra. Marta Maria Serra Azevedo; e com a Epígrafe, escrita pelo meu amigo Valdir Loureiro — que, no seu modo peculiar de intervir com divagações, valoriza a gratidão, cultivando-a e dizendo que “ela é uma paixão da alma, segundo o filósofo René Descartes” e acrescenta que a mesma provoca intensa alegria na pessoa que a recebe. A propósito, esta obra contém um texto intitulado “Aprendendo sobre a gratidão”.
            Nada é como um “passe de mágica”; foram cinco anos de trabalhão, força de vontade e determinação — elementos essenciais para vencer a violência dos vendavais e a impetuosidade das ondas; nada foi capaz de me desanimar, muito menos de tirar a estabilidade do meu objetivo.
            É necessário possuir a alegria da alma; a saúde me é limitada, mas não a minha capacidade de viver intensamente cada instante, construindo, edificando... Foi uma das heranças que a minha mãe, a minha rainha, me deixou: acreditar no amor sublime de Deus e que não é o espaço nem a extensão do tempo que fará uma pessoa feliz, mas a intensidade que se dá a cada segundo da vida, dando alma a tudo ou qualquer trabalho que ora estiver fazendo.
            Para o meu maior orgulho, esta obra teve a participação da minha mãe: eu gravava os textos, ela ouvia e dizia “filha, melhore esta frase; filha, você repetiu”. Só ela conhecia o livro e muitas vezes me perguntava:
“E amly? como está hoje?” Amly é Hilma ao contrário. Ficaria difícil eu escrever sobre mim mesma. Certa vez, estando eu hospitalizada, já muito doente, ela me dizia: “Não a quero triste; sempre se lembre de sorrir. Que seja sempre otimista e ‘ame a Deus sobre todas as coisas’ e que continue o seu tratamento com o meu amigo querido Dr. Eyorand Andrade. É... ele é meu amigo, Maria Hilma, e você sabe disso”.
            Em todas as vezes que eu precisei me internar, a minha mãe sempre esteve comigo; eu me internava em um dia e só saía com quinze dias, por exemplo; ela também só saía comigo. Dr. Eyorand não via problema, porque, se fosse preciso, ele cuidaria dela também. Obrigada, Dr. Eyorand.
            Muita gente amiga e alentadora faz parte da minha vida. O Lúpus provou-me que, apesar de um mundo cruel, consumista, de interesses pessoais, inveja, falsidade, ódio, corrupção..., ainda existe a verdadeira amizade e ninguém nunca vai tirar o poder de Deus, esse que alenta os que sofrem...
            Dr. Eyorand Andrade Castelo Branco (Reumatologista) diagnosticou o meu problema e é o “meu médico” desde maio de 1987; quem me conhece é impossível não ouvir falar sobre ele. Essa confiança que sinto, esse amor fraternal, muito me ajuda no meu tratamento, na minha luta como Sobrevivente.
            O médico competente, conhecedor do papel que assume no mundo, se não for Humanista, tudo o que aprendeu nada vale, de nada serve.
            Agradeço a Deus por ter colocado esse médico no meu caminho. Não é fanatismo: é fato; e todos os outros médicos de outras especialidades de que precisei e preciso, todos, foram indicados por Dr. Eyorand. Há pouco tempo, fiz três cirurgias de vértebras com Dr. Marcelo Otoch; foi outro anjo humanista que Deus me presenteou.
            A minha luta maior é para que todos os profissionais de saúde sejam além de competentes, humanistas, e que lembrem sempre que o paciente é um ser humano.
            Jamais eu poderia deixar de falar no amor, na gratidão, na minha admiração ao médico cardiologista Dr. Meton Soares de Alencar Filho (Barbalha – CE): outro grande humanista, generoso, amigo, que cuidou da minha mãe, minha rainha Hilda Alves Freire, como se fosse a sua própria mãe; “filho amoroso...”; não é à toa que, no agradecimento deste livro, agradeço a Deus, ao Dr. Meton e ao meu pai, Luis Freire do Nascimento.
            O lançamento desta obra em Missão Velha – CE foi no dia 4 de julho de 2009, na Capela de São Francisco, com a participação do Pároco Joaquim Ivo Alves dos Santos. Como não agradecer tanta generosidade, paciência... a sua boa vontade, entusiasmo me fez ver como é fácil sentir a presença de Deus nas luzes do mundo.
            Hoje, nada mais temo. O lúpus me fez crescer espiritualmente, dando valor a tudo o que parece comum e consigo agradecer a Deus até pelo sofrimento.
            Viver não é fácil, mas é possível. O Mundo possui muitas coisas negativas, mas também positivas. O livre-arbítrio existe; dependerá de cada um de nós.
Aprendi que não tenho inimigos, não tenho adversários; os meus inimigos, os meus adversários sou eu mesma. Se eu trabalhar o meu interior para construir a minha paz espiritual, nada irá me ferir e nem me fará parar de lutar.
            Contudo, é essencial sentir a presença de Deus, mesmo nas sombras que ora a vida me apresenta.
            Acredite: suas limitações não são irreversíveis; se pensa ao contrário, será escravo das mesmas até o resto da sua vida. Se, contudo, você determinar transcendê-las com consciente esforço e “pertinaz persistência”, verá que seu “sonho de ideal” será transformado em sua verdade real e assim você poderá vir a ser “a pessoa que antes acreditava que só os outros podiam ser”. Saiba que os recursos necessários para concretizar essa metamorfose estão com você, em você e só você poderá acioná-los em seu direto benefício.
            Se você reconhecer nos obstáculos as oportunidades de desafios para aprender e provas para avaliar o nível de suas conquistas espirituais, eles perderão a força de ataque e você ganhará o poder de defesa.

Sinceramente

Maria Hilma Freire

“Jesus é a luz do Mundo”


Livro LÚPUS SEM MARTÍRIO: aprendizado, espiritualidade e amor à vida (na íntegra)




Copyright© 2009 – Hilma Freire – Hilma.freire@hotmail.com
(88) 9613.0166
Conselho editorial: Alice Pinto Soares/Eduardo Porto Soares/Alice Maria Pinto Soares/Raimundo Carneiro Leite/Francisco Dirceu Barros
Edição: 2009
DINCE - Edições Técnicas
Central de atendimento: Tel.: 85 3231.6298/3254.7701
Rua Barão do Rio Branco, 1620 – Centro – Fortaleza/CE
Revisão: Valdir Loureiro
Capa e Diagramação: Irissena Gomes


FREIRE, Hilma
Lúpus sem martírio - Aprendizado, espiritualidade e amor à vida/Hilma Freire - Fortaleza/CE.
Din.ce edições Técnicas 2009 – 343p

ISBN:
CDD:
1. Auto biográfico I. Lição de vida

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NOTA DA EDITORA
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Impresso no Brasil
Impressão gráfica: DIN.CE




DEDICATÓRIA






À minha mãe, minha rainha Hilda Alves Freire (in memoriam).

Ao meu pai amado, exemplo e lição de vida,
Luiz Freire do Nascimento.

À minha inesquecível avó materna, Santana (Ana Furtado Menezes) (in memoriam).

Ao meu querido irmão Joaquim Neto Freire (in memoriam).


AGRADECIMENTOS




A Deus, que me ilumina nos momentos de sofrimento e escuridão: “Meu refúgio, minha fortaleza...”

Ao médico cardiologista, amigo, humanista, Dr. Meton Soares de Alencar Filho, que cuidou da minha mãe, minha rainha Hilda Alves Freire (in memoriam), como se fosse a sua própria mãe, filho amoroso, bondoso...

Ao meu pai, Luiz Freire do Nascimento, por ser o pai melhor do mundo, trabalhador, honesto e ter amado verdadeiramente a minha mãe até os últimos dias da sua existência e por toda a eternidade.

Ao apoio cultural de amigos, verdadeiros amigos. “Quem tem amigo coleciona tesouros.”

















Doente de Lúpus precisa seguir
o exemplo de quem se renova na Fé:
pergunta ao seu médico “o remédio, qual é";
acredita em Deus, para não se afligir.
Ao lado de amigos, irá conseguir
vencer preconceito e suportar a dor.
Em vez de ser mais um “pobre sofredor”,
faz, do seu martírio, motivo de ser
mais forte que a dor — para sempre viver
“feliz na doença” — com luz e amor!

Valdir Loureiro
Bibliófilo e administrador público)




RENASCER DAS CINZAS



Há relatos procedentes do antigo Egito sobre o mito da Fênix — fabulosa ave, cuja interpretação se torna da maior importância para a compreensão humana na contemporaneidade.
De acordo com a tradição, essa ave extraordinária vivia muitos séculos e era semelhante a uma imensa águia de plumas vermelhas, azuis e púrpuras. Conta-se ainda que era única e não podia reproduzir-se, mas apenas se recriar. Ao término de sua vida, recolhia-se em um ninho de ervas aromáticas, para então lhe atear fogo e arder até não restarem senão cinzas. Porém, é exatamente dessas cinzas que ela renascerá ou se recriará. Nascia, pois, uma nova Fênix por um processo chamado de “grande ressurreição” ou “ciclo das metamorfoses”.
Com efeito, ela representava a morte e o renascimento, cujo tema se tornou objeto das teorias da Metamorfose e da Metempsicose, traduzindo a idéia da evolução e do eterno retorno.
Infere-se daí que o ser humano deverá — no curso de sua existência finita — recriar-se e evoluir, ainda que todos conspirem contra suas mais caras esperanças.
Este é o desafio proposto pela Fênix: “renascer das cinzas”. E quem for capaz de fazê-lo terá alcançado os meios para vencer os fracassos que a vida impõe.
Na verdade, recriar-se é o maior desafio com que o Homem, inevitavelmente, depara; e significa o caminho a ser percorrido para a sua ascensão espiritual. Compete a ele renascer e evoluir sempre, mas somente aquele que for capaz de construir o seu próprio destino e de enfrentar — com determinação e coragem — os desafios, poderá atingir a grandeza e o encantamento que essa ave traduz.
Esse é o caso da Professora e Administradora de Empresas Maria Hilma Freire —, que pagou o preço de sobreviver ao Lúpus (lesão cutânea destrutiva), palmo a palmo, com sofrimentos e perdas, conflitos e amarguras, sem jamais abdicar da luta em favor dos seus semelhantes, sobretudo dos mais necessitados.
Para tanto, logrou conhecer a si mesma e aceitar-se sem falsa piedade ou martírio, superando os rótulos e a rejeição das pessoas medíocres, nunca desistindo de seus sonhos.
É simplesmente fantástica sua capacidade de traçar as coordenadas e assinalar o ponto de equilíbrio. Esta é a grande virtude da Autora deste livro: superar a si mesma e concretizar importantes projetos sociais, apesar de tudo.
A rigor, um espírito desse nível já superou as fraquezas e os melindres caricatos das vaidades. Tornou-se um lago sereno. A violência dos vendavais e a impetuosidade das ondas já não constituem ameaça à sua estabilidade. Depois de muitos anos de luta, alcançou o equilíbrio e a maturidade dos vencedores. Os sofrimentos físicos e psicológicos foram superados, porque a Dor — para os que aprendem a lidar com ela — é a maior de todas as mestras.
A história da vida é como um painel que vai iluminando-se a cada dia. Há imagens claras e escuras, luzes e sombras, exuberância de cores com tonalidades encantadoras. Mas, além da alegria, há sofrimento nos espaços que retratam a essência da natureza humana. E aos poucos, a luz consegue suplantar as trevas, revelando aos outros o que se é na realidade. Essa é a arte de viver a sabedoria. Todos podem ajudar na representação do visível. Entretanto, não podem tecer os fios da existência e projetar as cores do crepúsculo da individualidade, pois cada ser é único, em todas as dimensões existenciais.
É aí que Maria Hilma destaca-se. Para ela, a vida é linda e muito mais bela é a sabedoria de vivê-la. Por tudo isso, está de parabéns, não apenas pela publicação do livro “Lúpus sem Martírio”, mas também por ter alcançado a vitória em que a maioria da Humanidade malogra; superou a própria capacidade de renascer das cinzas. Isso se percebe em cada gesto seu, com uma só palavra ou com um simples olhar, absolutamente desprovidos de revolta, falsidade e hipocrisia.
Para tanto, aprendeu a quebrar os padrões do passado e a parar de dizer: “Eu não consigo” — quando pode conseguir; ou “Eu não sou” — quando pode ser.


Edilson Santana
Promotor de Justiça
Fortaleza (CE), março de 2007






PREFÁCIO



O Lúpus Eritematoso Sistêmico é conhecido dos médicos desde 1828 — quando foi descrito, primeiramente, por Biett, um famoso dermatologista francês. Várias versões já foram apresentadas no curso da História para a origem de seu nome: “lúpus” significa lobo, em latim, e “erito” significa vermelho, em grego — o que levou, segundo vários Historiadores Médicos, a um folclore sobre a ligação da doença com vampiros e lobisomens, devido à fotossensibilidade, cicatrizes, crescimento de pêlos e manchas nos dentes. Outra teoria diz que o nome veio de loup, um termo utilizado para um estilo francês de máscara que as mulheres usavam para esconder as erupções cutâneas em seus rostos.
A partir disso, verifica-se que o Lúpus, desde os primórdios, esteve associado a preconceitos e exclusões sociais, das mais diversas formas. Primeiro, porque o Lúpus é uma doença que afeta, em regra geral, mulheres ainda em idade reprodutiva (dos 15 aos 45 anos). Segundo, porque é uma doença definida como “traiçoeira” pela maioria dos afetados, devido ao curso crônico de seus sintomas, deixando o paciente, muitas vezes, com uma sensação de cura, quando, então, ocorre uma nova crise, com o seu quadro clínico ainda mais acentuado.
Além disso, por ser uma patologia que envolve fatores imunológicos, genéticos, infecciosos, hormonais, ambientais e psíquicos, pode levar ao acometimento de todos os órgãos e sistemas, causando inflamações em várias partes do corpo, principalmente pele, articulações e rins.
Dentro desse contexto, o que se percebe é que a convivência harmoniosa com essa doença é uma tarefa árdua. É assim que Hilma Freire surpreende-nos e presenteia-nos com este livro: uma história de superação, humildade, coragem, determinação e força — que vai muito além de uma simples relação pessoa-doença, mostrando, antes de tudo, como alguém pode crescer tanto, espiritualmente, a ponto de transformar em alegria e sabedoria qualquer momento da vida.
A mensagem desta obra, na verdade, é uma poesia, uma música, uma lição, uma oração: uma homenagem à Vida — à Vida como é: com suas alegrias, tristezas, desilusões, erros e acertos, dores e aprendizados; tudo isso visto pelos olhos de alguém que carrega consigo uma bagagem imensa de sabedoria e que consegue expressá-la através de palavras simples e esclarecedoras.
Apesar de ter escrito um livro autobiográfico, Hilma Freire consegue expressar em seus textos um pouco da vida de cada um de nós — nossos medos, angústias, fraquezas, fé e esperanças —, tornando esta obra imensamente rica, não apenas aos portadores de Lúpus e profissionais da Saúde, mas a qualquer pessoa que tenha a capacidade de emocionar-se e de encantar-se com o espetáculo da Vida.
Assim sendo, esta é uma obra de uma lutadora. E, talvez, o renomado dramaturgo e poeta alemão Bertold Brecht (1898-1956), se ainda vivo, poderia ver, neste livro, um retrato fidedigno de uma de suas mais célebres frases: “Há homens que lutam um dia, e são bons. Há homens que lutam um ano, e são melhores. Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons. Porém, há os que lutam toda a vida. Estes são imprescindíveis.”.



Emmanuely Dantas Macedo Gonçalves Santana
Acadêmica de Medicina

SUMÁRIO


INTRODUÇÃO 23
Você pode mudar sua história ao abraçar uma digna causa 26
Amly, sua vida e sua história 29
Determinação é conquista da Fé 35
Realização do seu maior sonho: o Dia da Formatura 40
Indo em busca de novos horizontes 41
Seguindo em frente – primeira oportunidade de emprego 42
Ação, iniciativa, audácia e coragem em busca de um emprego melhor 44
Aprendendo sobre a gratidão 47
Grande influência do filósofo e amigo Luiz Wanderley Pereira 50
No mundo, encontramos ainda a compreensão 52
Seguindo em frente 53
Amly usa seus próprios recursos 54
O Lúpus não a intimida: não tem medo da morte, mas de não saber viver o presente 57
Avó Santana planeja a vida de Amly e pede ajuda ao amigo Eugênio Pacely Luna Macedo 59
O tesouro de Amly – os ensinamentos deixados por Avó Santana 63
O diagnóstico: era de fato o Lúpus 67
A reação de Amly em relação ao diagnóstico 72
Iniciando o tratamento 75
As discriminações, e a emoção que lhe deu alicerce para superá-las 78
É da natureza humana: “mataram” Amly tantas vezes! 80
Uma forte discriminação — um amigo fraterno e muito aprendizado tantas vezes! 81
A vida – obra-prima do Criador – não tema os obstáculos 84
A sua coragem aumenta ao sofrer discriminação 89
As discriminações continuam – mas agora é diferente: não sofre mais 92
As provações levam Amly a ampliar o aprendizado através da leitura, incentivada e auxiliada pelo amigo Edilson Santana 94
Aceitação para eliminar ansiedade 97
A coragem é essencial na vida 102
Seja feliz, agindo para o bem 106
Vencer os obstáculos com suas próprias forças 110
Amly agradece a Deus pelos sofrimentos e é feliz 113
Eliminando a atitude, a idéia de dizer “Eu não posso” 117
Deus perdoa a sua fraqueza, mas sua consciência não 121
Atitude mental positiva 126
O que representa o médico para o paciente 129
Em defesa da vida, ame-a 133
O desenvolvimento humano, Deus o oportuniza 136
Ame o tesouro que você tem na vida 140
A vida e as pedras do caminho 144
Dualismo do Universo – bem e mal, vida e morte 147
Reflitam sobre os seus pais, filhos ingratos! 149
O sofrimento fortalece a alma 153
Do que o amor é capaz 157
Um anjo surge na família de Amly: Dr. Metom de Alencar 159
Deus existe e nunca nos abandona 164
A reflexão pode mudar nossa vida 166
O que desafia o corpo pode desenvolver e fortalecer a alma 168
Dores e sofrimentos – dosagem para a evolução 171
A riqueza está na verdadeira amizade 176
O significado da vida: amor-doação total 179
Deus dirige a nossa vida 183
O poder vem da paz espiritual 185
Amly procura ver luz mesmo no fundo do poço 187
Aprenda a viver em harmonia com o bem 191
A importância do amor 194
Entendendo as virtudes – evoluindo 196
Desempenhando bem o seu papel na vida 199
Lembranças de momentos marcantes: Comissão dos conterrâneos e amigos de Missão Velha – GARCE (Grupo de Apoio a Pacientes Reumáticos do Estado do Ceará) 202
A dor é inerente à vida 205
Como superar a dor 209
Coragem! Não desista 211
A aceitação do Lúpus tornou-a mais forte 214
Importância da leitura no crescimento espiritual – justa homenagem – José Rosendo Santana 217
Lutando contra seus reais adversários, inimigos 221
Exija o respeito 223
A importância do autoconhecimento para o crescimento espiritual 225
Aprendendo sobre a ansiedade 228
Lute contra a baixa estima 230
Negar para quê? 234
Ilusão impede o crescimento espiritual 236
Eliminando a depressão 239
O planeta Terra é uma escola 241
Acredite no seu poder pessoal e no amor 244
Você pode suportar 246
Crescer e amadurecer é amar a vida 248
Seu médico, seu amigo – confiança cura 250
O planejamento faz parte da vida de Amly 253
Amando e sentindo o amor 257
Crescendo espiritualmente – somos o que pensamos 260
Habilidade do ser espiritual – vontade 262
Na luta pela vida, encontra amizades sinceras – uma notícia deixa Amly radiante 267
Apelo aos médicos – viva a espiritualidade 271
Eterno aprendizado 275
Como conseguir a fortaleza da alma, alegria e felicidade 277
A perda – saudades eternas 281
Nossa realidade na terra não é permanente – tudo é
temporário 284
O amor é a finalidade da existência humana – revendo alguns fatos 291
Amly e como aconteceu quando Jesus chama a sua mãe 296
Ame, amem muito — e o Universo lhes responderá 299
Homenagem a sua Rainha (Mensagem lida por Hilma Freire na missa de 30° dia) — “E assim viveu Hilda Alves Freire” 301
A vida não pára. Ressurge a vontade de lutar 305
A viagem — em busca de um milagre 307
Doutor Marcelo — uma claridade com raios de luzes douradas
310
O desespero da sua prima Fátima 313
Felicidade é estado de espírito 315
Doutor Marcelo Otoch, doutor Herbert Magalhães, doutor Ovihdo Barreto — uma equipe amiga e profissionais competentes 317
A segunda cirurgia 319
Doutor Marcelo Otoch — um médico humanista 321
A terceira cirurgia — e hoje a sua razão de viver 324
PALAVRAS FINAIS 329
BIBLIOGRAFIA 331
FORMAÇÃO E ATIVIDADES DA AUTORA 333
HOMENAGEM 337
APOIO CULTURAL 341
ANEXO 343




INTRODUÇÃO



Jesus não transitou no mundo sem sofrer.
Pessoa alguma logra vencer a jornada terrestre sem enfrentar os obstáculos necessários ao seu processo de iluminação interior.
A cada ser humano cabe a sofrida tarefa de enfrentar os problemas e solucioná-los; de trabalhar a enfermidade e recuperar a saúde, de lutar e adquirir a paz íntima em qualquer situação a que seja conduzida.
Nunca abandone a trilha da fé, nem se aparte dos deveres sacrificais, porque sofre ou defronta dificuldades.
Firme e fiel ao ideal que abraça e à vida que lhe escorra a marcha, não tema e não se desespere.
A sobrevivência da vida à morte é a única e legítima expressão da existência humana. Todos os seres devem se preparar para essa luminosa experiência inevitável — treinando o desapego, a solidariedade, a fraternidade, a coragem, a determinação, disciplina, força de vontade; fixando na mente esses valores, alcançará os ideais da sobrevivência. O ideal de sobrevivência é viver em plenitude todas as fases e todos os momentos da existência — elegendo a aceitação da vida tal como se apresenta —, sem lástima, sem queixas, sem inquietações, resignando-se e acumulando atos de compreensão, caridade, amor fraterno, serenidade, confiança e fé. Nunca se esqueça de policiar seus pensamentos e atitudes para que possa cumprir neste mundo a Vontade do Grande Arquiteto do Universo, seja “Ela“ qual for, embora isso possa contrariar em tudo a sua própria vontade, aspiração, interesses, sonhos e esperanças.
Compreendendo sobre a vida, missão que lhe foi confiada, não permitirá nunca o esmorecimento; seja qual for o obstáculo, siga adiante.
Mesmo que tudo em derredor, oscile, fique sereno, destarte feliz, confie em Deus.
Na grande jornada, há inúmeros obstáculos, retendo a caminhada. Todavia haverá sempre caminhos que ensejarão avanços mais rapidamente.
As lutas renovam-se sempre. Haverá sempre um novo combate, uma nova luta continuamente se reiniciando.
Todos os seres humanos precisam fortalecer-se, cultivar força e coragem. O segredo da vida é receber com tranqüilidade o bem e o mal — tanto o bem quanto o mal, o elogio quanto a calúnia, a alegria quanto a dor, o sucesso quanto o insucesso. Em tudo expressar boa vontade, reter no mais íntimo do coração um clima de paz, um refrigério de um alento de resignação e a força da fé.
Transformar a vida em um foco de luz para iluminar e aquecer o quanto necessitar, sem esperar recompensas.
Na vida tudo é transitório, tristeza, alegria, dores e pesares. Tudo isso trafega pela existência humana, marcado por alternância e instabilidades.
Tudo passa, nada permanece para sempre. Por tal razão, nunca se desespere. Ao influxo da transitoriedade, todos os problemas têm oportuna solução.
Seja você um forte, aquele capaz de resistir aos efêmeros vendavais da vida. Somente os fracos sucumbem.
No percurso da existência humana, é indispensável permanecer em sintonia com o Pensamento Universal que vibra em toda parte, preservando a confiança em Deus e aprendendo com o tempo as preciosas lições do equilíbrio. Quando surpreendido pelo sofrimento de qualquer matiz, lembre-se do Divino Educador, carregando-lhe as imperfeições.
Convidado ao leito por enfermidade sorrateira e perturbadora, não se considere desesperado(a). Esse é um recurso educativo para ensejar-lhe reflexão em torno da existência terrestre da vida como um todo.
Quem não já ouviu a expressão “Não há crescimento sem dor”? Muitos que vivem problemas, enfermidades não se dão conta do quanto podem aprender, não percebem as lições preciosas que a vida está a oferecer-lhe. Quando se dão conta dessa realidade, tudo se transforma do sofrimento em reflexão, o aprendizado acerca da vida.
No processo da evolução — em uma oportunidade, aprimora-se a inteligência; em outra, o sentimento; mais adiante, as aptidões artísticas, buscando a perfeição que sintetiza a aquisição de todos os bens intelectuais e morais.
Muitos ainda se afligem ao constatar as dificuldades que defrontam, impedindo-lhes o avanço, estacionam, desanimam ou se rebela.
Os problemas, as dificuldades, como a enfermidade, são obstáculos necessários à evolução do crescimento espiritual.





Você pode mudar sua história
ao abraçar uma digna causa.


Somos seres que pensamos e que, por tal razão, podemos mudar a nossa história, privilégio indizível da espécie humana. Quando nos encontramos sufocados por preocupações ou atolados em atividades, não conseguimos ver além da cortina das nossas dificuldades. Assim não é possível se encantar pela vida. Cada ser humano possui mundo único no palco da sua alma e espírito.
Todo ser humano passa por turbulências em sua vida. A alguns falta o pão na mesa; a outro, a alegria na alma. Uns lutam para sobreviver; outros são ricos e abastados, mas mendigam o pão da tranqüilidade e da felicidade. O que torna grandiosamente fascinante e bela a mais humilde das existências é quando se tende a abraçar entusiasticamente uma grande e digna causa.
O homem possuidor de um ideal, empolgado por uma grande causa, cria asas e voa jubilosamente por cima de todos os obstáculos. Ao contrário, o homem sem ideal, rasteja penosamente pelas tediosas baixadas da vida.
Para viver, torna-se necessário sonhar. Sonhar não esses sonhos quiméricos, ocos, e sim os grandes sonhos do mundo das excelsas realidades ainda não realizados, porém realizáveis pelos audaciosos aventureiros do Infinito.
A vida se torna suave, quando o homem tem plena certeza porque vive e conhece o caminho que trilha. A vida deve ter uma finalidade; se não, torna-se enfadonha e intolerável.
A vida é um dos meios que nos foram dados com o privilégio de usarmos de vários modos para atingir objetivos importantes. O objetivo geral da vida para o homem está embutido em você, porque você faz parte do Todo. Você deseja segurança, permanência, felicidade, você deseja algo a que se apegar.
É óbvio que estipular que há um objetivo ou crer que há um objetivo, é apenas ilusão. Porém é possível questionar todos os seus conflitos, lutas, dores, verdades, decepções, esperanças, medos, e ultrapassá-los, ir além e acima deles. Questionando, você mesmo descobrirá.
O dr. Walter Dayle Staples, um dia, escreveu: “Quando você muda o seu modo de pensar, muda a sua vida”. Muitas vezes você anseia por mudança, você pede prosperidade, mas a sua vida continua transcorrendo pálida, sem a energia de que você gostaria. Dentro de você, uma voz suplica por “Vida Nova”, porém tudo parece distante e difícil. E você coloca a culpa em terceiros: patrão, sogra, no governo, na falta de sorte, nos outros; o que não falta são desculpas.
Se você quiser, hoje pode ser um novo dia; só é preciso que você queira. Contudo lembre (incuta na sua consciência) que, se fizer as mesmas coisas que fez ontem, obterá os mesmos resultados de agora. É preciso agir diferente e, lógico, tendo a ousadia positiva e forte determinação; conscientizar-se de que Deus nunca fará por você aquilo que você mesmo pode fazer... Você precisa urgentemente parar de esmolar a si próprio. É preciso agir! É preciso decretar as mudanças que tanto almeja.
Mudar significa inovar, alterar os costumes, processar com coragem a força de vontade, as transformações que se fazem necessárias.
Você sabe que pode melhorar a sua vida! Chega de se colocar na condição de vítima.
A conquista de uma vida nova requer persistência e autoconfiança. Está mais do que na hora de mudar. Portanto, elimine o vício de a tudo adiar; você pode controlar a sua vida através do pensamento. Os pensamentos representam a substância da vida, criam um mundo como você conhece e aceita. É através do pensamento que você recebe o poder para mudar sua vida e o mundo que vive para melhor, se assim o preferir.
Eis o quanto é oportuno ressaltar as cinco maravilhas da mente:
• Você possui a capacidade para controlar o que pensa do mundo a cada minuto e dia após dia.
• Você tem a capacidade para imaginar criativamente o seu futuro de maneira precisa para a qual queira que ele evolua.
• Você tem a capacidade de ter acesso à informação de fontes, além do seu consciente.
• Você tem capacidade para eliminar pensamentos e emoções negativas da sua vida.
• Você tem capacidade de representar parte da pessoa que mais deseja ser, com as capacidades e características que mais deseja possuir. A conclusão clara é que você cria a sua própria realidade.
Tudo o que hoje acontece em sua vida é determinado pelo conteúdo da sua mente, pelas imagens mentais que você mantém às quais se agarra. É através dos seus pensamentos que você vive, experimenta a vida, e é através deles que você pode mudá-la.
O maior desafio para o indivíduo é aproveitar o máximo seus talentos e habilidades naturais. É infalível o processo da autodescoberta e conscientização.




Amly, sua vida e sua história


Nascida em uma família modesta, muito trabalhadora. Sua mãe procede de uma pequena cidade do Pernambuco (Santa Maria do Pajeú) e o seu pai é cearense. Ele possuía um pequeno comércio de artigos variados no centro de uma pequena cidade no Sul do Ceará (Missão Velha).
Os seus pais, católicos, influenciaram Amly aos muitos sinais da cruz, às solenes cerimônias da magnificante liturgia de vários santos, que deixava a alma de Amly repleta da grandeza de Deus e do esplendor da sua corte celestial.
Amly — desde os primeiros tempos de vida —, nunca duvidou da existência de Deus, da divindade de Cristo ou de que o nosso divino Senhor tivesse estabelecido uma igreja visível, graças que atribui à virtude sobrenatural da fé recebida no batismo.
Nos estudos, foi boa aluna. Desde pequena, sofria de asma; e desde os estudos primários, já enfrentava as turbulências da vida. A sua força de vontade e determinação era notória, comentada pelos vizinhos, professores, parentes e amigos. Nunca perdeu um dia de aula, mesmo nas piores crises de “falta de ar”, tosse constante, febre, rouquidão; não aceitava faltar à escola, chorava, batia de frente com a mãe, que não queria que ela fosse à escola por motivo da crise asmática.
Ainda nessa época — muito criança para diversos conhecimentos em relação à vida, mas pelo seu agir de fazer da fraqueza a força —, ela possuía desde sempre uma “força maior”, um dom natural que a levava a não desistir jamais dos seus objetivos: era se formar para dar orgulho aos pais e ter a sua segurança financeira. Na verdade, Amly, sem perceber, abraçava entusiasticamente uma grande e digna causa, já possuía um ideal e, empolgada por essa grande causa, criava asas e voava jubilosamente por cima de todos os obstáculos da vida. Contudo, faltava-lhe a saúde. Durante toda a sua vida, essa força maior, esse dom natural acompanhou-a. E a sua vida, desde que se entendeu por gente, tinha uma finalidade. Agia quase por instinto e lutava contra a doença, que muitas vezes a deixava em conflito, entretanto nunca teve medo de não ultrapassá-la, ir além e acima das dificuldades que a asma arrastava-lhe e sempre ia acima dessas dificuldades.
Sabe o que é lhe faltar o ar? A tosse, a febre, a rouquidão era uma constante. Aliás, não havia um único dia até hoje em que Amly gozasse de perfeita saúde.
Mesmo assim, nunca se mostrou fraca nem indefesa e nunca desistiu dos seus sonhos; ao contrário, sempre foi cheia de Deus, de alegria. A sua alegria é um dos fatos que todos comentam... Achavam que ela deveria ser uma pessoa triste e infeliz. Mas era a que mais se destacava na alegria; e nos estudos principalmente: os boletins eram repletos de 10.
Naquela época, ela nunca havia lido sobre o dr. Walter Dayle Staples: “Quando você muda o seu modo de pensar, muda sua vida”. Esse dom natural à força maior fazia com que Amly nunca pensasse que era uma doente; que, por esse motivo, não poderia ir em frente, estudar, vencer na vida. Ao contrário, “o cansaço” (falta de ar), o “piado dos pulmões”, a tosse irritante, a rouquidão e as febres constantes não foram suficientes para parar a vontade de lutar através do estudo, único meio honesto para se vencer na vida. No fundo do seu ser, da sua alma, ela sabia, tinha a certeza de que venceria e nunca se colocou na condição de vítima; queria conquistar uma vida digna, com persistência, autoconfiança sempre, como quem recebe de Deus, fazia parte de sua personalidade.
Esse dom natural era usado por Amly inconscientemente; era capaz de controlar os seus pensamentos — “sou forte, a asma não vai impedir de estudar” — estudar era viver para Amly; tinha também a capacidade para imagens criativas em relação ao seu futuro e eliminar qualquer pensamento negativo; era capaz de representar a pessoa que mais desejava ser, com as capacidades e características que mais desejaria possuir. Na verdade, ela criava a sua realidade, a tudo ela dava alma, a família, os pertences como os livros, às bonecas, etc. Amava a chuva, o Sol e, durante a noite, ficava encantada com as estrelas. Tudo o que aconteceu — os êxitos no estudo, na vida — acontecia em função de sua determinação e força de vontade pelo conteúdo natural da sua mente, pelas imagens mentais positivas que matinha e às quais se agarrava. E com certeza, foram os seus pensamentos naturais que a fizeram viver e experimentar a vida, e foi através desses pensamentos que Amly foi capaz de mudar a sua vida. E, portanto, o seu maior desafio foi aproveitar ao máximo seus talentos e habilidades naturais.
Aos seis anos de idade, iniciou os estudos, com memória impressionante: o livro de alfabetização não podia ficar com ela; bastava ler todo o livro e decorava tudo. A professora foi falar com a sua mãe; assim não era possível, pois na hora da “lição” (quando a professora chamava a aluna para ler ao seu lado no birô), Amly não olhava nem para o livro e dizia tudo “de cor e salteado”; o livro lhe era tomado para que ela não lesse a lição seguinte. O seu processo de alta descoberta e conscientização da vida, da luta, da persistência, perseverança, otimismo, alegria é de um “dom natural”.
Você precisa treinar sua emoção para ser feliz. “Treinamento e educação”: é através desses itens que se superam as perdas e frustrações. A emoção deve ser educada para se tornar estável. Com a emoção estável, é possível contemplar a beleza da vida e vencer os obstáculos que a própria vida apresenta. Inconscientemente Amly assim o fazia.
Algumas das suas colegas de turma, tanto no Primário, como Secundário e Superior, não lhes faltava a saúde, mas lhe faltava a felicidade da alma. Amly não tinha a saúde, mas sempre foi feliz de alma. Talvez fosse o segredo para tanta força, tanto entusiasmo.
Muitos indivíduos não conseguem ter prazer de viver. Eles estão desanimados e ansiosos. É natural ouvi-los dizer que “a felicidade não existe”. Ela é um sonho dos homens que não acordaram. Tais indivíduos não sentem forças para superar os seus pensamentos negativos e para vencer as batalhas do dia-a-dia. Alguns, apesar de não terem problemas com a saúde, perderam o sentido da vida.
A vida é belíssima, contudo, nem sempre, é um imenso jardim. A paisagem, de vez em quando, muda e ela muitas vezes apresenta-se árida como um deserto ou íngreme como as montanhas. Não importa como está a paisagem; a força para lutar deve ser conquistada por todos que almejam viver bem a vida.
Amly sempre foi uma grande sonhadora; sonhou sem ter capacidade para sonhar. Desde os seis anos de idade, agia como se tivesse todos os conhecimentos da vida. Agia antes de pensar, no impulso natural. O seu agir era como se já soubesse pensar.
Hoje em dia, já adulta, conseguiu estudar duas faculdades e dois cursos de pós-graduação e outros cursos. É professora e abraçou a Educação com entusiasmo e compromisso. É autora do livro Educação política, lançado em 2002; fundadora do projeto “Receita para ser Feliz”, em parceria com o promotor de Justiça Dr. Edilson Santana Gonçalves. Esse projeto já desenvolveu vários trabalhos de incentivo à Cultura; um dos seus frutos é o livro Antologia Poética, do poeta Biu Pereira; hoje mantém uma biblioteca humanista, “Jose Rosendo Santana”; um pavilhão cultural, “Hilda Alves Freire e Luiz Freire do Nascimento”; diversos cursos a serem ministrados e ainda mantém a ASA (Academia Santana Alves).
A asma continua em pequena escala e, em 1987, mais uma provação para sua vida: outra doença, Lúpus. Porém, continua firme nos seus sonhos; e a sua vida, mesmo com as dificuldades que o Lúpus acarreta, continua tendo brilho e êxito. É uma vida com metas e sonhos; a sua vida é alicerçada em experiências anteriores, na fé; existe dentro do seu ser uma força maior. A determinação e a força de vontade permanecem no seu Eu, é feliz e firme: sonha, traça metas, estabelece prioridades e sabe conter risco para executar seus sonhos. Até hoje, não tem medo dos tropeços da vida. O erro, a decepção para ela é mais uma experiência ganha. É consciente das batalhas que enfrentou com a asma e hoje, adulta, das que tem de enfrentar: além da Asma, o Lúpus, dentre outras.
Na verdade, todos instintivamente ambicionam chegar ao topo da fama; outros, da eficiência profissional, da hierarquia acadêmica, do poder financeiro. Os mais sábios almejam atingir o topo da qualidade de vida, o auge do sentido da vida, os patamares mais altos da tranqüilidade.
Amly não procura fama, contudo aprecia a eficiência profissional, luta e consegue uma vida acadêmica. Entretanto, o que mais a fascina é chegar à qualidade de vida, viver sentindo o sentido da vida: “humildade, caridade e amor ao próximo”. Assim terá a certeza de alcançar a tranqüilidade, a paz e ser feliz. E sabe que tudo isso é possível ao encontrar o seu Eu interior; a sua vida, mesmo em meio às dificuldades, terá um sentido. A vida é linda, Amly ama a vida.
Olhando ao nosso redor, podemos afirmar que nada está terminado, tudo está por fazer ou nada está totalmente realizado.
Todos os processos, caminhos, passos, etapas vivenciadas seja por animais, pessoas, entidades — tudo caminha para a realização, para a própria plenitude. Levado a um plano pessoal, permite ter a certeza de que foi convocada a nos construir e voltar-se para isso implica conquistar nossas possibilidades, ou seja, “ser nós mesmos”. Em cada ser humano, existe uma força invisível inacreditável. Acontece que muitos desconhecem que a possuem e passam a desistir dos seus objetivos, conformando-se com a derrota.
Amly sempre foi muito teimosa; sua “garra” parece não ter fim. Por esse motivo, não permite recuar. As palavras “desistir, é impossível” a incomodam. Sabia ela desde sempre que, se não insistisse nessa caminhada, perderia o maior prêmio: a vida. O que a controlava para vencer esse prêmio era o seu sonho de estar viva, e não os seus problemas de saúde, muito menos concorrentes que encontrou ao longo dessa caminhada.




Determinação é conquista da Fé.


A mente é tudo. O que pensamos é o que nos tornamos. A solução está sempre dentro de nós.
Aqueles que imaginam o fracasso em todas as circunstâncias e em tudo o que fazem, são certamente os que não têm consciência do seu próprio valor como seres humanos.
Para que se alcance êxito, é necessário acreditar na própria capacidade. Dentro de cada um de nós, há um poder enorme que tudo sabe e tudo vê, que enxuga todas as lágrimas e soluciona todos os problemas. Infelizmente a maioria das pessoas ou não sabe, ou não acredita nesse fato.
Para vencer na vida em todos os sentidos, conscientize-se de “Que o reino de Deus está dentro de vós”. Isso mesmo, no íntimo de cada um pronto para se manifestar em toda plenitude.
O indivíduo que acredita em seu potencial interior jamais terá motivo para o desânimo, preocupação ou medo em qualquer circunstância. Acredite em Deus (ou mente Universal ou Poder Cósmico superior). Entenda que na vida não se deve temer as coisas passageiras deste mundo, pois a cada dia, tudo se renova.
Seja qual for o problema, se a enfermidade faz parte da sua vida, não se lamente, trabalhe o pensamento positivo, não se desespere, busque a paz interior. Deus está dentro de cada um de nós. Se há pedras no seu caminho, aprenda a andar sobre elas e, ao mesmo tempo, entendê-las melhor; aprenda a conviver. Nunca desista da luta; mesmo que o fardo esteja pesado demais, ainda assim não se desanime: siga em frente, nunca deixe de sonhar e lutar. Viver é lutar, administrar cada batalha por um ideal.
Para isso, é necessário definir seu problema. Depois de definido, elabore um plano de ação. Coloque-o em prática e destaque, observe os resultados.
Em 1986, Amly retorna a sua cidade natal, Missão Velha (CE); desde 1976, residia em Fortaleza (CE), onde fora concluir os estudos. Um ano depois (1987), já trabalhando na sua cidade natal, começa a viver outra provação: o Lúpus.
Na capital cearense, terminou no Eskema I o 3º científico e com êxito alcançou a vida acadêmica: “Administração de Empresas”, na Universidade de Fortaleza (Unifor).
Quando Amly passou no Vestibular, foi uma grande alegria, porém, o seu pai não tinha condições financeiras para pagar uma faculdade particular. Para ela, não tinha com que se preocupar: “Deus providenciaria”. De volta a sua terra natal para comemorar o fato, o dia inteiro foi um entra-e-sai na sua casa, de amigos, parentes para parabenizá-la. Música, “comes e bebes”, dança — a alegria era geral. O seu pai, calado, apreensivo, dizia: “Deixa ela viver essa ilusão de hoje, amanhã falo com ela”. Mas a força de vontade e determinação dela era tão grande que, quando soube da terrível realidade, ouviu, porém não “deu a mínima”. No âmago de sua alma, sabia que Deus não a abandonaria e continuou alegre e feliz por ter passado no Vestibular. Retornou à Fortaleza, pois ficou sabendo sobre o “crédito educativo” (Programa do Governo Federal). Antes de viajar, preparou documentos, comprovando que o seu genitor não ganhava o suficiente para pagar os seus estudos. Enfrentou uma fila na Caixa Econômica: foram três dias, enfrentando o cansaço, a fome, a asma, e nada a intimidou; houve um momento em que o Guarda que organizava a fila disse: “Hoje é o último dia e só vai atender até aqui”; e aponta para um rapaz raquítico, de camisa vermelha. Só que ela estava atrás do rapaz. Quando viu seu sonho indo embora por pouco, jogou-se no chão, aos pés do Guarda, chorou, implorou.
O seu sofrimento e a vontade de estudar, impossível não tocar o coração de quem a via! O Guarda nada podia fazer; as ordens eram da hierarquia bem maior. O seu soluçar era tão forte que o Gerente conseguiu enxergar o desespero da sua alma (ela tinha de entregar os documentos de qualquer maneira); e chegou até ela e falou: “como é o seu nome?” Ela lhe disse. Ele, o Gerente, segurou-a no seu ombro e disse: “Acalme-se, você será atendida; e para não ser injusto com os outros que estão atrás de você, vou atender todos os que até as 1700 horas estiverem dentro da Agência”. Ordenou ao Guarda que, nesse horário, fechasse as portas e que nem se saísse às 2200 horas, só iria encerrar quando recebesse o documento de todos. E assim foi feito: ela saiu da agência às 2200 horas, feliz com o número do protocolo. Agora só restava rezar, pedir a Deus que o seu pedido para pagar a anuidade e manutenção fosse aprovado. Sutilmente agradeceu ao Gerente e promete que, enquanto fosse viva, iria rezar para sua saúde e para sua paz.
E Deus providenciou: o crédito educativo foi aprovado e Amly pôde cursar a Faculdade (1978-81), no tempo determinado; nunca perdeu uma “cadeira” e as suas notas eram as melhores.
Fizera muita amizade, amigos que tinham condições de comprar livros caros que ela não podia. Por ter boas notas, as amigas faziam questão de que Amly lesse o livro para depois passar e explicar para elas. Era uma turma que queria aprender; a turma reunia-se na casa de alguns e iam estudar. Era assim para cada matéria nova, para cada assunto que estivesse sendo abordado.
No início do primeiro semestre, como ainda não conhecia ninguém, ela ia para a Unifor e passava o dia inteiro na biblioteca. Para economizar, levava de casa a “merenda” e, na bolsa, uma pequena toalha, sabonete para tomar banho antes de iniciar a aula à noite; já ficava lá.
Quando se quer vencer, atingir um objetivo, os obstáculos são nada, não há cansaço e nem lamentação; só agradecer a Deus a cada dia por essa oportunidade que ela havia alcançado. Do mesmo ritmo, nunca perdeu um dia de aula e não era fácil: ia de ônibus; na volta pegava um ônibus na Unifor para a Praça dos Leões, atravessava o Centro, dez, quinze minutos para meia-noite e tinha de correr para não perder o outro ônibus (corujão) que a levaria até a sua casa.
Quando em 1976, cursava o 3º Científico no Skema I, morou dois anos na casa de uma tia, irmã do seu pai (Tia Terezinha); mas, ao entrar na Universidade, a casa da tia ficava muito distante. Ela procurou primeiro um pensionato, ela e duas amigas de infância que eram irmãs (Marilce e Marilde). Resolveram por conta própria (sem nem falar com os pais), alugar uma pequena casa em uma vila no bairro Rodolfo Teófilo, próximo à faculdade de Medicina, Maternidade-escola. Por que lá? Isso porque havia uma família, sua conterrânea e que lá já morava. Como alugar se elas não tinham emprego? Foram à casa de um amigo de seus pais, Dr. Stênio Dantas; ele aceitou ser avalista. A casa finalmente foi alugada. E agora? Escreveram aos seus pais e já mandaram o procedimento: aluguel, luz e água, alimentação divididos ao meio para cada pai. O pai de Amly quase não aceita: chorou muito, fez o maior alarme, todavia findou cedendo. Na época, o pai tinha um depósito de bebidas e tinha amizade com os motoristas de caminhão que voltavam a Fortaleza depois de ter vendido a mercadoria no Cariri. Aí mandou alguns objetos: cama de campanha, botijão de gás, cadeira de balanço, mesa, cadeiras, um pequeno guarda-roupa, etc. Foram cinco anos morando na “república”; depois vieram mais duas irmãs de Amly (Madalena e Marta) e uma irmã das amigas. Depois de certo tempo, tudo ficou como estava: as irmãs de Amly voltaram para o Interior e Sônia, a irmã das amigas, também.
Quando terminaram a faculdade, Amly e Marilce, cada uma tomou seu destino. Importante é ressaltar que a amizade continua até hoje.
Quando ainda cursava “Administração de Empresas”, conseguiu seu primeiro estágio remunerado na Caixa Econômica Federal, agência 14 de Julho, que ficava na Av. Gomes de Matos, no Montese. Estagiou em várias empresas, mas o pagamento não era em espécie: era o conhecimento, a experiência que ela levava de cada estágio. Na Caixa Econômica, teve uma das mais felizes experiências da sua vida profissional. O ambiente de trabalho era excelente, havia muita integração e respeito da hierarquia mais alta e mais baixa da pirâmide. O gerente de Núcleo, os funcionários e estagiários eram um perfeito equilíbrio e harmonia. Até lembra com carinho.
Amly, depois da Caixa Econômica, já caminhou bastante; e analisando, nunca viu um ambiente melhor do que o da Caixa; havia integração, o respeito, a valorização do ser humano; trabalhar era um prazer.




Realização do seu maior sonho:
o Dia da Formatura


Terminando a Faculdade, o estágio na Caixa Econômica Federal encerra-se automaticamente.
Lembra Amly até hoje a sua festa de formatura. A colação de grau foi no Ginásio Paulo Sarasati, em 5 de fevereiro de 1982. O amigo Luiz Wanderley Pereira foi o padrinho, substituindo seu pai, que, por motivo profissional, tivera de retornar a Missão Velha. Eram mais de 600 formandos de diversos cursos. O padrinho fez uma recepção em sua residência, reunindo os amigos, inclusive todos da Caixa Econômica. No outro dia, a bênção dos anéis, missa na Igreja de Fátima; quem entrou com Amly foi a sua mãe, companheira presente em todos os momentos tristes ou alegres da sua vida.
O anel de formatura, não pôde comprar; levou um da mãe, antigo, era de ouro, mas não tinha a pérola. Ainda assim, serviu, fez-se de conta. Nem mesmo por isso a felicidade dela é menor; fazia era rir da situação; o importante sempre foi a essência das coisas.
Muitos se esquecem de valorizar o conteúdo e dão maior importância à embalagem.





Indo em busca de novos horizontes


Depois da festa de formatura, voltou para sua terra natal; não era isso exatamente que estava nos seus planos.
A insistente Amly não parou; organizou-se e ocupou todo o seu tempo estudando. Assim dizia ela: “Quero estar preparada para quando aparecer um concurso; aqui não dar para ficar, não há perspectiva de emprego”. Ela estava sempre se preparando para grandes desafios.
Os seus pais haviam conversado com ela: não podiam mais mantê-la na Capital.
A única solução seria conseguir um emprego ou bom, ou ruim; o importante era não ficar. Uma cidade pequena, sem progresso faz com que as pessoas fiquem estagnadas; param no tempo e no espaço. E isso com plena convicção ela não queria mesmo. Queria voar, conhecer e alcançar novos horizontes.





Seguindo em frente —
primeira oportunidade de emprego


Um primo, Valdenor Pereira, que até hoje tem um escritório de Contabilidade na Capital, convidou-a para trabalhar com ele.
O salário seriam experiência, as passagens, o almoço e gorjetas se houvesse muito trabalho. Nada de pensar duas vezes; arrumou a mala e foi.
Para ela — pensou — estando na Capital, trabalhando, mantendo contato com as pessoas, a chance de um emprego era mais provável.
De fato, algum tempo depois, surgiu uma oportunidade de emprego no cartório Ossian Araripe: carteira assinada, um salário, função de datilógrafa (datilografava procuração), dois expedientes mais. E daí? O que Amly não queria, não podia era voltar de “braços vazios”. Voltar significava o fim de todos os seus sonhos e ideal.
Mesmo trabalhando no Cartório, não perdeu a esperança de um emprego melhor.
Ainda fazia faculdade quando um amigo do seu pai, pessoa influente na capital cearense, havia prometido que conseguiria uma colocação, um contrato no Estado. Só não podia precisar quando. Ela ainda se agarrava a essa esperança.
Nada na vida é fácil; tudo se conquista com muita luta; não se consegue nada sem lutar antes. Ser bem-sucedida é só uma questão de atitude. Bastante otimista, ela via em cada “desastre” uma oportunidade a tudo o que fazia e dificilmente deixava as oportunidades escaparem-lhe. Pensava, refletia e agia. A vida é ação.
A vida não é a busca do Eu; verdade verdadeira mesmo, a vida é a criação do Eu. Trabalhava criativa para construir e não competitivamente para destruir e, para ela, com idéia firme em nunca se abater pela luta, era fácil discernir a ponte que precisava atravessar de qual deveria queimar e sabia que o segredo do sucesso era manter sempre o esforço concentrado nele.
Sempre foi inovadora, possui muitas iniciativas, sempre deu alma a tudo que faz com muita determinação. Sempre soube a diferença entre o sucesso e o fracasso: está na energia e no talento que qualquer pessoa dedica as suas tarefas. A cabeça que se abre por meio de experiência nova nunca volta a ter a dimensão anterior. Segue em frente! Porque, mesmo que você esteja no caminho certo, vai ficar para trás se permanecer parado.
Amly segue em frente sem medo e receio; a sua fé é inabalável. Está até hoje sempre preparada para períodos de incertezas. Tem pronto um plano geral sobre o que fazer para se manter em equilíbrio. Ouviu em algum lugar e guardou como lema que “não se deixe levar pela distância entre seus sonhos e a realidade – se você é capaz de sonhar, é também capaz de realizá-los”. Para atingir os seus objetivos, pensa com eficácia, usa a cabeça para resolver os desafios diários. Vivendo um dia de cada vez, como ensinou o mestre Jesus.





Ação, iniciativa, audácia e coragem em busca de um emprego melhor


Amly estava no seu cotidiano, trabalhando no Cartório. Um amigo foi lá e informou-lhe que Dr. Stênio Dantas — o amigo do seu pai que lhe havia prometido uma colocação no Estado há vários anos —, havia conseguido para um monte de conterrâneos dela um emprego do Estado.
Tomou um choque, sentiu-se injustiçada. Durante dois anos, telefonava para ele quase todos os dias para ver se havia uma novidade em relação ao emprego. Respondia que “nada ainda, minha filha, mas não tenha dúvidas, vai conseguir”. E de repente, conseguia para outros e nada para ela. Isso não ficaria assim.
Nada de lamentação, não chorou, mas precisava agir. Sabia onde era o local de trabalho dele: Tribunal de Contas; queria vê-lo pessoalmente, olhar nos seus olhos e mostrar-lhe a sua decepção para com a sua atitude.
Como trabalhava os dois expedientes, foi falar com o patrão para ser dispensada à tarde a fim de resolver um assunto urgente de ordem superior. Foi liberada e à tarde foi direto para o Tribunal de Contas. Lá chegando, a secretária foi logo lhe dizendo: “Dr. Stênio Dantas não atende ninguém hoje”. Pensou rápido, e com firmeza, disse-lhe “Vou entrar; trouxe-lhe uma encomenda do seu irmão de Missão Velha e a instrução recebida era que entregasse em mão”. Nem ao menos esperou a resposta e entrou de vez na sala e o encontrou frente a frente e foi logo direto ao assunto: falou da decepção que ele lhe causara, chorou, falou tudo que tinha vontade. Sempre foi muito transparente, e em muitas ocasiões, “não media palavras”.
Hoje não age mais como um leão; aprendeu ser sutil como a raposa.
Era o último dia dos contratos. Ele, na maior paciência, pediu calma, telefonou para sua esposa Lucia e pediu que ela encontrasse Amly em determinado endereço para, juntas, irem pegar os papéis do contrato com um político amigo seu.
Amly foi ao endereço e nada; a esposa dele não chegava. Rápido ela telefona de um orelhão, Dr. Stênio atende e diz “Lhe dei o endereço errado, mas fique aí que Lucia vai lhe pegar agora”.
Graças a Deus, Lucia chegou de carro e juntas foram ao lugar certo. Ela fica no carro, Amly entra no prédio, correndo; o amigo entrega-lhe os papéis; já estava tudo acertado, saiu rápido, preencheu os papéis no carro e foram dar entrada no Ipec. Deu tempo, deu certo a primeira etapa; agora só restava aguardar a segunda fase.
Depois de alguns dias, na secretaria que ficava na Rua Tenente Benévolo, uma multidão esperava ouvir seu nome, pegar o verdadeiro contrato e levar para outro órgão que seria a reta final e esperar pela publicação no diário oficial.
A espera foi enorme; o cansaço, nada a fazia desanimar. Quando ouviu chamar o seu nome, pegou o contrato, o encarregado disse-lhe “agora leve nesse endereço e seja rápida, se encerra hoje às17 horas”.
Eram 3 horas da tarde. Saiu correndo como uma bala; ao atravessar a rua, “atropela um rapaz que vinha na moto”; machucou-se; todo o joelho sangrava, mas Amly não sentia a dor; estava anestesiada pelo desejo de vencer esta batalha. O rapaz da moto disse: “É a primeira vez que sou atropelado por um pedestre”. Mesmo depois de ter-lhe chamado de louca, ficou comovido e deu-lhe “carona” até um ponto de táxi. Pega o táxi e chega ao destino determinado; finalmente entrega a documentação e recebe um protocolo, um comprovante; a responsável lhe disse “agora só resta esperar que seu nome saia no diário oficial”. O que tinha de ser feito foi feito. Controlar a ansiedade era preciso e voltar as suas atividades do cotidiano. Jamais ficaria parada esperando, pois imaginou sempre quem fica parada fica para trás.



Aprendendo sobre a gratidão


Dias depois, 14 de agosto de 1982, sai o Diário Oficial, contendo a relação dos novos contratados do Estado.
Aproveita o horário de almoço para comprar o jornal. A ansiedade dessa vez a dominou; começa a ler uma lista de milhares de nomes; sentou-se em um banco da Praça do Ferreira, leu nome por nome, mas não encontrou o seu. E chorou, chorou baixinho com o jornal agarrado ao coração.
O choro aumentou; ela não conseguia controlar-se: chorava alto, pouco lhe importando que estivesse em uma Praça pública. Ao seu lado, senta-se um senhor de cabelos grisalhos e pergunta se ela está se sentindo mal. Ela não respondeu; entrega-lhe o jornal e diz em prantos: “Meu nome não consta na relação”. Aquele senhor, muito calmo, não pergunta do que se trata; apenas lhe acalma e, olhando nos seus olhos, diz: “Quer apostar como o seu nome consta na lista? Agora só me diga o seu nome completo”. Ela lhe diz e, em questão de minutos, o dito senhor coloca a mão na sua cabeça e diz: “Pare de chorar; aqui está o seu nome, número 16199”. Retirou uma caneta do bolso e grifou. A alegria foi tão imensa que Amly chorava mais e mais. Ao redor do banco da praça, juntou-se um círculo de pessoas curiosas; o senhor sorri, levantou-se e explicou para aquelas pessoas que ela estava chorando emocionada, pois naquele jornal, havia a relação dos novos contratados do Estado, e agora era ela uma das novas contratadas pelo Estado do Ceará; e todos satisfeitos com a explicação, aplaudiram muito, até se emocionaram. A multidão dispersou-se, ficando sós Amly e aquele senhor, sorrindo; e feliz, ela pergunta o seu nome, ao que ele responde “Senhor Jeová”. Ela lhe agradeceu muito, despediram-se e ela retornou ao cartório para o segundo expediente.
Telefonou para o amigo Luiz Wanderley, deu-lhe a excelente notícia e pedia para falar com a sua mãe; a felicidade era tanta que só chorava, e a sua mãe dizia que ela parasse de chorar e felizes ficaram por essa conquista.
Deus é maravilhoso: sua vida profissional, suas lutas e batalhas estruturadas na profissão de professora...
Depois da publicação, a burocracia necessária, a escolha da escola General Eudoro Correia no bairro Parangaba, em Fortaleza (Ceará), conseguiu ficar lotada à noite; e durante o dia, continuou o trabalho no cartório.
Trabalhou e, durante os seis primeiros meses, não recebeu o pagamento do Estado. Muitos colegas desistiram, não iam ficar trabalhando de graça. Ela não desiste: continua ensinando; no fundo do seu coração, sabia que tudo iria se normalizar.
Em janeiro de 1983, telefona-lhe o vice-diretor da Escola e amigo, Agileu Gadelha — informando-lhe que saiu o dinheiro; o contracheque estava na Escola, que tomou a liberdade de olhá-lo; só veio o correspondente a um mês; e que já havia ligado para a primeira Delegacia de ensino e informaram-lhe que os meses trabalhados de “agosto a dezembro” não haviam saído, pois haviam entrado em “exercício findo”.
Mesmo assim, a felicidade a invadiu. Mesmo não recebendo os meses trabalhados, pelo menos daí para frente, tudo ficaria normalizado.
Desde o dia da publicação do Diário Oficial, ia à Praça do Ferreira na esperança de voltar a ver o Senhor Jeová (no dia não lhe perguntou o nome completo e nem onde morava). Perguntou a muita gente, descrevia a sua fisionomia, no entanto ninguém jamais o tinha visto; encontrou algumas pessoas que a viram chorando e fizeram parte do círculo que se formou naquele inesquecível dia; mas garantem de não viram esse homem, que ela estava só.
Ela não se ter informado sobre ele, o nome completo, como ele fez consigo (ele perguntou o seu). Anos e anos, isso lhe marcou muito, sentiu-se ingrata com esse ser maravilhoso.
Depois disso, aprendeu que a maior virtude é a gratidão; e durante sua vida, é grata a tudo e a todos, e assim que surge oportunidade, ela faz questão de mostrar a sua gratidão eterna. “Obrigado, Senhor Jeová!”




Grande influência do filósofo e amigo
Luiz Wanderley Pereira


Mês de agosto de 1982 (no início), chegam os seus pais a Fortaleza, que ficam hospedados na casa do amigo Wanderley.
Para Amly, Luiz Wanderley era uma espécie de pai, um amigo confidente, um filósofo que muito lhe ensinou. Tivera uma vida de riquíssimas experiências, era da Marinha, conhecia o mundo todo e sabia entender a alma dos que o rodeavam.
Apesar de uma infância difícil, esse filósofo venceu na vida. Seu pai resolveu ir embora e sua mãe — uma guerreira que lutou bravamente para atender necessidades físicas, de moral e amor aos seus filhos —, era uma famosa lavadeira de roupas. Ele herdou o espírito de luta da sua mãe. Pôde ajudar aos seus irmãos e muitos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e cultivar a sua amizade. Ele com a sua vida, a sua história foi o exemplo prático do amor ao próximo a que se dedicou durante toda sua vida indistintamente. Era um pai para todos, orientava, harmonizava conflitos. A sua vida, seus gestos e atitudes, ação era para aqueles que o conheciam uma grande lição de vida. Foi para Amly uma grande influência filosófica de vida. Muitos foram os ensinamentos; até hoje, ela guarda com carinho um opúsculo, “Minutos de sabedoria”, e um romance, “Papilon”, que ganhou de presente. Em sua companhia, acostumou-se a ler jornal, revistas várias e aprendeu a gostar de cinema, teatro; com certeza, Amly é uma privilegiada em um mundo tão cheio de problemas onde o amor é pouco cultivado; conhece e convive com pessoas no momento e na hora certa que lhe enriquece com a maior de todas as riquezas terrenas, o crescimento espiritual, o aprendizado. O mundo espiritual a torna forte ao enfrentar todos os obstáculos que a vida lhe apresenta.


No mundo, encontramos ainda a compreensão.


Enquanto esperava o dia da publicação do diário oficial, Amly tratava de vencer as emoções, a ansiedade, dando procedimento as suas atividades normais.
Entretanto, como havia perdido uma semana de trabalho no cartório em razão de resolver a sua colocação no Estado como professora, apesar de ter se justificado, não tinha certeza se o patrão iria querer que ela continuasse.
Dirigiu-se ao cartório e com a sinceridade da sua alma, explicou que estava gostando de trabalhar no cartório, mas esse contrato do Estado era um passo importante na sua vida profissional, pois ela buscava a estabilidade. Era de segurança que ela precisava, para ter a certeza de que não voltaria de braços vazios — o que seria um grande orgulho para os seus pais, para um dia lhes dá o conforto que eles merecem; esse sempre foi o seu significado de vida. Para sua alegria, continuava empregada no cartório. “Gosto da sua sinceridade sem rodeio, sem gaguejar. Nem mesmo haverá desconto no seu salário. Gosto de pessoas que enfrentam a vida de frente” — assim lhe disse o patrão, Dr. Samuel Araripe.
Agradecida, volta a trabalhar com muita vontade e faz questão de adiantar serviços nas horas de folga (almoço); queria compensar os dias que faltara.






Seguindo em frente


Ainda trabalhou algum tempo no Cartório desde aquele dia.
Porém, a sua saída do Cartório já se fazia necessária. Já recebendo do Estado, sonhava em administrar empresas. Houve um acordo amigável e Amly desliga-se do cartório na santa paz de Deus.
Quem tem amigos coleciona tesouros. Por onde passar, deixe a sua marca de confiança, otimista, boa vontade para aprender, humildade, o respeito pelo próximo, e a sua vida será feliz. “Estejas de bem com o universo e o universo estará de bem contigo”. Viver bem é saber respeitar as diferenças. O roteiro da sua vida, é você que escreve. Assuma sempre essa responsabilidade.






Amly usa seus próprios recursos.


Fez uma entrevista na SAB (Serviço autorizado Arno e Brastemp) em Fortaleza; e de imediato, foi admitida. Passou por todos os setores da Empresa e, em uma semana, apresenta um relatório sobre todos os setores e sugestões para minimizar os custos e melhorar a qualidade dos serviços. No início da semana. Os patrões chamam-na e dobram o seu salário na carteira. Mais um sonho realizado: recém-formada e já ocupa a sua função. É uma felicidade que não dá para descrever.
Trabalhava os dois expedientes e à noite assumia a função de professora.
Amly sente-se feliz demais, porque ama enfrentar desafios; é uma entusiasta em tudo o que faz.
A asma e ou qualquer outra enfermidade era esquecida; o magnetismo, esse amor pelo estudo, trabalho faz que ela não pare jamais e vá sempre seguindo em frente; é uma força maior, um dom natural, é a fé em Deus que a faz acreditar que tudo vai dar certo, pensa sempre positivamente, e em pensar positivo, ver seus objetivos, metas, idéias, ideais, sonhos serem realizados. É muito persistente, possui esforço próprio e é muito perseverante. Em qualquer trabalho que estiver abraçando, nunca se desvia, passa por tempestades, trovoadas, solavancos, terremotos, maremotos, e sempre volta para terminar o que começou com mais alegria. Apesar das dificuldades, dos vendavais da vida, ela aprendeu a lidar com a sua fragilidade, as suas lágrimas lhe servem não para a tristeza, mas sim para alegrar a alma. Ao nascer, veio com uma missão, de vencer; e por tal razão, mesmo levando tombos pelos caminhos da vida, esforça-se para não se desorientar e não perder a direção dos seus objetivos.
As suas atitudes e ações são determinadas; anda firmemente na busca de vencer a si mesma, não recua quando não vê o horizonte. Na verdade ama a vida, tem muita fé e acredita que o melhor vai acontecer; a esperança enche a sua alma de paz.
Desde pequena, soube ousar, criar, correr riscos calculados e cultivar o que ama muito bem cultivado, com muito empenho dedicação, com muito carinho e amor.
A própria vida faz com que o indivíduo torne-se capaz de assumir responsabilidades por si mesmo, usando seus próprios recursos.
Na SAB, Amly teve de se afastar. O horário, não era mais possível conciliar a empresa e a escola desde que a SAB constituiu uma filial na Aldeota e para fechar o movimento de caixa da matriz, tinha ela de esperar o resultado da filial.
Os patrões, que ela jamais esquecerá, chamaram-na, até lhe falaram em se estar jogando fora uma oportunidade grandiosa: uma moça jovem recém-formada, em um cargo de gerente — administrando empresas em pleno Nordeste —, onde as empresas, em sua maioria, são patriarcais.
“É verdade” — responde Amly — “me sinto feliz e honrada, mas busco a estabilidade; hoje vocês me dão valor, mas e amanhã? Mesmo ganhando menos como professora, tenho a certeza de que é para o resto da vida”.
Os patrões entenderam e respeitaram o seu ponto de vista.
Aprendeu desde cedo com sua avó Santana que trabalho é trabalho, tem de ser bem-feito, nada pela metade, tudo com responsabilidade, pontualidade. Se nada disso houver, jamais será respeitada como profissional.
A assiduidade, o entusiasmo, a alegria, são pontos-chave na sua marca, quando você anda buscando o horizonte, tudo que você deixa de positivo ajudar-lhe-á no futuro próximo, fará parte da sua índole. Apesar de hoje os valores essenciais andarem quase mortos, não interessa; siga a orientação do bem e afaste-se de influências negativas e siga sempre em frente.
Abraçou a Educação de corpo e alma, e durante o percurso da vida, procurando sempre se melhorar, afinal sempre foi consciente de que sua matéria-prima merece em aula não só uma professora, mas educadora. E tratou de fazer cursos de Relações Humanas, Filosofia, Sociologia e cursos ligados ao aprimoramento na arte de ensinar conhecimentos, planejamento, avaliação, métodos que fizessem o docente sentir prazer em aprender.
Foi privilegiada por sua primeira escola Eudoro Correia-Parangaba; foi um excelente estímulo. Lady, a diretora, e o vice Agileu Gadeia (Gadelha) sabiam de fato liderar. Um ambiente de harmonia, fraternidade e produtividade. Os professores, funcionário, eram eficientes e eficazes, estimulados. O seu trabalho brilhava; eles sabiam da importância de valorização do ser humano.
Em 1986, uma mudança radical: retorna para sua terra natal, Missão Velha (CE), transferindo seu contrato para a escola de segundo grau Monsenhor Antonio Feitosa, onde lecionou até o seu afastamento.






O Lúpus não a intimida: não tem medo da morte,
mas de não saber viver o presente.


Em 1986, já trabalhava na sua terra natal. Em maio de 1987, mais uma provação: além da asma, passa a conviver com o Lúpus.
Ela não queria voltar mais a Fortaleza; ficara somente ela, e os pais imploraram a sua volta. Transferiu o contrato sem argumento; o que ganhava não era suficiente para se manter sem a ajuda dos pais. Voltou, mas com a idéia firme de voltar, assim que fizesse um “pé de meia”.
Com relação à asma, já estava alicerçada de como conviver, já era até capaz de agradecer a Deus por todos os sofrimentos, pois esses lhe ajudaram no seu crescimento espiritual, destarte profissional, o que temer?
O Lúpus agora faz parte da sua vida, é mais um desafio; ela adora desafios; vence o medo do desconhecido e parte para a luta a fim de aprender a conviver com este novo fato também. E nada muda, continua firme, determinada, otimista e não teme mais a morte, mas não saber viver o presente que lhe foi dado por Deus — a vida.
É da sua índole a alegria, é feliz, muito feliz, descobriu a trave de sofrimento do seu eu, e tem a centelha de Deus dentro dela e todos nós, que o Lúpus, não é como muitos pensam.
É possível ser feliz, viver com intensidade o amor e o trabalho. Viver é lutar; é amar e aprender como caminhar por cima das pedras que foram colocadas no seu caminho. A vida é um campo fértil onde se pode plantar, todo dia. Somos responsáveis por realizar ações em resposta a circunstâncias que não somos responsáveis. Uma enfermidade como o Lúpus não pode acabar com a vida do pessoa em vida. Onde existe a vontade, sempre se encontra um jeito — pois o segredo da vida é sentir e agir positivamente e eliminar todos os pensamentos negativos —, encarando o desafio de manter e ampliar os seus conhecimentos e suas capacidades em forma, e procurando melhorar a cada dia, alargando os horizontes da mente sempre, com novos objetivos. Lamentações, jamais! O futuro está a nossa disposição para ganharmos ou perdermos; depende de cada um a escolher.
A capacidade de vencer as dificuldades existe dentro de cada um de nós, nunca querer ser a vítima ou a “coitadinha”. O maior crescimento reside nas escolhas humanas; quer ser o “coitadinho”? a vítima? o digno de piedade? Ou um vencedor? Uma mente aberta será capaz de enxergar na vida uma nova fronteira a desbravar.






Avó Santana planeja a vida de Amly
e pede ajuda ao amigo
Eugênio Pacely Luna Macedo.


O esforço é um fato básico no desenvolvimento e no progresso do ser humano. Além da tarefa contínua, a motivação para esse esforço é o resultado para o amadurecimento da fé.
Esse tesouro foi-lhe deixado por sua Avó Santana — que valorizou e lhe ensinou sobre o amor-próprio. Dizia sempre a Amly: “Na vida sinta-se sempre bem, seja produtiva, empreendedora, alegre, competente, útil, otimista e saiba que Deus habita em você”.
Amly ria: “Como vou saber tudo isso?”
Ela respondeu: “Treinando, educando suas ações e atitudes: elogie a pessoa ao invés de criticá-la; ame mais sem esperar nada em troca; tenha tempo para os que de você precisarem; aprenda a perdoar; e não lamente as suas dores, elas vieram para o seu crescimento.”.
Avó Santana não tivera estudo, mas a vida a tornara sábia; não tinha recursos materiais, porém deixou a herança essencial: era que se alcance a felicidade. Ela enriqueceu a vida de Amly, que leva o ser humano a evoluir espiritualmente; ela a motiva a doar, a compartilhar, a fazer novas amizades... Amly é muito confiante e a sua fé, inabalável; acredita nas suas próprias habilidades e destrezas; cria energia e entusiasmo interior.
O êxito pessoal depende do conhecimento individual, de suas reações, sentimentos e emoções. Quanto maior o conhecimento, melhor será o controle sobre si mesmo.
Controlar a mente e o corpo por meio do intelecto, visando ter o controle das emoções, sentimentos; usar a razão; ser o árbitro e bússola do seu destino. Só assim o indivíduo reconhece as próprias habilidades, capacidades, potencialidades, limitações. “O maior desafio do homem é vencer a si mesmo.”
Em relação as suas experiências, Amly adquiriu autoconhecimento. A asma deu-lhe suporte para conviver com o Lúpus.
Avó Santana era um Ser Iluminado, uma Filósofa, sábia, a serviço de semear os valores, passando-os através da sua simplicidade. Só em se vê sua pessoa, a própria Avó Santana no trabalho, costurando dia e noite, harmonizava conflitos, estimulando a paz e a harmonia, a sua pessoa em si já era uma grande lição de vida.
Partiu para a pátria espiritual, no dia 8 de março de 1976. Antes de retornar, deixou os planos da vida de Amly em ação.
Foi ela quem acertou com a tia de Amly, irmã de seu pai (Tia Terezinha), que a acolhesse em sua casa, em Fortaleza; queria que ela terminasse o terceiro científico na capital. Foi ela quem mandou fazer a matrícula no colégio Eskema 1. “Enxoval: deixou todo organizado roupa em geral, toalha, lençol, sabonete, pasta, perfume, etc. “Tinha uma pequena aposentadoria”. Compra um relógio Oriente e deu-lhe de presente e falou: “Amly, não quero que fale com estranhos, nem mesmo para saber as horas.
Mandou chamar um amigo de Amly que já morava na Capital e que estava de férias, Eugênio Pacely Luna Macedo; eram muito amigos, correspondiam-se com freqüência. Na véspera de partir, 7 de março de 1976, mandou chamá-lo e pediu que ajudasse a Amly nos estudos, pois lá na Capital, o estudo era mais adiantado e temia que ela não acompanhasse.
O amigo Eugênio prometeu. O clima não foi triste, pois Avó Santana era espirituosa, chamando Eugênio de Higiene. Ele quis chorar quando ela disse que ajudasse a Amly entender que tinha ela de partir e, por Amly ser muito apegada, iria sofrer muito. Promessa feita e Avó Santana ficaram em paz e muito feliz, mandara Amly arrumar as coisas ela ia determinando e Amly obedecia. Assim falou: “Você vai viajar daqui a sete dias, e no outro dia, ela desencarnou, eram 16 horas do dia 8 de março de 1976. Até hoje, Amly lembra-se dela e dos seus ensinamentos e sabe que, se não fosse ela, nunca teria saído da sua terra para desbravar novos horizontes. Depois da sua missa de Sétimo Dia, Amly embarca à noite para Fortaleza em companhia de uma conhecida, Elizabeth Gomes, que já morava em Fortaleza, conforme as determinações de Avó Santana. Era a primeira vez que viajava para um lugar longe; só conhecia do Cariri, Juazeiro e Crato, e mesmo assim, nunca ia só. Morou os primeiros dois anos na casa da tia Terezinha e do inesquecível Façanha.
O amigo Eugênio cumpriu o prometido: ajudou-lhe muito nos estudos. Todos os dias, ia para sua casa, na Avenida Imperador, 1.327 (mesma rua do seu colégio). Eugênio tinha uma lousa e boa vontade; ensina-lhe todas as disciplinas, com alegria, entusiasmo, sempre disposto a repetir mil vezes, até ela entender. Esse amigo foi e é importante na sua vida. Garante Amly que essa amizade é eterna.
Eugênio sempre fora inteligente, educado, sério, organizado, e o coração enorme; ajudou-lhe muito, em todos os sentidos, em relação à vida, aos estudos, etc. Ele sempre estudou na Capital, e juntando esse fato ao seu esforço, inteligência e boa vontade de colocar Amly à altura dos conhecimentos necessários para terminar o terceiro científico e na batalha do Vestibular. Eugênio perdeu a sua mãe muito cedo; mesmo assim, nunca deixara a tristeza ocupar espaço em sua vida; a sua família, pai, irmãos, irmãs, eram muito unidos; para Amly, eles foram a sua família durante os dez anos em que morou em Fortaleza. Hoje Eugênio é engenheiro mecânico, casado com Meiriane Sobreira; teve três filhos, Isabela, Mariana e Leonardo. A gratidão de Amly em relação a Eugênio é muito grande; ela nunca esquecerá o amigo maravilhoso que muito lhe deu; e agradece sempre a Deus o privilégio de ter encontrado amigos desse quilate.




O tesouro de Amly —
os ensinamentos deixados por Avó Santana


Cada um de nós é escultor da sua própria vida. A imagem faz-se com esforço, genialidade e originalidade. Somos a cada momento convocados a nos construir. A vida do ser humano é um projeto para o futuro que nos abre um horizonte de possibilidades. Nossos passos devem sempre caminhar em direção a uma meta que se conquista com a luta. A cada dia que passa, a pessoa deve estar consciente da necessidade de enfrentar os problemas, as dificuldades sem lamentações ou lamúrias; isso requer uma preparação em relação ao enriquecimento pessoal e espiritual.
Amly realmente é uma privilegiada de Deus. A sua avó materna, Avó Santana, foi um ser de luz que muito contribuiu para a sua formação: soube lhe oferecer e incutir na sua alma o tesouro do crescimento espiritual, cultural; esses ensinamentos abriram-lhe uma dimensão para a vida comunitária e estimulou sua criatividade de interpretar as histórias que a própria avó Santana contava-lhe. Falava na vida de Cristo, na Virgem Maria e outras; contava o contato que tivera com Lampião quando ainda morava no sertão de Pernambuco, Santa Maria do Pajeú; e quando lhe dava conselhos, eram por meio de parábolas, como fazia Jesus.
Na adolescência, fase de Amly se interessar e namorar, Avó Santana preocupava-se em relação ao namoro. Aqui, nessa cidade, região, era natural a moça fugir com o rapaz; e quando se fazia encontrar os pais, faziam casar-se (para limpar a honra), mesmo sem ambos possuírem condições financeiras; iam moram na casa dos pais de um ou de outro.
Amly lembra várias histórias. No sertão do Pernambuco, Santa Maria do Pajeú, havia uma bela moça que só pensava em se casar, implorava ao rapaz (seu namorado) todos os dias; o rapaz não tinha estudo, condições financeiras e mesmo assim, ela insistia em se casar. Ele lhe dizia: “Não posso, não tenho condições”, e ela lhe disse: “Olha, casa comigo, que, só de olhar para você, encho a minha barriga”. Fugiram, casaram-se, e foram morar debaixo de uma ponte. Transcorridos três dias de casados, ela chorava desesperadamente com frio e com fome, e falou ao marido: “Eu não agüento mais”. Ele lhe respondeu: “Você me disse que só de olhar para minha cara enchia a barriga”. Ela respondeu em prantos: “A questão é que eu não estou mais lhe vendo.”
Há outra história que deve ser perpetuada. Certa noite, em uma rua do centro de uma grande cidade, uma moça é perseguida por dois ladrões, correndo; ao dobrar a rua, à esquerda, percebe que está em total escuridão, mas teve que continuar correndo mesmo no escuro; mais adiante, havia um buraco enorme, onde caiu e machucou-se toda (quebrou braço, perna, clavícula, ombro, dentes, etc.) Ao amanhecer, os guardas a encontraram e a levaram ao hospital mais próximo. Dois anos depois, ainda com seqüelas, mas graças a Deus, recupera-se. Por ironia do Destino, o fato mais uma vez acontece: estava na mesma rua do centro da cidade grande e foi novamente perseguida pelos dois ladrões, correndo; dobrou à esquerda e a rua estava novamente escura; teve de continuar correndo, só que, desta vez, mesmo a rua estando no escuro, soube desviar-se do buraco enorme e seguir em frente, escapando dos seus perseguidores, firme e feliz por ter tido a inteligência de saber desviar-se do buraco. Moral da história: cada decepção, mais uma experiência ganha; só comete o mesmo erro se quiser — livre-arbítrio.
Foram tantas e tantas histórias, ensinamentos como esses. Essas histórias abriram-lhe os olhos, a consciência; foram a chave da conscientização de ouro da sociabilidade, a formação da inteligência através da interpretação das histórias.
O seu contato diário com a sua avó Santana indicou a necessidade de se integrar à comunidade. O que mais pregava era ajuda ao próximo, o perdão; sobre a fé, os valores como as virtudes; era autora das parábolas que contava com tanta facilidade, dependendo da necessidade.
Até hoje, o Mundo inteiro encontra-se em um estado caótico por causa da falta total dos valores morais; muitos consideram mais importante obter benefícios materiais sem se importar com o prejuízo que causam aos outros. Por essa razão, o ser humano deve estar em contínua formação, deve aprimorar-se e evoluir nos aspectos individual, espiritual, físico e social, a fim de poder dar mais de si mesmo. Esses ensinamentos foram passados a Amly por essa mulher inesquecível. Elas possuíam uma convivência muito amiga, confidente — que dava a Amly maior sentido de vida e a incentivava a buscar superação de todos os problemas de saúde, das pressões políticas (o pai de Amly foi vereador por seis mandatos), profissionais (estudou porque sua força de vontade venceu todas as crises), sociais e econômicas; e de eliminar impulso que algumas vezes impedia seus avanços de crescimento espiritual; o egoísmo, a vaidade, o orgulho é que geram desordem na vida e reprimem o raciocínio.
Tudo ficava arquivado nas paredes da mente. Desde pequena, Amly foi um ser humano fiel ao compromisso da sua formação para construir-se como uma pessoa de bem e alcançar um desenvolvimento na realização das suas aspirações; sempre dava alma a tudo o que fazia e faz, assumiu as responsabilidades. Faz parte do seu caráter. Aprendeu cedo a conjugar e administrar o tempo com a vontade de vencer. Sempre pronta a aceitar desafios, nunca teve medo de fracassos, pois o desejo de progredir, de alcançar suas metas vinham da alma, da força interna, força de vontade do seu eu, do Deus onipotente que sabia e sabe, o qual sente haver dentro dela. Deus existe dentro de todos os seres; muitos ainda não o descobriram. Não há medo da sua parte se houver fracasso; com certeza irá aprender com seus erros; nem sempre a sua vida era um jardim: havia o deserto. Nem sempre venceu todos os desafios, batalhas; mas nunca se revoltou e tem a capacidade de aceitar o fracasso ou uma limitação — ao contrário do indivíduo ambicioso que é incapaz de aceitar o fracasso, as limitações, e torna-se frustrado. Um dia Amly comentou com quem se compara: “todos os anos é sempre a mesma coisa, enchentes, secas, misérias, famílias que perdem o pouco que têm, todo o sofrimento vivem os miseráveis — fruto da ganância política (dos políticos) que nada fazem, que só aparecem quando a tragédia já tem acontecido, chegam de paletó e gravata ao lugar da desgraça e fazem com a demagogia de sempre, barata, nojenta, para tirar proveito próprio de que são bons — “Urubus na carniça”, que vão ajudar em campanhas de doação de alimentos e roupas é feita — nem têm a consciência moral de que eles “como representantes do povo podiam ter feito a prevenção. É óbvio que quem mora no morro, em favelas, na chuva, tudo vai cair, as casas, e mata muitas pessoas, e a seca no Nordeste”.
Amly compara-se a esses miseráveis que vivem abaixo da linha da pobreza: em relação a sua determinação e coragem, eles dizem quando entristecidos, quando perde tudo, “perdi tudo, mas Deus vai me ajudar e vamos reconstruir nossa casa e aos poucos nossos utensílios”. A fé, a coragem, a determinação deles é uma grande missão. Porque uma crise asmática, ou mesmo o Lúpus iria fraquejar? Tudo na vida passa, é transitório, é mutável; quando se recupera, volta com maior intensidade na busca dos seus ideais.
Sabe das suas limitações, mas isso não a impede de seguir e frente; existe no seu eu interior a fé, a determinação, a força de vontade, o otimismo e a alegria de viver.
Aproveita o seu tempo muito bem, administra a sua vida e está sempre pronta a recomeçar sempre.


O diagnóstico: era de fato o Lúpus


Em maio de 1987, a confirmação do diagnóstico, Amly, recebe o resultado dos exames em Fortaleza (CE): é o Lúpus.
Meses anteriores, ela vinha sentindo dores musculares; um dia inchavam os joelhos; outro, as mãos, os braços, os ombros.
Procurou um médico local, era um clínico geral. Falou que era um simples reumatismo, não pediu exames, mostrou-lhe umas revistas com crianças que também já sofriam de reumatismo, passou o medicamento. E ela, já muito cansada de noites e noites sem dormir, com dificuldades para andar, o sangue percorria todo o corpo — compara-se a uma panela com água quente borbulhando, era assim que sentia o sangue que se alterava e ia desde os pés até o cérebro; e em conseqüência, uma febre alta que, em alguns momentos, perdia a noção, se estava viva ou morta; pediu um atestado (na Escola, estava havendo um trabalho, um planejamento com os professores, era o governo de Tasso Gereissati). O médico negou o atestado, e durante toda a semana, ela ia, mesmo se arrastando; não deixou de cumprir sua obrigação profissional. Tinha ido ao médico na segunda-feira, o remédio não a fazia melhorar; na quinta-feira foi novamente ao mesmo médico. Ele falou que estava recente, que, por tal razão, o remédio não tinha feito efeito. Sentia Amly além de tudo tonturas, dores no estômago devido aos medicamentos. Ele, então, passou um supositório que era antiinflamatório e dispensou-a, ainda achando que não deveria dar-lhe o necessário.
A direção da Escola havia informado que as faltas iram de imediato, e como era um novo governo, os que faltassem iriam se prejudicar. Na sexta-feira, amanheceu toda “chagada”: mancha vermelha em todo o corpo; havia usado o supositório na quinta à noite; as dores musculares haviam melhorado um pouco, podia mexer os dedos das mãos, os joelhos ainda inchados (mas estavam menos); mostrara a sua mãe as “chagas”. Mas resolveram que iam usar o antiinflamatório. Foi trabalhar e era o dia inteiro. No intervalo, usou o medicamento, voltou à Escola à tarde e quando de lá saiu, às 17 horas, estava completamente tomada por uma “vermelhidão” no corpo todo, a febre alta, quase não chega a sua casa. Além de tudo, vômitos, dores terríveis no estômago, tinha dificuldade para andar e respirar. Ao chegar a sua casa, sua mãe e protetora arma uma rede, fez um chá de endro, e foi assim, o resto da noite. No sábado — cada vez piorando —, foi quando sua mãe e ela decidiram viajar para Fortaleza.
Foram Amly e a sua mãe, Hilda Alves Freire, no domingo à noite. A viagem era longa (quase 600km). Amly não podia encostar as costas de tão ferida que estava. A sua mãe foi passando pasta d’água, a viagem inteira. Chegaram ao amanhecer e hospedaram-se no apartamento de Luiz Wanderley Pereira, que já as aguardava. A situação financeira difícil: o que levaram mal dava para os transportes dentro da Capital. Não tinha plano de saúde. Sua única opção era o Ipec; nesse órgão, trabalhava sua amiga de infância, Marilce Stênia Ribeiro Macedo, e foi através dela que conseguiu uma consulta para terça-feira, com o médico reumatologista Eyoram Andrade Castelo Branco. Na terça-feira, pela manhã, deslocou-se com sua mãe até o Ipec; Marilce as esperava. Excelente! Foi atendida e foram pedidos diversos exames. Amly, desde a primeira vez, ao vir esse médico, sentiu segurança, acreditou nele. O resto da semana foi a maratona: acordar cedo, pegar ônibus, fazer os exames de sangue e outros. Na sexta-feira, muito cedo, Marilce telefonou: os exames estavam prontos, já estava com eles em mão; restava mostrar ao médico. O sofrimento havia aumentado; afinal, desde que chegou, não tomou nenhum remédio; estava a cada dia mais doente; quase não podia andar.
Foram ao Ipec Amly e sua mãe. Marilce entrega-lhes os exames e as deixa na sala de espera do médico. Já depois de horas e horas de espera, a atendente lhe diz que o médico não ia mais atender; só na quarta-feira seguinte.
Amly não pensou duas vezes: deixou sua mãe na sala de espera, quase se arrastando, pega o elevador e foi na sala onde sua amiga Marilce trabalha (departamento de pessoal). Ela era bem relacionada e de uma eficiência extraordinária e todos os médicos, funcionários (não importava a hierarquia), admiravam-na, respeitavam pelo grande coração, generosa, bondosa, admirável. Ela, ao saber e vendo o estado de Amly, chorou com ela, abraçou a causa: entrou sem autorização no consultório, movia-se pelo impulso da compaixão, da amizade; com os exames na mão, falou para o médico: “Me dê o seu endereço, do seu consultório particular, que ela vai hoje ainda; ela não tem dinheiro, mas eu vou arranjar; o que não pode é ela ficar sem tomar um medicamento; desde que aqui chegou, sofre a cada dia, passou a semana fazendo os exames e agora estou aqui com elas. A atendente falou que o senhor não ia atender mais ninguém”. A amiga estava visivelmente muito nervosa (quem tem um amigo tem um tesouro).
O médico muito calmo, educado, gentil, acalmou Marilce e disse que atenderia no Ipec mesmo, que não era necessário ir ao consultório particular e que, se preciso fosse, atenderia Amly todas as vezes (que se fizessem necessárias). Na presença de Amly e da amiga, verificou os exames e a comprovação de que era Lúpus, com carinho e muita delicadeza. Explicou a doença e como iria dar continuidade ao tratamento. Garantiu que não seria difícil uma consulta; estaria sempre pronto a atender pelo Ipec — ressaltou. Passou o medicamento e Amly agradeceu a ele, a Marilce e a Deus.
A sua mãe tinha ido para o apartamento; o amigo Luiz Wanderley levou, pois ela já estava cansada e havia ficado nervosa com receio de Amly não ser atendida.
Dr. Eyoramd emocionou-a desde o primeiro dia. Antes de Amly sair do consultório, ele escreveu o endereço da sua residência e o telefone, e disse-lhe: “Me liga, quero saber da sua saúde ainda amanhã”. Esse gesto foi suficiente para saber que não tinha apenas encontrado o médico certo, mas um homem sensível, bondoso, generoso, amável, um ser humano. Com o passar do tempo, chegou a comprovar todas as suas qualidades (cheio de virtudes); em maio de 2007, faz 20 anos, continua sendo seu médico.
Quando foi na sexta-feira à noite, já havia sido medicada. Na mesma noite, um telefonema de Missão Velha avisava a Amly que tinha saído o dinheiro atrasado das 100 horas da complementação da carga horária: total do pagamento correspondente a um ano e meio.
Quando voltou para a terra natal, possuía um contrato de 100 horas, depois foi que conseguiu a complementação de mais 100, que somaria 200 horas.
Era uma quantia razoável, chegou na hora certa, no momento certo, quando ela mais precisava. Durante esse período em que trabalhou sem receber, nunca lhe faltou a esperança e a fé de que um dia receberia. Deus existe; nunca duvidou disso.
Podia iniciar seu tratamento mais tranqüila. Telefonou para sua amiga Marilce; contou-lhe a novidade e, por livre-arbítrio, resolveu que ia fazer o tratamento particular.
Marilce deu-lhe o endereço do consultório e, na segunda pela manhã, a própria Amly marcou uma consulta para segunda à tarde.
Já fazia 8 dias que havia chegado. À tarde foi sozinha para o consultório. Sua mãe precisava descansar e, com dinheiro, tudo é mais fácil. Ao invés de ônibus, um táxi; ao chegar sua vez, Dr. Eyoramd surpreendeu-se: falou que não precisava gastar, pois não havia diferença entre o tratamento feito no Ipec e o feito pelo consultório. Sorrindo, Amly contou-lhe que agora queria fazer “particular”, e se Deus lhe deu essa oportunidade de condição, iria usá-la; a sua vaga no Ipec serviria para outras pessoas que não tinham condições para um tratamento particular, que ele não se preocupasse: ela já havia lido a sua alma e estava com o médico certo, que iria ajudar-lhe a vencer todos os desafios que a enfermidade lha apresenta. Para ela, naquele instante, sentia a presença de Deus e viu no médico um intermediário.
Foi maravilhoso: ela acreditava na vida, no médico e aquela força interior a invadia. Naquele instante, sabia que nunca ia desistir de lutar, mesmo quando o fardo estivesse pesado demais; sabia também que, pelas experiências já vividas pelo problema da asma, acumulou ao longo da vida, experiência; e que sempre foi forte, otimista, perseverante. Com a fé que havia no seu coração, podia suportar essas novas provações e ir muito mais longe — isso depois de pensar em alguns momentos que não podia. O importante era ter consciência de que sempre poderia fazer das dificuldades um estímulo para dissipar sombras e iluminar a sua vida, o seu mundo. A sua consciência é que não podemos deixar a dificuldade nos abater.






A reação de Amly em relação ao diagnóstico


Amly pensa positivo. É claro que há os momentos de tristeza e desânimos, mas ela procurou sempre comandar sua vida através do controle das emoções.
Se prestarmos atenção aos altos e baixos da nossa vida, constatamos que os pensamentos provocam as emoções e estas comandam o nosso bom humor ou mau humor. Quando se cultiva o pensamento positivo de amor, gratidão, paz, otimismo, com certeza seremos mais felizes e estaremos fortes para enfrentarmos as dificuldades de cabeça erguida, sem nos abatermos. Alimentamos a nossa mente com os ensinamentos de Deus, pois a sua palavra não é somente um conhecimento, ela é vida, luz e força em todos os momentos. Quando os nossos pensamentos são positivos alegres e justos, igualmente são o nosso agir e o nosso sentir.
A palavra de Deus “é lâmpada” para os nossos pés e luz para os nossos caminhos! Deus, Tu és meu refúgio, meu escudo, minha fortaleza...
Amly combate a luta dia após dia para manter o equilíbrio do pensamento. Em muitas ocasiões, não é fácil; o fardo pesa, há momentos de fraquezas, mas é consciente que tem de vencer a si mesmo e lutar, lutar sempre.
Se contarmos somente com nossas capacidades, com nossas forças, seremos as pessoas mais ignorantes e orgulhosas, pois de nada somos capazes por nós mesmos. Contudo, se confiarmos verdadeiramente em Deus, nada precisamos temer. Quanto mais confiamos em Deus, tanto mais sentiremos que somos fortes e incapazes de viver sem Ele.
Nós somos o sujeito da nossa felicidade. A vida é linda, diz Amly: “É preciso despertar a nossa sensibilidade, desenvolvendo hábitos positivos, transparentes. Se olharmos a vida com menos dureza, menos exigência, ela poderá não ser tão perfeita, um mar de rosas, todavia será mais leve, mais agradável, mais prazerosa”.
Amly sente-se livre. Não se preocupa em dá tanta justificativa para sua fé (muitos ficam se perguntando de onde vem tanta força). Pensa e diz, porque acredita nas suas ações e acredita que elas falarão por si. As nossas ações revelam-nos, dizem como somos e mostram a glória de Deus em nós. De nada adianta um belo discurso. Caso nossas palavras não sejam confirmadas em nossas ações e, sobretudo, se elas não servem para a glória de Deus, se não estão de acordo para o plano e a lei do Amor. Vê pessoas que são religiosas, que ficam a julgar a Deus e os outros semelhantes; já Amly pensa ao contrário e vem do fundo da sua alma: se o que fizemos teve bom resultado, a glória é de Deus; mas, se houver falhas, só pode ser nossa, pois Deus nunca falha. Quando pensamos assim, tornamo-nos tranqüilos, pois é o compromisso com o sucesso que nos agita.
Sabendo do diagnóstico, não se abateu, a força interior cresceu. Já tinha certo alicerce devido ao problema de asma, não existe pessoa madura que não tenha passado pelos limites impostos pelo sofrimento, pela depressão, pela dor; tudo isso faz parte da receita do desenvolvimento humano, uma dose de renúncias, limites, dor e sofrimento. Quando estamos renunciando, estabelecendo limites, estamos selecionando e definindo a nossa personalidade, o nosso modo de ser. Somos verdadeiramente adultos e livres quando sabemos escolher apesar dos sofrimentos, além dos sentimentos, e Amly optou pela vida; apesar dos sofrimentos que enfrentou e enfrenta, vive intensamente cada dia; aprendeu muito, valorizando as coisas mais simples da vida. Esforça-se muito para vencer, dia a dia, cada batalha; aprendeu a caminhar por cima das pedras que encontra no caminho, aprendeu a conviver com a enfermidade sem lamúrias e lamentações. Esforça-se e não abandona a luta; é produtiva, dinâmica; não desiste nunca.
Certo esforço é sempre necessário para atingirmos as nossas metas. O segredo de toda libertação, de toda cura, está no coração, na união com Deus.
As terapias podem ajudar, mas só Deus, nosso pai criador, irá transformar-nos a partir de dentro. Orar é preciso; a oração é um dom de Deus, mas também é método, esforço, planejamento, força de vontade. Rezando, o espírito irá ensinar-nos cada vez melhor e com mais valor.
Resultados surpreendentes e imediatos costumam aparecer quando as pessoas começam a encontrar-se com Deus na oração, a se conhecer, a se querer bem, e deixar de lado as defesas e fingimentos.
Amly sempre foi muito autêntica. A verdade sempre a acompanhou.
Quando começamos a pautar a nossa vida pela trilha da verdade, algo de sublime e diferente passa a desenvolver-se dentro de nós — porque somos o que somos e não temos necessidade de provar ou defender coisa alguma. Em verdade, verdadeira, Amly sempre sentiu que nunca estava sozinha. Estando Deus dentro dela, abriram-lhe as portas da solução (dos problemas), surgiram amigos e amigas sinceros...
Um coração tocado pela presença divina no seu interior — esse é o segredo de força humana. Pode haver mais fé que a do homem que, caminhando no escuro, segue a luz? Amly caminha pela luz de Deus e que seja feita conforme a sua vontade.
É feliz, muito feliz; a enfermidade não a frustrará, trabalha (o trabalho é a sua vida), estuda, ler muito, produz muito; tudo que faz vem da alma; e devido à presença divina no seu interior, não teme o escuro, pois segue a luz de Deus.






Iniciando o tratamento


Confirmando o diagnóstico sobre a nova provação de Amly, o Lúpus, é iniciado o tratamento. O seu médico, Dr. Eyoramd Andrade, explica tudo: que sintomas e cada passo do tratamento. Um dos remédios a fazia engordar, principalmente o rosto. Toda preparação foi feita, conscientizando-a sobre o que teria que enfrentar.
Dr. Eyoramd Andrade Castelo Branco, além de médico, é psicólogo, pai e amigo. Amly agradece todos os dias a Deus por tê-lo como (seu) médico. Em pleno século XXI, consegue essa relação médico x paciente, em que o paciente confia cegamente, pois tem a certeza de que terá a sua assistência todas as vezes necessárias. Desde quando iniciou o tratamento pelo Ipec, ele lhe deu o telefone da sua residência. E até hoje, embora morando a quase 600km de Fortaleza, não importa dia da semana (se sábado ou domingo ou feriado), todas as vezes que precisa, devido a algumas alterações mais graves no seu quadro clínico, ela telefona, ele lhe dá as instruções necessárias. Se for preciso, ela viaja e vai em busca de vencer mais uma batalha. Nada é fácil, muitas vezes não vai de imediato; não é porque não tenha consciência da necessidade: na verdade o que complica é organizar-se financeiramente. Até hoje com ou sem dificuldade, não há o que lamentar.
“Deus provê, Deus proverá a misericórdia divina não vai faltar.”
As dificuldades e problemas de nossa vida, quase sempre são oportunidades de aprendizado que Deus nos concede. Amly é consciente, acredita nisso e, por tal razão, não deixa que os dissabores da sua vida transformem-se em descontentamento.
O sofrimento a faz crescer, ler muito e “trabalha-se” mentalmente na busca de melhorar o seu interior. Sabe que queixa e lamentações são bobagens mentais em excesso, perfeitamente dispensáveis.
Assim sendo, procura manter a coragem. Sua vida será triste ou alegre, de acordo com sua disposição.
Durante toda a sua vida, enfrentou provações. Não é fácil manter o equilíbrio emocional, manter a mente com pensamentos positivos; (você é o que você pensa), mas é possível tudo isso? Para tanto, é necessário o treinamento, educação dos seus atos, dos seus pensamentos, pois optou por viver feliz todos os dias, e cada dia lhe é especial, a vida tem-lhe ensinado a dar valor a tudo, inclusive às pequenas coisas. A cada dia, ama ainda mais a vida; o medo de morrer não a perturba. Muitas vezes receia não viver bem, como tem de ser cada dia, mas também acredita que os desígnios de Deus são inquestionáveis. Analisa-se, reconhece os seus erros. Na verdade Amly é comodista, cria obstáculos para não viajar porque não venceu o “apeguismo” que tem com sua mãe; todas as vezes que viaja, chora porque vai ficar distante da mãe.
Ninguém é perfeito. Um amigo fraterno, Edilson Santana, adverte-a de que apeguismo é uma doença, tanto em relação a coisas materiais como às pessoas. Ela escuta, reconhece o seu erro e então, no dia-a-dia — tentando vencer seu pior inimigo —, procura sempre vencer a si mesma; é consciente de que a sua melhora depende exclusivamente dela; de vez e quando, quer se desanimar, contudo há uma força maior que a impede de parar. Os amigos fraternos, espirituais, estão sempre na sua vida, e tem a certeza absoluta de que Deus existe, está dentro dela e de todos nós. Agradece a Deus todos os dias pela vida que leva; é uma pessoa muito grata.
A gratidão é sentimento positivo, que interiorizado, tem poderes infinitos capazes de superar os mais difíceis obstáculos.
Amly trabalha de modo incansável, para afastar da sua mente idéias negativas de perdas e prejuízos; quer entender que, em tudo, há um lado bom. Cada um vê as coisas do jeito que quer; você é responsável pelo que vê, pelo que fala e pelo que ouve. Há os que preferem ver somente o lado ruim, os que são indiferentes e os que preferem o lado bom das coisas.
Mesmo nos momentos difíceis — com as dores musculares que invadem seu corpo, a febre, o sangue que borbulha e queima-lhe todo o corpo —, não nega: os olhos pequenos cheios de lágrimas choram. Mesmo assim, ainda insiste em se manter do lado bom da vida, situando-se nos pontos positivos das coisas e, dessa maneira, consegue superar cada crise.
Passadas as dores, não fica a lamentar-se. Procura fazer o que gosta, ler, ouvir música, escrever, e o seu maior hobby é ir para a academia e agora principalmente porque a própria academia dispõe de uma biblioteca, pavilhão cultural, vários projetos a serem desenvolvidos. É sempre alegre, e para quem tem o seu contato direto, é capaz de transmitir energia vibratória de otimismo, alegria e felicidade.
A vida é uma infinitude: infinitude material, infinitude espiritual, sob o império da lei da evolução.
Em face de tal constatação, você é convidado natural à ascensão sem limites. A evolução é sem fim, e a infinitude dá sentido ao fato de que não existem limites para você transformar-se, crescer, evoluir.
Você terá aprendido a lição da infinitude quando for capaz de transcender os seus limites que o aprisionaram na sua mente.
A vida de cada um está em permanente, construção. Você tem livre-arbítrio para amar crescer e tolerar infinitamente.





As discriminações, e a emoção que lhe deu alicerce para superá-las


Todas as provações que tem vivido desde criança não tornaram Amly em alguém revoltada, triste e amarga. Hoje ela acredita que veio ao Mundo, para esta existência, com o intuito de aprender uma lição em particular que a fará avançar no seu caminho espiritual, em rumo a sua evolução.
Quando foi diagnosticado o Lúpus, ela permaneceu em Fortaleza durante dois meses consecutivos; voltou a Missão Velha, pequena cidade local, ao Sul do Ceará. Por motivos profissionais, o novo governador do Estado tentava organizar o quadro de professores e o documento a ser preenchido por procuração.
O seu médico havia-lhe informado que o medicamento a faria engordar principalmente o rosto, onde existem mais tecidos flácidos.
Em dois meses de tratamento, Amly já está gorda, ou melhor, inchada.
A maior emoção da sua vida está ligada a esse fato. Ao chegar o ônibus Rápido Juazeiro, pára na praça Nossa Senhora de Fátima; ao descer do ônibus, eram exatamente 4 horas da manhã, ainda escuro, quando percebe ali sentada no banco da Praça, enrolada em uma toalha (o frio era imenso), batendo o queixo.
A sua mãe, Hilda Alves Freire, correu para abraçá-la, beijá-la, e disse-lhe: “Que saudade de você minha filha!”. Juntas, foram sorrindo de felicidade, da Praça até em casa; era um percurso pequeno. Sentiu-se a pessoa mais amada do mundo: o gesto da sua mãe, de um amor sem limites, de carinho, atenção, apoio, é o alicerce da sua vida, é onde se apóia para suportar todas as discriminações que foram vividas.
Esse ato da mãe não foi o primeiro; já houvera tantos. Sua mãe é a sua maior força, amiga, confidente, as duas não se separam nunca.
Amly já esteve hospitalizada várias vezes; em todas, a sua mãe sempre estava presente; se fosse preciso passar 9 ou 10 dias, não importa, era também o total de dias que sua mãe passava. Ficava direto, sem sair sequer um instante. Ninguém foi capaz de fazer com que ela dormisse pelo menos uma noite na casa da outra filha, quando se internou em Barbalha - CE ou em Fortaleza, na casa da sobrinha, não, ela ficava com a filha desde o dia da entrada no hospital ao dia da alta.
Esse amor, essa dedicação sublime, a faz forte e as discriminações que passou e passa nada são.
No início não foi fácil. Às quatro horas da manhã, a Praça já era ocupada por alguns transeuntes. A sua chegada já virou notícia: “A filha de seu Luiz Freire chegou, precisam ver, está parecendo um bicho”.
E não passava das 8 da manhã, a curiosidade de muitos não agüentava esperar uma oportunidade de vê-la na rua. Pessoas que nunca se relacionaram com sua família estavam ali, na sala de visitas; queriam verificar se o que estavam dizendo na rua era verdade, queriam ver com seus próprios olhos, eram muitas as visitas por curiosidade, mas existiam também aquelas por solidariedade.


É da natureza humana:
“mataram” Amly tantas vezes!


Na pequena cidade, todos conheciam o caso de uma pessoa ter morrido por causa de Lúpus. Por essa razão, desde que foi diagnosticado o Lúpus em Amly há quase 20 anos, todos esperam a sua morte.
É impressionante o quanto de vezes “já a mataram”; só bastava ela viajar a Fortaleza — em muitas vezes ia doente, febre, dores reumáticas — logo se espalha a notícia: “Dessa vez, acho que ela não escapa”.
Para que se tenha uma idéia, um dia, sua cunhada Joana Darc, que fazia unha em domicílio, estava trabalhando em casa de amigos; eles comentavam: “É, a filha de seu Luiz Freire já viajou novamente para a Capital; desta vez, não há esperança; ainda bem que, na Capital, existe funerária que trata o corpo e dá para chegar aqui sem mau cheiro; é possível até que abra a tampa do caixão para que a gente possa vê-la. Tão nova, estudou tanto para quê?”
A cunhada sabia que ela havia viajado, mas não que estava tão mal. De repente começou a passar mal, quase deu agonia. Quase quem morre foi a cunhada e amiga. Amly havia viajado para um exame de rotina. “Há uma centelha de Deus em cada ser e em cada objeto, e a presença de Deus entre nós, é encontrada diariamente nas formas mais simples, despretensiosas e comuns”.






Uma forte discriminação —
um amigo fraterno e muito aprendizado


Professora da rede estadual de ensino, o Lúpus a fez tirar licenças; mas, quando se recuperava, voltava ao trabalho mais cheia de vontade. Amar o que faz lhe ajuda muito; até hoje, ama trabalhar; com os alunos, sempre se empenhou de corpo e alma a tudo que fosse ministrar; é criativa, inovadora. Sempre estudou muito psicologia, filosofia, relações humanas — pois sempre soube que ser professora é muito mais do que transmitir conceitos, conteúdos: sempre diz que o professor tem de ser um educador.
Um dia, levou para a escola de segundo grau Monsenhor Antonio Feitosa, onde era lotada, um copo lilás com tampa, colocou lá em um armário.
Outro dia, ao entrar na secretaria, está o copo no chão e duas funcionárias “amigas”, discutindo: elas não se relacionavam bem. Vendo Amly, uma delas gritava: “Foi ela que jogou o copo no chão com medo de pegar a sua doença”. A outra dizia: “É mentira, foi ela que jogou e falou que sua doença é contagiosa”. Havia um monte de expectadores que foram chegando e ficaram lá, assistindo de longe: funcionários, os colegas professores, todos falavam ao mesmo tempo. Houve um que disse: “É perigoso ela ficar trabalhando aqui, é arriscar a nossa saúde; temos que fazer uma reunião para tomar as providências”. A diretora e todos eles se afastaram de Amly o mais que podiam; haveria uma reunião para decidir sobre o afastamento de Amly na escola. O copo ali no chão, quem se atreveria a pegá-lo? Amly estava paralisada, em estado de choque, chorava, tremia tanto que as pernas não obedeciam à ordem da sua mente, de ir para casa. Ficou ali imóvel, chorando; nunca vai esquecer os colegas, “falando alto, cada um mais entendido que o outro.” Não adiantava explicar que o Lúpus não é uma doença contagiosa; afinal, uma pessoa na cidade morreu de Lúpus.
Entra na secretaria um professor que estava ainda em sala de aula. Ao entrar, alguns tentam lhe dizer o que está acontecendo. Ele não deu a mínima; abaixou-se, pegou o copo que estava no chão, foi até Amly, entregou-lhe o copo e foi taxativo: “Vamos embora, professora; precisamos conversar”. A diretora gritou: “Ei, professor! por ela, tudo bem, é bom que saia da Escola, mas o senhor tem a quarta e a quinta aula”. Ele se virou, colocou o braço no ombro de Amly e disse: “Pode colocar falta, e essa monstruosidade que você e os colegas professores fizeram à professora, ainda vão ficar muito envergonhados, ou, melhor dizendo, falo nos que ainda têm consciência de Deus, que conhecem alguma coisa sobre o amor ao próximo. Lembre-se: existe a lei da causa e do efeito — não tenho dúvida! — cada um pagará pelo que fez”.
Saíram ela e esse amigo de quem, até hoje, ela afirma que é o seu “anjo da guarda”, seu mestre, seu médico espiritual, seu irmão e amigo fraterno — o qual, até hoje, em todas as dificuldades enfrentadas por Amly, está presente: Edilson Santana Gonçalves, presente sempre em todos os momentos da sua vida.
Aí começa a história de uma verdadeira amizade. Vocês não imaginam o que esses dois amigos já conseguiram realizar. Iniciaram um trabalho conjunto, na escola: júri simulado, empresas simuladas, aulas de campo, concurso de poesias, diversos projetos.
Até hoje, Amly não sabe quem jogou o copo no chão, ou quem estava falando a verdade. Hoje isso nada importa; sofreu, mas tudo isso lhe trouxe um grande aprendizado.
Telefonou para Dr. Eyoramd e ele mandou urgente um atestado onde dizia que a doença não era contagiosa. Para o médico, era grave; queria ele tomar atitudes, mas drásticas. Como professores de Segundo Grau, agiriam dessa forma? A falta de informação é a própria ignorância, sendo executada e por pouco não liquida a vida de um ser humano; se Amly fosse fraca de espírito, não teria resistido. Ela é uma iluminada de Deus; uma força maior a fazia seguir em frente com a cabeça erguida; os anjos apareciam ao seu socorro como por um encanto. (Em anexo, o atestado original do médico.)
Tirou várias xerocópias do atestado, pregou-as em todas as salas de aula da Escola. Entrou de sala em sala, conversou com os alunos a respeito da sua doença; eles ficaram horrorizados com a atitude da direção e dos professores. Entregou também para cada professor, funcionário, cópia do atestado, autenticada em cartório.
Sua vida profissional voltou à normalidade, e Amly intensifica cada vez mais trabalhos inéditos, aulas de campo no curso de Contabilidade, seminários, palestras, e estágios para os alunos, conseguidos em algumas empresas da cidade. Abriu um leque de horizontes para novos conhecimentos e novos métodos de transmitir esses conhecimentos.







A vida — obra-prima do Criador —
não tema os obstáculos


Uma ferida é o lugar onde encontramos vida pela primeira vez. Por tal razão, precisamos perceber o seu poder e entender os seus caminhos. A ferida traz sabedoria capaz de fazer-nos viver melhor, permitindo que tenhamos uma visão mais verdadeira de nós mesmos e da vida.
Amly conduziu sua vida profissional com amor, força de vontade, compromisso com a educação. Nada, nenhuma força adversa a fez parar, diante daquilo em que acredita. Protegeu sua emoção porque sempre acreditou que há uma centelha de Deus dentro dela, filtrou as agressividades e as incompreensões geradas pelos que a rodeavam e que a discriminavam.
Quando, no percurso da vida, alguém lhe bloquear as portas, não gaste energia em confrontos: procure as janelas. “A água nunca discute com os obstáculos, mas os contorna.”
O que faz Amly diante dos obstáculos? A doença em si era mais simples do que todas as discriminações. Foi mais fácil superar a própria enfermidade do que aprender a ler, isto é, lidar com a natureza humana. O Homem, um dia, aprenderá a respeitar o seu semelhante, ou melhor, à lei maior de Deus; logo que perceber a necessidade da evolução espiritual, a vida o ensinará; a provação virá; infelizmente o Homem só cresce através do sofrimento.
Aprender a si doar sem esperar muito, é uma lição de contorno.
Lembrem sempre que, nesta vida, muitos deixaram de ser felizes, de ter sucessos, porque se permitiram as críticas e tal fato os destruiu.
Se você permitir, uma crítica o destruirá, mas, você se protege; um milhão de ofensas não o afetará. O destino não é um fato inevitável, mas uma questão de escolha. Portanto, opte por libertar-se do cárcere da emoção.
Diante disso, só restava Amly fazer da sua vida uma obra-prima, firmeza, convicção, determinação, otimismo, perseverança — o que faz parte da sua índole.
Amar a vida é ter coragem para vivê-la, mesmo que, em alguns períodos, ela se encontre cansada e transtornada, mas nunca pensou em desistir.
É importante lembrar que o maior carrasco do homem é o próprio homem. (Ninguém pode ferir mais você do que você mesmo.) A vida é linda, maravilhosa, bela, delicada. Cuide carinhosamente dela. Aceite-se do jeito que você é — com todas as provações —, que certamente aumentará o crescimento espiritual, pois a beleza da vida está nos olhos de quem a vê.
Temos de aproveitar as oportunidades que a vida nos oferece. Precisamos encontrar “os oásis em nossos desertos”. Ser um vencedor mesmo diante de todas as adversidades e aproveitar todas as oportunidades para começar tudo novamente. Os vencedores vêem a chuva e, com ela, a oportunidade de cultivar.
O Lúpus é um tipo de reumatismo, só que no sangue. E em vários momentos, Amly, há dias, amanhece com as mãos, os joelhos, o ombro inchado, os dedos não dobram e as dores são imensas. Ao deitar-se, deixa tudo ao seu alcance: remédios, faixa, água, etc.; calmamente vai se massageando sozinha no seu quarto; assim que consegue forças, abre a janela, quer o céu, as árvores (sua rua é arborizada!), os pássaros dormem nas árvores; o amanhecer é uma festa da qual, se não avista a revoada dos pássaros, ouve o seu canto. O seu quarto era no primeiro andar, em um sobrado; é nesse seu mundo que tem poder, chora baixinho, mas não se desespera; quando a febre toma seu corpo, fica horas sem comandar o seu cérebro e destarte, o corpo. A febre a faz paralisar, mas, em algum minuto de oportunidade e raciocínio lógico, pensa com fé, que é passageiro; tudo isso vai passar. A febre cede, e ela continua o ritual, massageando mãos, braços, joelhos (enfaixa-os um por um), e quando consegue andar, mesmo com a dor forte, ela mesma brinca que fica parecendo a Emília, a boneca de pano do Sítio do Pica-pau Amarelo: consegue rir de si mesma.
Quando aumenta o corticóide e não seleciona alimentação, engorda. O que se nota mais é o rosto, por ter mais tecido flácido; e brincando, ela dizia que “O fofão perde de 10 a 0”. Aprendeu que rir de si mesma é um ótimo remédio.
Assim que se vão as dores, os inchaços, ela cuida de se melhorar, de se arrumar, hidrata o corpo, cabelo, unhas e parte para a luta. O seu quarto tem de estar arrumado, limpo, cheiroso, tudo nos seus devidos lugares. Aquilo de que mais gosta é da sua escrivaninha; desde criança, era um dos seus sonhos de consumo.
Não é vaidosa como sua mãe: andar pintada, de salto alto. Mas gosta de se arrumar a sua maneira (da maneira que se sente bem). E fica sentada em sua escrivaninha — onde escreveu de próprio punho o seu primeiro livro já publicado, Educação política, 2002, e já tem 3 prontos a serem lançados, inclusive este, “Lúpus sem Martírio”, o qual não sabe quando publicará, mas tem a absoluta certeza de que Deus providenciará.
É só para mostrar que Amly aproveita a chuva para cultivar os seus ideais. Às oportunidades que pode, escreve, lê, organiza os trabalhos, administra o projeto “Receita Para Ser Feliz” no qual mantém uma biblioteca humanista, um pavilhão cultural em parceria com a ASA (Academia Santana Alves) que fundou desde 1995. Ao lado da escrivaninha, escreve, ouvindo música, coloca o CD do qual está gostando no momento e, de vez em quando, canta alto (“é doida”, assim dizem alguns), mas é assim que ela relaxa e mantém seu estado de espírito. Em meio à leitura ou quando está escrevendo, pára, coloca música, dança; é assim que suaviza sua alma. Os vizinhos nem mais se assustam; estão acostumados. Quando ela viaja, quando volta, alguns vizinhos dizem-lhe que estava fazendo falta. De fato, ele é muito barulhenta — sua mãe que o diga — às vezes fala a Amly que pare de fazer barulho, sorrindo.
É assim a vida: você é quem escolhe ser triste ou alegre, revoltado ou resignado. Os perdedores paralisam-se diante das perdas e dos fracassos, dos obstáculos, das dificuldades, das enfermidades e optam por serem os coitadinhos, as vítimas.
Nunca é tarde demais; comece hoje, agora, nesse momento; você pode ser um vencedor; vencer não é somente “não cometer” erros e falhas, mas reconhecer limites e corrigir rotas. Vencer é não desistir. Deus, o autor da existência, deu-nos toda a capacidade de lutar. O milagre da vida, nós o temos, estamos vivos. Você é uma pessoa forte e especial. Superar uma enfermidade qualquer como o Lúpus, diabetes, problemas cardíacos, uma crise financeira, uma crise emocional, um transtorno profissional, um conflito de relacionamento, é uma tarefa simples (e fácil) comparada às turbulências para enfrentar a vida que pulsa dentro de você. Quantos nem chegaram a nascer, foram abortados! Outros nasceram e nem chegaram à adolescência, e assim sucessivamente. Nunca se auto-abandone e jamais desista de lutar, não importando se é uma pessoa famosa ou vive no anonimato; também não importa se você está passando por uma derrota ou está no auge do sucesso; nem mesmo importa se, em algumas situações, você fica angustiado, tenso, desesperado Só admita, você está errada, você pode mudar a rota da sua vida, ser otimista, alegre, viver as dificuldades sem lamentações e desânimos, lutando para melhorar sempre. Você é um ser humano, consciente, inteligente e livre. A sua vida é mais importante do que todo dinheiro do mundo e mais valiosa que todos os aplausos das multidões. Mesmo que a sua vida apresente um turbilhão de obstáculos, aprenda a contorná-los e siga em frente, pois a vida é mais bela e complexa do que todas as estrelas do céu. Ela, a vida, é o maior espetáculo do mundo, a obra-prima do Criador. Lute, então, para realizar os seus sonhos, independente de tudo, apaixone-se cada vez mais pela vida, ame intensamente (é tão maravilhoso amar!). O coração vazio pesa mais, a vida torna-se mais dura. Conquiste reais amigos e seja uma pessoa de grande utilidade para sua sociedade. Para conseguir tudo isso, aprenda a se amar, somente aí terá a capacidade para amar seu próximo. Jesus já dizia “Ama o teu próximo com a ti mesmo”.
Ao aprender a amar, o Homem derramará lágrimas não de tristeza, mas de alegria. A felicidade, você poderá encontrar dentro de si mesmo.







A sua coragem aumenta ao sofrer discriminação.


Amly chega a sua terra natal, depois de mais uma ida a Fortaleza, onde faz revisão. Início do tratamento, “Os corticóides” e a falta de experiência, está gorda, o rosto, inchado, as dores haviam desaparecido, mas a gordura, a transformação do seu corpo esteticamente mal desenhado, roupa nenhuma dava certo com tanta gordura. Os olhos são pequenos, a boca pequena, a gordura era tanta que manter os olhos abertos era um desafio. Ela sempre foi de rir, contar piadas, mas o inchaço, principalmente do rosto, dificultava até o sorriso, as bochechas travavam, ficavam um peso horrível, realmente estava deformada; no fundo, ela sabia, sentia, mas ter que ouvir de pessoas era cruel.
Ao chegar de viagem, dormiu um pouco, depois tomou um banho, café, arrumou-se e foi ao Banco. Na fila, foi abordada por olhares curiosos, pessoas que a olhavam e cochichavam. Ela observava alguns semblantes de espanto, outros de sorrisos críticos, certamente alguns inimigos gratuitos, ou pessoas de pequena evolução espiritual. Amly continua na fila, aparentemente firme, de cabeça erguida. Nesse exato momento, uma senhora “amiga” da família, com marido e filho nessa existência, acreditando que desgraça só acontece com os outros e rindo de longe vem se aproximando e quase gritando começa a fala “Hei, você é a filha de Luiz Freire, é Amly? Meu Deus” (e rindo muito) “me disseram que você estava deformada, mas juro, nunca pensou que fosse tanto”. Quase chorou na frente de todos: quanta tristeza sentiu naquele momento, não via mais horizontes para sua vida; sentiu-se desfalecer. A sua mente viu tudo desnecessário: Fortaleza, médico, tratamento. Coragem para dar fim a sua vida, sabia que não tinha. A solução era viver como um animal e viver em um quarto escuro, até Deus ter piedade e tirar-lhe a vida. Exatamente assim Amly ficou. Aquela senhora quase acabou com a sua vida; sem muita experiência para enfrentar as críticas, chorou, mas a força que, desde criança, ela sentia ter, continuava, era mais forte do que toda tristeza que sentia.
Ao chegar a casa, chorou bastante; à tarde, telefona para Eyorand e conta-lhe o acontecido, inclusive, que vai parar de se tratar. Ele, na sua calma exemplar, falou muita palavra de conforto, de fé, de otimismo. E ela logo voltou a querer tudo, amar a vida, fazer o tratamento. Seria tão bom se todos os médicos tivessem além do saber, da competência profissional, o coração de Dr. Eyorand — mais que um médico: psicólogo, amigo; ele diz a Amly que “Olhe o fanatismo”. Esses quase 20 anos (em maio de 2007) são a prova de toda dedicação, amizade pura e sincera, que esse profissional admirável tem por seus pacientes; não há hora nem dia: se Amly precisa-lhe falar, ele nunca se negou; o telefone da sua residência, ele lhe dera desde o início, ainda no Ipec. Amly agradece a Deus todos os dias por ter encontrado esse médico altamente competente e altamente humano.
O aprendizado para Amly foi imenso; passou a exercitar a coragem.
Ter coragem é ter fortaleza interior, resistindo bravamente ao temor e ao medo, frente a frente com o perigo, com o desafio, a dificuldade e a oposição. Coragem é fonte de energia, sustentáculo de todas as grandes ações; a mesma resiste aos vendavais da vida, pronta a auxiliar-nos em momentos difíceis quando é preciso seguir adiante, sobrepondo-se aos obstáculos aparentemente intransponíveis. A coragem é conseqüência da fé.
Ao exercitar a coragem, você passará a mostrar-se independente da sua própria vida, criando-a e recriando-a, e na forma que projeta alcançar.
Todo ser humano possui a capacidade de fazer mais do que pensa que pode. Tudo depende de sua própria vontade de prosseguir, romper os desafios. Temos esse poder, uma força capaz de mobilizar energias de acordo com a nossa própria vontade. A sua potência interior, seus pensamentos positivos é um facho de luz que iluminará a direção da sua vida, uma vida com percurso de infinito sucesso.





As discriminações continuam —
mas agora é diferente: não sofre mais.


As discriminações não terminam nunca; a diferença é que hoje Amly faz o melhor que pode com a compreensão, consciência e o conhecimento que foi acumulado no percurso da sua vida. A dor é transformada em amor, em experiência, evoluindo espiritualmente e, a cada provação sofrida, desperta ao perdão. No fundo da sua alma, acredita no seu trabalho. É uma entusiasta em tudo o que faz; não culpa a sua doença caso não obtenha sucesso em seus projetos; sabe que, se não conseguiu, é porque se empenhou pouco, nada tem a vê com doença, com terceiros. Acredita que pode melhorar-se a cada segundo.
Algumas coisas em que acreditamos são positivas e alimentadoras. O seu mundo é de pensamentos positivos, a harmonia é essencial para manter seu equilíbrio. É alegre, feliz com a vida, consegue ser radiante, chovendo ou em dia de sol, não há diferença, os dias são lindos e sabe que dependem dela e de mais ninguém, dependem dela, se serão proveitosos ou não. Quando seu quarto era no sobrado, feliz gravava os pássaros a cantar ao amanhecer, procura dar sentido a cada segundo da sua vida. Quando sente dores, chora, chora muito, liga o som para abafar o som dos seus soluços. Um amigo lhe falou que chorar faz bem para alma; ela acredita que sim, chora e diz “Isso vai passar, é transitório, tudo na vida passa, as dores passam, o choro cessa e Amly está pronta para mais uma batalha”.
Algo que nunca esquece, é agradecer a Deus pelas alegrias e pelos sofrimentos; sem eles, não teria crescido. Falta muito para ela chegar à evolução plena, trabalhado dia-a-dia, procurando se melhorar. E sabe que a cada momento é um novo recomeço.
À medida que ganhamos mais compreensão, consciência e conhecimentos, iremos fazer as coisas de modo diferente.
“Pelas montanhas que tiver de escalar, pelas pedras que machucaram os seus pés, por todo sangue e doçura e sujeira; por tempestades terríveis e calor ardente, seu coração não pode parar de cantar uma canção de gratidão a Deus”. Essas foram as coisas que tornaram Amly forte. Por todos os sofrimentos e lágrimas; por toda angústia e dor; pelos dias tristes e anos infrutíferos, e pelas esperanças que viveu em vão, ela, mesmo assim, agradece, pois agora sabe que foram justamente essas coisas que lhe ajudaram a crescer. Não são as coisas mais suaves da vida que estimulam o desejo de batalhar em uma pessoa, mas a adversidade e a competição severa de estar viva fizeram o possível para manter vivo o desejo de Amly. “Sobre tapetes de pétalas de rosas muitos se esparramam, mas os corações alentados ousam escalar a ladeira íngreme” — diz Amly, sorrindo.





As provações levam Amly a ampliar o aprendizado através da leitura, incentivada e auxiliada pelo amigo Edilson Santana.


Se não fossem os anos vividos por Amly — repletos de provações, e a sua opção em viver a vida feliz, encarando a sua enfermidade como uma oportunidade de aprendizado nessa escola terrena —, hoje nada teria construído, seria amarga, triste.
Ao contrário, nesses quase 20 anos, tem sido incentivada e auxiliada pelo amigo fraterno, irmão, companheiro certo das horas certas e incertas, que a levou para um mundo mágico, a vida literária; a leitura é uma fonte de vida, é onde busca toda a sua felicidade; não há solidão, não há tristeza; só existe a alegria de aprender cada vez mais novos conhecimentos.
Ela gostava de ler, entretanto só estudava as disciplinas que estava ministrando. Com uma paciência de anjo, ele lhe presenteava livros; oferecia, sem nunca lhe cobrar se ela havia lido ou não. Amly confessa que não lia todos os livros que o amigo lhe dava; apenas guardava com carinho; também não comentava com ele se havia lido ou não. Tudo foi acontecendo naturalmente, a amizade foi surgindo baseada na verdade, na sinceridade, na dedicação, e como trabalhavam na mesma Escola, viam-se freqüentemente. Amly gostava de ouvi-lo; começou a admirá-lo como profissional, e na caminhada da vida, descobriu-o como uma pessoa bondosa, um enorme coração — apesar de querer se esconder —, com armadura de carrasco, racional, autoritário; é assim que ele quer ser. Não lhe foi possível esconder sua verdadeira índole para Amly; ela tem um dom de ler alma.
Ele já possuía anos e anos de leitura e colocava-se a exercitar o que aprendeu, transmitindo conhecimento sobre a humildade, amor ao próximo, perdão, ser compreensiva com os inimigos, leal com os amigos, que fora da caridade não há salvação, que a fé transporta montanhas e trilhões de conhecimentos vários.
Amly gosta de conversar com ele; ela sabe muito bem do tesouro que Deus colocou no seu caminho.
Eles têm muita coisa em comum, gostam de ensinar, abraçaram a Educação com entusiasmo.
Começaram a trabalhar em conjunto, projetos com “Júri-simulado” no curso de Contabilidade, envolvia a Escola e a comunidade. Era tudo muito real; o processo era real; mudavam apenas os nomes do acusado e da vítima. Participavam os alunos do segundo e terceiro ano de Contabilidade. Havia um sorteio, uma turma ficava com a defesa e outra com a acusação; depois do sorteio, em qual turma Amly e Edilson iriam ficar? Cada turma queria vencer, os jurados eram pessoas da própria comunidade da mesma maneira que é feita na Justiça. Os alunos tinham o seu papel de vítima, acusado, testemunha, advogado, promotor. Edilson, como é formado em Direito, uma das vezes assumiu o papel de juiz. As roupas dos jurados, advogados, promotores, policiais, eram cedidas pelos órgãos competentes. Começavam em maio a ensinar Direito Penal e sempre em outubro realizavam o trabalho. Tudo era organizado, planejado, controlado, comandado nos mínimos detalhes; era a razão do sucesso. Esses trabalhos foram documentados, filmados. Um fato interessante de entusiasmo é que julho era férias; mesmo assim, os alunos continuam a trabalhar, a estudar. A turma de Amly, ou o segundo, ou terceiro; a de Edilson, ou defesa, ou acusação. Havia uma rivalidade saudável, que dava mais motivação para preparar o trabalho a ser apresentado, não só para a Escola, mas para toda comunidade. Uma das vezes foi apresentado no fórum (1989); a outra vez, na câmara municipal (1993). Amly empenhava-se bastante; formada em Administração de Empresas, precisava estudar muito Direito Penal para orientar a turma pela qual ficaria responsável. Em questão de alguns gestos e palavras, passava rápido a segurança para a turma que estava orientando, pois havia o fato de que, se Edilson era advogado, a turma dele ganharia. Amly tratava logo de quebrar esse mito; estudava muito e, confiante em si mesma, passava essa confiança para sua turma e ninguém mais pensava que estava em desvantagem só porque Amly não era advogada.
Edilson Santana — que lecionava também Literatura —, fez vários concursos de poesias. As poesias vencedoras eram gravadas em fitas, em um estúdio na cidade de Juazeiro do Norte.
Amly estava sempre presente; ama de fato as atividades que levam o docente à ampliação do conhecimento.
Um trabalho, para ter sucesso, necessita que haja disciplina. A disciplina deve anteceder a espontaneidade.
“A educação é obra de sacrifício no espaço e no tempo, e atendendo a divina sabedoria — que jamais nos situa à frente dos outros sem finalidade de serviço e reajustamento para a vitória do amor. Amemos nossas cruzes por mais pesadas e espinhosas que sejam, nelas recebendo as nossas mais altas e mais belas lições” (Emmanuel).


Aceitação para eliminar ansiedade


Quando você diz “sim” para as situações da vida e aceita o momento presente como ele é, sente uma profunda paz interior.
Foi aceitando o diagnóstico em relação ao Lúpus que Amly conseguiu ter paz, seguindo em frente, trabalhando os projetos que tem em mente, concretizando alguns, estudando, estudando muito, lendo. Caminhando...
Esforçando-se para eliminar a ansiedade, se choveu ou se fez sol, superficialmente você pode continuar feliz, pode ficar triste porque o seu melhor amigo não lhe telefonou, contente por ganhar na loto, e triste por perder tudo. A felicidade ou infelicidade não passa dessa superficialidade, não de como marolas à tona do seu ser. Quando existe a aceitação do momento, a paz que existe dentro de você permanece a mesma. Não importa qual seja a situação externa, a aceitação e a entrega tornam-se mais fáceis quando você perdoa; todas as experiências são fugazes e então se dá conta de que o mundo não lhe pode dar nada que tenha um valor permanente com a aceitação, com a entrega. Se você continuar a viver feliz, conhecendo pessoas, envolvendo-se em experiências e atividades, livre dos desejos e medos do “eu centrado”, isso quer dizer que você deixa de exigir que uma situação, uma pessoa, um lugar ou um fato lhe satisfaça ou a faça feliz. A Natureza passageira é imperfeita de tudo.
Quando se aceitam as situações, o momento como ele é, acontece o milagre. Quando deixamos de exigir, de fazer exigências impossíveis, todas as situações, pessoas, lugares e fatos, tudo fica satisfatório e muito mais harmonioso, sereno e pacífico.
Quando aceitamos por total o mundo presente, deixando de discutir como é o mesmo, a compulsão de pensar diminui e é substituída por uma calma atenta. É maravilhoso quando se consegue chegar a este estágio de evolução, pois ficamos plenamente conscientes e a mente não fica a rotular nada do que acontece. Ao deixar de resistir internamente, abre-se para a consciência livre de conhecimento que é infinitamente maior do que a mente humana. Essa vasta inteligência pode, então, expressar-se através de você e ajudá-la(lo), tanto por dentro quanto por fora. É por tal razão que, ao parar de resistir internamente, você começa a acreditar que as coisas melhoraram. É importante ressaltar: não se está falando “aproveite o momento, seja feliz”; não é isso. Está se afirmando que melhor na vida é aceitar esse momento assim como é ele. Isso já é o bastante.
A vida consiste em se entregar a esse momento, e não a uma história através da qual você interpreta esse momento e tenta se conformar com a mesma. Exemplo: em um acidente, vamos supor que você fica paralítica — essa é a situação real. Agora a mente fica a inventar história: “Minha vida ficou assim, acabei nessa cadeira de rodas, a vida foi dura, injusta comigo, eu não mereço”.
No caso de Amly, aceitar a enfermidade, o Lúpus — essa é a situação real. Mas ela não permitiu que a sua mente inventasse história da vítima, da coitadinha — nunca, desde diagnóstico. Sentiu-se aceitando a situação real. Vive cada segundo, cada minuto, cada hora, cada dia, um de cada vez. É muito otimista, trabalha bastante, esforçando-se para a realização do seu ideal, caminhando sempre, enfrentando as pedras do caminho com um sorriso sincero da alma; já passou e passa noites, dias, chuva, sol, pedras, flores, canção e dores... Tudo isso faz parte da vida, porém jamais se deixou vencer pelo desânimo, pelas pedras do caminho; aprendeu a caminhar sobre elas. Não nega: há dias de tristezas, dores; chora baixinho quando a enfermidade faz os joelhos incharem; um dia é das mãos, outro, dos ombros; muitas vezes é o corpo todo; mas tudo passa com uma massagem, um medicamento...
No âmago da sua alma, sabe que se superará e não se sente vítima, injustiçada. Ama demais a vida e sabe que ainda tem de fazer muito mais; pode além de se ajudar, ajudar a muitos; sabe que a vida é passageira demais para perder tempo com lamentações. Quem vive para servir, sente-se feliz.
Crise, dificuldade, para que lamentar? Faz parte. Nas horas quando há sombras que nos assombram, a vida em forma de perturbações ou desafios a lutas maiores, pensa em Deus para intensificar a sua fé, para auxiliá-la na recomposição do caminho.
Há momentos de fraquezas, porém, a consciência das leis divinas. Compreende que deve amar as suas cruzes por mais pesadas e espinhosas que sejam; nelas sabe que está recebendo, as mais altas e belas lições. A fuga das dificuldades complica os problemas, ao invés de simplificá-los. Aceitando o combate em nós mesmos, reconhecemos que a disciplina antecede a espontaneidade; é necessário muita disciplina em todos os sentidos: no amar a si mesmo. A educação é obra de sacrifício; faz-se necessário educar atos, atitudes, por exemplo, a reeducação alimentar. O Lúpus exige uma série de cuidados disciplinares, a realimentação, o corticóide engorda; é necessário selecionar os alimentos.
O Homem precisa encontrar-se consigo mesmo; só então realizará o seu encontro com Deus. Encontrando Deus, o coração fica cheio de sentimentos bons: coragem, força de vontade, amor a si mesmo, humildade, caridade e muitos outros. Ao contrário, quanto mais vazio está o coração, mais ele pesa. Ao se encontrar, experimenta-se uma profunda serenidade mental. Essa serenidade é solução de todos os problemas. Para a resolução de qualquer situação, é nunca fugir dela, enfrentar sem medos, de cabeça erguida, ser otimista em qualquer situação, levantar-se com suas próprias forças, evitar falar em fraquezas, porque quanto mais se fala em fraquezas, mais fraca se tornará.
Quem progride diariamente, acaba conquistando a vitória. Destarte devemos viver um dia de cada vez.
Para aprender a viver com o Lúpus ou qualquer outra enfermidade, é importante jamais se tornar amarga(o), revoltada(o). A fé em Deus aumenta a serenidade e a esperança. Com a força dos sonhos, com o amor a si mesmo e ao próximo — embora com os sintomas reais do Lúpus —, jamais se dará por vencida ou vencido, e progredirá a cada dia, com base no seu esforço, força de vontade; caminhará sempre, avante, seguindo em frente até que seja cumprida a lei natural. A história mostrou homens e mulheres que, ao enfrentarem uma grande perda, doença, prisão, ameaça de morte iminente, aceitaram o que era aparentemente inaceitável, e assim encontraram ”a paz que vai além de todas as compreensões. Aceitar o inaceitável é a maior fonte de graça que existe”.
Você não criou seu corpo e nem é capaz de controlar as funções dele. Uma inteligência maior do que a mente humana encontra-se em ação. É essa inteligência que mantém toda natureza. Você pode se aproximar dessa inteligência, percebendo sua própria energia interna, sentindo a presença da vida dentro do seu corpo.
O que nos impulsiona ao sucesso são os desafios da existência. O otimismo e generosidade são necessários. Não se deve esquecer isso, para não cair nas garras do egoísmo que tem como função desagregar tudo.
A conscientização das riquezas do nosso mundo interior faz com que a busca da vida, a vida com a perfeição das leis de Deus, sejam mais intensas, tornando-nos humildes, caridosos, perseverantes, percebendo a essência e o significado da vida. Muitos se deixam levar e passam toda existência a valorizar somente as coisas materiais e ainda esquecem a importância da vida espiritualizada com o amor, a lealdade, a fidelidade, a justiça, a honestidade. A partir das boas ações, são essas práticas que levaremos para a pátria espiritual. Na vida terrena, temos a oportunidade de nos transformar; seguindo as leis divinas viveremos em graça. “É poder ser finito e ter na alma a fome da eternidade.”



A coragem é essencial na vida.


Amly sente-se feliz. Constatou que, durante sua vida, apesar de todas as dificuldades — asma, Lúpus, as discriminações, problemas familiares... — não transmite o papel da coitadinha; ao contrário, ninguém consegue avaliá-la como uma pessoa triste, desanimada. Ela é uma pessoa otimista, alegre e a tudo que faz entrega-se de corpo e alma. Quando faz algo, faz com amor intenso, não importa se haverá aplausos, não; simplesmente faz. Há uma grande motivação que vem de dentro; se fosse buscar o entusiasmo fora, nada faria. Para desanimar, é fácil se encontrar milhares de pessoas, dizendo que “Isso não vai dá certo, é inútil tentar; além do mais, você é uma pessoa doente, não deve ter força”. Essas formas de “ajuda” são inerentes ao ser humano, são minoria os que estão evoluídos e ajudam ao próximo com palavras de esperança, fé e otimismo.
O ouvido de Amly não dá ouvido para tais comentários; é muito forte para se deixar levar por atos e/ou palavras que a levaria ao desânimo, sempre procura luz no fundo do poço.
Seja forte na luta de cada dia. Coragem é o que a vida exige para continuar caminhando sempre. Coragem nada tem a ver com arrogância ardilosa, determinação astuta, ou agressividade. Ela é na realidade a certeza íntima que se mostra na moderação dos atos e atitudes, na firmeza de caráter e no desempenho perseverante de uma atividade.
Usar a própria alma como guia e não precisar de consentimento exterior é utilização correta da verdadeira coragem. Essa postura psicológica planifica-nos, em qualquer nível, nas pretendidas realizações pessoais.
Viver exige coragem. E quando se reside em uma cidade pequena, se não for forte, morre-se antes do tempo. Amly nasceu em Missão Velha — cidade pequena do interior do Ceará. Um único caso de Lúpus, uma senhora (Amly a conheceu e gostava muito dela) e quando ficou sabendo que estava com Lúpus, todos já esperavam a sua morte. Toda vez que viajava para Fortaleza para fazer revisão, todos diziam “Não tem jeito: dessa vez, ela volta no caixão”. Era o assunto preferido. “Graças a Deus, ninguém na minha família possui essa doença”; “Coitada, estudou tanto, duas faculdades, dois cursos de pós-graduação e outros cursos, bem-sucedida no trabalho; de que adianta tudo isso? vai morrer mesmo, do Lúpus ninguém escapa.” As pessoas, até parece que se sentem mais aliviadas das suas dores, frustrações, insucessos, infelicidade, quando sabem de doença e/ou situação desastrosa. Alimenta-se da dor próximo. Triste, mas é esta a verdade: enquanto a pessoa doente não morre, não soseguam.
Todavia, no caso de Amly, foi diferente: ela nunca aceitou ser fraca e nunca parou de viver. Viver intensamente cada dia; viver para ela é o trabalho e, como professora, abraçou a educação com amor e entusiasmo. Hoje já são 25 anos de magistério. Iniciou em 1982. O Lúpus foi constatado em 1987. Não parou de trabalhar; tirou algumas licenças para fazer revisão do tratamento; e quando voltava, era cada vez mais firme, determinada, inovadora... Quem passou pelos seus ensinamentos dá o testemunho do seu entusiasmo sincero de viver, serena, batalhadora e de uma fé inabalável. Essa imagem é real, pois Amly é assim por dentro, e passa o que sente no âmago da sua alma.
Já viu muita gente decepcionada, os que esperam a sua morte.
Contudo, seu vigor, esse caminhar seguindo sempre em frente, a sua força de vontade é um fato natural do seu ser. Ela faz de tudo: ministra aula, uma academia de ginástica (dá aula localizada, aeróbica, musculação, dança, jogos de recreações), palestras; escreveu seu primeiro livro, Educação política, lançado no dia 27 de setembro de 2002, edição esgotada, o qual participou da V Bienal Internacional do Livro, em Fortaleza — Ceará, é notícia em jornal na página de Cultura.
Com seu dinamismo, funda o projeto Receita Para Ser Feliz, em parceria com o promotor de justiça Dr. Edilson Santana, um projeto independente. Um dos frutos desse projeto foi a realização do sonho do poeta Biu Pereira, com o seu livro Antologia Poética do Poeta Biu Pereira — homenagem aos 73 anos de poesia, realização e doação do promotor de justiça Dr. Edilson Santana, com a parceria da professora Hilma Freire. Esse poeta missão-velhense já era conhecido, estudado no Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha. Em Missão Velha, não era valorizado. Amly foi de escola a escola e trabalhou o livro do Poeta; ela, com sua naturalidade e conhecimento em dinâmica de recreações, empolgou os estudantes a ler e conhecer a poesia do maior poeta da terra. Conta ela que se emocionou quando, um dia, uma mãe (Ziane), grande empresária, falou-lhe “Sabe qual o maior presente que eu dei a minha filha?” Imaginou um monte de coisas materiais. A mãe falou “O livro de Biu Pereira, todas as noites, vamos para a casa da minha mãe e lá se reúne a família, e a minha filha não cansa de ler as poesias do livro. É muito divertido ouvi-la e fico feliz por ela se interessar pela leitura”.
Para Amly, não é o luxo, o dinheiro o mais importante; importa é que o resultado do seu esforço, do seu trabalho, influencie no crescimento intelectual, social, familiar e espiritual do seu próximo.
Não pára nunca. O Projeto hoje dispõe de uma biblioteca Humanista (José Rosendo Santana), uma videoteca, CDs de mediações, relaxamento, músicas infantis e clássicas, forró, músicas variadas, filmes para todo o gosto. Vários projetos para pessoas de melhor idade, jovens, crianças que serão concretizados a depender da sua força e do seu otimismo. Mantém também um pavilhão cultural (Hilda Alves Freires e Luis Freire do Nascimento). Ela não pára. Já tem três livros escritos a serem lançados, se contar com este. A mente dela é voltada para n-projetos; ama o trabalho e vive para trabalhar.
Por essa razão, sente que possui muitos inimigos gratuitos que gostariam de vê-la (à beira da morte), só por que tem Lúpus. É triste, mas é a pura verdade; os homens têm esse lado inerente a sua natureza: o egoísmo alimenta-se das fraquezas dos outros; infelizmente é assim a Humanidade; é um “salve-se quem puder”. Por tal razão, para se viver a coragem, é essencial manter o equilíbrio e ignorar os falatórios. Um dia, essa gente evoluirá, cada um no seu tempo; entendendo isso, Amly não guarda mágoas e nem rancores.
Não converta seus ouvidos em um paiol de boatos. Lembre que a intriga é uma víbora que se aninha em sua alma. Procure não transformar seus olhos em óculos de maledicências. Não faça das suas mãos lanças para lutar sem proveito. Não importa qual sua enfermidade, Lúpus ou qualquer outra, não menospreze suas faculdades criadoras, centralizando-as nos prazeres fáceis. E assim responderá pelo que fizer delas. Suas criações interiores atormentarão seu mundo íntimo.



Seja feliz, agindo para o bem.


A vida é linda. Viva cada segundo alegremente; você é capaz de ser feliz. Doença, problemas, nada vai fazer de você um ser conturbado, sem vida.
Não conduza seus sentimentos à volúpia de sofrer.
Busque agir para o bem, enquanto você dispõe de tempo. Não guarde uma cabeça cheia de sonhos com as mãos desculpadas; é perigoso. Não insista em querer viver na escuridão só porque tem problemas. Nada lhe impede de viver intensamente e descobrir o significado da vida, ao conhecer o verdadeiro amor. Ao crescer espiritualmente, tornar-se-á livre, observará um pássaro que canta, as folhas de uma árvore ao ser tocada pelo vento, o azul do céu, o formato das nuvens, o Sol, a chuva, as estrelas, o mar, o rio; enxergará a beleza da natureza que é o Deus em pessoa.
Saia da escuridão, acenda sua lâmpada enquanto há claridade em torno dos seus passos. Com Deus dentro de você, jamais fugirá dos impasses da vida. Ajude-se, ajudando ao próximo; servindo, sentir-se-á feliz. Dê suas lições sensatamente na escola da vida, enquanto o livro de provas repousa em suas mãos.
Aos inimigos gratuitos, aqueles que se estimulam da fraqueza do próximo e ficam revoltados quando não há fraqueza, só construções, fé, otimismo, força de vontade, esperança, vontade de servir, amar, amar, amar...
Ninguém deve ser o profeta da Morte e nem imitar a coruja agourenta. Mas, enquanto aguardar as oportunidades superiores para a vida espiritual, procure aumentar os seus valores próprios e organize o tesouro da alma, convicto de que a sua passagem por essa existência é realmente uma passagem para outro tipo de existência, não adianta não aceitar, é inevitável. O que você levará são as suas obras em relação às virtudes.
A vida é passageira. Aprenda, esforçando-se e baseando-se nas leis divinas. Comece: “Aprenda a ser bom humildemente, ensina praticando, sofre aproveitando, ama edificando, fala construindo, ajuda elevando, ampara levantando, administra educando, teme a ti mesmo, ouve sem malícia, por onde passar serve”.
Viver uma vida vazia é ter sentimentos maus, desejar mal ao próximo. O que você deseja ao próximo receberá em dobro. Para ser feliz, sirva, não fira ninguém; a prática do amor, do servir leva-lhe a felicidade.
Amly não teme o sofrimento. Ao contrário, agradece a Deus, pois os quase 20 anos de Lúpus a fez crescer espiritualmente. As dores físicas são amenizadas pelo crescimento espiritual e sabe que, quanto mais aprende, mais sabe que não sabe. Ela deseja paz e felicidade e se esforça para afastar da sua vida o sofrimento, a amargura. Essa é a sua meta de excelência e que deveria ser de todos os seres humanos.
O melhor entendimento depende do grau de raciocínio lógico ou da situação em que estamos vivendo. Todo procedimento é compreensivo e proveitoso; em todo procedimento da vida, não há mágoa nem rancores, nem amarguras aos inimigos gratuitos que Amly encontrou e encontra no percurso da sua caminhada. Estes são a prova viva da sua vitória na luta pela vida, da sua coragem e determinação e amor à vida.
Com coragem e determinação, segue avante, sem medo de ser feliz. A coragem é uma importante capacidade da alma porque dá consistência às demais, enaltecendo-as. Ela faz surgir a autoconfiança e concretiza efetivamente aspirações e anseios humanos. Muitos dons e talentos são comprometidos por falta de coragem.
Os confortos físicos, psíquicos e espirituais acontecem quando não somos submissos à vontade de outrem, nem inabilitados para tomar decisões; e quando nos apropriamos dos nossos valores inatos, demonstramos determinações e firmeza diante da vida.
Fato algum ou acontecimento está além da nossa aptidão ou capacidade de lutar com eles.
A vida nunca nos apresenta um problema sem que tenhamos a possibilidade de resolvê-lo.
Seja autêntica(o). Não deixe os outros conduzir o seu jeito de sentir, pensar e agir, dando-lhe o direito de não usar ou manipular como e quando quiserem. Decida você mesma aceitar a enfermidade, o Lúpus ou outra qualquer. Aceite a situação real, conheça seus limites e encontre mil coisas de que é capaz de fazer nesta vida.
O progresso que atingimos hoje é compatível com o crescimento que tivemos ontem. Cada passo dado a caminho da maturidade é proporcional à etapa que foi percorrida (anteriormente).
O homem só é capaz de modelar e modificar o mundo ao seu derredor se mudar sua própria concepção e conduta interior. Basta que ela transforme a si mesma para ver o mundo a sua volta e alterar-se com o mesmo. Atos e atitudes impulsionam as mais recônditas energias do indivíduo, libertando-as ou aprisionando-as por meio das forças vivas, plasmadoras do pensamento. Cada ser humano vive seu mundo íntimo; há tantos mundos quantas forem as pessoas.
Infelizmente a maioria de nós porta-se como um barco desgovernado à mercê dos vendavais e dos rochedos, por não ter a âncora necessária quando os ventos sopram e as ondas avolumam-se.
A ajuda verdadeiramente sapiencial é aquela que permite às pessoas a nossa volta aprenderem a desenvolver-se, solucionando suas dificuldades por si mesmas com as suas próprias forças.




Vencer os obstáculos com suas próprias forças


A vida é sucessão de lições, a cada experiência, dor, alegria, tristeza, decepção... O ser humano cresce. “A cada decepção, mais uma experiência ganha.”
A reforma humana deve vir de dentro, jamais de fora. O crescimento exige repetido recomeço e o medo tem de ser superado momento a momento.
O Lúpus não fez Amly tornar-se fraca; fraca ela nunca foi, e essa nova provação também não conseguiu acabar o seu otimismo e força de vontade. É claro, com muita luta e esforço. Manter o equilíbrio interior não é tarefa fácil. A enfermidade comparada às injustiças sociais nada vale.
Quantas vezes Amly precisou fazer revisão em Fortaleza e não podia; as condições financeiras a impediam. Trabalhava como professora do Estado; mesmo assim, o que ganha não é suficiente. O pai, aposentado, não tem noção do que seja o Lúpus; os irmãos, cada um tem suas vidas, eles também não têm noção do que seja Lúpus, e se têm, preferiram ficar de longe. Não há rancores e nem mágoas em relação a esse fato; Amly é convicta de que, um dia, cada um evoluirá através das provações — pois o crescimento espiritual é inevitável.
A sua mãe, Hilda Alves Freire, sua companheira de todos os momentos, é única a entender a real situação. O que ela ganha não é suficiente nem para os seus gastos pessoais. Entretanto, Amly diz: “O apoio de amor, de carinho, dedicação, companheirismo a cura. Diz isso com toda a certeza do mundo. O amor cura: é o motivo de continuar lutando, sendo alegre e feliz; é o amor incondicional da sua mãe, é de poucos amigos, mas os poucos são fiéis e leais, mais do que irmãos”.
No fundo da alma, sente que tudo vai dá certo e graças a Deus, desde 1987, tudo vem dando certo. O que ela já caminhou, criou, construiu, influenciou com sua determinação, otimismo e amor à vida, é incrível. Sua alma é muito feliz, ela se sente feliz. Sua alegria é contagiante e nunca aceita as palavras “é impossível”, “não”: bate o pé, chora, teima com a situação e no fim tudo dá certo. A sua teimosia muitas vezes é positiva. Sente-se uma vencedora — nada a ver com posição social que ocupa, mas, em razão dos obstáculos e dificuldades que ela teve, e tem, para superá-los.
No mundo é necessário sair à cata das circunstâncias de que precisa e, quando não as encontra, as cria. Amly age assim; não aceita o “é impossível” e luta. Aprendeu com as experiências ganhas que, em muitas situações, o vento pode não estar a seu favor, mas que isso não é motivo para deixar de continuar navegando ininterruptamente; quem fica parado, fica para trás.
Dominar e vencer a si mesmo, medos, ansiedades e ir em frente — é este o perfil dos fortes, não se desanimar jamais, ter fé, esperança na vida — para alcançar os objetivos desejados, dentro dessa sociedade desigual — onde a maioria vive abaixo da linha da pobreza, onde parece haver representantes que roubam tanto, e todo óleo de peroba existente no mundo não é suficiente para passar na cara deles (são muitas as caras-de-pau). A impunidade ali — e o povo nada faz. Ontem, 18-10-2005, o jornal falou da falta do remédio para quimioterapia e outros absurdos; é triste: é o dinheiro do povo, o povo é roubado e não se dá conta. A educação, por deixar muito a desejar, muitos não sabem dos seus direitos e deveres; outros nada sabem sobre o imposto que pagam em um quilo de farinha, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço). Nessa sociedade hipócrita, é preciso que cada um individualmente grite para poder sobreviver. A autoridade principalmente, cada um luta pelos seus interesses pessoais.
Amly tem a plena convicção de que não pode depender e nem esperar por ninguém; tem de vencer suas crises e dificuldades com suas próprias forças e sabe que é preciso encontrar, criar mais oportunidades do que encontra. O destino, para ela, não é uma questão meramente de sorte: é uma questão de escolha, nos gestos, nas atitudes; uns agem para o negativo, ela sempre no positivo. O destino é algo a ser conquistado; se ela tivesse parado depois que soube do diagnóstico, deitada em uma rede, esperando a morte chegar, já teria morrido. Ao contrário, nunca teve dúvida de que venceria, viveria “trilhões” de dificuldades, e daí? Adora desafios, jamais iria esmorecer; faz o que pode e o que não pode, no lugar onde estiver, administrando as situações da vida. Nunca teve medo de tentar o que for melhor para sua saúde se estabilizar, e em relação a sua vida profissional.
“Se você é capaz de sonhar, é capaz de realizar o que almeja.”
Amly sonha muito, porque só agir para realizar grandes conquistas não é suficiente. O sonho para ela é como se fosse um treinamento a ser usado na realidade da vida; treinando, está apta a vencer.
Os problemas não passam de oportunidades de crescimento.
“Não lhe disseram que era impossível de fazer, ela foi lá e fez.”




Amly agradece a Deus pelos sofrimentos e é feliz.


Agradecer, quando se consegue agradecer a Deus até pelos sofrimentos, nada há mais a temer. As pedras do caminho, as noites, os dias, o sol, a chuva, as flores, as canções.
Tudo passa se o espírito estiver feliz. O equilíbrio interior ameniza as dores físicas e aumenta a força de vontade, auto-estima, esperança, e a certeza de que aquela nuvem negra vai passar e o sorriso voltará novamente e seguirá avante no desenvolvimento da sua vida, através do seu trabalho.
Os seus sonhos, ideais, ocuparão sua mente e suas mãos. Sonhar com as mãos desocupadas torna-se perigoso. Trabalhe, crie, encontre uma maneira para se motivar, se entusiasmar, e ame o que quer que faça. Isso é vida, é felicidade.
São as provações que cada ser humano passa, superando as crises, que servirão para o aumento do crescimento espiritual. As dificuldades vencidas tornarão o ser humano mais forte, e qualquer que seja a sua enfermidade, você verá que tudo tem o seu apogeu e o seu declínio. Faz parte da vida, é natural que seja assim. Quando tudo parece convergir para o que supomos, o nada, eis que a vida ressurge triunfante e bela. Novas folhas, novas flores, um novo dia — indefinida benção do recomeço.
Todo o dia, Amly agradece todas as dificuldades que enfrentou, e enfrenta, de cabeça erguida, com o sorriso na alma, com a fé que a alimenta. “Se não fossem a dificuldade, os desafios” — comenta Amly — “não teria saído do lugar”.
As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito. Se as críticas dirigidas a você são verdadeiras, não reclame; se não o são, não ligue para elas.
O sofrimento nos faz sofrer. “Não há crescimento sem dor.” A vida é um aprimoramento constante, exercitando as leis divinas, como a humildade, o estudo e o devotamento ao próximo... Lembre-se que existe a lei da Causa e Efeito; eles funcionam não apenas em matéria de sofrimento, mas também para o bem. Quem faz o bem, queira ou não, será recompensado... Nas leis divinas, o mal deve ser corrigido e bem estimulado em benefício de cada um de nós.
Nunca procure adiar o que possa fazer no bem. Crescemos à medida que somamos esforços na pratica de boas ações. A vida é tão simples, a felicidade tão próxima, contudo nós mesmos a complicamos. O mal está em nós mesmos, em nossas tentações, tentações que nascem de nós. Ninguém nos tenta; nós é que somos tentados por nós mesmos.
A vida é linda! É saber administrar cada batalha. Nunca desista de lutar porque acha que a luta está muito grande. Não tenha dúvida: você encontra uma luta muito maior pela frente.
Para que a vida seja feliz, para que possamos vencer todos os obstáculos, as pedras do caminho... Qualquer enfermidade como no caso de Amly, o Lúpus, com otimismo, perseverança, fé, esperança, alegria. Cristo não nos pediu muita coisa, não exigiu grande sacrifício. Ele nos pediu que nos amássemos uns aos outros e a nós mesmos.
Amly agradece Deus, pois se sente muito feliz. Não há problema que não possa ser solucionado. Ela confessa que não tem muita paciência, mas que está esforçando-se, trabalhando-se muito nesse sentido, pois foi alertada por um amigo fraterno, Edilson Santana, de que a falta da paciência desarticula os mecanismos para se viver uma vida de qualidade. A falta de paciência articula o mal, e o essencial na vida é colocar em prática as sugestões do bem. A paciência é imprescindível.
No caminhar de Amly, os obstáculos sempre foram um desafio constante; ela não se recorda de um só dia, até hoje, que tivesse atravessado sem problemas e principalmente de saúde. E mesmo assim, garante o quanto se sente feliz, vive intensamente todos os instantes da sua vida; nunca parou de lutar, através do trabalho e do amor que carrega no seu ser. Os problemas podem ser muitos, todavia o que Deus lhe reservou de felicidade é maior do que todos os problemas que enfrenta. Sua mãe, seu pai, uma vida vivida com união de amor verdadeiro, são 58 anos de união. Dos amigos verdadeiros, ela se sente amada, e sente porque eles estão presentes nos seus momentos difíceis, valorizando-a, admirando-a, dando-lhe forças, ignorando se ela engordou, se está chagada. A realização dos seus trabalhos faz da sua vida uma vida bem vivida e de contentamento. O amor a contagia... Nada de comodismo, daqueles que cruzam os braços por desacreditarem que a vida pode ser maravilhosa. Não importam as dificuldades que você enfrenta; saiba que não se pode resolver o problema social da humanidade, mas, se é um pedaço de pão que você possa oferecer ao faminto, não se omita; se é o agasalho humilde ou é alguma coisa que possa alimentar a esperança de alguém, dando-lhe as forças de que ele necessita para esperar, também não. Nem é a caridade que vai resolver o problema das pessoas; mas, enquanto as pessoas não criarem meios de superar as suas dificuldades existenciais, a caridade “agüenta as contas”, ou seja, a deixa marginalizada, impedindo-lhe que a necessidade lhe desencadeou a revolta. Esta não raro traz para seu espírito conseqüências imprevisíveis — isso porque, no clima da necessidade, a pessoa pode roubar, matar, pode não querer continuar vivendo, perdendo todas as forças para seguir em frente, caminhar.
É necessário ajudar às pessoas para que ela agüente firme todos os problemas e dificuldades que a vida apresenta até o fim. Muitos perderem a esperança de um novo recomeço, de um novo dia; não reconhecem a riqueza que possuem no seu interior. “Deus está dentro de cada um de nós”, e deixam de viver a felicidade de estar vivos. Incrível é se observar que as pessoas que mais reclamam da vida (e menos lhe agradecem) são aquelas que nunca moraram em barracos, nunca passaram fome ou nunca estiveram doentes, sem dinheiro para comprar remédio.
Precisamos ajudar-nos a nós mesmos. Nada de pensar em um “Eu Ferido”, “eu não tolero “Beltrano”, “Eu não posso, eu não agüento...” Nós todos somos uns para os outros. O ideal é nos esforçamos para alcançar o coração daqueles que estão no nosso derredor e colocar o nosso coração naqueles onde há compreensão e paciência. Para sermos tolerados, precisamos tolerar, dar algo de bom do nosso coração, nossas palavras, nossos pensamentos — tentando entender a pessoa que está no estado de angústia e levá-la à esperança.
A vida é muito simples. Ser feliz não é tão difícil. O que necessitamos para sermos felizes é crescermos interiormente, adquirir valores que sejam eternos. A vida é uma passagem sobre a terra. Tudo é ilusão, tudo passa, tudo se transforma de um instante para outro; o que conta é o que guardamos dentro de nós. Tudo mais há de ficar com o corpo que se desfará em pó. Então o mais importante é o tesouro da alma, alegria, honestidade, humildade, confiança em Deus, amar os nossos semelhantes; viver bem, em paz e ter a nossa consciência tranqüila. “O interprete da vida é a consciência.”
Pratique boas ações; adquira valores eternos, tesouros da alma que nos possam defender de nós mesmos, do remorso pelo que fazemos ou deixamos de fazer.
Infelizmente a maioria não entende a necessidade das boas ações; valorizam muito mais as coisas materiais e não valoriza os valores eternos. Não é à-toa que as clínicas psiquiátricas estão lotadas. Deus Pai, todo-poderoso, é misericordioso, perdoa todos os seus filhos, mas a nossa consciência é que não nos perdoa pelo que fazemos ou deixamos de fazer.



Eliminando a atitude, a idéia de dizer
“Eu não posso”.


O homem é aquele que acredita ser. A razão de todo fracasso e a falta de confiança.
Eis a história de Jô, homem da terra UZ, que era o mais considerado entre todos os homens do Oriente. Rico, próspero ele e seu filhos. Perdeu tudo, e até o seu corpo ficou dilacerado por chagas de lepra maligna. É assentado sobre cinzas; usava caco de telhas para se coçar. Mesmo assim, não se desanimou, não abdicou da sua fé, não blasfemou, e em resposta a essa sua atitude inquestionável, tudo lhe foi restituído em dobro.
Amly sabia que a vida não era fácil, pois nunca foi. Por tal razão, aceitou o que esta lhe oferece; mas, parar de viver porque viver é ter problemas, jamais. Se viver é ter problemas, deve procurar resolvê-los; se tem dúvidas, é sanar, é ter idéias, é alcançar; ter sentimentos é compartilhar. Uma fracassada, ela não seria mesmo; iria viver a vida, um presente tão divino da melhor forma possível. Fracassada(o), é alguém que se acha incapaz de alcançar os seus objetivos na vida. Resolveu que não seria uma, só porque o Lúpus faria parte da sua vida, uma doença que não tem cura, estabiliza-se. Aceitou: não se revoltou, não se lamentou; nunca perdeu a sua alegria, o otimismo, a felicidade de estar viva. Acreditou que nada a faria desistir dos seus objetivos. Cultiva e exercita a paciência; se trabalha muito para isso, possui muita criatividade e não dá para negar o quanto é perseverante em tudo que resolve abraçar.
Amly é arrastada pela ação; com amor, arrasta consigo, invariavelmente, a essência do mais nobre que existe: a vitória. Age, pois só ação traz resultados. O valor do homem é proporcional ao valor que ele dá e, conseqüentemente, ao empenho que consagra os seus objetivos. Importante é caminhar; não importa um degrau, um passo, uma curva.
A vida deve ser assim: dormir, sonhando; acordar, acreditando; passar o dia todo vivendo, voltar a dormir. Assim sendo, é muito melhor do que dormir sem sonhos, acordar duvidando, passar o dia todo vegetando, voltar a dormir. A diferença é que o que acredita segue em frente de cabeça erguida com confiança na vitória. O que não acredita sempre está indo para trás. A vida é um ponto de interrogação; só você pode dar a resposta, pois a vida é propósito individual.
Tudo você pode alcançar, mudando dentro da permanência da existência, e isso só é possível perseverando nas coisas que sabe serem boas, é, conseqüentemente exeqüíveis, que se pode e deve realizar. “Querer sem realizar” — disseram — “é como ficar de pé em frente a uma pilha de lenha, esperando calor sem acendê-la”.
Imprevisível a vida não é; ela pode ser determinada por todos nós, pois do contrário, não seria nossa vida.
O sangue pulsa em nosso coração, corre por nossas veias, enche o nosso cérebro, e às vezes, traduz-se em nossas ações.
Vencer. Vencer o medo de não acreditar na vida. Problemas? Problemas não se justificam; vença-os. Desilusão? Vença-as. Todas as dificuldades e obstáculos, vença-os. Você é capaz. O Homem — ser privilegiado na terra, de capacidade que não se pode medir, incomensurável —, domina, cria, sobrepuja, vence o medo, as indecisões, as fraquezas, a falta de fé.
Conviver com o Lúpus ou qualquer outra enfermidade não é tarefa fácil, mas a vida tem de ser vivida, alegremente e feliz. Revolta, lamentação, não será a solução de nenhum problema. Temos que ser a essência que traz felicidade ao próximo; ser como a rosa, que, quando exala sua fragrância, perfumando todo o ambiente, ela própria, por ser a fonte de irradiação da fragrância, é a mais perfumada de tal ambiente, pois nela reside a essência do perfume que se espalha pelo ar. A nossa preocupação para que a vida torne-se mais bonita ainda, é espalhar a essência mental que fortaleça o nosso mundo interior, o mundo do nosso próximo. Afinal, que tipo de essência mental estamos espalhando ao nosso redor? E você, só porque constatou que o Lúpus faz parte da sua vida, está revoltada, triste? Por favor, esse não é o caminho. Liberte-se desse sentimento inferior e passe a sorrir, cultive a esperança, o otimismo, a alegria, pois nada a impede de desenvolver as suas potencialidades. Você é capaz de todas as coisas; descubra as que combinam com você.
Amly ama a educação, os livros; a leitura a fez crescer. Aí resolveu que dentro do projeto Receita Para Ser Feliz, criaria uma biblioteca, hoje já é um fato, e através da biblioteca humanista José Rosendo Santana, ela almeja ajudar a muita gente. Você sabe bordar, costurar, cantar, desfilar... Descubram quais as suas aptidões e esqueçam a enfermidade. Quando nos dedicamos ao trabalho e esse trabalho está voltado para o bem do próximo, tudo flui. Amly sente-se feliz, muito feliz; não é a riqueza material, é a riqueza do seu interior que a faz se sentir assim. Seja feliz, procure ser feliz, você pode ser feliz. Acredite! Tenha confiança e verá como sua vida melhora.
A nossa maneira de ser está intimamente ligada a nossa maneira de pensar. Modificando os nossos pensamentos habituais, mudamos também nossa habitual maneira de ser.
A transformação das atitudes humanas será em função das meditações ocorridas no modo de pensar das pessoas. Os pensamentos precedem às ações. Quando aceitamos essa máxima, aceitamos também que só a ação determinada e perseverante traz resultados positivos; nada acontece por um passe de mágicas.
Nada virá sem esforços, sem uma busca incessante. A Lei do Retorno encarregar-se-á de trazer de volta a qualidade das ações levadas a efeito.
“A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.”
O ramo, se não estiver ligado ao tronco substancial, seca. Assim o homem que não tiver perseverança, determinação, não alcançará os seus ideais.
As lutas continuaram sempre. Viver é luta e, administrando bem cada batalha, a vitória virá, cedendo aqui ao refrão “sem luta não há vitória”. A palavra luta em si sugere perseverança, determinação. A vitória de viver, profissional, social, familiar, financeiramente, cabe aos que mais perseveram. Sempre é cedo para desistir.
Muitos afirmam viver em uma corrida contra o tempo. Amly não acredita que esse pensamento seja correto, porque correr contra o tempo não adianta, pois ele é soberano e irreversível. Devemos, sim, melhor aproveitá-lo, envolvendo-os de maneira cada vez mais prática e aproveitável ao seu ritmo. O tempo, como possui a característica, exige do Homem que quer melhor aproveitá-lo, ser estudado, programado, e destinado sempre por antecipação, pois essa é a única maneira de sempre se dispor de mais uma alternativa viável para não perder a oportunidade que se apresenta. Para tanto, faz-se necessário definir as metas que queremos alcançar.
“O homem que não sabe aonde quer chegar, não chega a lugar nenhum.” Mas não basta definir suas metas; urge estipular um prazo para alcançar cada uma delas.
A maneira com que você pensa hoje determinará a maneira com que você pensará; determinar a maneira do seu viver amanhã.
A ignorância causa prejuízo, o conhecimento é poder — vence o medo, o medo faz com que você fuja da vida.
A autocompreensão lhe dá o fundamento para uma vida bem equilibrada; e a decisão, por sua vez, constrói essa vida. Podemos mudar para melhor se assim a decidimos. A decisão positiva elimina para sempre a atitude, a idéia de que “Eu não posso”.

Deus perdoa a sua fraqueza,
mas sua consciência não.


O Lúpus, a aceitação da enfermidade, trouxe amadurecimento a Amly. Aprendeu de fato se conscientizando de que cada dificuldade na vida nos oferece uma oportunidade para nos voltarmos para dentro de nós mesmos e recorrermos aos nossos recursos interiores escondidos ou mesmo desconhecidos. As provações que suportamos podem e devem nos revelar quais são as nossas forças.
Quando confirmado o diagnóstico, Amly passa três meses consecutivos em Fortaleza-CE, dando início ao tratamento. Quando volta, teve que encarar desafio pior que a enfermidade: pelo fato de haver já morrido uma pessoa, de Lúpus, toda a Cidade esperava a sua morte. Certa vez, uma senhora amiga da família foi até sua casa; queria falar com ela, olhou dentro dos seus olhos e disse-lhe: “E agora? Preparada para morrer? Conheço esta doença. Sofrerá menos se não se iludir. Sentirá dores terríveis. Mas, graças a Deus, não será por muito tempo; o Lúpus mata rápido, com muito sofrimento, o melhor é que a morte é rápida, é melhor presente, é o melhor de tudo; chora, há motivo para chorar, você é tão nova, estudou, fez faculdade, se esforçou tanto e para quê? Para morrer nova e cheia de dores. É... estou indo, não suporto ver tanto sofrimento. Adeus! Hei! porque não está de camisola, deitada na rede?” O seu médico havia-lhe ordenado que não deveria ficar em casa de camisola e nem deitada, porque ela estava bem, porque tudo iria dar certo; e ela acreditava muito nesse anjo.
Se Amly tivesse reagido impensadamente a esse “incentivo da amiga da família”, teria caído em depressão e não lutaria mais para viver, para combater este imprevisto que lhe colocou. Foi prudente, ignorou o tal comentário; apesar das lágrimas, procurou enxergar além dos incidentes em si.
Caso o momento seja de dar fraqueza, use a sua capacidade de resistência, volte-se para seu íntimo e pergunte a si mesmo de que recursos você dispõe para lidar com a situação que a vida ora lhe coloca. O certo, o ideal é mergulhar fundo. Todos nós possuímos forças, muitos de nós desconhecemos essas forças, e por tal razão, entregamo-nos à fraqueza.
Amly queria viver e advertiu a sua mente, dizendo que era possível. Se fosse disciplinada, fizesse tratamento, iria ainda desfrutar anos e anos; iria ainda realizar muitos dos seus sonhos. O que necessitava nesse momento era da fé em Deus, do otimismo, da força de vontade, e não deixar que a sua alegria nata morresse. Usou essas armas e, em maio de 2007, já completa 20 anos de luta. Sofrer, quem não sofre? Mas nada a fez parar; realiza-se na sua vida profissional, cultural; está sempre criando algo novo e garante que é muito feliz.
Exercitando o seu pensamento, espere que o melhor sempre lhe vai acontecer; depende de você. Com o passar do tempo e a consolidação do hábito de combinar o recurso interno adequado em cada incidente, pouco a pouco desaparecerá a sensação de está sendo dominada(o), oprimida(o), pelos fatos o tempo todo.
Aceitar as dores, cultivar a paciência, pois quem teme falhar, nem procura triunfar. Fixa o olhar da tua alma na estrada cujo raio é a estrada chamejante que brilha nas profundezas sem luz do ser eterno, nos campos sem limites do desconhecido. Ter perseverança como aquele que tem de sofrer eternamente. As sombras das dores do Lúpus vivem e desaparecem; estamos no século XXI. Ainda não há cura; conseqüentemente a enfermidade viverá para sempre, mas é possível a convivência e se ter uma vida produtiva, cheia de realização, e ser feliz.
Amly grita ao mundo que é feliz, muito feliz. O sofrimento a fez descobrir o significado da vida; ama, doa-se. Conhece o verdadeiro amor, o de mãe, o de pai, o de amigos fraternos; ama muito e sente-se amada. Eis porque é feliz!
Amando, doando-se de coração, está semeando as sementes do mérito nos campos das colheitas futuras.
É fácil ser feliz. Elimine o egoísmo e, de vez em vez, afaste-se da luz do Sol para a sombra ceder espaço aos outros. Não há dúvida de que as lágrimas que regam o solo árido da dor e da tristeza fazem nascerem as flores e os frutos da retribuição cósmica.
Você pode criar hoje oportunidades de amanhã. Viva um dia de cada vez e a cada batalha dê o melhor de si.
Não deverá indignar-se contra o carma nem contra as leis imutáveis da Natureza. Devemos ser fortes, lutar sempre; para qualquer problema, desistir é muito cedo. Há em cada um de nós uma força; procure descobrir e conhecer a sua.
Amly relata-nos a história dos alpinistas: “No topo de uma das mais altas montanhas do mundo, havia uma placa escrita: ‘Os fracos nem iniciaram a escalada, os covardes desistiram no meio do caminho, só os fortes aqui chegaram’”. É assim a vida. Devemos ser fortes, pois só assim venceremos os obstáculos, as dificuldades da vida, a nossa falta de fé, de coragem, a fraqueza que domina os fracos, os covardes. Deus pode perdoar, mas é a nossa própria consciência que não nos perdoa. A nossa consciência sabe que na vida existe um leque de caminhos que poderemos seguir, seguindo sempre adiante e preservar o presente divino que nos é dado por Deus, a vida. Há muitos que se entregam ao desespero, ao desânimo e passam anos e anos mortos-vivos, vivos-mortos, vegetando. Esforce-se, lute; o ditado japonês diz: “Caia sete vezes, erga-se oito”.
Nunca existiu nem jamais existirá uma vida livre de problemas. Não é a existência de problemas, e sim o modo pelo qual lidamos com eles que determina a qualidade da nossa vida. O sonho é possível, o seu sonho é possível! Acredite! Siga em frente! Viva a vida com paixão, como uma fogueira ardente e brilhante. Um fogo fraquinho, pequeno, facilmente pode ser apagado por uma lufada de vento, ao contrário de um fogo grande e luminoso que vai crescer cada vez mais se o vento soprar forte. Na vida, quanto mais obstáculos uma pessoa apaixonada pela vida enfrenta, mais forte e radiante ela cresce.
Desde pequena, Amly passou por provações: a asma na infância, adolescência, adulta.
Porém ela nunca fraquejou; seguia caminhando entre as pedras, estudando, brincando, sorrindo, sendo feliz. Nada deixou de fazer nas fases do ciclo da vida. Amava o esporte (voleibol, pingue-pongue). Toda vez que se sentia fraca, avó Santana contava-lhe histórias metafóricas, e a firmeza das suas palavras era tão grande que logo ela sentiu um grande alento e sentia o momento de tristeza, levava na brincadeira suas deficiências; quando em crise com falta de ar ficava “piando”, e dizia “Por favor, uma substituta aqui no meu time; não é correto que um pinto faça parte do time, se no do adversário eles não tiveram esse privilégio”. Saía do vôlei, mas continuava lá, assistindo ao jogo, torcendo; e quando a crise passava, voltava de cabeça erguida para seu lugar no time. Essa aceitação é o motivo de acabar com a alegria de quem quisessem discriminá-la.
Há muito tempo, Nichiren já dizia: “Uma pessoa verdadeiramente sábia não se deixará levar por nenhum dos oito ventos: prosperidade, decadência, desgraça, harmonias, elogios, censura, sofrimento e prazeres”.
No fundo, Amly sabia: as aparências anteriores não são importantes; o que importa de verdade é o seu coração. Ela diz que agia como por instinto e/ou que esses fundamentos já tivessem nascido consigo; era infantil demais para ter estudado sobre as suas atitudes, pelas ações da sua vida. Sempre foi forte; colocava na sua mente que podia ir em frente e seguia sem medo, temores e jamais se sentiu inferior. Na verdade, a mente é uma força poderosa e misteriosa. Ela pode melhorar o pior e piorar o melhor.
O caminho mais correto é aquele dedicado a uma grande causa e, para Amly, a vida é uma grande causa.



Atitude mental positiva


É fundamental para o homem que pretende o sucesso encarar todo o problema como um estímulo, um desafio a ser superado. Amly não se refere apenas aos seus problemas pessoais, e sim em um sentido mais abrangente. Problemas da sua cidade, do seu país e do mundo, de maneira geral, porque tem a consciência de que o homem não é uma ilha, o homem é o mundo, o mundo é o homem.
O Lúpus, a asma da infância, adolescência — não lembra um dia que passou com saúde —, mas segue avante, nunca desistiu de lutar. As tempestades não foram suficientes para que deixasse de navegar, de sonhar, caminhar em busca dos seus objetivos.
Motivação, potencial do homem, atitude mental positiva, perseverança, tempo, decisão, trabalho, assuntos que fazem parte do seu dia-a-dia, de momento de auto-reflexão.
É notório que não deixará haver o limite na sua vida; tentará vencer, gosta de desafios. É do tipo que dá asas à imaginação criativa, aquela para a qual a única limitação é o ilimitado, se o mesmo existir. Ela acredita fielmente que as realizações das nossas atitudes substituem nossas palavras no autotestemunho, empenhando-os, por assim ser, caráter, personalidade de pessoa que vive e que pensa e acredita.
A grande verdade é que o Homem, a mente, só luta por aquilo que realmente acredita. Vai à busca e alcança os valores dos quais se conscientizou. Tudo aquilo de que você se conscientiza passa a fazer parte da sua vida.
A vida de Amly não é fácil, os obstáculos são imensos, familiar, financeiro. É um desafio, uma batalha, todas as vezes que viajou a Fortaleza, para fazer revisão. Onde mora, não existe a medicina nesse campo. Deus colocou um intermediário dele, Dr. Eyorand Andrade, seu médico reumatologista, que a trata desde o início no seu caminho. Para ela, ele é mais do que um médico: diz que só em vê-lo, suas forças renascem quando sua auto-estima está baixa. Ela é muito autoconfiante, metódica, exercita a disciplina, tudo o que faz é planejado, não dispensa o comandar, o controlar, o organizar tudo que faz, e principalmente a sua vida. Ela não é fácil: é autoritária, não aceita repreensões e detesta quem lhe grita. Respeita para ser respeitada. Acredita fielmente que a disciplina deve vir antes da espontaneidade. Um dos seus grandes defeitos é ser correta; quando planeja algo, quer que tudo saia como determinou e não descarta e nem teme o que tenha de passar, fazer para que tudo dê certo. Para se ter uma idéia, no lançamento do seu livro “Educação Política”, faltou energia no prédio da Câmara de Vereadores (local do lançamento), choveu, tudo para não dá certo. Os convidados estavam chegando, rapidamente resolveu tudo: Coelce, improvisou a iluminação (alguém lhe comprou um livro por R$20,00), comprou tudo de velas, acendeu todas, na recepção, no plenário; lindo ficou o cenário. O rapaz arranjou como filmar e deu início ao lançamento. É lógico que o ritual do cerimonial, ela foi mudando. Quando chegou a energia, todos queriam que continuasse à luz de vela. Só que, para o bem da sua saúde, precisou acender, precisava do microfone. Foi mais bonito do que ela esperava. Se não tivesse faltado energia, sem a chuva... Ela diz que é graças a sua fé em Deus, sua força de vontade e otimismo. Não nega que é ajudada pela espiritualidade benfeitora, porque sabe que ela não busca aplauso, sucesso para o enriquecimento capitalista que leva o ser humano a uma vida longe dos valores eternos. Acredita no que faz e quer fazer bem-feito, deixar na sua passagem pela terra contribuição do seu pequeno conhecimento, mas que seja vivido intensamente e com amor, honestidade, respeito, humildade, solidariedade, caridade; acredita que esses valores devem ser trabalhados no mundo. A violência, a fome, a miséria e todas as calamidades são fruto do esquecimento dos valores morais, da prática das virtudes. Daí acreditar porque nos piores momentos, quando tudo está “perdido”, não está! A ajuda vem do Céu, dos amigos benfeitores. Em seus obstáculos, diz que é conduzida, o raciocínio é rápido e as suas ações são firmes e determinadas. Socorro Leite, uma poetiza conterrânea que leu a orelha do livro no lançamento, disse-lhe: “Eu queria lhe ajudar, mas não foi necessário; você resolveu tudo, até o papel de fotógrafa, não esqueceu nada. Você, amiga, é dez em uma”. Amly não sabe se isso é bom ou ruim, mas não consegue ficar esperando por nada e por ninguém, temendo que o que planejou não se concretiza. Não se preocupa se, no outro dia, vai se sentir febril, cansada; fecha os olhos e diz a si mesma “Missão cumprida”. E logo já está criando algo novo, nova iniciativa novos desafios, batalhas, diz que não consegue parar, pois tudo que faz, procura da alma; é o trabalho que aumenta sua vontade de viver, é assim que se sente feliz. Aprende em cada batalha, em cada luta, em cada desafio, na tentativa de vencer os obstáculos e dificuldades que enfrenta de cabeça erguida, sempre com um sorriso; e finaliza, explicando que a arte de viver bem não está na fartura do que se vive, mas na abundância do que se aprende.



O que representa o médico para o paciente


Sua missão é extraordinariamente nobre, humana, essencial, e além de positiva, simpática. O paciente deposita fé, enche-se de esperança, sente empatia.
Quando um doente escolhe um médico? No nosso país, uma mínima quantidade de pessoas pode escolher seu médico; a maioria reza para depois de sofridas noites, dias, em uma fila cruel, doente, tem de resistir ao calor do sol escaldante, ao sereno, à madrugada fria, de barriga vazia, a fim de encontrar um médico humano, que lhe inspire confiança para que possa acreditar que este vai curá-la. É assim: o doente acredita que seu médico vai curá-lo. Enche-se de fé, esperança. Ele não está consultando com um aparelho, e sim um médico que lhe inspira confiança, a qual nasce no momento em que o paciente vê o médico, está diante dele, ouve a sua palavra, é examinado; é esse fato para o paciente um potencializador de cura, um simples ato de medir a pressão, auscultar o peito, tocar e examinar a parte afetada, exerce forte dose de fé no doente.
Pobre, rico, ignorante, intelectual, não importa o grau de evolução na escola da vida, os sentimentos humanos estão ali, na alma, e são acionados a cada situação que a vida proporciona. Então se diz com certeza absoluta: o indivíduo não é mera máquina com alguma peça deteriorada; a palavra do médico tem muita importância.
No seu livro “Paz, amor e cura”, o Dr. Bernie Siegel escreveu “Eu costumava sentar-me em meu consultório, perguntando-me porque despedia todas àquelas horas com gente que tinha doenças incuráveis. Mas algumas delas curavam-se e escreviam-me cartas, dizendo ‘Obrigado, por ter-me dado a opção de sobreviver’. Foi o que eu fiz. Agora é fácil para mim apresentar essa opção aos outros. As pessoas com AIDS, câncer, diabetes, doenças cardíacas, Lúpus, esclerose múltipla e escleroses lateral, amiotrófica. Não importa que doença seja, sempre há esperança. Não vai morrer por causa de estatísticas. Espero que você também não”.
Lembrando aqui o refrão, Amly sorri: “Enquanto há vida, há esperança”. Acredita que, embora a Medicina e seus recursos ainda nada possam fazer em relação ao Lúpus, a verdade é que nenhum médico em nenhum momento pode ter a certeza de que o paciente vai morrer, hoje ou amanhã. Seus olhos brilham, a firmeza é tamanhã na sua voz, determina como conduz sua vida em relação ao trabalho, cuida com carinho dos que dela necessitam —, pois a fé poderosa do enfermo pode mudar o quadro e acontecer o milagre.
O paciente ali, diante do seu médico... A própria receita prescrita exerce efeito muito forte no paciente que, no mais das vezes, vê naquele papel o passaporte da cura; o remédio receitado é curador, na maioria das vezes, não tanto por suas propriedades terapêuticas quanto pela fé do indivíduo no médico e no produto.
Está no seu sangue, na sua índole, Amly não consegue enxergar apenas o seu problema. Por essa razão, não deixa de comentar a situação miserável que vive a maioria de seus irmãos. Os hospitais públicos no Brasil: no jornal, são mostradas todos os dias pessoas, morrendo por falta de atendimento; não que alguns médicos queiram. A estrutura física, aparelhos, remédios, alimentos, mãos-de-obra qualificadas — tudo é insuficiente. Os nossos representantes políticos estão aí, fazendo sucesso, com o “mensalão, caixa 2, dólar na cueca, sanguessugas das ambulâncias”, CPI onde o resultado só dá pizza; parecem não ver a necessidade básica do povo, tantas irregularidades vista a olho nu e não vemos quase nenhum atrás da grade. Rindo, dão o depoimento na CPI: “Eu sou inocente”. Aqui no Ceará, na TV Diário, o programa Barra Pesada: os indivíduos, assaltantes, criminosos, estupradores, são entrevistados, e todos dizem “Eu sou inocente”; é o mesmo modelo, só que os políticos com provas claras também como este do programa policial não vão presos, nada acontece. Enquanto isso, as necessidades básicas, como saúde, educação, habitação, alimentação, transporte, saneamento... são esquecidos.
Amly vai indo, não sabe até quando. Tem seu emprego; quase tudo que ganha é para os remédios, plano de saúde; sente-se uma privilegiada. Não luxa, só adquire o necessário. Fica a imaginar outros com o problema que ela tem, que não têm o que ela conseguiu na vida; agradece a Deus e sorrindo diz “Alguém um dia me falou que, quando conseguimos agradecer a Deus até pelos sofrimentos, não temos mais nada a temer”. É o seu caso. Não há Cristo sem cruz, não há cruz sem cristo, não há crescimento sem dor. Vive com resignação, aceitando as provações, lutando, enfrentando para vencê-las. Este é o seu lema: “é cedo demais para desistir” e vai lutar sempre; é melhor a angústia da busca do que a paz da acomodação; não ficará de braços cruzados, esperando a morte chegar, e aproveitará todos os momentos que estiver bem, produzindo, servindo, criando, crescendo sempre. Com certeza, não se calará diante da injustiça social que fere o cidadão. Informará o que as pessoas têm de saber, pelo menos, seus direitos e obrigações: que nós, o povo, é que pagamos o salário dos políticos, pagamos impostos (no quilo de farinha, no pão, no lápis, na roupa, etc.); esse dinheiro vai para o governo e deve retornar ao povo em forma de contribuição de melhoria, hospitais, estradas, escolas, posto de saúde, etc. Do seu bolso (deles), os políticos não tiram um vintém.
É essencial educar o indivíduo em relação à educação política, moral... Porque só na prática desses valores terão condições de escolher, exigir os seus direitos aos representantes, porque tudo é política: educação, saúde, custo de vida, saneamento... A vida do povo está nas mãos dos representantes que em sua maioria não tem consciência moral.




Em defesa da vida, ame-a.


A convivência com Lúpus exige disciplina e amor à vida. Em “crise”, as juntas incham, mão, pé, joelho, ombro, braço, o sangue borbulha, percorrendo o corpo todo — imagine uma panela de pressão e água fervendo, borbulhando —, o sangue percorre rápido da cabeça até os pés, há momentos em que a “febre” é tanta que se perde a noção de tudo, até o raciocínio.
Além das dores físicas, suportar as “pessoas” que se alimentam da sua fraqueza, não é fácil. Por essa razão, é essencial trabalhar a espiritualidade, colocar com firmeza os valores eternos, os valores éticos, as virtudes e intensificar a fé em Deus. O espírito forte supera as dores físicas e a hipócrita sociedade.
Há (quase) dezenove anos muitos esperam que Amly morra. Em cada viagem que faz para revisão em Fortaleza, muitos ficam ansiosos, prevendo e antecipando a sua morte. Até hoje, “quebraram a cara”. Amly é forte; o seu espírito é vestido da força de vontade, auto-estima, determinação, otimismo e de uma alegria contagiante; a cada dia se propõe aproveitar bem os tempos com trabalho edificante e destarte, com esforços sucessivos, realiza trabalhos maravilhosos.
Ela planeja sua vida, seu trabalho, porque sabe que nunca se vai muito longe quando não se sabe para onde está indo. Em todas as situações, deve-se considerar o objetivo. Quando se deixa de contribuir para si, para o próximo, para o mundo, começa-se a morrer. Amando a vida, não haverá tristeza nenhuma ao morrer.
Nossa vida é o que os nossos pensamentos fazem delas.
Amly luta por uma vida feliz e sabe que a receita da felicidade é simples. Viver bem para ter sucesso em todos os aspectos; rir muito, de tudo, das coisas engraçadas e das tristes. Que, para galgar uma posição respeitada, é cumprir bem suas tarefas a fim de que este mundo seja melhor do que quando encontrou. Não custa nada tornar uma flor mais bonita, uma criança mais feliz, um idoso respeitado, um poema perfeito, apreciar a beleza do mundo, buscar nos outros o melhor, e dar o melhor de si.
O melhor da vida é trabalhar intensamente em algo que valha a pena; é isso a felicidade, é estar absorvido por algo completo e maravilhoso; possuir a consciência de objetivo é o sucesso.
Complicamos a vida; ter uma enfermidade não é motivo de revolta. É possível ser feliz, aliviar a aflição da vida de alguém. Ajude a um pássaro frágil a retornar ao seu ninho; realize, trabalhe, edificando para ajudar ao próximo.
Joana D’Arc disse: “Todo homem dá a sua vida pelo que ele acredita. Toda mulher dá a sua vida pelo que ela acredita. Há pessoas que acreditam em pouco ou em nada e, ainda assim, dão suas vidas por esse pouco e por esse nada. Tudo que temos é a nossa vida e a vivemos como acreditamos que devemos vivê-la, e então ela se vai. Mas renunciar o que é viver sem acreditar em nada é mais terrível que morrer, mais terrível até do que morrer jovem”.
Servindo, a vida se torna significativa. Cada pessoa deve trabalhar para seu aperfeiçoamento e, ao mesmo tempo, também participar da responsabilidade coletiva para a humanidade inteira. É triste, doloroso, dispor de todo o conhecimento e ainda assim não tem nenhum poder sobre a ação.
Muitos não possuem a consciência de que é possível modificar a situação em que estamos; basta que mudemos nossa atitude mental. Queira ser feliz, acabar com as lamentações, as revoltas; comece em si próprio, a sua idéia, atitudes, hábitos; é possível; verá como a sua vida melhorará e aprenderá a conviver com o Lúpus ou qualquer outra enfermidade e será feliz sempre.
Indo em busca da calma, não busque a calma nas coisas exteriores. De nada adianta nos postarmos à frente de um espelho e ordenarmos à nossa imagem que fique calma. O importante é que estejamos tranqüilos por dentro. Aí nossa imagem externa refletirá, verdadeiramente aquilo que o nosso interior estará sentindo.
Nosso interior deveria ser olhado como um gigantesco campo de forças. Somos os grandes responsáveis pelas nossas criações e pelos nossos desastres.
Amly sabe que possui limitações, mas a teimosia, ou sua fé que é grande demais? Procura caminhar entre as pedras, por cima, sobre um oceano agitado cujas ondas se desdobram aos seus pés como se ela fosse digna de trabalhar sobre elas. Ela esquece, ou apenas disfarça as suas limitações. Há qualquer coisa mais forte que a encoraja e que assopra para os ouvidos da alma; e por certeza sente que uma força maior a guia e não a deixa tropeçar no rochedo da indecisão; luta, trabalha, ama o que faz com amor e entusiasmo.
A vida é uma estrada, sim, é uma extensa estrada. Amly está sempre caminhando sobre essa estrada, nunca pára. Só que essa estrada é forte, rígida, totalmente à prova de amassados e arranhões. Amly pisa sobre a mesma com muito carinho. É como se seus passos, ao invés de tocá-la, apenas pairassem sobre seu leito. É a forma de não aborrecer essa estrada, não aborrecê-la com possíveis fragmentos de cascalho que porventura estejam grudados nos seus pés e que poderia quebrar-lhe a harmonia.
A defesa da vida deve ser meta prioritária do ser humano. Defendendo-a, estaremos prestando culto de respeito à natureza arquitetada em todas as suas minúcias pelo poder divino da transformação e criação.

O desenvolvimento humano, Deus o oportuniza


O desenvolvimento humano está ligado a uma boa dose de renúncia, limite, dor e sofrimento. É a receita para que este se desenvolva.
Todas as pessoas do mundo inteiro passam pelos limites impostos pelo sofrimento, depressão, pela dor. Faz parte da vida e do crescimento humano, é individual, dependerá de cada um. De cada dor, sofrimento, é possível se tirar proveito para o nosso aperfeiçoamento.
Estabelecer limites significa que estamos renunciando, selecionando e definindo a nossa personalidade, a nossa conduta, o nosso modo de ser.
Mesmo que seja sofrimento, a renúncia, seremos sempre pessoas dispensivas, confusas e indecisas. É difícil atingir a maturidade. Só se pode considerar uma pessoa madura, livre, quando essa pessoa aprende a escolher apesar dos sofrimentos. A criança prefere brincar a estudar; o adulto imaturo em seu pequeno grau de evolução prefere se afastar dos problemas (mantendo-se distante), ao invés de enfrentar, resolver, participar da resolução; por medo, ignorância, foge da sua verdadeira missão aqui na terra: amar a si mesmo e ao próximo, servindo, enfrentando as pedras do caminho, aprendendo a caminhar sobre elas.
Ninguém sabe como será o amanhã. E quando não somos solidários, não nos podemos considerar humanos e sim solitários, apenas uma “peça” no jogo da vida.
A simplicidade da vida consiste na união, na solidariedade. Se todos se unissem de mãos dadas, seriam uma força gigante para enfrentar todos os problemas que a vida oferece.
Infelizmente, dói constatar que a maioria das pessoas individualizou-se, foge dos problemas, até dos seus próprios e não quer nem ouvir os problemas do próximo. Não quer ficar estressada...
Para aliviar a consciência — “a consciência é o maior interprete da vida” — vivem de justificativas, tais como “Eu tenho que viver a minha vida, não faço isto ou aquilo para ajudar a alguns (mesmo que seja os próprios pais), porque tenho a minha própria família”. Acham que não têm obrigação e, além do mais, financeiramente não vão poder ajudar; e não têm tempo para renunciar uma hora, meia hora, dez minutos, para um carinho uma atenção uma companhia; não há tempo e nem se sentem obrigados; não há vontade. Quanto mais se mantiverem distantes, evitarão os problemas.
E de justificativa em justificativa, pensam que estão certos e felizes, aliviados; porém, pela realidade divina, um dia irão descobrir que não são felizes. O tempo é soberano e irreversível. Depois que se acordarem para o verdadeiro significado da vida, não será fácil conviver com o remorso. Quem semeia a indiferença, colhe arrependimento tardio — o que permanecerá nas suas vidas até à hora da sua morte e na eternidade; e um dia, quem sabe, volta à vida com esse aprendizado de servir ao próximo, principalmente aos pais, e coloque esse aprendizado na prática.
Amly — que procura viver um dia de cada vez, e pela fé que traz no coração —, ainda se choca quando vê os pais velhos doentes e já em suas mentes, vêem a morte deles. Dizem que já estão preparados, que não há mais jeito, nada há para fazer.
Estão preparados como, aves agourentas? São para receber amor enquanto vivos. A mente humana de pessoas que se individualizaram além de agourenta é maléfica, antecipa a morte de alguém até no pensamento. Ignoram essas pessoas que a morte não é uma questão matemática e ninguém sabe a vontade, os desígnios de Deus; morrem jovens, pessoas que nunca nasceram (que são abortadas), que nunca adoeceram. Resta-nos viver um dia de cada vez, sem projeções negativas, vivendo, amando, servindo, dando carinho e amor a cada segundo, cada minuto, a cada hora, a cada dia. O amor que dedicamos a alguém é o melhor de todos os remédios e de todos os presentes do mundo.
É um grande engodo fugir da realidade das leis de Deus. Essas pessoas que passam a vida justificando-se, pela fuga da responsabilidade do servir, por mais que se justifiquem, no âmago da sua alma sabem que há um vazio imenso. É possível alguém enganar o mundo inteiro, mais a si próprio, à sua própria consciência, é impossível.
A prática das boas ações, do amor, da assistência ao próximo carente de cuidados, atenção e amor, é essencial para a evolução do Homem.
O tempo mostrará a tais pessoas que assim pensam, que assim agem, o quanto serão inquietas e infelizes. É a lei da causa e do efeito; dessa lei ninguém foge; faz parte da justiça divina. Deus não pune ninguém, mas permite que um dia essas pessoas reflitam melhor sobre a razão da vida. Aperfeiçoar a vida é dar amor, assistência, carinho, atenção aos que necessitam.
Deus, a cada momento, oferece-nos oportunidades de crescimento. A maioria das pessoas é que ignora, foge, não entende. As dores, o sofrimento, as renúncias, as cruzes, por mais duras e espinhosas que sejam, dar-nos-ão as mais altas e importantes lições de vida.
Ame sem medo de amar, de se doar. Se doar faz bem, seja gentil, seja prestativo.
Muitas vezes o outro necessita de um ombro amigo, ouvir do lado de seu leito uma respiração; está doente, mas não está só. Fazer bem é melhor do que falar bem.
Certa vez, Amly estava deitada em uma rede ao lado da cama da mãe que está doente. Como Amly estava tossindo muito, disse à mãe que iria sair do quarto para que ela pudesse dormir; achava Amly que a tosse incomodaria a mãe. Foi nesse exato momento que a mãe lhe disse: “Por favor, não faça isso, minha filha, eu não quero ficar só, a tosse não me incomoda; com você aí me sinto feliz, sei que não estou sozinha, durmo tranqüila, pois sei que há uma outra respiração aqui comigo”.
Fugindo dos problemas para viver mais feliz, o sofrimento aumentará um dia. Lembre-se de que, quanto maior for o obstáculo a ser vencido, maior a gloria de vencer. Quanto mais fazemos, mas podemos fazer. É uma questão de escolha; reflita. “É dando que se recebe. Nunca pare de servir, de amar — é este o significado da vida, é o amor, o doar-se, não se individualizar, principalmente quando são os seus pais que precisam de você”.
Hoje Amly sabe, sente e conhece o significado da vida; sente-se uma privilegiada e agradece a Deus por cuidar da sua mãe, que hoje necessita de todo o seu amor, doação total.




Ame o tesouro que você tem na vida.


A sua missão é de grande importância, quando está consciente de que a vida deles depende de um abraço, de um sorriso, da companhia. Não importa a quantidade de tempo e sim a qualidade de tempo que você possa dar para sua mãe e para seu pai. Hoje a mãe de Amly está doente; depende de tudo até para tomar água; ela é lúcida, espiritualmente é dotada de todas as virtudes de Deus, é paciente, bondosa, compressiva honesta, etc.
Quando eles, os pais, eram fortes, os filhos eram fracos e indefesos. O filho do homem, ao nascer, é totalmente dependente, não sabe andar, falar, comer... Os pais são capazes de dar a própria vida para vê-lo fortes, sadios, inteligentes e felizes. As reportagens que vemos na imprensa, jornal, rádio, televisão, sobre os asilos, filhos que lá os colocam, pois querem viver longe de problemas, das doenças... é estressante trocar fraldas, o mal cheiro do “xixi, cocô”, trocar os panos “mijados”, ouvi-los gemer, ficar 24 horas atenta, comida, água, banho, massagem, o braço dói, o pescoço... Fugindo, acham que são felizes na velhice; estas pessoas omissas só enxergam que logo elas irão morrer; esperam por isso com ansiedade doentia.
Em asilos não terá a assistência necessária. Em casa, pode ser um asilo para aqueles que não têm obrigação e, portanto, afastam-se com mil justificativas. Esquecem que os velhos doentes criaram os filhos enquanto eram fracos. Essas pessoas que assim pensam, agem são necessitadas de piedade.
Pessoas que se individualizaram, normalmente são pessoas falantes. Para fugir dos problemas, usam justificativas vazias e nada da prática de ações. Amontoados de palavras perdem tempo. Com ações corretas, construímos sempre. Certo esforço é sempre necessário para atingirmos nossas metas. Nossas ações são a nossa fotografia.
As pessoas livres não precisam de justificativas para tudo que fazem, pensam e dizem, porque acreditam nas suas ações e acreditam que elas falarão por si. As nossas ações revelam-nos como somos. De nada adianta termos um belo discurso se nossas palavras não são confirmadas em nossas ações. Esse discurso é inútil; não serve para a glória de Deus. Quando praticamos boas ações, essas ações serão ações quando praticadas por pessoas livres, estas pessoas não cobram, não manipulam. Aceita o outro como é e não se impõe a respeito das diferenças, o que é essencial para uma vida em harmonia. Aceitar os outros como são; ninguém é perfeito, ninguém. É, portanto, necessário para a vida este segredo da harmonia: aceitar os outros como são com suas fraquezas e limites.
Infelizmente, muitos que ajudam acham-se no direito de cobrar a quem ajudou. Outros querem aplausos, ser reconhecidos pelo fato de ter ajudado alguém. Na maioria dos casos, ajudam porque querem ser conhecidos como “bonzinhos”. Querem ser reconhecidos como se fossem Deus, que é o melhor de todos e somente as suas verdades são verdadeiras. Ajudam, mas o mundo tem de saber dos seus atos de humildade e caridade; e a quem ajudou acha que terá de escravizar, porque lhe deve favores. É cruel ter o citado comportamento de humildade e caridade; é um verdadeiro fariseu, hipócrita, que nada entende das leis divinas. Com certeza, isso não é boa ação. Quando um ser ajuda a outro ser, a vontade de servir deve vir da alma; ajuda porque seu coração quer ajudar; não cobra, não manipula; ninguém lhe deve nada, favores, não é escravo porque recebeu ajuda. Portanto, a gratidão é uma das maiores virtudes; quando fluir, o ser ajudado refletirá e em oportunidade que a vida oferece, vai demonstrar essa gratidão; depende do grau de evolução espiritual de cada.
Ajude ao próximo enquanto as possibilidades permanecem do seu lado. Acenda sua lâmpada enquanto há claridade em torno dos seus passos. Busque agir para o bem sem esperar nada em troca, enquanto você dispõe de tempo. Não fuja dos problemas; ajude e ame seu próximo, levante o caído. Você ignora onde seus pés tropeçarão. Estenda a mão aos que necessitam de apoio; pare de fugir, de ser omisso; chegará o dia de receber cooperação; dê assistência aos enfermos, sua alma está usando um corpo invulnerável. Esforce-se para entender o companheiro menos esclarecido; nem sempre você dispõe de recursos para compreender como é indispensável. Aceite o infortunado; nem sempre o Céu estará para seus dias. Console o triste. Você não pode relacionar a tristeza da sua própria sorte; ame com os seus bons pensamentos. “Ele” nos ensina quão agressivos e desagradáveis somos ao ferir alguém. Seja benévolo para com os dependentes. Não esqueça que o próprio Cristo foi compelido a obedecer.
Seja um amigo em todos os momentos e qualquer situação. Amigo é o que ampara em silêncio. Seja companheiro; companheiro é o que colabora sem constranger. Seja eficiente, ou seja, agindo em benefício de todos.
Para vencer a omissão na ajuda ao próximo, por medo dos obstáculos, dificuldades, com receio de que os problemas do próximo farão ficar com estresse, vença a si próprio e conhecerá a verdadeira felicidade. Se doar faz bem, gera paz de espírito, serenidade, fé, esperança, sentimos Deus dentro de nós e não temos mais nada a temer, agradecemos até pelos problemas vividos, estes problemas nos farão crescer. Fugindo não é a solução; estará apenas plantando a sua infelicidade, nervosismo, remorso. A omissão vai lhe trazer graves conseqüências.
Elimine de uma vez o individualismo, o seu egoísmo; este desagrega tudo, a sua vida, paz de espírito; comece de fato eliminar o egoísmo e sentir-se alegre e feliz. Ame o seu coração, ame o amor.
Hoje você está longe de problemas, porém amanhã, será infeliz; a omissão da ajuda ao próximo crescerá o remorso e não há mais cura. O passado não volta; hoje é o que realmente importa. Sirva hoje, amanhã e sempre.
Uns se vangloriam por ter saúde hoje; odeiam saber dos problemas do próximo; querem manter distância e até o humilha por ele estar doente. Contudo, não basta que sua boca esteja perfumada; é imprescindível que permaneçam incapazes de ferir os outros.





A vida e as pedras do caminho


Amly vê assim a vida: cada pedra no caminho, obstáculo é compreendido como um desafio, um processo educativo. A existência não passa de um percurso, um caminho, um percurso de aprendizado, de provação e superação. A cada dia, um novo desafio e os obstáculos convertem-se em oportunidades do processo de desenvolvimento humano.
A mãe de Amly teve oito filhos, quatro homens e quatro mulheres. Hoje a sua mãe está doente. Em casa, Amly e sua irmã Ana Célia estão no comando do barco, 24 horas. Os outros acham que não têm obrigação de cuidar da mãe, pois são casados, têm as suas próprias famílias. Obrigação é para Amly, pois não é casada, e para Ana Célia, que é divorciada. Amly com Lúpus e a irmã também é doente. Fazer o quê? Forçá-los? Intimá-los? Não, deixa para lá; um dia eles terão suas próprias provações e crescerão espiritualmente. Se entendessem hoje o significado da vida, estariam todos juntos, unidos, dando companhia, amor e carinho “àquela que os colocou no mundo”. Se alguns não podem ajudar financeiramente, poderiam ajudar com carinho, amor. Amly costuma chamá-los de “Beija-Flor”: chegam; quando chegam, a demora é pouca; estão longe de saber o significado da vida, se mãe é o ser mais precioso da vida; e não existe tempo nem obrigação, nem vontade, nem o querer de passar junto com ela os dias que lhe restam. É... cada um tem a sua própria consciência. Todavia, convém ressaltar que o tempo é soberano e irreversível; amanhã será tarde demais para retribuir o amor a “esta que deu a vida para que todos fossem felizes”.
Deus é misericordioso e Amly comentou que está cada vez melhor. O seu esforço é ficar boa para cuidar do seu “anjo protetor”. Não está preocupada; está fazendo a sua parte. Graças a Deus não está só: tem Ana Célia, que, se não fosse ela, Amly não poderia sozinha cuidar da mãe, devido às limitações da sua enfermidade. Pela manhã, geralmente acorda quase sem poder andar, as juntas incham, do braço, mão, joelhos, as dores reumáticas são intensas. Calmamente ela se medica, faz algumas massagens, costuma amarrar as dores, com ataduras, amarra o joelho, etc. Os afazeres e os cuidados do cotidiano são feitos por Ana Célia; dá o banho pela manhã, o alimento, troca pano de cama, etc. Amly sabe fazer tudo isso inclusive trocar fraldas, mas é que há dias que suas mãos não podem, estão inchadas e sem força. Ana Célia faz tudo isso, fralda, comida, remédio, administra a empregada. Amly lhe dá o suporte necessário para que tudo funcione bem. Ao amanhecer, arma sua rede ao lado do leito da mãe e passa lá o dia inteiro; ela não pode nem deve ficar só; apesar de lúcida, é totalmente dependente, até para tomar água. Amly é que faz a sua fisioterapia, ginástica, massagens, a companhia, o carinho, a dedicação, o “cafuné”, o coçar das costas, faz o dengo de que a mãe tanto gosta, lê para ela, conta história, coloca música, faz orações em voz alta e trabalha muito para manter a sua auto-estima. A maior felicidade é vê-la serena, sorrindo e feliz; mesmo doente, ela não se sente, porque a sua auto-estima está sempre em alta. Amly faz show, canta e dança; alguns acham ela é meio doida; tudo que faz é por amor, nada é por obrigação. Quase entrou em depressão no início da doença da mãe, porque queria que os outros dessem assistência. Pensou melhor e hoje, para ela, tanto faz... fará a sua parte, dando o que tem de melhor; a sua mãe significa a razão da sua vida. Privilegiadas são elas, quando se pensa que Amly e Ana Célia estão servindo à mãe; na verdade, é a mãe que lhes está servindo. São tantas as lições de vida, elas estão felizes em poder cuidar de alguém como Hilda Alves Freire, linda, compreensiva, paciente. Ensina-lhes a cada dia, a mais valorosa lição. Mesmo doente seu humor é espetacular, deixa Amly e Ana Célia com a certeza absoluta de que, apesar da doença e das pedras do caminho, estão vivendo a mais intensa e felicidade da vida. A presença do amor está a cada momento, no banho, na alimentação, fralda a ser trocada, no “xixi” que tem de ser limpo e no “cocô”; nas massagens de hidratante, no leite de rosas que se passa no corpo, no cortar dos cabelos e das unhas; ao trocar o lençol de cama, ao arrumar suas gavetas com as camisolas limpas e cheirosas, no arrumar sua roupa de cama, de banho e o quarto; ao medicá-la, ao colocar o colírio; é tudo um divino ritual. A mãe sempre dá um jeito, mesmo doente, de fazê-las rir; ela é cômica, engraçada. É tanto amor que elas estão vivendo. Não há sacrifício nenhum. Deus as tornou privilegiadas, pois é um privilégio servir quem já as serviu. Deus realmente proporciona às pessoas crescerem, evoluírem. Os que fogem nunca sentiram esse sentimento, mas quem sabe, um dia, enxergarão a oportunidade que sempre Deus dá aos seus filhos? Quem sabe, um dia, ‘em uma outra vida’.








Dualismo do Universo —
bem e mal, vida e morte...


O Universo está dividido em duas partes: o da “lei” de Deus, onde estão os bons; e dos revoltados “antilei”, que vestem a roupagem da vaidade, do não-amor ao próximo, da ambição, da maledicência; vivem longe do sol do amor de Deus, que pelo calor faz derreter e cair sentimentos inferiores que levam o homem a uma vida vazia, uma vida sem razão. O dualismo que a tudo domina demonstra-nos claramente que vivemos no universo despedaçado: bem e mal, vida e morte, felicidade e dor, luz e treva, sucessivamente. Antilei é o sofrimento na conduta do ser humano. A Lei de Deus quer dizer operar conforme a justiça. A “lei” é justa e imparcial; logo, quem semeia o mal colhe o mal, quem semeia o bem colhe o bem. Tudo na “lei” é profundamente honesto, sem possibilidade de escapatória ou burla.
Os seres não são iguais; encontram-se em posições diferentes. Cada um, conforme sua posição, comete erros diferentes e, pelo equilíbrio da “lei”, recebe exatamente a reação correspondente, mas adaptada a sua aprendizagem, a sua evolução, conforme sua conduta em relação à própria “lei”.
Entre as pedras ingratas do mundo e os espinhos da ignorância humana, Deus dá oportunidade aos seus filhos para que despertem e passem a viver de acordo com a lei divina, para que as trevas sejam iluminadas, amarguras consoladas, lágrimas enxugadas, espalhando esperança e renovando consciência.
Para a infelicidade humana, muitos insistem em fugir da sua infinita bondade, das suas mãos generosas que auxiliam na concórdia e luz, na segurança e fé, e que orientam para um ideal de vida. Esquecem que são seus moradores e servos cooperadores e devedores.
Tão bom seria ao contrário, arvorando o estandarte luminoso da paz, criando novo entendimento entre os homens e restaurando as fontes do infinito. A caridade — não há dúvida — será sempre a luz viva para os caminhos da eternidade, consolação dos aflitos, socorro aos desesperados da sorte; pão dos famintos, água viva aos sedentos da alma, lar dos órfãos, teto amigo dos enjeitados, asilo dos pobres sem rumo; estrela da esperança aos que vagueiam na noite da descrença, fortaleza aos fracos, hospital aos fracos, doentes de saúde física e de ânimo; será, enfim, salvação de todos os náufragos sofredores da vida.
A semeadura da nossa conduta está em nossas mãos. Está mais na hora de se plantar a humildade e o bem, para que as luzes celestiais resplandeçam na terra, através das lâmpadas de nossos corações.
Amemo-nos profundamente, distribuindo a felicidade com os nossos semelhantes. Aprendamos com Jesus, entendendo-lhe as lições divinas, no campo da humanidade.
“Se todos os dias fossem Natal...”
“Se todas as mães fossem Maria...”
“Se todos os pais fossem José...”
“Se todos os filhos fossem como Jesus de Nazaré...”
(Pe. Zezinho).



Reflitam sobre os seus pais, filhos ingratos!


O filho do Homem, ao nascer, é o mais indefeso de todos os seres vivos do Planeta. Para sua sobrevivência, necessita de ajuda para tudo: alimentar-se, dormir, andar, viver; de todos os conhecimentos que se fazem necessários para a sua existência no mundo; discernir entre o bem e o mal (as virtudes), os conteúdos para o aprendizado, no campo profissional, social, familiar, financeiro.
Os pais, nesse momento, são os adultos fortes que, com amor, carinho, atenção, doação total, amam incondicionalmente; amam os seus filhos pequenos e frágeis e desenvolvem-nos nesse cenário da vida que lhes foi determinado por Deus. Desempenham bem o papel que lhes foi confiado no plano de Deus e podem ser considerados “parte de Deus, intermediários de Deus”, pessoas de bem.
O bem que você fizer, Deus não precisa dele; pode fazê-lo maior e sem você. No entanto, Deus quer que você faça o bem, para que você seja bom. Deus pode fazer sem você todo o bem, mas não pode ser bom em seu lugar. Ser bom é tarefa eminentemente individual. Ninguém pode fazer isso por você; esse tipo de “procuração” a outrem não existe, é impossível. Ninguém pode fazer o outro ser bom contra sua vontade.
Os pais são fortes quando os filhos são pequenos e indefesos; e lhes dão tudo de que necessitam para que eles sobrevivam, vivam, cresçam e sejam felizes; são capazes de dar até a própria vida, renúncia e mais renúncias, noites e noites mal dormidas...
E quando fazem tudo que tem de ser feito (na realidade passam a vida toda presente), são capazes de olhar para os céus e dizer a Deus “Sou servo inútil, não fiz se não o que devia fazer”.
Assim os pais desempenham do melhor modo possível seu papel brilhante ou humilde no cenário da vida, e não fazem à espera de aplausos, para receber méritos, honrarias, títulos. Fazem por amor.
É triste constatar que a maioria desses pais desaparece em silêncio, por trás dos negros bastidores do esquecimento, da indiferença, do abandono, por parte da maioria dos filhos. Ingratidão, indiferença, desprezo, falta de atenção, carinho, amor, doação total... Eles sentem no âmago da alma, todavia não reclamam, embora muitos se sintam mortos muito antes de terem morrido.
Os anos passam, chega a velhice. Os filhos cresceram, já não dependem deles. Hoje, velhos e enfermos, passam a ser um peso, um embaraço de vida. Por tal razão, abandonam e ainda dizem possuir uma consciência tranqüila. Os anos passam. Hoje, os pais, velhos e enfermos, estão fracos, não servem mais para nada; infelizmente os pais recebem pela maioria dos filhos em troca do bem que lhes fizeram, todo o mal que não lhes fariam.
E o incrível de tudo é que esses pais, mesmo recebendo mal em troca, ainda continuam amando esses filhos ingratos: é o amor incondicional.
Podem sofrer serenos e calmos todas as injustiças do mundo, desprezo, abandono, indiferença... Pois se o amou, foi porque seu coração quis amar, se foi bom, é porque obedeceu à lei de Deus, cumpriu apenas o seu papel nas leis da Natureza; não buscou reconhecimento da humanidade inteira, muito menos dos seus filhos.
Pela lei não se podem negar os valores eternos. Uma das maiores virtudes é a gratidão. É o livre-arbítrio, “a consciência é o interprete da vida”. Somos vítimas de nós mesmos.
Deus é misericordioso, perdoa todos os seus filhos. Contudo a nossa consciência é que não nos perdoa; aí vem o remorso. A depressão, a loucura (as clínicas psiquiátricas estão lotadas). Sofreremos pelo que fazemos e pelo deixamos de fazer.
Os valores eternos são essenciais para Deus, enquanto ser humano a consciência dos atos é livre-arbítrio, “A semeadura é livre, a colheita é obrigatória”.
“Mais luminoso é para o herói a escuridão (os pais), dos bastidores do que para os covardes (os filhos ingratos), o fulgor da ribalta”.
Os pais, mesmo abandonados, injustiçados são felizes, conhecem o significado da vida, assim como Moisés desapareceu tranqüilo nas alturas do Nebo, porque introduziu o seu povo na terna do Canaã.
“Batista, morre feliz nas profundezas do cárcere porque levou a humanidade até a alvorada do reino de Deus”.
“Está consumado” — exclama o Nazareno do alto da cruz. “Não vale a vida pela extensão que ocupa no tempo e no espaço. Vale pela intensidade com que é vivida. Quem vive como deve, vive a sua vida em toda a plenitude - Vida feliz.”
Todas as vidas, incluídas das pessoas que amamos, têm um fim, o fim da vida humana que se chama de morte. Lembre que, quando você abraça seu filho, marido, mulher, amigo(a), está abraçando um mortal, aqui é apenas uma passagem.
É importante lembrar que a vida é finita. Os velhos e enfermos podem viver muito além das expectativas, das probabilidades; quem comanda é a vontade de Deus. As pessoas que envelheceram, adoeceram e hoje são abandonadas pela família. O que não deveria ser, muitas pessoas morrem gradualmente, envelhecem, adoecem. As últimas horas são as mais importantes. Contudo, muitas vezes a partida começa muito antes. A fragilidade dessas pessoas é muitas vezes suficiente para separar os que envelhecem dos vivos. Sua decadência as isola. Podem se tornar menos calorosos e seus sentimentos menos sociáveis, sem que se extinga sua necessidade dos outros. Isto é o mais difícil: o isolamento tedioso dos velhos e dos moribundos da comunidade dos vivos, o gradual esfriamento de seu relacionamento com as pessoas que eram afeiçoadas (e que hoje fogem dos velhos e enfermos, como o diabo foge da cruz), não querem obrigação, trabalho; hoje eles são um atropelo nas suas vidas.
A separação em relação aos seres humanos em geral, tudo que lhes dava sentido e segurança... Os anos de decadência são bastante penosos para quem é deixado só.
Muitos se individualizaram; um pai, uma mãe doente, velhos, causam grande transtorno. Os filhos agora têm suas próprias famílias e não se sentem na obrigação de cuidar daqueles que lhe deram vida; enterram suas consciências de justificativa, sendo que a consciência só pode ser enterrada em cova rasa.





O sofrimento fortalece a alma.


Algumas vezes aquilo que ameaça a nossa vida pode, também, fortalecê-la. Perdas e crises costumam ativar o desejo de viver. Quando isso acontece, podemos nos tornar maiores do que os obstáculos e liberta-nos de problemas que nunca nos abandonam.
Em (desde) 1989, a mãe de Amly teve seu primeiro enfarte. A região onde mora não dispunha ainda de exames necessários. Por orientação médica, Amly leva a mãe para a Capital. Tudo deu certo: fez um Ecocardiograma e em seguida, o cateterismo; não precisou operar-se, ficaria somente nos medicamentos.
Os anos transcorrem, com normais revisões, os novos exames, Amly acompanha a mãe em todas as outras visitas ao médico.
Em 2000, em um exame de rotina, a mãe fala para o médico que sente algo diferente na barriga, apalpa e sente volume; só que este se desloca: hora em um lugar, hora em outro. O médico solicita vários exames, tudo é feito, é constatado um cisto de 7cm; é necessário operar. Em 9 de maio de 2000, é feita a cirurgia. O seu médico cardiologista foi assistir à cirurgia e, como amigo da família, ao sair da sala de cirurgia, diz que foi um sucesso; nas suas mãos, em um recipiente plástico de tampa vermelha, ele diz que estava o cisto, sendo levado para fazer a biopsia.
Amly, ali sentada no sofá do corredor do hospital, rezava, rezava; não queria pensar em nada; a sua fé, que sempre foi grande, deixava-lhe forte, tranqüila.
Ela, a cunhada e a irmã foram avisadas de que a mãe já estava vindo para o quarto. Elas entram. No corredor, a mãe, ainda na maca, desacordada, o médico ao lado, os enfermeiros que empurravam a maca. Sem nenhum preparo, o médico diz alto que ela tem no máximo três meses de vida e que não adianta a quimioterapia: é um fato consumado.
Colocam a mãe no quarto, às quatro horas da tarde, aos gritos, a irmã e a cunhada. Amly fica nervosa, mas não acredita no que o médico diz; a biopsia não foi feita, não deu tempo, o “amigo” cardiologista nem chega ao laboratório que fica no Juazeiro-CE, o hospital é em Barbalha-CE; como ele pode ter certeza?
Os dias transcorrem, a mãe reage bem e logo recebe alta. Aí então, para o tratamento com Dr. J. A, especialista em C. A., ficaria sobre sua responsabilidade.
Foram dois anos. Amly vivia cada dia como se fosse o último; levava sua mãe para Barbalha mensalmente, fazia os exames, o resultado dava tudo bem. O médico ficou admirado, o estômago limpo parecia de criança. O médico sempre pedia a Amly o resultado da biopsia. Ela telefonava ao médico “amigo”, o que levou o cisto para fazer a biopsia; ele dava uma desculpa qualquer e nada de entregar o papel dos exames da biopsia.
A mãe ignorava o que foi dito pelo médico e todos concordaram em que ela não deveria saber.
A cada dia, ela estava cada vez melhor. Engordou, pele limpa, sedosa, disposta. Não perdia uma missa. Aos domingos pela manhã, Amly ia consigo e na volta vinha tirando fotos (Amly adora fotografar e a mãe adora ser fotografada).
Participava de festas em família, dançava; sempre foi muito alegre e divertida, mesmo depois da cirurgia.
Um dia, ela chegou a casa depois de acompanhar uma procissão e disse a Amly: “Eu tenho impressão de que esse povo pensa que eu tenho uma doença grave, pois chegam para mim e dizem que eu tenho muita sorte, pois a cada dia eu estou melhor e que isso é um milagre”. Durante dois anos, continuava fazendo revisão e todos os exames, o resultado sempre era muito bem, excelente.
Em um dia de consulta habitual, o Dr. J. A. chama Amly e diz que, durante todo esse tempo, ela não havia levado o resultado da biopsia e durante dois anos a ultra-som nunca acusou nenhum problema. Portanto, ele mesmo foi ao laboratório em busca do resultado da biopsia e lá nada consta, nunca foi feito o exame, porque o médico “amigo” nunca levou o cisto ao laboratório e garantia que o cisto não era canceroso, pois se fosse, ela teria morrido nos três primeiros meses que o cirurgião havia determinado. A alegria de Amly não dá para definir; é felicidade demais; ele diz que ela está de alta, chega de revisão, ela está ótima, pode até mesmo morrer amanhã, mas garante que não deste diagnóstico que deram.
Impressionante, um descaso, grande falta de profissionalismo, de consideração com a vida humana, o médico “amigo” nunca levou o cisto ao laboratório para que fosse feita a biopsia, simplesmente ele “achou”.
Amly agradece a Deus e não toma nenhuma providência na lei dos homens, pois que a mãe nunca soube de nada; se soubesse, ia sofrer. Amly acredita nas providências divinas e entrega a Deus, porque não entende tamanhã crueldade, indiferença de um médico em relação ao paciente.
É verdade, esses dois anos em que conviveu dia-a-dia com sua mãe não eram fáceis. Esse problema a abalou muito. O Lúpus piorou consideravelmente, mas ela não se desanimou. Essa crise ativava o seu sistema nervoso e a enfermidade voltava à estaca zero. Mas o desejo de viver, querer viver para dar a atenção, o amor, o carinho e os cuidados de que a sua mãe ora necessitava, era a sua motivação para lutar contra a sua enfermidade; queria ficar boa, porque doente, como iria cuidar da sua mãe? E ela era mais forte do que os obstáculos que ora enfrentava.
É como se a sua doença, o Lúpus, ficasse imunizada. Tinha ela o desejo de viver. A motivação foi a responsável por toda a sua força; esse desejo lhe dava vida e a libertava até mesmo das dores reumáticas que precisava suportar.




Do que o amor é capaz


Quem não se sentiria a pessoa mais feliz do mundo? A mãe não tinha C. A.; apenas a falta de consideração de um médico “amigo” fez dois anos da vida de Amly quase se acabarem. O Lúpus piora quando os problemas emocionais são intensos. Ela suportou firme, nunca perdeu a esperança; era este seu lema: viver um dia de cada vez. Lutava muito para controlar as suas emoções. Ao amanhecer, o pai chegava para ela e dizia: “Hein, minha filha, o que vamos enfrentar hoje?” Ela responde: “Calma” e tentando também ajudar ao pai, responde que “hoje e todos os dias, até quando for a vontade de Deus, vamos dar o melhor que há em nós: amor, atenção e alegria de que ela precisa nesse momento. Vamos fazer ela se sentir a pessoa mais amada e feliz do mundo. Nada de choro nem desespero; ela não pode sentir esse clima”.
E ao amanhecer, os cuidados de rotina: banho, alimentação, limpeza no quarto, a casa sempre arrumada como a mãe sempre gostou, música ambiente o dia inteiro, ainda com resquícios da cirurgia, os pontos ainda não cicatrizados totalmente. Amly a sentava na cama e começavam a dançar: os braços para cima e para baixo, mãos de bailarina, uma terapia que dava alegria; a mãe sempre amou dança. Ouviam de tudo: Cid Moreira, música de igreja como a oração de São Francisco e outras, as parábolas, samba, serenata, meditação. Amly adora contar piadas e, de vez em quando, conta uma ou coloca o CD de piadas e assim passavam os dias. O pai entrava no quarto e esquecia o diagnóstico. Ela estava ótima. Um dia, ele entrou; as duas estavam dançando (os pontos já estavam cicatrizados) e ele dizia, sorrindo: “Estão ficando doidas”. Fotos eram tiradas de todo modelo; todo dia era uma festa, uma alegria, nada de lamúrias e lamentações.
Há coisas que se podem controlar e outras, não. O que pode, deve ser controlado. A vida deve ser triste ou alegre, de lamentação ou aceitar os obstáculos e de tentar vencê-los ou ficar paralisada, esperando que o pior aconteça — você é que escolhe. A morte, ninguém pode controlar; os desígnios de Deus são inquestionáveis. Amly escolheu viver o presente, esquecer o ontem, não pensar no amanhã. Foram tantos anos “maravilhosos” de felicidade intensa. Nunca viu a mãe triste, tensa, nervosa, ansiosa. O ambiente é de paz, serenidade e de muito amor; o amor gera paz e segurança.
Quando ela dormia, Amly recolhia-se ao seu quarto. Não nega: quando se lembrava do C. A., Amly chorava muito, baixinho, precisava descarregar. Ao amanhecer, ela precisava estar novamente bem disposta, alegre para passar segurança à mãe e pronta para enfrentar todos os obstáculos que porventura acontecessem. O objetivo principal de tudo é ter forças para dar o conforto da alegria, da serenidade, da paz de espírito — fazer de cada dia uma grande festa e irradiando felicidade.








Um anjo surge na família de Amly:
Dr. Metom de Alencar.


A vida continua, e seguindo em frente, continuam todos. A mãe de Amly recupera-se total da cirurgia e não há mais motivos para sofrimento. Dar continuidade à vida normal. Como nada ela sabia do médico “amigo” e desde que sofreu o primeiro infarto tratava-se com ele, durante todos esses anos (15 anos), fez tratamento com ele, era normal, ela o amava e confiava. Se fosse falar em mudar de médico, ela não aceitaria, ou então teríamos de contar tudo o que aconteceu; isso não era possível, seria cruel para ela, ela poderia de fato morrer de tanta decepção.
De cabeça erguida e agindo racionalmente, Amly vai com a mãe para as revisões de rotina, de 2002 a 2004. Tudo transcorreu normal; ele não fala sobre a biopsia e nem Amly. Mas há um clima diferente: confiança não existe mais. A irmã de Amly havia ido falar com ele e disse-lhe um monte de verdades; queria ela que providências jurídicas fossem tomadas. Mas Amly preferiu as providências de Deus.
Em agosto de 2004, Amly viaja para Fortaleza; o Lúpus tem de ser tratado. A irmã garante que leva a mãe ao médico; iria fazer uma endoscopia no Juazeiro. Amly viaja no domingo, e na segunda-feira, chega a Fortaleza. Vai ao médico, faz os exames. Na terça-feira, a irmã leva a mãe ao Juazeiro para fazer os exames. Quando chega a Barbalha, ela se sente mal. A irmã telefona para o médico “amigo”; ele diz que não pode atender, que qualquer médico do Hospital São Vicente podia fazer isso. É, há ressentimentos; a indiferença com que ele tratou a mãe de Amly é notória; o profissionalismo não existe. Agora, ele sendo médico, essa atitude é cruel demais. É uma vida humana, ressaltando mais uma vez que ela já se tratava com ele desde 1989, durante 15 anos.
Cada ato de agressividade, crueldade, que ocorre neste mundo, tem como origem básica uma criatura que ainda não aprendeu a amar. Simplesmente aquele médico perdeu a oportunidade que Deus lhe concedeu para reparar o seu primeiro descaso em ralação a sua paciente. Errou uma vez, jogando fora o cisto ao invés de levar para o exame: dois anos de sofrimento para os que sabiam e principalmente para Amly (o Lúpus não perdoa os problemas emocionais). Deus deu a oportunidade: esse médico foi chamado para salvar uma vida, a mesma que ele prejudicou pouco tempo atrás. Ele a menospreza — menosprezar é um sentimento pelo qual as pessoas se colocam acima de tudo e de todos —, avaliando com arrogância os acontecimentos e os fatos do alto da “torre do castelo”, do seu orgulho.
Ele não foi. A irmã de Amly manda parar o carro em frente à emergência do hospital São Vicente. Em frente, ela escuta um som: era feriado municipal em Barbalha; e em seu consultório, está Dr. Metom. Ela entra, chorando e conta-lhe tudo. Ele se levanta rápido e vai direto para a emergência, lhe dá o socorro, medicando-a e a interna.
Ela tem plano de saúde. Na época da cirurgia, não tinha. Tudo fica mais fácil: da emergência vai direto para um apartamento e fica sob os cuidados desse aliado — um anjo que hoje faz parte da vida, não só da mãe de Amly, mas de todos da sua família.
Ele nem conhecia a mãe de Amly. Estava de folga e, mesmo assim, atendeu; agiu com coração. O profissionalismo, a competência, a generosidade, o amor ao próximo, não há palavras para defini-lo; tamanhã sua bondade. Resta agradecer a Deus, por ainda existir médico desse quilate.
Escolhemos amizades inadequadas. Na maioria das vezes, não analisamos suas limitações e possibilidades de doação, afeto, sinceridade e, quando recebemos a pedra da ingratidão e da traição por parte deles, culpamo-los. Certamente esquecemos que nós mesmos é que nos iludimos: queremos que as criaturas dêem o que não podem e ajam como imaginamos que devam agir.
Foi o que aconteceu: conterrâneos, vizinhos, Amly criou-se da sua casa para a dele e imaginou uma amizade sincera; tê-lo como médico da sua mãe era a maior segurança; nunca ia esperar uma atitude tão cruel.
Quando gostamos de alguém imensamente, alimentamos a idéia de que esse mesmo alguém possa corresponder ao nosso amor, à nossa amizade sincera; e assim, criamos sonhos românticos entre fantasias e realidades.
Em Fortaleza, Amly recebe um telefonema da irmã. Ela conta o acontecido e que ela podia ficar tranqüila e terminar o tratamento; a mãe estava bem, medicada, internada e sob os cuidados de Dr. Metom. Isso era na terça-feira, a uma hora da tarde. Amly não pensa duas vezes: arruma a mala e volta para o Cariri. Chega às cinco da manhã da quarta-feira. O seu sobrinho Rogério a espera em Barbalha. A estrada por onde veio foi a do Algodão, a que vinha direto para Missão Velha; não passava mais carro.
Era cedo para ir ao hospital. Vai para Missão Velha, deixa os pertences, toma banho, café e volta para Barbalha; quer ver a mãe. Ao chegar, tudo está em ordem. Conversa com Dr. Metom e, no mesmo instante, tem a certeza absoluta: encontrou um anjo, não tem dúvida; é um médico humano, amável, gentil, justamente da especialidade que a mãe necessita: Cardiologista. Mais uma vez, agradece a Deus por tê-lo colocado nas suas vidas. A mãe, ao vê-la, abraça-a, diz que está bem, pergunta-lhe se ela fez os exames. Ela responde que fez e que está ótima. Felizes se abraçam.
¬O quadro de saúde da mãe agrava-se; e na quarta-feira à tardinha, ela é levada para a UTI. Imagine o sofrimento de quem tem um ente querido na UTI. Você fica em umas cadeiras do lado de fora; existe lá uma Nossa Senhora linda, enorme. Amly de lá não sai; rezava, rezava; a oração lhe faz se sentir forte. Sexta-feira, já era de tarde, e quase todos da família estavam lá, na entrada da UTI. De repente, Amly vê o médico “amigo”. Ele olha, vê toda a família e imagina o que está acontecendo; vem até onde Amly está e diz: “Eu vou entrar lá na UTI e ver D. Hilda”. Amly nada responde. Quando volta, diz que ela está bem e que Dr. Metom não tem direito de cuidar dela, pois ela é sua paciente. Analisando bem, ele foi chamado na terça-feira, quando a mãe de Amly passou mal; disse que não podia. Tudo bem: vai supor-se que não podia; mas, de terça-feira até sexta-feira, ele não ligou e nem foi ao hospital para saber da sua paciente e se estava ali, naquele momento, é porque foi atender um paciente, amigo pessoal; não estava ali por causa de D. Hilda.
Dr. Metom chamou a família e disse-lhe que ficasse à vontade; não é pelo fato de ele ter dado início desde os primeiros socorros que deveria ficar tratando; e que, se o médico “amigo” queria continuar o tratamento, ficassem à vontade. Amly, juntamente com a família, já havia decidido: aconteça o que acontecer, é com Dr. Metom que o tratamento continuará.
No sábado, a mãe de Amly, para a alegria de todos, sai da UTI; e quando Amly chega ao apartamento, está lá, ao lado do leito da mãe, o médico “amigo”, Dr. M A L, acompanhado pelo seu pai e a irmã de Amly. A mãe já bem segura nas mãos do Dr. M. A. L., e diz: “É, você me abandonou quando eu mais precisava de você. Como pode fazer isso comigo? Eu sempre te amei desde pequeno. Você cresceu, estudou, se formou. Eu confiei a minha vida nas suas mãos; em 15 anos, me tratei com você, e na minha maior necessidade, você me deu a indiferença. Não há mágoas no meu coração, mas não faça isso com mais ninguém. Eu fiquei triste e decepcionada e para me mostrar que Ele existe — digo que Deus existe — Ele colocou Dr. Metom na minha vida e quero ficar com ele até os últimos instantes da minha vida. Não tenho raiva, ódio, mas não posso ficar mais com você. Onde não há confiança, não há segurança. Que Deus te dê muita saúde e que seja muito feliz. Vou continuar gostando de você; o meu amor não se acaba devido a sua atitude de não-consideração, afinal somos seres humanos”. Ele, Dr. M A L tenta se sair dessas palavras ditas com suavidade e em bom tom.
O pai do médico chama Amly e a irmã e pedem para irem assinar um papel, onde passaria os cuidados da mãe para o médico “amigo”. Nada feito. Já estava decidido: Dr. Metom continuaria — explicou Amly e a irmã. O Dr. M A L saiu, batendo a porta com muita raiva. Como ele tinha outros pacientes no hospital, Amly o viu várias vezes; ele passava quase todos os dias em frente ao apartamento da mãe de Amly; nunca entrou nem para saber como estava ela; o seu rancor, orgulho, a falta de amor ao próximo é bem maior do que seu profissionalismo.



Deus existe e nunca nos abandona.


Desde 2004, o médico da mãe de Amly e de toda a família, é Dr. Metom. Deus é maravilhoso, sempre mostrando que existe e que nunca nos abandona.
Foi um grande sofrimento passar por tais fatos. Deus mostrou que na vida há vários caminhos, varias direções, há diversos modos de resolver uma situação. O desespero não ajuda em nada; é agir, procurar soluções para os problemas; em vez de achar que tudo está perdido, é lutar e não desistir, é buscar novos caminhos; desistir é muito cedo.
Todo sofrimento é um ato importantíssimo de conhecimento e de aprendizagem.
Se bem entendermos as verdadeiras intenções das lições a nós apresentadas, retiraremos tesouros imensos de progresso e amadurecimento espiritual.
As dificuldades que a vida nos apresenta sempre têm um caráter educativo.
A vida é uma batalha, uma escalada contínua, desde a alvorada até o anoitecer.
A estrada da vida é áspera e acidentada, com muitas pedras no caminho; somente com coragem e vontade de vencer pode alcançar o auge, um dia.
Para alcançar o nosso objetivo, é necessário muito esforço. A caminhada não é fácil, a trajetória que percorremos nem sempre está coberta de flores.
É justamente ao superarmos privação dia após dia que nos tornamos mais fortes em nossos diversos poderes. Haverá muitos na estrada da vida para preveni-lo(a) do perigo que você enfrentava, sugerindo que você volte atrás, desista dos seus objetivos e que com eles volte os seus passos.
Aí você mostra a sua coragem, segue em frente, pela sua fé. Prossiga sempre para as alturas sublimes; não volte nunca ao conforto da felicidade. Você irá sempre encontrar luz voltada para o Sol e sombras ao fundo, se você quiser.


A reflexão pode mudar nossa vida.


“Bem-aventurados os soberbos porque irão sofrer tantas humilhações até aprenderem a lição da humildade, e assim, deles será o reino dos céus. Bem-aventurados os que gozam demais, só pensando em si e além dos limites razoáveis porque terão que sofrer necessidade e abandono, até aprenderem a regra da justa medida e do amor ao próximo e, então, serão consolados. Bem-aventurados os prepotentes, os ferozes, os guerreiros porque tanto serão esmagados pela prepotência, ferocidade e agressão dos outros que se tornarão mansos e, desse modo, herdarão a terra. Bem-aventurados os que sustentam e praticam injustiça, porque tanta injustiça terão de receber que compreenderam quão duro é ter de estar submetido a ela; que, por terem aprendido a sua custa, terminam por ambicionar a justiça e destas serão feitos. Bem-aventurados os desapiedosos, porque não encontram misericórdia e, por demais a invocarem para si, sem recebê-la, compreenderão a bondade e o perdão, alcançando assim, a misericórdia. Bem-aventurados os que não são limpos de coração, porque ficarão submersos na ignorância e com os conseqüentes erros e dores, purificarão seu entendimento e, por isso, compreenderão a lei e verão a Deus. Bem-aventurados os que gostam de brigas e disputas, porque, pelo fato de não conseguirem encontrar paz, almejá-la-ão e procurá-la-ão em toda parte que se tornaram pacificadores quando chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que perseguem com injustiça, os justos, porque tanto serão perseguidos pela sua própria injustiça, que aprenderão a ser justos, e então deles será o reino dos céus... Exultai e alegrai-vos todos vós que quereis rebelar-vos contra a lei, porque grande é o sofrimento que vos espera e assim aprendereis a lição da obediência pela qual ganhareis um grande galardão nos céus.”
Nem mesmo a enfermidade deve fazer de você um revoltado; aceite e terá qualidade de vida. A revolta leva o indivíduo ir contra lei, o que em nada contribui para sua melhora; o coração vazio de amor, de humildade, justiça, lealdade... Pesa mais.






O que desafia o corpo
pode desenvolver e fortalecer a alma.


Daí para cá, houve outras internações. Dr. Metom sempre generoso, profissional, amigo disposto a atender a qualquer hora do dia ou da noite: ele é um médico que ama a profissão, praticamente mora no hospital.
Em 18 de fevereiro de 2006, a mãe de Amly tem um AVC, foi levada às pressas ao hospital. Amly vai com ela, todo tempo fazendo massagem. Dr. Metom foi avisado e quando lá chegou, ele já estava esperando. Foi medicada na emergência e depois levada para um apartamento; foram 37 dias hospitalizada. Amly nunca perdeu sua fé, enquanto os outros achavam que ela sairia morta do hospital. Foi sondada para que pudesse se alimentar, o quadro era difícil. Toda tarde, Amly estava com ela, fazia as massagens, cantava para ela: “Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você. Nem mesmo o sol, nem as estrelas, nem mesmo o mar e o infinito...”. Trabalhava sua auto-estima, que ela estava linda, corada, ela sorria com as histórias que Amly contava. Devido ao Lúpus, a autodefesa de Amly era muito baixa, a mãe não aceitava que ela dormisse no hospital, a alergia do ar condicionado, à tarde Amly levava agasalho. Mas houve noites em que Amly “desobedeceu” e dormiu no hospital.
Ela se recupera e tem alta no dia 25 de março de 2006, sai com a sonda, passou mais de cinco meses, orientada por Dr. Metom e a nutricionista Dra. Rosângela. Amly e sua irmã Ana Célia, que sempre cuidam da mãe, estimulavam com a espátula, colocava um pouco de alimento da sonda para ela sentir algum gosto e ir se acostumando. Outro problema sério era o pulmão: era muita secreção, o seu quarto foi transformado em quarto de hospital, cama de hospital, balão de oxigênio. Ninguém acreditava que se recuperava.
Amly não desiste nunca. Ela e a irmã passavam 24 horas do dia ao lado da cama. Quando ela tossia, tiravam a secreção com gazes finas; deram início no dia 6 de abril e dia 13 de abril ela já não precisava de oxigênio. Ela dizia: “Filha, você não tem nojo?” Amly dizia à mãe: “Mamãe, isso não existe”, o amor é tão grande que esses detalhes são irrisórios. Dia, noite, o cansaço físico era superado pelo amor. A maior felicidade é amenizar o sofrimento dos que amamos. Vê-la bem, dormindo serena é para Amly uma dádiva de Deus.
São oito filhos. Só ficou Amly e Ana Célia para cuidarem dela desde sempre, da casa e do pai, que vai fazer 86 anos.
Os outros alegam que são casados, não têm obrigação. Um mês e meio que a mãe tinha voltado para casa, “eles” se reuniram e contrataram uma auxiliar de enfermagem — duas tardes e duas noites, elas se cotizaram. Foi uma experiência terrível: o horário e os dias (tardes e noites), era ela que determinava, pois trabalhava no hospital; aqui com a mãe de Amly ia depender da sua escala. Quando dormia, quatro da manhã, já acordava a mãe de Amly, ela precisava deixá-la banhada e dar-lhe o alimento de madrugada, pois tinha de assumir no hospital. Amly e Ana Célia nem dormiam, já tinham de estar lá. Ela iria sair e a mãe não poderia ficar só. Tinham de aceitar, para não haver problema; os irmãos iriam dizer que ela (Amly) e Ana Célia estariam dificultando. Tratavam muito bem a auxiliar. Não durou muito tempo: “eles” dispensaram a auxiliar sem menos avisar; ela só passou 1 mês e 2 semanas. Segundo eles, a despesa era grande e não podiam mais pagar. Nem poderia pagar a alguém e nem podem ajudar, não se sentem na obrigação. Enquanto vida tiver, mesmo com saúde fragilizada nada faltará; há dias que Amly está chagada com fungos, inchada, mas não desiste, porque Deus é misericórdia; ela não cuida por obrigação, mas por amor. Ana Célia é doente, porém vai levando; tudo em ordem, é bem cuidada, amada, nada lhe falta, e tudo é feito com amor e carinho. Elas fazem a parte delas; os outros, ninguém pode forçar ninguém a enxergar as leis divinas; quem nega mãe... A Bíblia traz a palavra de Deus. Cada um possui o seu grau de evolução e a sua consciência. Elas, no início, queriam porque queriam que todos dessem assistência, para evitar conflitos e que Amly entre em depressão, deixou pra lá. Hoje é indiferente: se eles vêm visitar ou não. A vida é cheia de mistérios, provação; você não sabe onde seus pés tropeçarão amanhã. Pecamos pelo que fazemos ou deixamos de fazer.
Amly estava muito doente; em agosto de 2006, quase não via nada e em setembro, com insuficiência respiratória, passou 10 dias internada no hospital São Vicente, com problema sério de coluna, além do Lúpus. Dr. Metom tratou-a. Depois fez RPG com Dr. Walmir, médico excelente; Amly já o adora porque ele lhe tratou com muito profissionalismo e amor, carinho; Dr. Metom só podia indicar pessoa desse quilate.
Os dez dias, Ana Célia passou a cuidar da mãe.
Amly já está de volta, está bem, caiu, levantou-se, o desejo de cuidar faz com que fique boa. A sua alma não se cansa de lutar e amar a mãe.





Dores e sofrimentos — dosagem para a evolução


A vida de Amly é uma vida normal. O ideal seria que ela evitasse problemas emocionais devido ao Lúpus Mas é impossível: ela vive em sociedade; então os acontecimentos sobre todos os aspectos são vividos por ela; por essa razão, trabalha muito, para vencer todos os obstáculos, exercitando o domínio das emoções, da coragem, da determinação, de vencer o medo, e a cada experiência vivida, sente-se mais forte, preparada para o problema seguinte.
Um problema leva a outro, cada resposta provoca outra pergunta. Não se pode fugir das desilusões e dos sofrimentos da vida; é um quadro único em que cada coisa está conexa a outra, e todos os fatos e problemas estão ligados entre si.
Dessa forma, iremos assim avançando de maneira a compreender cada vez melhor qual é o grande plano com que Deus nos dirige e como dirige o Universo.
Quantos impasses encontramos na vida! Por tal razão faz-se necessário entender como funciona o jogo da vida, as suas causas e finalidades que no geral parece cruel e sem sentido. A felicidade que todos os seres procuram parece ser impossível de ser encontrada. A crueldade desse jogo é o indivíduo ter absoluta necessidade de uma coisa que nunca chega a possuir.
A vida é luta, é batalha, é esforço para realizar uma conquista. Nunca devemos desistir dos nossos sonhos, desejos. O Homem nunca deve parar —, o que lhe é inerente; o Homem acostuma-se a tudo e tudo perde o valor com o hábito. A satisfação habitual de todos os desejos acaba no enfado. Tudo vale e satisfaz enquanto é luta de conquista, esforço para realizar. Haveria o tédio se, depois de atingida a primeira, não surgisse outro desejo para alcançar resultados maiores e com isso um novo esforço.
Desfrutaremos de uma satisfação na proporção da necessidade que ela vai compensar, e do esforço que fizermos para atingi-la.
É encantador no jogo da vida: comer quando temos fome, beber quando estamos com sede, e possuir as coisas que necessitamos e pelas quais lutamos. Quem tem e sempre teve de tudo, de tudo está farto e cansado. Se não tiver tido uma orientação moral, espiritual, pode até destruir o desejo de viver; é justo que seja assim porque se trata de uma vida inútil. No jogo da vida, ouvimos sempre: “Não há crescimento sem dor”. Crescemos à medida que lutamos para vencer obstáculos ou alcançar uma meta. Lutando, estamos dando o significado a nossa existência; em cada luta, aprendemos a reformar-nos intimamente em relação a vários aspectos da vida, como a bondade, a paciência, a solidariedade, a lealdade, o amor ao próximo. A dificuldade nos torna fortes, mas sábios; os erros que cometemos na busca das nossas realizações fazem-nos ficar experientes.
É saudável ver nesse jogo (da vida) motivo para nos tornar cada vez melhores e não amargos, bons e não maus, satisfeitos e não revoltados.
Os desafortunados são os que nasceram demasiadamente ricos, os que nunca tiveram necessidade, nunca fizeram esforço nenhum, não lutaram, também não aprenderam alguma coisa essencial para a existência humana. Esses nada têm a desejar, a não ser futilidades ou se acharem vestidos na roupagem da vaidade, egoísmo... Muitos desses nada entendem de amor ao próximo e muito menos sobre a palavra de Deus.
É uma realidade clara, evidente: nós mesmos somos constituídos de maneira que não é possível aprender e progredir, sem desejar, lutar e sofrer. E como somos, queremos permanecer o mais possível apegados à vida dentro dessa dura escola, de modo que seja feito até no último dia, todo o esforço para aprender a lição que nos é indispensável ascender. Essa é a mecânica interna do jogo da nossa vida.
Deus nos oferece esse método sábio e maravilhoso para nos impulsionar no sentido do alto, sem constrangimento. Somos livres porque, se não o fôssemos, não poderíamos ser julgados e responsáveis, e obrigados aceitarmos as conseqüências dos nossos próprios atos. O esforço, o lutar, a busca na realização dos nossos desejos, necessidades faz com que aconteça a evolução; essa evolução é para o bem da criatura, porque a evolução é a senda da felicidade.
É através das lutas, das batalhas no jogo da vida que a criatura aprende cada vez mais a arte do sábio comportamento, com disciplina, ordem e obediência à lei de Deus, até não ir mais bater contra as duras paredes dessa lei, livrando-se do choque da desilusão e sofrimento.
A ponte que nos leva aos andares superiores está sempre aberta a todos os problemas; é descobrir onde ela está, para ela entrar, galgando os degraus de ascensão com o próprio esforço. Esse, sim, é o caminho lógico, justo, sem enganos para se vencer a dor e aproximar-se da felicidade. A felicidade que o mundo promete sem exigir esforço é fácil e cômoda, mas desvanece como bolha de sabão. Só muita ignorância para acreditar que seja possível ganhar o que não merecemos.
Há um meio certo para escapar da dor. Esse meio é a evolução.
A angústia da busca é melhor mil vezes do que a paz da acomodação. Correndo atrás das suas miragens, o Homem vai trabalhando, experimentando e, assim aprende a encontrar o caminho certo, desenvolvendo a sua inteligência. Cada desilusão é uma lição aprendida, um erro no qual não cai mais, um degrau ultrapassado na escada da evolução.
Por razões profundas é que pouco a pouco vemos a evolução. É como a subida de uma montanha: temos de subi-la com os nossos próprios esforços. A maioria de nós deixa-se levar pela preguiça e preferimos ficar sentados à beira do caminho; desse modo, não nos afastamos do pântano que se encontra na base da montanha e nele estão todas as dores —, enquanto no seu cume, estão todas as felicidades. O terreno, porém, a ser vencido na subida é de pedras, escorregadio, cheio de tropeços. Paramos, então, desanimados, porque, enquanto a alma almeja felicidade, temos de enfrentar sofrimentos. Procuramos de todas as maneiras fugir deles, seguindo travessas mais fáceis ou atalhos para encontrar o caminho da felicidade. Para nossa comodidade, queremos enganar e contraverter a lei; mas, como é lógico e justo, não conseguimos dessa maneira ludibriar a nós mesmos, porque, ao invés de chegar a felicidade, chegamos à dor.
A lei é dura e justa, honesta e não nos engana. O esforço para subir recebe a sua recompensa e, a cada passo à frente, sobe-se um pouco no caminho que nos afasta do sofrimento e leva-nos a felicidade. Cada prova superada representa uma conquista de sabedoria, um desenvolvimento de inteligência, um enriquecimento de experiência e um amadurecimento superior que nos confere novos poderes, os quais nos ajudam a subir sempre mais rápida e facilmente. Cada luta vencida contra a inferioridade da própria natureza é um degrau escalado; significa crescer em estatura por ter atingido uma posição mais elevada, é um empeno removido para nos erguermos, ganhando cada vez mais altura.
À medida que subimos, tudo se transforma: o terreno, a paisagem, o ambiente, a visão, o ar que respiramos —, como se transformam também para a espiritualidade, os próprios conceitos de liberdade e felicidade.
O homem que não entende a importância da obediência da lei, aumenta a dor, o sofrimento, as desilusões. A obediência é o nosso único apoio porque fora dali, estamos fora da vida. A fuga da dor não está na revolta; isso piora a situação. Quando uma máquina não funciona, não é possível alguém ser tão ignorante que acredite poder consertá-la com pancadas e pontapés. Saindo dos trilhos da estrada, não conquistamos a liberdade, mas caímos no abismo. O Homem acostuma-se a iludir as leis humanas e julga possível e vantajoso fazer o mesmo com a lei de Deus. Como se pode evadir, se ela está dentro de nós, representando a nossa própria vida, e se nos afastamos dela conduz a morte? É possível burlar as leis humanas, mas não é possível enganar as leis de Deus. Essa lei está em todos os lugares e em todos os tempos, dirigindo a vida, a vida em todos os seus níveis. Ela existe para todos. Ninguém lhe escapa, qualquer que seja sua filosofia ou religião. A lei de Deus é a lei universal da vida, como universais são as leis do mundo físico e dinâmico que dela fazem parte. Nesse caso, trata-se das leis morais e espirituais, positivas como as outras e que um dia a ciência descobrirá para o homem do futuro.
É muito doloroso ver o mundo cair em tantos sofrimentos pela ignorância de uma coisa tão importante e evidente, que é a presença e funcionamento da lei. Quem compreende tudo isso fica a perguntar-se como é possível que, para aprender uma lição tão clara, sejam necessárias tantas dores e desilusões? E que, para impelir o homem a cumprir sua trajetória evolutiva representando o caminho da própria felicidade, sejam necessários tantos sofrimentos? Como é possível não se perceber esta verdade: quem se rebela contra a lei não gera se não dano contra si próprio? Por que não conseguem enxergar que, semeando o mal, semeia para si tantas dores?




A riqueza está na verdadeira amizade.


Os acontecimentos na vida de Amly aumentaram em muito na sua conduta, reflexões profundas a respeito da vida.
Todos os sofrimentos em relação à saúde, por exemplo, aumentaram a sua fé, explicaram sua visão. Ela não sabe explicar, mas, desde criança já era bastante determinada, como já falou anteriormente; a asma nunca a impediu de estudar, brincar, ser alegre, otimista.
Hoje, convivendo com o Lúpus, não é diferente: os obstáculos cresceram, as dificuldades estão sempre presentes.
Mas ela não desiste nunca de lutar. É teimosa, é verdade, mas, quem sabe, é essa teimosia que a faz ir sempre em frente.
Alguns a acham autoritária, gosta de mandar. O seu amigo fraterno Edilson Santana, de vez em quando, chama-lhe a atenção; ele é autoritário, promotor de Justiça. É difícil para ele receber ordens de Amly, que, quando quer algo, quer e pronto, não gosta de esperar muito tempo. Eles trabalham juntos com o projeto Receita Para Ser Feliz, já faz 20 anos. O projeto é um grão de areia, mas já realizaram e realizam trabalhos, objetivando ajudar o próximo; é um projeto independente. Existe a afinidade, é visível; ambos têm uma só visão: fazer os outros felizes, ajudar no que for possível. A cultura faz parte das suas vidas. Ele a incentivou a entrar no mundo literário, ela abraçou a idéia; primeiro a incentivou à leitura, depois a escrever o seu primeiro livro, “Educação Política”. Para ela, ele é também o seu médico espiritual, seu mestre. Desde o diagnóstico do Lúpus, ele é presente nos melhores e piores momentos, dando-lhe forças, motivando-a, nunca a viu como fraca. Ele admira o seu trabalho, acha que ela é inteligente, confia no seu potencial. Os trabalhos do projeto são todos dirigidos por ela, pelo fato de ele morar em Fortaleza. É ela que administra tudo, ele lhe manda os subsídios, livros, CDs, filmes, etc. E a biblioteca humanista está a cada dia crescendo na quantidade e na qualidade do acervo; é ainda pequena, mas existe e está servindo e auxiliando a muita gente; está fluindo juntamente com o pavilhão cultural. Por outro lado, ela sabe muito bem que também o admira profissionalmente; e como pessoa, ele possui uma grande e bondosa alma. Sem a sua parceria, Amly sabe que nada disso existiria. Ele diz a mesma coisa em relação a ela: que se não fosse Amly, nada disso existiria.
Ela quer deixar claro: não é fanatismo; são fatos; é muito verdadeira e transparente, gosta de dizer que é feliz, pois Deus colocou muita gente linda de espírito, que conhece os seus ensinamentos, as virtudes, e que sabem amar o próximo; são pessoas bondosas, generosas, leais, fiéis.
Recebeu uma carta do amigo Edilson no dia 7 de março de 2002, em um momento em que estava realmente necessitando. Ao ler, sua vida mudou para melhor, pois a mesma lhe permitiu fazer ricas reflexões, meditações, que, apesar do sofrimento, é graças a ele o seu crescimento espiritual, e se essa carta a ajudou, poderá ajudar outras pessoas também. Por essa razão, quer deixá-la aqui registrada.

“Fortaleza-CE, 7 de março de 2002

“Ilustre e especial professora Hilma,
“Algumas doenças vêm para ficar. Não adianta reclamar. Eu, por exemplo, tenho uma alergia incurável. Se vêm para ficar, é preciso fazer o que a gente faria caso alguém se mudasse definitivamente para a nossa casa: arrumar as coisas da melhor maneira possível para que a convivência não seja dolorosa. Quem sabe, pode até tirar proveito dessa situação?
“Então vamos tratar nossas doenças como nossas amigas. Notadamente como mestras que podem nos tornar mais sábio.
“Toda doença tem uma função primordial: através dela se pode chegar a um maior conhecimento de nós mesmos. Se ficarmos amigos de nossas doenças, elas nos darão muitas lições sobre uma sábia maneira de viver: trata-se da aceleração contínua de um processo de crescimento que nem todos terão oportunidade na vida.
“Você ainda não se deu conta disso? A criação, a imaginação, o progresso, são frutos do sofrimento!
“Deus somente pôde criar o Universo porque estava doente de amor.
“A saúde, muitas vezes embrutece os sentidos. A doença os ressuscita.
“Por conseguinte, nunca briguemos com nossas doenças. Se vierem para ficar, trataremos, de logo, de aprender o que elas têm para ensinar.
“Todos os filósofos foram doentes. Os artistas, também. Foi a doença que lhes deu sensibilidade.
“Agradeçamos, pois, a Deus pelas nossas doenças que nos redimem e fazem-nos evoluir e ter a capacidade de enxergar as cores do crepúsculo com os olhos da alma.

O amigo
Edilson Santana.”





O significado da vida: amor-doação total


Em 18 de fevereiro de 2006, a mãe de Amly tem um AVC. É levada ao hospital quase morta. A irmã Ana Célia vai fazer o asseio matinal e a encontra desfalecida; grita por Amly, desesperada. Esta corre e quando viu o estado da mãe, não pensa duas vezes: com ajuda de amigos que a colocaram no carro, vai com ela para Barbalha com o amigo Jarbas o qual ia dirigindo. Na saída chega um dos irmãos, que entra no carro e também vai. A irmã Ana Célia não tem condições assim também como uma das netas; ficam a gritar nervosamente. A casa fica cheia de gente. Amly vai a viagem inteira, massageando o peito da mãe até chegar ao socorro. Telefona para Dr. Metom, que fica esperando chegar. Amly não sabe onde encontra tantas forças, e graças à agilização ao socorrer a mãe, ela continua viva.
São 37 dias internada. O caso é grave. Ela perdeu a fala, e a alimentação é toda feita pela sonda; estava muito abatida. Ninguém acreditava que se recuperaria. Nunca perdeu as esperanças; ia ao hospital todos os dias, conversava com a mãe, cantava para ela, fazia massagem, ela apenas ouvia, o importante era ela se sentir amada. O amor, o carinho, a atenção são excelentes remédios.
Finalmente ela tem alta, mas ainda sai com a sonda. Chega em casa no dia 25 de março de 2006. O seu quarto ficou diferente: ao invés de sua cama, uma cama de hospital, balão de oxigênio. Já tinha começado a falar, mas com muita dificuldade. Desse dia em diante, Amly e Ana Célia cuidam dela 24 horas por dia. O seu pulmão estava muito debilitado, tinha muita secreção. Devido a isso, era necessário ficar no oxigênio o tempo todo.
Amly entendeu que o motivo do cansaço é que ela não tinha condições de expelir a secreção; então o cansaço era inevitável. No dia 6 de abril, tomou uma decisão: ficou ela e a irmã ao lado do leito. Cada vez que ela tossia, tiravam a secreção da sua boca com gaze bem macia; enrolava a gaze no dedo e retirava, fazia a capotagem, ela tossia e a secreção era retirada. Foi uma graça de Deus, porque, desde 13 de abril, até hoje não foi mais preciso o oxigênio; o cansaço com certeza era devido à secreção que voltava a entrar no organismo. A mãe foi melhorando, já falava, era com dificuldade, mas tudo caminhava para melhorar. Passou mais de cinco meses com sonda. As irmãs Amly e Ana Célia foram orientadas a estimular; em toda alimentação, colocava um pouco na boca da mãe o alimento com a espátula e foi devido a esse estímulo que hoje ela já retirou a sonda e alimenta-se normalmente. A graça divina sempre presente é encantadora.
Amly, apesar da sua enfermidade, não se cansa; o amor que sente pela mãe é o maior do mundo. Nada faz por obrigação, e sim, por amor. E o que fizer ainda é pouco. A mãe já é tudo. A sua, além de mãe, sempre foi sua melhor amiga, confidente, como, já falou; em todas as vezes que Amly hospitalizou-se, passou dez dias, a mãe era sua companheira, dez dias e dez noites. Aqui no Cariri, em Fortaleza, ninguém foi capaz de tirar a mãe de Amly de perto dela. E Amly, em relação à mãe, é do mesmo jeito: não sai de perto dela; são 24 horas, dando-lhe amor.
Geralmente pessoas idosas, quando estão enfermas, sentem-se muito só. Muitas morrem antes mesmo de terem morrido, porque há uma grande dificuldade dos “vivos” conviverem com essas pessoas; afastam-se delas no momento em que elas precisam de amor e de atenção. Os últimos momentos de suas vidas são os mais importantes; é justamente aí que a maioria fica abandonada pela família.
Amly sabe disso e não deixa que esse fato aconteça com a mãe. É só alegria, o seu quarto é muito limpo, cheiroso, música o dia todo e Amly fica ao seu lado, conta-lhe história, faz brincadeiras, faz a fisioterapia, a ginástica, amor e carinho é o tempo todo. Trabalha a auto-estima da mãe a ponto de ela não se sentir doente. Diz todos os dias que ela está linda por dentro e por fora. Por dentro, fala que a mãe pratica todos os ensinamentos de Jesus como o amor ao próximo, bondade, generosidade, lealdade... E por fora, é a mãe mais linda do mundo, cabelos sedosos, lindos, testa linda, olhos brilhantes, saindo raios de luminosidade, nariz afilado, boca linda, queixo bem-feito, pescoço, peito, pernas e coxas bem-feitas, pés de bailarina, braço lindos, que ela está corada, pele sedosa. Todos os dias, na hora de dar a bênção, ela fala tudo isso além das orações. A mãe adora; basta ver Amly, já lhe estende a mão.
Ana Célia cuida do banho, alimentação. Ela (a mãe) é vaidosa, adora estar limpa e cheirosa; não dispensa o perfume; é muito espirituosa e lúcida; é ela que anima Amly e Ana Célia. É tanta felicidade nesse convívio que Amly não tem nenhuma dúvida da existência de Deus. Ela o sente em todos os momentos.
É impressionante! O ano de 2006 foi o mais difícil devido ao estado da mãe. Contudo, Amly garante que foi o ano mais feliz. Viveu um dia de cada vez, e a cada dia, dando tudo de bom que havia nela para ver a mãe bem e feliz. Amenizar a tosse, acabar as secreções, ver a mãe dormindo serena, sem dores, alimentando-se bem, a cada dia mais corada, “gorda” na medida certa, alegre, sorridente, cheia de vida. Para Amly, isso é felicidade, porque a mãe, para ela, representa sua vida.
No sábado, “Jesus” vem visitá-la. Antes era Têka, hoje é D. Terezinha Martins que vem trazer a comunhão; é um momento bonito, inesquecível; cantam, rezam; a mãe já responde toda a reza, comunga e fica radiante de felicidade. Viver com a mãe todos os momentos é um privilégio que Deus lhe dá. Ela agradece todos os dias a felicidade de estar com sua mãe e vendo que a cada dia ela melhora. Deus existe — diz ela — porque o cansaço físico é superado pelo amor: quanto mais faz, mais sente que pode fazer mais, o amor não tem limites. O verdadeiro amor não se divide e há de ser voluntário, e não forçado. O crescimento espiritual é enorme — diz Amly — e sua mãe lhe dá lindas e significantes lições. “O amor é a base, a essência e a finalidade da existência, é por meio do amor que conhecemos a nós mesmos e compreendemos o mundo e a vida. O amor, quando existe, existe para todo o sempre e aumenta cada vez mais. O amor é um santo remédio. O Homem ama; quem aprende a amar descobre que o amor é a essência da sua alma e, por isso, não pode deixar de amar. O amor é também um escudo”.
Amly faz tudo por amor. Esquece as suas limitações, dores, ao cuidar da mãe; faz isso com tanto amor que não se sente fraca; ao contrário, levanta já cheia de vida, e cada dia ela faz uma festa, sempre bem disposta ao novo desafio do amanhecer, que está ótima, a fim de passar para a mãe só alegria e bem-estar. A vida é a sua obra mais importante — dádiva de Deus — e se hoje a sua vida tem sentido, é que ela aprendeu e sabe o que é amar e ser amada. A mãe diz o tempo todo que a ama, beija-a, abraça; os carinhos são mútuos. É tão fácil ser feliz! As pessoas procuram a felicidade em festas, algazarras, e ela está ali: em um aperto de mão, no sono sereno da mãe que está doente, nas risadas alegres da mãe quando Amly conta algo engraçado. É a vida: é dura, mas pode ser vivida intensamente com amor e alegria. O amor é a força mais poderosa que existe no mundo; amando, tudo fica claro. O amor é uma luz que não deixa escurecer a vida. É esse amor por sua mãe que faz de Amly a pessoa mais feliz do mundo. Há barreiras de pedras, problemas, mas tudo é vencido a cada desafio. Nem mesmo essas barreiras de pedras podem deter o amor. É o amor que nos movimenta: quando amamos, nada nos impede de cuidar, de dar carinho, atenção.
Amor-doação total é o significado da vida, a qual é uma dádiva de Deus.

Deus dirige a nossa vida.


A nossa vida e o nosso destino não se desenrolam ao acaso: são dirigidos por Deus.
Os acontecimentos podem, até certo ponto, ser o efeito da nossa vontade; mas, em grande parte, exprimem a vontade de Deus. As duas vontades misturam-se, colaborando quando concordam; e em luta, uma contra a outra são discrepantes.
Observando a vida, podemos chegar a uma conclusão: veremos existir fatos sobre os quais podemos exercer a nossa livre escolha à vontade. Mas veremos também existirem outros fatos acima da nossa vontade: são acontecimentos em relação aos quais não há escapatórias. Há uma parte da nossa vida ligada indiscutivelmente a um destino com características até de fatalidade, porque há uma vontade maior do que a nossa a qual, queiramos ou não, temos de obedecer. Muitos acontecimentos parecem possuir uma vontade própria contra a qual não adianta rebelarmo-nos, nem deles fugirmos, tentarmos fugir por todos os meios. Na vida, há para todos uma parte livre, mas também existe uma parte direta, mas proveitosa, menos dolorosa. O método da aceitação pacífica resolve o conflito entre a pessoa e a lei de Deus de maneira mais rápida e tranqüila.
A doença da mãe de Amly, ela aceitou e procurou lutar para melhorar o quadro, a situação. O método da revolta é o método errado. A revolta, quando escolhida pelo homem em relação à qual vigora o princípio da aceitação. Isso fica evidente, a desobediência não tem nenhum poder sobre a vontade de Deus.
No caso dos acontecimentos da vida de Amly, da enfermidade da asma na infância e adolescência, o Lúpus na fase adulta, ela entendeu que nada adianta a revolta. Aceitamos os fatos, evitam-se choques, revoltas que geram e aumentam a dor.
Aceitar o fato real, não deixar que a mente fique a inventar histórias “da falta de sorte”, a vítima enfrentar o problema de frente, indo em busca da solução apropriada para solucionar amenizar a situação — é o melhor caminho. A revolta torna o ser humano amargo e sem ânimo para superar os obstáculos que a vida oferece. Esse é o caminho mais certo, pensando que, por seu intermédio, consegue vencer a situação ora apresentada pela vida. Impondo-se, querendo na verdade, está usando um método que sente apenas para gerar mais sofrimentos.
Devemos viver fora das ilusões, enfrentando a realidade. É assim que poderemos ajudar e nos ajudar. O ideal é estar sempre preparada para viver no terreno sólido da verdade.







O poder vem da paz espiritual.


Amly pode se considerar uma vencedora, porque nem todas as suas limitações em relação ao seu problema de saúde foram capazes de desanimá-la; já teve medo da morte, mas hoje não. As leis naturais devem ser aceitas com naturalidade. No seu percurso, enfrentando as difíceis batalhas da vida, convivendo com a enfermidade, ergueu a cabeça e seguiu sempre em frente: nos estudos, na vida profissional, social e familiar. A vida é luta, as dificuldades existem, os problemas nunca iram acabar; a vida é um eterno desafio. Encontramos pessoas maravilhosas, como também pessoas que, sem motivo real, já se tornam inimigos gratuitos. Certa vez, Amly consulta o seu amigo fraterno: ela pede ajuda para saber como não se magoar tanto; ela dizia que se magoava muito, quando pessoas injustamente lhe atacavam; e queria saber como não se ferir, diante de palavras grosseiras, ataques verbais — alguns usavam seu problema de saúde para diminuí-la, querendo porque queriam que ela se deitasse em uma rede e esperasse a morte chegar. Ao fazer ao contrário, como professora, dava o melhor de si, sempre disposta e dinâmica. O seu segredo é amar do fundo da alma e do coração ao que está fazendo. Todos os esforços na realização de qualquer trabalho levam à vitória.
A sua boa vontade, perseverança, é uma manifestação do divino em sua vida; e de alguma forma, ela percebe em sua alma que a enfermidade é uma chance de crescimento — aprendizado a mais para deixar sua marca no caminho da Existência. Ela possui um par de olhos para brilharem no caminho da Vida; um par de mãos que ela pode estender e ajudar ao seu próximo; uma voz que pode ser ouvida, que pode falar sobre os ensinamentos de Deus e as virtudes, mostrando força e coragem, incentivando aos desanimados a nunca desistir da vida; um par de pés para que, a cada amanhecer, possa abrir novos caminhos.
O aprendizado tem sido constante na sua vida — o que faz de Amly uma pessoa que se trabalha muito para a espiritualidade, busca por meio de seu esforço novas perspectivas para o desenvolvimento humano; nas idéias e ações, traça novas alternativas, abrindo um leque de caminhos que podem ser seguidos na tentativa de poder sempre ajudar.
Não busca conquistar a aprovação e a admiração dos outros, nem a preocupação com as impressões que os outros possam ter dela. Busca a verdade, a racionalidade dos fatos e dos acontecimentos.
As pessoas e as coisas não são o que desejamos que sejam ou o que parecem: elas são o que são.
A paz espiritual consiste em se estar bem consigo mesmo, consciência tranqüila que está esforçando-se para a prática das virtudes. Compreendendo a palavra de Deus, acreditando na sua existência, a paz reinará na sua vida.





Amly procura ver luz mesmo no fundo do poço.


“Lúpus sem martírio” não quer dizer sem dores físicas. As dores aparecem, e Amly passa por situações difíceis: os joelhos incham, as mãos, dores nas costas, nos “quartos” (quadris); há noites em que não é possível deitar-se nem na cama, nem na rede; as dores são fortes, agudas, indefinidas. Ela se medica, faz massagem, grita baixinho, acha que alivia as dores, nada é fácil no seu dia-a-dia. Mas, basta um alívio das dores, ela já está pronta para sonhar e entrar em ação na busca dos seus ideais e metas. Organiza a biblioteca, o pavilhão cultural, investe na academia, lê, escreve; agora a sua prioridade é a vida literária. É assim que Amly sobrevive, ocupa o tempo e a mente.
Tudo agora é diferente: Amly já se prepara para viver outra realidade. A sua mãe está bem, mas hoje é totalmente dependente; ela esta lúcida, mas depende dos cuidados de Amly e da irmã Ana Célia.
A realidade é que ela não pode contar com sua amiga e confidente. Em 26 de abril de 2004, por exemplo, foi preciso internar-se em um hospital, em Fortaleza, para fazer uma pulsoterapia (em quase 20 anos com Lúpus, só fez 2 vezes). Viajou sozinha para Fortaleza, foi para a casa da prima Benedita Morais e de lá para o hospital. Ficou só no hospital, apesar de serem 24 horas para fazer a pulsoterapia. A experiência de se encontrar internada na Capital, em um enorme hospital e não ter ninguém do seu lado, não é fácil. Ela agüentou firme, embora se sentindo só; sabia que aquela era a realidade, o momento real e necessário para sua saúde; melindres de nada adiantariam.
É preciso coragem e muita fé em Deus. Essa experiência jamais será esquecida; sofreu muito e quando estamos doentes, é que ficamos mais sensíveis ainda. No Interior, internar-se é cruel, ficar só, mas ainda se vê um rosto conhecido. Na Capital é diferente: o único conhecido é o seu médico, que evidentemente não fica lá o tempo inteiro. Graças a Deus, foi um sucesso: ela sai do hospital e volta para a sua terra natal. No mês seguinte, foi preciso pulsoterapia; tudo igual: viajou só, internada, ficou sozinha. E não foi um sucesso: pegou uma infecção hospitalar. Voltou para sua terra e quase morreu. Dr. Eyorand a orienta por telefone. Pela primeira vez, depois do diagnóstico do Lúpus, Amly quase entra em depressão. Ficou muito abatida, não conseguia alimentar-se, não tinha vontade de nada; até para tomar banho, era difícil; estava desanimada. O que a fez melhorar foi a vontade de ficar boa para cuidar da sua mãe. Essa motivação a levava a lutar contra o desânimo. Falavam que ela deveria ir a uma psicóloga, mas ela reagiu: o que leu durante todos esses anos? Os amigos sinceros telefonavam, dando-lhe força, e pouco a pouco ela foi se recuperando. Deus está sempre presente. Ela é muito grata por aprender a superar as piores dificuldades.
Em setembro de 2006, outra experiência com a qual Amly vai ter de se acostumar: a mãe não pode ser mais sua acompanhante e ela não tem mais ninguém. Um problema de coluna e insuficiência respiratória, e teve de ficar internada. Dez dias no soro e no oxigênio... Era necessário um acompanhante: a irmã cedeu a doméstica que trabalhava na sua casa. É diferente, não pelo fato de ter de pagar, mas é o carinho, os cuidados, o calor do amor verdadeiro, como a sua mãe que ali ficava do seu lado (a presença materna amenizava as dores). O fato de estar no hospital, enfim, nada se compara com esse privilégio que Amly teve todos esses anos da sua vida, toda a sua existência, pois desde criança, tinha Avó Santana (materna) e sua mãe. Precisa agora se preparar para outra realidade. Acredita que Deus providenciará e a sua fé continua presente. Ela acha que já recebeu de Deus muito mais do que merece.
Essas experiências dolorosas a fazem crescer, adquire base firme e forte para continuar. Continua atuante no trabalho, nos cuidados com a mãe, nada do que passou a tornou amarga; faz parte da vida.
Seja forte o suficiente para enfrentar o mundo a cada dia. Seja sempre generoso (a) com aqueles que precisam de ajuda. Todos precisam uns dos outros; seja um amigo e o Universo lhe responderá. Nada lhe custa em ser voluntário para compartilhar as tristezas dos outros.
Em um mundo de tanta violência, seja útil ao seu semelhante, tudo que faça se multiplicará e retornará a você. Faça sem olhar a quem o que você puder, com aquilo que você tiver, onde você estiver. A atitude de poder ajudar ameniza o sofrimento do outro e permite-lhe um crescimento espiritual. Você se tornará mais leve e mais feliz.
A Vida é uma grande escola. Temos de escalar diversas montanhas. No caminho, há pedras que machucam os pés. Temos de enfrentar terríveis tempestades e calor ardente; no entanto, não há o que reclamar; é tudo isso que faz a criatura ficar mais forte. Todos os sofrimentos e lágrimas, as angústias, as dores, os dias tristes, os anos infrutíferos, as esperanças que foram em vão, nada de lamentações — tudo isso leva a criatura a crescer cada vez mais.
Não são as coisas mais suaves da vida que estimulam o desejo de batalhar em uma pessoa. As adversidades é que mantêm vivo o desejo de alguém. Os valentes ousam em escalar montanhas íngremes e não desistem, não caem, muitos se esparramam sobre tapetes de pétalas de rosas.
A vida é esquisita, com seus desvios e voltas. Infelizmente muitas pessoas dão meias-voltas, quando poderiam ter vencido, caso tivessem persistido. Não desista nunca, embora o passo pareça ser lento. Você pode ser bem-sucedido em outra oportunidade.
O importante na vida é permanecer na luta. As coisas podem ir mal, a estrada que ora trilha pode estar difícil, muitas pedras escorregadias; a ansiedade e a depressão chegam até a tomar conta do seu viver. Mesmo assim, continue em movimento, não pare. Nada é para sempre; o mau momento é transitório, passa. Não se entregue ao desânimo, ao desespero. É a hora certa de mostrar a sua coragem e decidir de uma vez por todas que a tarefa da sua vida está diretamente à frente e, por essa decisão, você se levanta ou cai.
Acredite que pode vencer, superar, que você é forte, que possui coragem e determinação, e esteja pronta(o) para realizar na vida grandes coisas; e que, por isso, faz-se necessário não somente agir; sonhe, planeje, acredite.





Aprenda a viver em harmonia com o bem


Tudo o que pensamos e realizamos é criação nossa, por nós gerada. Quanto mais repetimos um pensamento ou um ato, mais ele se fixa, torna-se firme e estável. Cada um tem sua estrela e é responsável pelo seu destino.
Amly sempre pensou que era forte, determinada, sempre acreditou que podia ir em frente; a doença não foi fixada na sua mente, mas a vontade de ser alguém na vida, estudar, formar-se para dar orgulho aos pais. Ela sempre falava e pensava assim, todos os seus esforços eram voltados para se formar em um curso superior. Onde morava, era muito difícil; terminado o estudo fundamental, a sua cidade só tinha a oferecer a escola normal e ela não queria. Quando terminou o estudo fundamental, foi estudar o segundo grau, primeiro científico no Crato, na escola Estadual Wilson Gonçalves. Primeiro ficou morando no Crato, na casa de um primo do pai; não deu certo. Foi, então, para o Juazeiro do Norte, morar na casa da tia Maria, irmã da sua mãe. Ia para o Crato todos os dias; da casa da tia, para pegar o ônibus, era bem longe e quando chegava ao Crato, para a escola era mais longe ainda. Nada a fazia desistir. Um dia, ela se atrasou, chegou atrasada para fazer uma prova, o professor não queria deixá-la entrar; ela em prantos, pedia por tudo para fazer a prova; todos riam, pois ela chorava e dizia: “Atrasei sim, é errado eu sei, mas é que sou de Missão Velha, morando em Juazeiro e estudo no Crato”, o professor comoveu-se e deixou-a fazer a prova. É... ela é teimosa, não desiste de lutar. Quando temos um ideal, somos capazes de tudo, de passar por cima de dificuldades e Deus entende o esforço da pessoa que quer vencer, ajuda para que tudo dê certo.
Quando foi fazer o segundo científico, ficou em Missão Velha e ia todas as noites para o Juazeiro do Norte, escola estadual Moreira de Sousa. E o terceiro ano científico, concluiu em Fortaleza, no Eskema II, como deixou planejado sua Avó Santana.
A vida é luta, trilhamos diversos caminhos. Além dos caminhos difíceis, das pedras que encontramos, vem a enfermidade para pesar mais no alcance das oportunidades. Mas, para ela, todos os obstáculos e a própria enfermidade serviram para que aprendesse além dos conteúdos das disciplinas, para que aprendesse sobre a vida. Ainda se considera uma aprendiz, tem muito o que aprender ainda. O que sabe é pouco; precisa se esforçar mais, melhorar-se mais. A vida é um eterno renovar. Todos os dias, quando o Sol nasce, é mais um desafio a ser vencido, uma conduta a ser renovada. É preciso entender de uma vez por todas a necessidade de evoluir-se, de crescer espiritualmente, sobretudo em relação ao amor.
O erro fundamental está no fato de se conceber a vida egoisticamente, e não coletiva ou fraternalmente. É um erro o indivíduo centralizar tudo em si mesmo, apegando-se ao próprio “eu”, para o qual desejaria que todo o Universo convergisse. Apesar desse comportamento errôneo, nada pode impedir que a vida seja um fenômeno coletivo em que todos os elementos misturam-se em uma base comum.
Quem julga ser vantajoso cuidar somente dos seus negócios, da sua própria vida, sem inquietar-se do dano alheio, fica automaticamente isolado e não pode viver, se não cercado de armas para ataque e defesa. A terra transforma-se, então, em um campo de guerra onde o único trabalho a fazer é o de destruir tudo. Isso realmente é o que está acontecendo no nosso mundo e que faz as nações, em grande escala, fazer os indivíduos em pequena. Todos se agridem e defendem-se, cada um buscando a sua vantagem. O resultado é um atrito, uma luta contínua, uma destruição geral. Cada um semeia bomba no campo do vizinho, mas depois recebe os estilhaços quando elas estouram. Na vida não se pode isolar o dano de ninguém; mais cedo ou mais tarde, será nosso também. Desconhecendo esse fato, os indivíduos sofrem as conseqüências de suas más ações. O Homem ainda tem de aprender muita coisa, na sua atual fase de evolução e nível de vida, exatamente experimentar sofrimentos e dificuldades, até aprender a viver em harmonia com o bem.


A importância do amor


O homem é essencialmente um ser social, que existe com os outros e realiza-se em si mesmo, em colaboração com os outros. Queira ou não, toda pessoa humana tem necessidade dos outros: para vir ao mundo, crescer, nutrir-se; para educar-se, programar-se a si mesmo(a) e para realizar seu próprio projeto de humanidade.
O homem é um ser cultural, que, além do seu próprio artífice, é também resultado da cultura. A cultura enquanto forma de uma sociedade, é tradição de um povo; não é obra de um indivíduo, mas de um grupo social. Assim, cada ser racional nasce, vive e cresce no interior de um grupo social e em grande escala toma como seu aquele projeto de humanidade que corresponde aos ideais baseados pelo seu grupo social, por sua pátria. Vivemos em um mundo onde tudo é intensamente socializado.
É hora de o homem compreender: precisamos uns dos outros; afinal todos fazem parte de um grupo social. O ideal seria compartilhar com o outro sempre. A maioria das criaturas comporta-se como se o amor não fosse um sentimento a ser cada vez mais aprendido e compreendido. Na questão do amor, vale considerar que, quanto mais soubermos, mais teremos para dar; quanto maior o discernimento, maior será a nossa habilidade para amar; quanto mais compartilharmos o amor com os outros, mais estaremos alargando a nossa fonte de compreensão e respeito por eles.
Por não admitirmos nossa incapacidade de amar verdadeiramente, é que permanecemos desestimulados e conformados a viver uma existência com fronteiras bem limitadas na área da afetividade.
O amor, a afetividade, o compartilhar fazem bem às criaturas. Na enfermidade de qualquer doença, nas dificuldades, problemas, obstáculos que a vida apresenta quando nos sentimos amados(as), melhoramos. É muito importante o amor. É triste pensar que a humanidade insiste em caminhar para o desamor, o egoísmo, o individualismo; o que vemos é um mundo repleto de injustiça, violência; a criminalidade multiplica-se e o Homem não para a fim de pensar na importância do amor.






Entendendo as virtudes — evoluindo


Tudo depende de nós. Estamos aqui nesta existência e devemos buscar o aprimoramento moral e espiritual. Para tanto, precisamos nos conscientizar de que, para possuirmos sempre a possibilidade de renovação, precisamos livrar-nos das imperfeições. Dessa forma, estaremos no rumo certo, em uma caminhada para a felicidade.
Somos seres imperfeitos, em crescente escalada evolutiva. Ao longo da caminhada educativa da vida, é fundamental o aprimoramento, renovar-se a cada dia na conduta certa, seguindo os ensinamentos de Deus. Quem pensa modificar-se policia-se, objetivando mudanças das condutas erradas. Quem se renova alcança a maior conquista das pessoas livres e felizes. Entretanto, para levar o Homem ao aprimoramento, autodescobrimento, exige uma nova ética nas relações consigo e com a vida.
O mundo, os seus habitantes são complexos, vemos de tudo: bondade e maldade, riqueza e pobreza, ódio e amor, fome e fartura, orgulho e humildade...
Para o nosso aprimoramento, devemos nos livrar do orgulho, da preguiça, raiva, inveja, gula, luxúria e avareza.
Se mudarmos o nosso modo de pensar, discernindo as boas condutas das más, conscientizando-nos de que só assim estaremos no caminho certo, a humildade, a caridade, a verdade, a justiça, o amor ao próximo nos levarão a evoluir, a crescer espiritualmente. O modo de pensar atrai e nos tornamos pessoas melhores, pois pensar é contínuo ato de escolher. Evitar não pensar é também uma escolha; portanto, somos nós que fabricamos as fibras que confeccionarão a textura da nossa existência.
Somos responsáveis pela maneira como nos relacionamos com as pessoas. As nossas atitudes são como um grão de areia, repetindo-as com certa regularidade, criamos montes, uma colina, um morro; e com a repetição dessas mesmas atitudes, erguem-se gigantescas montanhas e, finalmente, uma cordilheira.
A prática das virtudes para o crescimento espiritual e moral depende da pessoa, da vontade de cada um individualmente. O nosso relacionamento seja com cônjuge, filhos, parentes, amigos, conhecidos, é voluntário; ninguém obriga a ninguém a ser bom; se ele não quer ser bom, ninguém o obriga a agir desta ou daquela forma. Somos responsáveis por tudo o que representamos em nós mesmos; enfim, criamos nossa própria realidade. A mudança da nossa conduta somente ocorre, quando realmente assumimos a responsabilidade por nossa vida, usando a conscientização, determinação e vontade.
O homem que realmente quer mudar, quer se renovar, tem a consciência de querer a evolução; conscientiza-se pelo fato de que ele próprio delimita seu código de conduta moral.
Para alcançar esse nível, podemos afirmar que o indivíduo amadureceu e atingiu bom nível de relacionamento consigo mesmo e, conseqüentemente com os outros. Por isso, consegue resolver os conflitos internos e externos. Dessa forma, assume a responsabilidade de manter uma boa conduta.
Não é fácil mudar, renovar; não é realizado de uma hora para outra ou mesmo não se trata de um simples querer: em verdade, é produto de uma seqüência de escolhas ao longo de inumeráveis experiências e acontecimentos.
Se você almeja viver de acordo com as leis, princípios, lembre que não será fácil. Você deve abandonar completamente algumas coisas e proteger outras. Talvez tenha de abdicar de riquezas, poder... se quiser assegurar a felicidade, a liberdade. Muitos que nasceram ricos não sabem empregar a oportunidade que Deus lhes deu de ajudar ao próximo, empregando pelo menos uma pequena parte para ajudar aos necessitados. O que tem poder, a maioria corrompe-se, esquece que as virtudes existem, tornam-se piores que animais selvagens (os animais não pensam). A maioria dos que têm poder não tem consciência moral. É necessário exercitar as virtudes.



Desempenhando bem o seu papel na vida


Na vida, não importa o papel que desempenhará: rei ou vassalo, milionário ou mendigo, filósofo ou analfabeto, isso não importa.
Nos cenários do palco da vida, mais vale desempenhar com inteligência o papel de tolo do que tolamente fazer o papel de inteligente; mais vale um mendigo desempenhar bem o seu papel do que um rei que não sabe desempenhar o papel de rei.
Amly tem por seu pai um carinho muito grande. Ele sabe desempenhar o papel de pai, de esposo. Já são 58 anos de casados, é o maior presente que ele lhe dá: é amar a sua mãe verdadeiramente. A mãe é apaixonada pelo pai, e a recíproca é verdadeira. Hoje, ele com 85 anos (em agosto faz 86) é ativo, anda para a cidade vizinha sozinho, faz compras; é ele quem faz a “feira” (mercantil), é responsável por toda a despesa; é bastante lúcido e organizado.
Durante toda a sua vida, um grande trabalhador. Amly é muito orgulhosa e acha-se parecida com ele. Ele é dessas pessoas que não se cansam nunca; nunca deixa um trabalho pela metade: quando inicia um, vai até o fim; isso se chama perseverança, determinação, força de vontade, a tudo o que faz da alma e nunca foge dos seus compromissos. É um cumpridor das suas obrigações financeira e familiar. Não é rico, mas conseguiu o suficiente para dar certo conforto à família, uma casa para morar, alimentação... E todos tiveram oportunidade de estudar. Os que não se formaram, foi uma questão de escolha.
Uma família como outra qualquer, com suas alegrias, tristezas, esperanças, dificuldades, etc. E assim vão vivendo. Agora é que a mãe de Amly está doente, porém lúcida e bem melhor, apesar de depender de todos os cuidados. É um privilégio que Deus dá de cuidar de alguém como Hilda Alves Freire —, que, a cada instante, dá significativas lições de vida, é cheia de virtudes. Isso não é de agora: ela sempre foi assim, íntegra, respeita o próximo e sabe amar como ninguém; nunca admitiu que se fale mal das pessoas; é espirituosa, não se lamenta de nada; é incrível, porque, ao contrário, é ela quem ensina e mantém a alegria e felicidade do ambiente familiar. No seu quarto, o clima é de festa, música o dia todo; ela sempre muito cheirosa, sempre gostou de estar sempre bem arrumada. Está sempre disposta a dizer que está tudo bem, cultiva a paciência, diz coisas engraçadas para animar as filhas que cuidam dela. Amly conta-lhe história, coloca música de meditação, música de igreja, forró, seresta, faz show, conta piada; ela ri muito com as suas maluquices que têm por objetivo manter elevada a auto-estima da mãe, que é excelente.
O pai dá muita assistência e amor. Todos os dias, vai até seu leito, beija suas mãos, passa a mão na testa, acaricia os seus cabelos, ela fica toda feliz e Amly diz: “Hum, namorando!” Ela ri e diz: “Estava, e isso é para quem pode”, e as duas começam a ri.
A mãe é bem clara em relação ao amor que sente pelo esposo e diz: “Se quiserem gostar de mim, precisam gostar e cuidar dele, pois eu amo Luiz Freire”. Diz a todos que convivem com ela. Mesmo deitada, sem condição de andar, comanda tudo: se o esposo já almoçou... E fica atenta se as filhas estão bem, se estão se alimentando direito. Diz para Amly ir se arrumar, cuidar dos cabelos. Ela é de fato uma mãe espetacular, um ser humano de verdade. Nem mesmo a doença lhe torna amarga. A fonte da sua vida é a alegria e a fé em Deus.
O pai viveu durante muitos anos na política. Foi vereador durante 6 mandatos, 3 vezes presidente da Câmara, sem esquecer que foi prefeito por alguns dias.
Por isso, tanto o pai como a mãe, com avó Santana, formaram o caráter de Amly. A firmeza e determinação em relação à vida, no que diz respeito ao trabalho, o otimismo, o querer seguir em frente, nunca baixar a cabeça — tudo isso nasce dos exemplos. Um bom exemplo vale mais que qualquer sermão.
Cada um escolhe como será: triste ou alegre, otimista ou pessimista. Amly tem vários motivos para ser feliz: uma mãe que ama, um pai exemplar, teve a Avó Santana, ainda a tem no seu coração. Doente desde pequena, contudo soube superar as dificuldades e hoje não desiste de lutar e conviver bem com o Lúpus. É evidente que nada é fácil: há os momentos difíceis. Mas, na sua alma, no seu eu, são muitas as forças positivas que a levam a ser feliz, amigos verdadeiros. É o amor que faz a vida a ser mais leve, quando amamos e sentimo-nos amadas, temos forças o suficiente para jamais desistir.



Lembranças de momentos marcantes:
Comissão dos conterrâneos e
amigos de Missão Velha

GARCE — Grupo de Apoio a Pacientes Reumáticos do Estado do Ceará


Em outubro de 2005, seu médico Dr. Eyorand Andrade convida Amly para participar da primeira jornada Sociocientífica do Grupo de Apoio a Paciente Reumáticos do Ceará (Garce). Ele iria fazer uma palestra (Artrite Reumatóide), e o evento teria um leque de apresentações que seria de grande importância para ela. Ele a orienta. Primeiro se inscreveria na Associação; depois, no evento, que seria no dia 30 —, disse ele. Ela estava em Fortaleza, tinha chegado no dia 8 porque, no dia 9, ela, juntamente com Edilson Santana, foi homenageada devido ao projeto Receita Para Ser Feliz. Existe em Fortaleza um grupo de missãovelhenses que organizam um encontro de filhos e amigos de Missão Velha — uma festa tradicional, bonita, organizada. Não tem caráter de política partidária. Os filhos e amigos encontram-se, resgatam a cultura da sua cidade, divertem-se ao som de uma orquestra, homenageiam as pessoas emblemáticas. Todo ano escolhem 6 pessoas que contribuíram para o melhoramento da cidade. É um reencontro de muita felicidade; há alguns que não se viam há muito tempo. Amly adorou a festa, pois pôde rever pessoas queridas que não as via há muito tempo.
Esperar pelo dia 30 era impossível, porque sua mãe necessita dos seus cuidados. Volta para Missão Velha e retorna para Fortaleza novamente no dia 28 à noite; chega no dia 29 para que, no dia 30, possa participar da primeira jornada Sociocientífica, atendendo convite feito pelo seu médico.
Ela estava muito feliz. Não sabia que havia uma associação de pacientes com doenças reumáticas. Iria conhecer outras pessoas com problemas iguais, como o Lúpus e outras, e saber como conviviam com a enfermidade. Ficou encantada: o local do evento, Escola Pública de Saúde, um espaço físico bastante estruturado, um lindo e organizado auditório — além da riqueza dos assuntos abordados pelos palestrantes; a comissão do cerimonial apresentou coral, cantando músicas inesquecíveis. Foi o dia inteiro. Médicos, fisioterapeutas, psicólogos, professores, autoridades políticas e outros estavam presentes. São várias especialidades que dão assistência ao Garce. A presidenta, Dra. Marta Maria Serra Azevedo, foi generosa e amável ao conceder-lhe uma vaga para o evento. Há pessoas com todos os tipos de problemas reumáticos: Lúpus, Artrite, Artrose... Na entrada, havia um espaço para vender produtos artesanais produzidos por pessoas que possuem limitações nas articulações; cada trabalho, um mais bonito que o outro. E o que mais lhe chamou a atenção foi o nome do espaço “Eu posso, eu faço” — o que mostra que se trabalha, além da terapia ocupacional, o entusiasmo, o otimismo, a determinação. E isso também a encantou. A assistência aos pacientes, o apoio dado por meio dos grupos de psicólogos, fisioterapeutas e outros é contínuo; dispõe também de academia de ginástica. Durante o ano inteiro, na programação, há vários encontros como esse, onde são abordados diversos assuntos que interessam a esses pacientes.
Foi um grande e inesquecível dia. No final do evento, Amly foi surpreendida pela Dra. Marta Maria Serra Azevedo para, em público, falar neste livro. Dra. Marta Azevedo sabia da existência e do assunto, que Amly estava escrevendo; fez a proposta para que fosse lançado em Fortaleza no mesmo local do evento; seria muito bem e uma honra para o Garce. Amly não esperava aquele chamado. O auditório estava lotado, ela não conhecia ninguém a não ser o seu médico; aliás, conheceu a presidente no dia do evento e já parecia que a conhecia há anos. O convite para falar em público pegou-a de surpresa, mas ela não iria decepcionar ninguém: trêmula, ao ouvir o seu nome e o pedido para que fosse falar, ela se levanta, pisa firme e vai, emocionada e um pouco nervosa. Porém, Deus a ilumina e ela se apresenta, fala no livro e, com muito orgulho, diz que é paciente do Dr. Eyorand Andrade. (Ninguém diria que ela estava nervosa.) Ela é assim: autoconfiante. Mesmo em uma situação como essa, consegue manter a calma. Depois ela comprou uma fita onde vinha gravado todo o evento. Para ela, é uma lembrança que guardará para sempre. Houve sorteios de alguns prêmios e ela foi sorteada com um aparelho de DVD. Pela primeira vez na vida, foi sorteada. Ficou feliz, porque, na biblioteca, não tinha DVD e vídeo. Agora dispõe dos dois a fim de fazer o trabalho para o projeto Receita Para Ser Feliz. Realmente o Garce marcou sua vida; ela conheceu pessoas incríveis. Se vai lançar o livro lá, não sabe; entretanto, é esta a sua pretensão: cumprir e atender o convite feito. Deus providenciará, ela acredita nisso. Se essa é sua vontade, então todos os esforços hão de se voltar para esse objetivo. Veremos o que Deus lhe prepara —, porque, acredita do fundo do seu coração e da sua alma que é a vontade de Deus que prevalece, que determina sua vida, sua história; evidentemente, cada um de nós tem de fazer a sua parte.


A dor é inerente à vida.


A dor acompanha os seres humanos ao longo de toda a vida, em qualquer lugar e em qualquer situação. Não há como fugir dela, uma vez que é inerente à vida; uma não existe sem a outra. É impossível uma vida sem dor.
Nascer, sofrer, envelhecer, perder afeto, bens e tudo aquilo pelo qual tanto se lutou, as mudanças constantes que estragam tudo o que foi construído e, por fim, a morte — tudo isso provoca dor.
A morte é o momento último da separação, o momento em que uma pessoa separa-se de tudo que sempre amou, quis: pai, mãe, esposa, filhos, irmãos, primos, colegas, companheiros, imóveis, roupas, veículos, conta em banco — tudo. A vida é dura; não é fácil, sem dúvida, uma tarefa árdua. Nem por isso deixa de ser maravilhosa; vai depender do esforço de cada um se conscientizar dessa realidade e procurar vencer os obstáculos que a vida lhe apresenta e agarrar-se às coisas agradáveis existentes na vida. Repita-se: a dor faz parte da vida. Para suportá-la e enfrentá-la, deve-se procurar a sua origem.
Viver é lutar, administrar cada batalha, lutar contra todas as adversidades que causam tanta dor.
Sofremos porque desejamos. O desejo não se restringe aos bens materiais, e sim também às atividades mentais. A falta do domínio de si mesmo aumenta a dor. A falta do controle mental, a ira, o desejo exacerbado de sexo, comida, bebida, vingança, e outras reações aprofundam ainda mais o sentimento de dor. Tudo isso contribui para o embotamento da mente, do afastamento do conhecimento e da aproximação da ignorância.
É muito complexo para o ser humano entender a impermanência de tudo. Ele não consegue entender, muito menos aceitar que tudo no mundo, que tudo o que existe é impermanente, está em constante mutação e nada sobrevive eternamente. Ignorar a impermanência traz sofrimentos porque não há nada que tenha sido criado e que já não esteja em vias de desaparecer; por exemplo: quando uma pessoa nasce, ela já começa a morrer. E nada pode mudar isso. Não há como fugir da morte, uma vez que também estamos em constante transformação e que, em um dia, somos diferentes do que fomos no outro. O nosso corpo está em constante mudança com o nascimento e morte de novas células.
Viver o presente, preparando-se para vencer a si mesmo, construindo, alargando conhecimento sobre o que está sob o nosso controle e o que não podemos controlar. Exercitar-se para aceitar o que não pode ser mudado e encontrar forças para mudar o que pode. O envelhecer, por exemplo, não está sob nosso controle. Os anos passam e não há como fugir. Agora é preciso saber envelhecer, envelhecer bem, com saúde, alegremente; para isso, é necessário entender e aceitar esta fase da vida, aceitar e enquadrar na sua vida hábitos saudáveis, divertimentos adequados. Se houver um preparo, a pessoa, mesmo envelhecendo, não se sente velha e acabada: o corpo pode ter mudado, mas a alegria de viver não; o espírito pode ser de um jovem; a alegria independe da idade; existem tantos jovens tristes e infelizes! Tudo é muito relativo e complexo.
Viva no presente, nada de viver no futuro, imaginando coisas que podem ou não acontecer, ou no passado com lembranças e fatos congelados. Quando vivemos preocupados com o futuro e vivendo do passado, desviamos a atenção do presente. Impedindo o “eu” real de agir, as pessoas impedem que conheçam seu verdadeiro “eu”. Não permita você que o passado condicione o presente; lembre-se: ele é único, inesperado, surpreendente, efêmero e realiza-se com uma rapidez enorme.
A vida humana pode ser comparada com a fluidez de um rio. Ele não pára nunca. Se parar, deixa de ser um rio. É um rio, porque seu fluxo não pára. Se juntarmos as duas mãos em forma de concha e retirarmos um pouco de água do rio, aí não contém o rio, seu fluxo.
É apenas um momento, nada mais. O mesmo se dá com a nossa vida: ela é um eterno fluxo e o que consideramos vida é meramente uma manifestação específica desse fluxo.
Fique sempre pronto para construir o presente, que se transformará no futuro. Somos construtores do aqui e do agora, do fluxo do momento; eles estão em nossas mãos, não podemos deixar de influenciá-los. É uma oportunidade maravilhosa construir o futuro e abrir caminho em direção à libertação do sofrimento. Está em nossas mãos. Existe uma máxima antiga que diz: “Só colhemos o que plantamos”.
Amly não vê que a extinção ou o amenizar o sofrimento não esteja em atitudes tão comuns nos nossos dias, a falta das virtudes. Tudo é ilusão; portanto, fique longe da inveja, da má fé, do dolo, da falta de ética para conseguir bens materiais... Acreditar fielmente na lei da causa e do efeito. Entendendo, observando imparcialmente vários casos em que as pessoas escolheram o desamor, a falta da verdade, humilharam o seu próximo, não foram generosos, afastaram-se do dano alheio, não fizeram o que deveria ser feito. Pela lógica, respondemos pelo que fazemos e pelo que deixamos de fazer; não é nenhuma ameaça, mas é bom nos conscientizarmos de que “aqui se faz, aqui se paga”. Cada um decide por si. Está na mão de cada um de nós construirmos a paz e a libertação do sofrimento.
Como o sofrer, a dor faz parte da vida, é inerente ao homem. Esse deve procurar caminhos, receitas para amenizá-los, vencê-los. Existem os ingredientes para acabar, amenizar a dor: compreensão, pensamento, falar, ação, meio de vida, esforço, consciência e concentração. Detalhes só podem ser usados se forem corretos. Mistura e qualidade deles são por nossa conta. São usados durante toda a vida; por isso, podem ser experimentados infinitas vezes.
Conscientizar-se quanto à morte não é tarefa simples, todavia ela existe e não dá para fugir dessa realidade. E não podemos controlar. Entretanto, é preciso ir se acostumando, e uma das formas é meditar sobre ela, ter consciência de que ela existe e que é o momento em que o nosso corpo (físico) deixa de reproduzir as condições de vida. Morremos a cada instante, renascemos a cada instante, porque nosso corpo renova a vida. E em determinado momento, a renovação pára. Aí morremos. Então devemos contar dia-a-dia quanto tempo falta para a morte? Vamos viver neuróticos, abatidos, assustados, revoltados com a nossa condição de mortalidade? Não e não. Devemos viver o fluxo da melhor maneira possível, com alegria, otimismo —, identificando as ilusões e construindo uma vida melhor, de amor, paz, humildade, caridade e assim somos capazes de preencher totalmente a vida. O trabalho, a mente ocupada, a realização do trabalho do qual você gosta — tudo isso dá a segurança de que viver vale a pena. Portanto, sonhe, planeje, tome decisão e aja, construindo os seus ideais.
Há alguns que dizem “Fulano morreu tão novo, estudou tanto, trabalhou, para quê?”. Para ser feliz! Tinha uma vida e um ideal, e essa vida foi bem aproveitada! Estudou, obteve os conhecimentos necessários para não se aproximar da ignorância e entender o significado da vida, amar, doar-se, ser humilde e caridoso! Se estudou, fez da sua vida uma fonte rica de conhecimentos. As experiências de vida trouxeram-lhe sabedoria. E se tinha conhecimento das virtudes e as praticava, a sua vida valeu, valeu a sua existência. Na vida, é importante identificar o que é benéfico e o que é maléfico. Quanto a você, é livre-arbítrio.




Como superar a dor


A maioria das pessoas vive em sociedade. Portanto, não há como não se relacionar. Todos estão mergulhados no meio social e não há como se livrar de suas influências. Assim não há imparcialidade diante dos acontecimentos.
Temos muito o que aprender. Aprender a aceitar é uma forma de conhecer a origem da dor e combatê-la. Para aprender a nadar, temos de entrar na água. Nada substitui a vivência.
É importante saber administrar a vida, discernir que atitudes tomar para viver bem no Universo. É preciso liquidar o ódio, a presunção, a cegueira, a ignorância, a opinião, a imprudência, a negligência e tudo aquilo que é captado pelos sentidos. Mas, para clarear a mente, isso não é tudo. É preciso não roubar, não matar. É preciso dominar totalmente a língua de onde emanam a frivolidade, a mentira, a calúnia e perjúrio. Se não bastasse, ainda é preciso livrar-se da cobiça, da malícia e da heresia, uma tarefa árdua para quem quer fazer cessar a dor e o sofrimento que faz parte da vida. É uma seqüência de renúncias; por isso, uma tarefa tão difícil que inclui também o interesse pelo que acontece com as pessoas que vivem fora dos princípios. O que realmente importa é a pureza do espírito; é ela que nos dá os parâmetros do que é bom ou do que é mal. Não existe ninguém capaz de interferir na construção de um mundo moral. Ele é estritamente pessoal, prescinde de qualquer interferência. Quando um ser humano se conscientiza da prática das virtudes, está apto para exercitar determinadas renúncias.
O caminho da conquista do conhecimento é de difícil obtenção — visto que, para avançar, é preciso apenas atos, palavras e pensamentos nobres. Quanto tempo seria capaz de agir dessa forma: um dia, uma hora, um minuto? Não importa; nem que fosse apenas um segundo. Uma caminhada de vários quilômetros começa com o primeiro passo.
É do nosso conhecimento: a vida é apenas uma passagem, nada é eterno. Porque não viver a vida, desempenhando bem o nosso papel? Seja qual for a profissão que abraçou, a família a que pertence, a religião da qual faz parte, a raça, cor, sexo. Viver servindo, amando, compartilhando, doando-se, perdoando... Amenizando as dores da vida e o sofrimento, nos tornaremos seres com mais serenidade. A ansiedade provoca mal-estar, a falta de equilíbrio; aí vem a angústia, a falta de paz de espírito. Quando temos a paz no coração, mesmo vivendo as maiores adversidades, dificuldade, obstáculo, sabemos caminhar bem sobre as pedras do caminho sem machucar os pés. Essa paz vem do interior do nosso ser: é quando sentimos Deus dentro de nós, os vendavais, a falta de ânimo, de calma, nos momentos de maiores aflições, tristezas e melancolias. Tudo isso, somos capazes de superar. Acredite no amor — o remédio para todos os males que lhe atormenta o espírito —, esse amor é Jesus, está dentro de nós. Procure senti-lo.




Coragem! Não desista


A insensibilidade é a mais vil transgressão das leis naturais, porque ela corrói o modo solidário de ser e viver, não só em família, mas também em sociedade.
Em meio a uma sociedade capitalista, o Homem vive atormentado com um turbilhão de preocupações em busca de adquirir bens materiais. É o consumismo. Quanto mais adquirem, mais acham que devem ter mais, esquecendo-se de olhar ao seu redor a família, os amigos. Falta-lhes um olhar atencioso, um abraço. A insensibilidade invade o seu ser, acredita exageradamente que os bens de que precisa para viver estão fora deles. Daí surge o Homem moderno angustiado e o “estresse” que lhe atormenta a vida.
A parábola que o mestre Jesus fez das sementes que caíam ao longo do caminho, entre os espinhos e sobre os pedregulhos, faz nos recordar os relacionamentos que não germinam, sufocados pela frieza e pela superficialidade que freqüentemente existe entre os seres humanos. Um olhar atencioso e um abraço carinhoso curam mais do que inúmeras caixas de remédio. O amor expressado dissipa toda e qualquer enfermidade.
Os olhos da alma têm o poder de identificar com mais nitidez as aflições e dores escondidas nos outros e, dessa forma, reconfortá-los ou acalentá-los com os braços da compaixão.
Para enfrentar os problemas que a vida apresenta, é necessário coragem, conhecer a natureza humana. Só assim sofreremos menos.
A enfermidade deixa o ser humano fraco, sensível. Daí a necessidade de exercitar a coragem e a destruição dos melindres. Forte espiritualmente, existirão forças com a doença e não sofrer com a insensibilidade da família, dos amigos, da sociedade e combatê-la. É normal vermos alguém dizer que não vai se tratar e cai em depressão —, sentindo-se desprezado pelos seus e pela não-preocupação dos nossos representantes em melhorar o sistema de saúde com hospitais bem instalados, com profissionais competentes, um sistema comprometido.
As necessidades básicas do nosso País não são atendidas: saúde, educação, habitação, alimentação, transporte, saneamento. É disso que o povo necessita para sobreviver. É o mínimo e isso no nosso País não existe. Os hospitais públicos, a escola pública, habitação... É realmente uma calamidade. É de fazer chorar qualquer cristão. Nem mesmo por esse motivo devemos desistir. Existe aquela máxima “Insista, persista e não desista”. Haverá de encontrar uma solução, um coração bondoso atencioso que lhe abraçará, que lhe dirá palavras de carinho e o orientará; pelo seu próprio esforço e força de vontade, você parte para a luta; e com a providência divina, a solução brotará. Encha-se de fé e de esperança. Amargo(o), revoltado(a), será difícil você enxergar o azul do Céu, a luminosidade do Sol, a beleza do vai-e-vem das ondas, o brilho das estrelas... Se já existe a insensibilidade da maioria, será difícil o restante aproximar-se das pessoas amargas e revoltadas, que, além de complicar a sua vida, pioram o estado de saúde.
Coragem! Não desista de lutar pelos seus ideais, principalmente pela sua saúde.
A criatura realmente corajosa sabe que viver é correr riscos e enfrentar o desconhecido. Ela solta o passado e deixa o futuro vir a ser; o futuro é uma semente de possibilidade. O passado ficou para trás; devemos deixá-lo passar. O presente nada mais é que um deslocamento em direção ao futuro; a todo instante, o presente está se tornando futuro e o passado vai embora. Se ontem não lutou, e hoje continua parado não lutando, é porque já entendeu que não há futuro para você. Pare, pare de ser pessimista. Seja otimista e espere que o melhor lhe aconteça.
Todos nós estamos constantemente enfrentando coisas ignoradas, desconhecidas. Correr riscos indica a probabilidade de insucesso em função de ocorrências que muitas vezes escapam das nossas mãos, pois não dependem exclusivamente de nosso empenho ou vontade.
É uma aventura enfrentar uma luta nos hospitais públicos em busca de tratamento. Não sabemos exatamente como vai ser o risco de sermos ou não bem atendidos. Em meio a tanta gente, haverá de existirem profissionais que são competentes e possuam uma bondosa alma e um grande coração — um ser humano.
Amly encontrou muito ser humano, com essas características no início do tratamento durante, e até hoje ainda encontra. Não devemos generalizar e deixar de ir avante nem se deixar vencer pelo desânimo, pois Deus encontra uma maneira de ajudar. E se você está com olhos inchados de só chorar, não poderá ver a solução dos seus problemas logo ali, a um passo de você. Coragem!





A aceitação do Lúpus tornou-a mais forte.


Amly continua firme nas suas convicções, no que acredita. Nenhuma auto-sugestão negativa é capaz de atingi-la. É que na vida, queira ou não, existe descriminação. O Lúpus é um de inúmeros casos. No início, ela ainda fraquejou, querendo desistir do tratamento. Com o tempo, foi reagindo; fez como iniciou a sua carreira de professora: ela não queria em hipótese alguma essa profissão, mas, quando terminou a faculdade de Administração de Empresas, viu que a sua estabilidade profissional era ser professora. Consegue o emprego onde gerencia como Administradora, mas empresa particular é hoje e pode não ser amanhã. Teve de optar, optou por ser professora. E quando tomou essa decisão, tomou a atitude mais honesta possível; já que ia lidar diretamente com o ser humano, seria responsável pela formação do seu caráter, aprendizado, o seu futuro, resolveu fazer diversos cursos: Relações Humanas, Filosofia, Sociologia, Psicologia, empatia... cursos que a ajudariam a ministrar com sucesso a disciplina pela qual ficasse responsável. E hoje sabe que escolheu certo, abraçou a Educação e orgulha-se de ter desempenhado com amor e dedicação o papel de educadora. Ama tanto que hoje, já afastada da função, continua na Educação. No projeto Receita Para Ser Feliz, mantém uma biblioteca, um pavilhão cultural; e freqüentemente envia para as escolas, empresas e para quem precisar de subsídios que possam ser usados na realização de qualquer trabalho. É essa a missão. Já que recebe com facilidade livros, revistas, documentários, faz questão de repassar. Pretende ministrar vários cursos dentro do Projeto.
É o que fez quando foi diagnosticada do Lúpus, aprendeu a conviver com ele. O primeiro passo foi a aceitação. A naturalidade era tanta ao falar na doença que viu no rosto de muita gente “desapontamento”. É inerente ao ser humano, não adianta negar: a maioria alimenta-se do sofrimento do outro. O lógico seria encontrar ela triste e desanimada, esperando a morte chegar, para alguém dizer “É amiga, temos muita pena de você, mas, se essa é a vontade de Deus, agora dá para se revoltar, você estudou tanto, inúmeros sacrifícios para chegar aonde chegou, e agora Deus lhe dá essa doença. Coitadinha”. Ouviu muito esse “incentivo”. Mas Deus é mais forte. Bem no início da doença, quase aceitou o desânimo por conta desses “incentivos”, no entanto, aquela força maior, natural, que desde a infância a acompanha, foi mais forte. Esse “incentivo” passa milhares e milhares de quilômetros de distância do seu inconsciente e consciente. Ela trabalhou todos os anos, realizou tantos ideais, e não pára; a cada dia, sempre tem um a vencer. Termina um e já começa outro. A sua capacidade de imaginação, criatividade e de tomar decisão e atitude surpreende. Sempre se compara a um rio. E um rio não pára nunca; assim é ela. Cansados de não vê-la desanimada, triste, desolada, sem esperança, “esperando a morte chegar”, desistiram ou pelo menos não chegam querendo desestimular. Às vezes, parece um ou outro ainda, mas ela “tira de letra”, educadamente. Uma vez um amigo alertou-a: “Não queira ser nunca coitadinha”, o pior sentimento que alguém pode sentir por nós chama-se piedade.
Quando aceitou o Lúpus, foi se aprimorar para aprender a conviver com a doença. Conviver com a doença não é tão difícil; o difícil é morar em uma cidade pequena, onde são inevitáveis os comentários, as humilhações, descriminações. Aí é que vem a necessidade da espiritualidade, do crescer interiormente, do autodescobrimento; saber lidar com os pontos frágeis, exercitar os fortes, valorizar-se, amar-se cada vez mais; aprender que o maior inimigo que temos somos nós mesmos, porque demonstramos por fora o que sentimos por dentro. Então, trabalhar o eu interior é essencial. Dentro de cada um de nós, há tanto potencial — basta se desenvolver! —, há forças, coragem, determinação, força de vontade — é só exercitar! Sendo fortes, não seremos atingidos por nenhuma criatura, descriminação e nem comentários maldosos. Hoje Amly é tranqüila e respeitada A sua enfermidade tornou-lhe forte, sensível somente para desenvolver habilidade que jamais pensou que desenvolveria. Todos dizem ao falar nela: “É uma lição de vida”. Profissionalmente dinâmica, faz feliz os que a rodeiam, com a sua alegria, otimismo e simplicidade. Começou a ler muito; a leitura para ela é uma necessidade como se alimentar; lê tudo: clássicos, paradidáticos, religiões, romances, espíritas, não importa, quer ler, conhecer. Daí vai formando a sua opinião. Para ela, atualmente a prioridade é a sua mãe, a vida literária, o projeto Receita Para Ser Feliz, a academia. Sente-se muito feliz. Além de tudo, sabe que tem amizades sinceras. Há paz de espírito; os sofrimentos existem, dificuldade, obstáculos; mas, no seu ser, no seu “eu” interior, há o equilíbrio. Ela diz que é Deus presente em todos os momentos da sua vida.




Importância da leitura no crescimento espiritual —
justa homenagem — José Rosendo Santana


O Lúpus fez Amly desenvolver esforço contínuo para conviver bem com a enfermidade. Ela não queria em hipótese alguma se tornar uma pessoa triste, amarga, neurótica. Não era possível que passaria pela vida em “brancas nuvens”, uma pessoa apática que nada construiria. Desde criança, já tinha vários ideais e, mesmo asmática, já tinha realizado muita coisa: aprendeu a ler e escrever; a cada dia, vinha aprendendo algo novo. Estudou muito; estudava porque realmente gostava. Nunca os seus pais a coagiram para que estudasse. O pai, muito ocupado, viajava todos os dias para as cidades vizinhas; o comércio era em Missão Velha, mas ele expandia para Abaiara, Mauriti, sede e zona rural. A mãe com os afazeres domésticos, oito filhos.
As suas colegas tinham os pais ali, “marcando colado”. Elas estudavam, a mãe ou o pai iam fazer o teste para verificar se elas sabiam mesmo o assunto que foi marcado para a prova. Um dia, Amly está em casa. As amigas vão chamá-la a fim de irem para a praça (o único divertimento da cidade). Era domingo, ela diz que não pode, está de castigo, pois o pai tinha visto seu boletim e tinha visto um oito em Desenho. As suas notas eram de nove e dez, um oito era péssimo. Estava proibida de sair por dois finais de semana. As amigas achavam isso normal porque, de vez em quando, ficavam de castigo por tirarem notas baixas. Ela sacrificava o seu passeio, pois, na verdade, o pai nada entendia de notas, nunca se preocupou em olhar boletim. Bem cedinho, antes de ele viajar (uma pick-up carregada de bebidas e mercadorias em geral ficava na frente da casa) ela lhe pedia para assinar, mostrava-lhe o local marcado com um x, ele não chegava a ler; rapidamente assinava e pronto; ela mentia para as amigas e ainda considerava o pai como exigente demais com a filha porque um oito não é nota vermelha. Talvez quisesse que seu pai fizesse o que o pai das amigas fazia: acompanhar os estudos, participar da sua vida estudantil, ou talvez não, não gosta de ser mandada. O ser humano é realmente muito complexo, ela não precisava de que ninguém a mandasse estudar. Ela estudava, gostava mesmo, até hoje é assim; quando faz algo, faz porque realmente gosta. Então nada se torna pesado e não exige dela nenhum sacrifício.
Agora adulta, formada em Administração de Empresas, pela Universidade de Fortaleza (Unifor), trabalhou como professora na rede estadual de ensino do Ceará desde 14 de agosto de 1982; trabalhou até 1985 em Fortaleza, na escola General Eudoro Correia, em Parangaba; havia-se transferido para Missão Velha em 1986 para a escola de segundo grau Mosenhor Antonio Feitosa; e em maio de 1987, o diagnóstico do Lúpus.
Determinada a enfrentar de cabeça erguida esse desafio, mais uma provação, começa a interessar-se pela leitura de forma geral. Ela sempre gostou de estudar, no entanto limitava-se a ler somente as disciplinas que ministrava. Ia lendo de tudo: Filosofia, Psicologia, Cultura Oriental, romance de autores variados... Queria ter pelo menos uma noção e foi a cada dia desenvolvendo o hábito da leitura. O seu grande incentivador foi, e continua sendo, o seu amigo fraterno Edilson Santana; ele gosta de presentear as pessoas com livros. Amly conta nos dedos os que comprou; a maioria foi ele que lhe presenteou; é difícil encontrar pessoas em Missão Velha, Brejo Santo ou por onde ele passar que não tenha ganhado um livro de presente. Ela ganhou tantos que hoje, em parceria com ele, dentro do projeto Receita Para Ser Feliz, mantém a biblioteca humanista José Rosendo Santana — uma homenagem ao seu pai, mais do que justa. Ele, na sua modéstia, não queria, mas Amly não aceitou o “não”. Além do pai dele ter sido um grande pai, foi um grande homem, honesto e trabalhador, praticante das virtudes. O filho herdou essa herança que ladrão nenhum no mundo pode roubar. E justiça seja feita: Amly administra os trabalhos, ele manda os subsídios.
A leitura é essencial na vida de qualquer ser humano. É através dela que crescemos. Quando você aprende o significado de apenas uma palavra, você já cresceu, já não é mais a mesma pessoa. Imagine quando descobrir o significado da vida, das virtudes, amor, humildade, compreensão... Aprender que a vida é uma luta e que devemos estar sempre preparados para cada nova batalha, administrando bem os desafios, objetivando vencê-los. Amly a cada dia está se preparando para vencer os desafios que o Lúpus lhe faz passar, sem se desanimar embora haja mil motivos que a levariam ao desânimo. São inumeráveis os problemas que ela enfrenta na vida. O Lúpus, comparado ao que ela tem de enfrentar, é “fichinha”; os problemas da própria vida, financeiro, familiares, social. Mas quem não tem problemas?
Ela faz da leitura o seu mundo, viaja com a imaginação, mas tem os pés no chão. Não se trancou para o mundo, convive com as pessoas e o seu maior prazer é incentivar alguém para o otimismo. Possui uma capacidade de empatia incrível, consegue enxergar com os olhos da alma e vê a necessidade daquela pessoa. É: dizem que a dor, a enfermidade faz as pessoas ficarem mais sensíveis. Ela, desde sempre, já possuía essa tendência, com a Asma; o Lúpus com certeza aumentou essa inclinação. Ela sabe que, apesar de ler muito, ainda não sabe nada, que tem de continuar lendo, buscando cada vez mais o conhecimento. Tem plena certeza de que a leitura tem sido uma contribuição grandiosa para o seu crescimento espiritual. É refletindo, fazendo meditações que procura conhecer-se por dentro, para dominar os seus pontos fracos, melhorar o que tem de ser melhorado. É um ser humano com muitas imperfeições, mas consciente e pronta para mudanças que sejam para seu bem e que, com isso, possa ajudar os outros. Procura se amar para poder amar o próximo. Já dizia o mestre Jesus “Ama ao teu próximo como a ti mesmo”. Daí a necessidade de se conhecer, entender um pouco da vida, da natureza humana, dos princípios de Deus... Ela se esforça muito, tem força de vontade, quer viver feliz, sem lamúrias, passando para os outros energia de vida. Se consegue passar, é porque está no seu “eu”, no seu íntimo, ela realmente ama a vida.





Lutando contra seus reais adversários, inimigos


As discriminações existem, nunca deixaram de existir: da dor, credo, da pobreza, das enfermidades.... É tolice parar de viver por conta dessa realidade. Amly sofreu muito no início, mas depois, viu que não deveria deixar de lutar porque alguém a discriminou, humilhou. Esses não são os reais adversários, inimigos. É dentro de cada um de nós, e não fora, que estão nossos piores inimigos ou adversários. É preciso urgentemente enxergar com bastante nitidez que ou vencemos a nós mesmos, os nossos pontos frágeis, ou não teremos forças para viver no mundo. Encontraremos sempre pessoas prontas para nos reduzir a zero. Mas isso vai depender de nós, do nosso “eu”. Daí a necessidade de nos conhecermos e entender que temos a capacidade de ampliar a nossa consciência e despertar os potenciais adormecidos dentro de nós. Nada poderá impedir alguém de ser feliz, de trabalhar, construir seus sonhos ou ideais, só porque outros tentam lhe diminuir com gestos, com palavras, pois acha que alguém é diferente.
No caso de Amly, por causa do Lúpus, ela se sentirá desanimada? Desistirá da luta? Tudo vai depender dela: se no seu “eu” houver paz e tranqüilidade de espírito, se ela aprendeu a relacionar-se com seus opositores íntimos, seus pontos fracos, a tudo vencerá, porque o que vier do mundo exterior não a atingirá. Se seu “eu” interior estiver em paz com os inimigos íntimos, há um despertar do seu valor, do seu potencial, da sua essência. E assim ela exercita a paz constantemente; tenta transformar seus opositores íntimos, para possuir sempre a paz e tranqüilidade de espírito de que precisa para enfrentar o mundo, pessoas e situações; está sempre otimista, de alto astral; acredita no que faz e não pára nunca na busca dos seus ideais. E quando enfrenta pessoas que tentam desanimar-lhe, faz é rir da situação. Em paz consigo mesma, mantém o equilíbrio, ainda aproveita a oportunidade para ajudar alguma criatura a ver a importância das virtudes. E diz sempre que não sabemos onde os nossos pés tropeçaram; daqui a um segundo, inicia comentários sobre o Lúpus com tanta naturalidade que a pessoa que tenta deixá-la a zero fica sem graça, zera a vontade da maldade. Ela acredita que há maldade, mas que muitos ainda não evoluíram nem amadureceram para a vida e acham que viver é ter prazer com os problemas e sofrimentos dos outros. A sua Avó Santana sempre dizia “Nós é que dizemos como as pessoas devem nos tratar”. Guarda esse ensinamento como quem guarda um tesouro.





Exija o respeito


A pior situação que podemos viver é passar toda uma existência sem nos dar o devido amor e respeito, fazendo coisas completamente diferentes do que sentimos.
Nossos sentimentos são partes importantes da nossa vida. Se permitirmos que eles fluam em nós, então saberemos o que fazer e como nos conduzir diante das mais variadas situações do cotidiano.
É importante lembrarmos sempre: incutir no nosso ser, na nossa consciência que, quando não nos respeitamos plenamente, mostramos aos outros como eles devem nos tratar. Se nós não nos aceitarmos, quem nos aceitará? Se nós não nos amarmos, quem no amará?
Eis o momento de uma reflexão para sua vida: de que maneira as pessoas lhes tratam? Sente-se constantemente usado(a) ou desrespeitado(a)? Em muitas ocasiões, permite que os outros tracem suas metas ou objetivos sem ao menos lhe consultar? Você sabe distinguir quando está doando realmente ou quando está sendo explorado? Respeita os seus valores e direitos inatos? Costuma representar papéis de vítima ou de perfeitos?
Para se obter o respeito alheio, faz-se necessário optar pelo auto-respeito.
Examine você os seus sentimentos e atitudes e faça-lhe esta pergunta: por que permito que me trate com desconsideração? O que estimula os outros a comportarem-se com desprezo em relação a minha pessoa?
Se não nos auto-responsabilizarmos pela forma como somos tratados, continuaremos impotentes para mudar o contexto penoso em que estamos vivemos. Culpar os outros pelas próprias ilusões e desenganos, dor, sofrimento é muito cômodo. Embora seja difícil, é bom aceitar a culpa que sua; aceite-a com consciência nítida; pertence a você a responsabilidade pelos seus próprios sofrimentos.
O controle da nossa vida, a nós nos pertence. Quando renunciamos o controle de nós mesmos, com toda certeza outros indivíduos tomarão as rédeas de nossas vidas.
Não existe ninguém nem melhor e nem pior do que ninguém. Ao recusarmos o respeito de nós mesmos, estamos abdicando o respeito, estamos abdicando o direito de exigi-lo. Sem senso de vida individual, sentimo-nos diminuídos diante do mundo e destituídos da habilidade de dar e receber amor.
O maior tesouro que possuímos chama-se dignidade pessoal. Não é licito sacrificá-la por nada e por ninguém. Quando autorizamos os outros a determinarem o que valemos, uma sensação de vazio toma conta da alma.
Quando o ser humano aprende a respeitar-se, torna-se livre para sentir, agir, ir, dizer, pensar e saber. Se estivermos prontos no tempo exato, o Poder Supremo do Universo nos dará todo suprimento, todo apoio, toda orientação para cumprir o sublime plano que nos foi reservado.
Se, durante a sua vida não vinha valorizando o respeito; se pensa que ser desrespeitado faz parte da vida e que você nada pode fazer para mudar esse quadro, engana-se. Todos nós estamos em constante mutação e transformação todos os tempos nos aspectos físico, mental, emocional e espiritual. Nada na natureza permanece estático; tudo flui através dos processos da vida dentro e em torno de nós.
O respeito anda de mãos dadas com a auto-estima e bem-estar.
Não devemos jamais deixar que uma empresa, associação, ligação afetiva, profissional ou de amizade venha eclipsar nossa vida a ponto de desrespeitarmos quem somos.



A importância do autoconhecimento para
o crescimento espiritual


O progresso que alcançamos hoje é compatível com o crescimento que tivemos ontem. Cada passo dado a caminho da maturidade é proporcional à etapa percorrida antes.
Infelizmente a maioria das pessoas porta-se como um barco desgovernado, à mercê dos vendavais e dos rochedos, por não ter a âncora necessária quando os ventos sopram e as ondas avolumam-se.
Os grandes pensadores e filósofos há séculos vêm-nos ensinando que o autoconhecimento é base primordial para alcançar a verdadeira sabedoria. Para sabermos quem realmente somos, precisamos mergulhar nas profundezas do ser e buscar a sabedoria existente em nosso mundo íntimo.
Viver em paz, com equilíbrio, diante de todas as adversidades que a vida apresenta, é fundamental despertar a capacidade que todos nós temos de nos permitir perceber, de forma gradativa tudo o que necessitamos transformar, nos pontos fracos, por exemplo.
O autoconhecimento nos da a habilidade de saber como e onde agir nos pontos frágeis e até a quem atribuímos nossas emoções e sentimentos.
O autoconhecimento requer constantemente auto-reflexão. Precisamos conhecer o nosso mundo interno. Só desse modo poderemos transmitir segurança e determinação ou dar força aos outros. Com o conhecimento de nós mesmos, conhecendo onde agem os nossos pontos frágeis, ficará fácil compreender melhor os que nos rodeiam. Quem caminha no processo do autoconhecimento desenvolve gradativamente o respeito pelos seus semelhantes, impedindo que façamos projeções triviais e levianas de nossas deficiências nos outros.
As pessoas geralmente não olham para dentro de si mesmas, não percebendo assim, seus pontos vulneráveis e suas limitações — eis porque muitos relacionamentos não dão certo. Portanto, quando atenuamos ou amenizamos as críticas a nosso respeito e a respeito dos outros, estamos assimilando de forma verdadeira as lições que o autoconhecimento nos proporciona.
As insignificantes diferenças amontoadas em determinado período de tempo são os grandes conflitos que tornam as relações mal sucedidas (negócios, amizades, de família, conjugal). São as falhas do dia-a-dia, mesmo pequenas, que podem destruir as mais antigas e afetuosas convivências; pode citar-se: cobrança, indelicadeza, petulância, insensibilidade, autoritarismo, desinteresse, impaciência, desrespeito.
Normalmente não percebemos de forma clara e direta que lançamos na vida interpessoal pensamentos e emoções inaceitáveis, como confrontos desagradáveis que ocorrem nos ímpetos de deboche e gracejo em nossos inúmeros relacionamentos. Os comportamentos inaceitáveis aparecem quando nos horrorizamos com o comportamento sexual das pessoas, recriminamos e discriminamos raças e religiões, grupos de minoria. Rimos exageradamente de uma pessoa que escorrega na rua, ou que se equivoca diante de uma palavra, ou mesmo quando ela sofre algum tipo de comparação sarcástica com “ponto” censurado no seu corpo. Essas reações, pontos fracos, estão em nosso ser, em uma região inexplorada, imperceptíveis em nossas ações e atitudes. Geralmente é essa a área do nosso ser que participa de “nossas supostas brincadeiras” e influem com precisão o tipo de palavra engraçada e picante que devemos usar nas piadas chulas, nas expressões maliciosas e zombeteiras.
Projetamos essa escura área do nosso ser quando denegrimos e julgamos os outros. Ela não somente se manifesta em um indivíduo, mas pode exprimir-se em um corpo social inteiro. Podemos ver a atuação dessa área escura do nosso ser nos seguintes casos: na repugnância e no ódio, visivelmente explícitos e sem controle, revelados por meio de palavras e gestos violentos; na aversão ou irritabilidade de certas propagandas publicadas pelos veículos de divulgação; nas atitudes de cinismo e nas mais corriqueiras situações e acontecimentos da vida social; e também nas projeções satíricas ou maliciosas em presença de pessoas consideradas “diferentes”.
Já é hora de se dar um basta a todas essas manifestações inaceitáveis. Daí a necessidade de transformação, de renovação, para que se possa viver em paz consigo mesma(o) ou com os outros. É hora de parar de apontar o cisco nos olhos alheios.



Aprendendo sobre a ansiedade


A nossa vida só pode ser transformada para melhor através do nosso empenho, força de vontade, determinação. A ansiedade é um ponto negativo, que nos prejudica e não pode alterar o nosso destino. Fazendo uma reflexão: já tomou plena consciência de sua ansiedade; tome conta do seu ser; note que você atropela os outros e a si mesmo. Quando toma consciência dessa verdade e aceita a mesma, sua mente abre-se para novas e melhores atitudes, germinando no seu interior estabilidade e segurança emocional.
No início do tratamento, Amly percebeu que a ansiedade estava lhe prejudicando. Queria saber tudo, com quantos dias o medicamento iria fazer efeito e melhorar as dores, o inchaço... Isso era péssimo; ficava inquieta, não dormia, não se concentrava. Dr. Eyorand, além de médico reumatologista, um grande psicólogo, começa a conversar com ela, e com o tempo, ela foi aprendendo a controlar ansiedade, pois de nada adiantaria o seu desespero e aflição. Conscientizou-se: quem vive com plenitude o presente virá no futuro relatar as conseqüências dos seus atos do ontem, contar sua própria história de vida.
Tudo aquilo que você precisa aprender, discernir e compreender, chegará a sua existência repetida vezes até você dar a devida atenção, efetuando assim a aprendizagem necessária.
A nossa ansiedade não mudará o curso da Natureza. Tudo acontece naturalmente, visto que as leis naturais ou divinas não promovem saltos nem extrapolam os ditames estabelecidos por Deus, inseridos nelas mesmas.
Cometemos um grande erro quando tentamos mudar a seqüência dos fatos. Existem etapas no tratamento de qualquer enfermidade, no processo evolutivo e espiritual do desenvolvimento de cada um.
Se você planta uma semente e quer que ela cresça e desenvolva-se, limite-se a deixá-la naturalmente, pois, por mais que possa dispensar-lhe cuidados e zelos contínuos, somente quando estiver pronta é que brotará e cobrir-se-á de flores.
Somando os desacertos e desenganos se obterão na experiência. Procure sempre caminhar passo a passo porque somente assim chegara à serenidade.
Ao observar o fluxo da vida nas águas, nas plantas, nas flores, nos animais, nas pessoas e em si mesmo, é que verá as oportunidades de crescimento que todo ser está destinado a alcançar.
Não tenha pressa. A paciência lhe ajudará a atravessar o momento de crise; e os frutos do amanhã serão proporcionais a sua paciência de agora.




Lute contra a baixa estima


Também no início do tratamento, Amly passou três meses consecutivos em Fortaleza. Quando foi para voltar para sua terra natal, Dr. Eyorand foi claro com ela: “Você está bem. Nada de ficar deitada, esperando visitas vestidas de camisola. Viva sua vida normalmente. Você tem uma enfermidade; infelizmente o Lúpus ainda não tem cura, mas é possível ainda se conviver bem; a sua cabeça vai ser responsável pelo seu bem-estar. Tudo vai depender de você. Não deixe sentimentos inferiores tomar conta de seus pensamentos. Você não é nenhuma coitadinha. Lembre-se: queira bem a você, se ame, levante a cabeça e verá que tudo vai dá certo. Nenhum paciente meu morreu de Lúpus. Rindo, disse: não vá querer aparecer”.
O sentimento de autopiedade pode nos tornar doentes fisicamente ou mais doentes do que já estamos. Uma espécie de invalidez psíquica envolve-nos a existência; a partir daí, sentimo-nos inferiores e incapazes, levados a uma perda de total confiança em nós mesmos.
A baixa estima ou autopiedade pode nos levar a ser vítima de nós mesmos, porque estaremos somatizando essas emoções negativas em forma de doença. Os sintomas da enfermidade podem ser considerados a forma física de expressar uma atitude interna ou mesmo um conflito. Portanto, doentes não são somente as vítimas inocentes de algum desarranjo da natureza, mas também os facilitadores de suas próprias moléstias.
A doença sempre tem uma intencionalidade e um objetivo, surgindo nas criaturas de baixa estima a fim de alertá-las que existe uma descompensação psíquica (seu sentimento de inferioridade), e da necessidade de harmonizá-la.
Os traços psicológicos dos indivíduos que sentem autopiedade são reconhecidos pela ausência de experiências interiores. Eles possuem uma restrita visão do seu ritmo interno; não valorizam seu mundo íntimo nem desenvolvem o seu potencial inato, quer dizer, suas capacidades latentes, tais como a intuição, inspiração e percepção.
O sentimento de inferioridade ou de baixa estima associa as criaturas a uma resignação exagerada, a um autodesleixo ou descuido das coisas pessoais. A perda do senso da autovalorização é também conseqüência do sentimento de inferioridade, que remete os indivíduos a vivência entre “hábitos cronometrados” e a uma mecanização dos costumes.
O maior sentido da nossa vida é a conscientização da riqueza do nosso mundo interno. Somos essências divinas em busca da perfeição cujo caminho é o autodescobrimento.
É essencial lembrarmos que sempre é possível alterar ou transformar nosso “estilo de vida”. Para tanto, não duvidemos de nossas aptidões, evocações naturais, nem questionemos sistematicamente nossas forças interiores. Para obtermos autoconfiança, só é preciso reivindicarmos, valorosamente, o que já existe em nós por direito divino.
Acredite em você, no seu potencial, na capacidade de tomar decisão, que individualidade divina existe ao realizarmos qualquer coisa; trabalho, por exemplo, faça porque gosta, não para agradar às pessoas, facilidade de novos relacionamentos; por tal razão, não tenha medo de ser abandonado(a), no bom senso. Portanto, as críticas e as desaprovações não lhe atingirão com facilidade. Tenha capacidade de tomar sua decisão, não se esquecendo de respeitar os outros.
Confie sempre na luz maior que há em nós; ela sempre nos guiará pelos melhores caminhos. Tudo depende exclusivamente da nossa vontade de vencer os obstáculos da baixa estima que nos impedem de alcançar a plenitude das realizações pessoais.
Ao nascer, nada sabemos sobre a vida, somos inexperientes, só adquirindo pouco a pouco os conhecimentos de que necessitamos com o percorrer das diferentes fases da vida.
Todas as nossas capacidades e ideais criativos vivem potencialmente presentes, mas os seres precisam apenas de tempo para integrá-los em definitivo. O nosso desenvolvimento espiritual consiste unicamente na modificação da nossa maneira de ver; e isso nada mais é do que a expressão de uma nova visão de nós mesmos e do Universo.
Amly aprendeu, exercitou e exercita-se sempre. Tem momentos de desânimo, tristeza, choro; mas, no Âmago da sua alma, sente que isso passa e que é capaz de vencer os momentos difíceis. Não é fácil: é preciso se amar muito, amar a vida.
Realiza-se no trabalho, ama o que faz, faz porque gosta, não se preocupa com a aprovação dos outros. As críticas um dia já a atingiram, mas hoje aprendeu ter bom senso; daí críticas, desaprovações não a atingem.
Mergulha no seu interior para se conhecer cada vez mais; é isso que a faz ser forte, alegre, otimista, perseverante, determinada e procura não se ferir porque aprendeu que, se isso lhe acontece, a única culpada é ela mesma porque permitiu.
Conheceu o mundo, a natureza humana e a si mesma; é se descobrindo que se cresce a cada dia através da reflexão e da meditação contínua.
A vida é uma escola; se aprendemos a refletir, logo vem o discernimento, a intuição, a percepção, a paciência; a cada dia, surge um novo desafio e, com ele, novas lições, novos aprendizados e não pára nunca.
Crescer, evoluir é de responsabilidade individual, não há como passar procuração para alguém crescer em seu lugar.
Todo ser na terra está aprendendo a usar corretamente seus sentimentos e emoções. Nossa visão interior precisa mover-se como um pêndulo a fim de evitarmos unilateralidade que nos impedem de ver o todo.
Sabedoria traduz-se na capacidade de reconhecer ou na habilidade de ver a totalidade da vida em seu completo equilíbrio. Viver na polaridade não nos deixa entender as diversidades de sentimentos e emoções que vivenciamos. Precisamos adquirir uma percepção intuitiva para não analisarmos tudo como sendo absoluto. Toda a avaliação correta usa critérios com certa relatividade e prende-se às circunstâncias do momento, e não exclusivamente aos fatos em si.
As experiências que vivenciamos uns com os outros são peças importantes no processo de crescimento espiritual.
O homem de bem sente-se feliz com o bem que faz. Todavia, sabe que não pode ignorar as ingratidões alheias, ou não guardar eternos ressentimentos. Aprende também avaliar seu próprio sentimento de perda e de abandono. Contato que mantém com amigos atuais ou que manteve com amigos que se foram pode oferecer-lhe importante conexão para ampliar os horizontes do autodescobrimento.
Seja feliz. A baixa estima prejudica sua saúde e sua vida.







Negar para quê?


Ainda no início do tratamento, Amly ficou diversas vezes magoada, sofria devido às discriminações.
A maioria das pessoas quer representar que possuem segurança absoluta, quando, na realidade, todos nós somos vulneráveis de alguma forma.
Nosso estilo de vida em muitas ocasiões é ilógico e neurótico. O “querer viver” uma existência desprovida de decepção e ingratidão, com a aceitação e considerações incondicionais, é desastrosamente irreal.
É profundamente irracional nutrir a crença de que nunca seremos traídos e de que sempre seremos amados e entendidos plenamente por todos.
Ocultar durante uma vida inteira que nunca ficamos magoados — isso é ilusão; o certo é admitir a mágoa, quando realmente a mesma existir, para que possamos resolver nossos conflitos e desarranjos emocionais.
Para se atingir o equilíbrio interior de maneira decisiva, é aceitarmos as nossas emoções e sentimentos, como realmente se apresentam, porque, deixando de ignorá-los, passaremos a adaptar-nos firmemente à realidade dos fatos e dos acontecimentos que estamos vivendo.
A arte de perceber de forma clara e real nossas mais íntimas intenções é uma das tarefas no processo evolutivo pelo qual todos estão passando.
O que não pode ser visto não pode ser mudado. Os mecanismos inconscientes nos quais nos utilizamos para nos enganar são em grande parte imperceptíveis — principalmente aqueles que não iniciaram ainda a autodescoberta do mundo interior, através do auto-aprimoramento espiritual.
A mágoa traz a doença — alojando-se em determinado órgão, desvitalizando-o. Com o tempo, a mágoa transforma-se em rancor, exterminando gradativamente nosso interesse pela vida e desajustando-nos quanto ao seu significado maior.
Todos os sentimentos devem ser admitidos, porque, se não forem, jamais serão compreendidos. Os sentimentos não morrem simplesmente. Podem até tentar apagar de vez, enterrando-os, mas eles continuarão sempre conosco.
A vida nos ensina muito, momentos de dores, sofrimento, quando entendidos como processo evolutivo, conseqüentemente uma evolução, um grande crescimento espiritual.






Ilusão impede o crescimento espiritual.


Criamos ilusões que, de certa forma, servem-nos de defesa contra nossas realidades amargas. Embora possam, por um lado, poupar-nos de dores momentaneamente, por outro, já nos tornam prisioneiros da irrealidade.
Para possuir uma mente sã, é preciso que tenhamos a capacidade da aceitação da realidade; jamais fugir dela.
Aceitar a enfermidade foi o que fez Amly. Não se iludiu, pois sabia que, se assim fizesse, não poderia tratar-se por meio da compreensão dos fatos reais; não se iludindo, aprenderia como conviver bem com a doença sem parar de viver intensamente com entusiasmo — buscando vencer cada batalha, realizar os seus sonhos, os ideais, cada meta que traçou para sua vida.
É inerente ao ser humano criar ilusões. Muitos de nós conservam a ilusão de que a posse material proporciona felicidade; de que o poder e a fama garantem o amor; de que a força bruta protege alguém de uma possível agressão; e de que a prática sexual lhe dará uma integral gratificação na vida. Quase sempre desenvolvemos essas lições na infância com os nossos pais, professores, parentes, como sendo ricos ensinamentos — quando, em verdade, não passam de crenças distorcidas dos indivíduos que têm o dinheiro e o sexo como divindade suprema, pessoas que não descobriram os valores eternos, que não conhecem a si mesmas, vazias espiritualmente.
Mesmo quando crescidos e amadurecidos, sentimos medo de abandoná-los. Não será fácil renunciarmos a essa ilusão se não nos conscientizarmos de que a alegria e o sofrimento não estão nos fatos e nas coisas da vida, mas na forma como a mente os percebe. Enquanto usarmos nossa mente, sem que a mesma esteja ligada aos nossos sentidos mais profundos, ficaremos agarrados a esses valores ilusórios.
É ilusão fazermos projeção em relação às pessoas. Sofremos porque nos iludimos, por querer que as criaturas dêem o que não podem e que ajam como imaginamos que deviam agir.
Amly sofreu em muitas ocasiões, iludia-se, fazia projeções e o que esperava das pessoas não se concretizava. Um dia, resolveu estudar a fundo a natureza humana e, mais uma vez, tem esta plena convicção: se sofreu, a culpa foi exclusivamente dela. Passa a exercitar com maturidade, não fazer projeções, mas ainda falta muito para ela ficar firme como tem de ser. Por tal razão, tenta, cai aqui, levanta-se ali e segue avante. A sua mente é campeã de imaginação, mas hoje fica mais fácil “domar o cavalo selvagem”, pois é consciente do quanto vivia no mundo da ilusão. É um desafio que aceitou vencer. Consciente, já é meio caminho andado.
Constantemente criamos fantasia com nossa mente, bloqueando a nossa consciência e recusando a aceitar a verdade. Usamos os mais diversos mecanismos de defesa — seja de forma consciente, seja de forma inconsciente — para evitar ou reduzir os eventos, as coisas ou os fatos da nossa vida que nos são inadmissíveis. A negação é um desses fenômenos psicológicos; aparece como primeira reação diante de uma perda ou de uma derrota, do fato de uma enfermidade... Portanto, negamos invariavelmente a fim de amortecer nossa alma das sobrecargas emocionais.
Censurar as emoções é ilusão. Seria o mesmo que censurar a própria natureza. Todos os indivíduos nascem com reações emocionais. Nos bebês, por exemplo, encontramos reações de raiva quando estão impedidos de andar, pegar, movimentar-se livremente; pode se observar também o medo, quando ficam sem apoio, abandonados ou diante de barulho forte.
A raiva e o medo são emoções que proporcionam certo estado de alerta que nos mantém dispertos. Sem eles, ficamos impotentes e não conseguimos proteger nossa integridade física nem psicológica das ameaças que enfrentamos na vida. São essas emoções que nos orientam para a defesa e para a fuga em situação de risco.
Não sentir é viver em constante ilusão, distanciando o verdadeiro sentido da vida. A repressão das emoções inibe o ritmo e a pulsação interior, limita a vitalidade e reduz a percepção. Quando reprimimos nossas emoções básicas, certamente estamos reprimindo também as emoções de afetividade. Infelizmente não conseguiremos lidar com as dificuldades e encontrar soluções se perdermos os contatos com os dois lados da Natureza, criada por Deus e que nos rege. É mais produtivo para a evolução da alma acreditar naquilo que se sente do que nas palavras que se ouvem.






Eliminando a depressão


Existem as nuvens negras, que impedem momentaneamente que a luz nos alcance. No mundo, existe um jogo de luzes e de sombras. Na vida, tudo tem um fim utilitário para crescermos integralmente. Há os momentos de tristeza que, se dentro de nós não houver a reflexão atenta a esses aprimoramentos, não iremos entender esses ciclos depressivos; ao contrário, com muita reflexão, é desses momentos que recolhemos as abençoadas sementes da arte de viver.
As dificuldades do nosso desenvolvimento e crescimento espiritual devem-se ao fato de que, nem sempre, conseguimos encontrar com facilidade nossa própria maneira de viver e evoluir. Aí vem a tristeza, o desânimo, a depressão. Entretanto, é imprescindível compreendermos nosso valor pessoal, como seres originários, ou seres criados por Deus, percorrendo particularmente nosso caminho e assumindo por completo a responsabilidade pelo nosso próprio crescimento espiritual.
A solidão, as lágrimas podem nos ensinar tanto a ser nós mesmos, viver na simplicidade de ser, libertando-nos as vaidosas e dissimuladas auto-satisfação, que consiste em fazer gênero de “diferente” perante os outros, a fim de ostentar uma aparência de “personalidade marcante”.
Amly viveu imensos e inúmeros momentos de tristeza. Chorou bastante, sentiu solidão, mas aproveitou para refletir, para se conhecer mais, para entender o seu “eu” interior. E como sempre foi alegre e otimista, resolveu que não queria viver sua vida triste, depressiva, magoada, inconformada. Se recebeu a dádiva de Deus, “a vida”, ainda que a mesma apresente uma série de dificuldades, inclusive o próprio Lúpus, não se daria por vencida; deixaria fluir seus talentos, seus potenciais e trabalharia muito, criando, procurando ser a melhor naquilo que faz —não no mundo da competitividade, mas, fazendo bem o que lhe faz bem à alma. Não busca fama, sucesso, aplauso, honraria. O que pretende é alegrar almas tristes que perderam o encanto pela vida, mostrando-lhes o quanto a vida é linda e um dom de Deus e, por tal razão, devemos vivê-la alegremente, feliz, amando, percebendo o valor do Universo.
Em um mundo tão desgastado pela violência, corrupção — onde as virtudes são ignoradas, há maldade, assaltos e estupros, o ilícito hoje domina — o homem de bem não tem segurança e vive preso, enclausurado. Os acontecimentos tristes nos jornais deixam qualquer homem de bem depressivo. Mas é aí que ele tem de reagir, continuar sendo bom, dando exemplo; não é porque a maioria se corrompe que se deve passar para o lado da maioria. O trabalho da formiguinha, o grão de areia, repetido várias vezes, vai virando um monte, uma montanha...
Ser nós mesmos e acreditar em nosso poder pessoal, elaborando um mapa destinado aos nossos objetivos e percorrendo os caminhos necessários para atingi-lo.
A vida não deve ser entendida apenas para a sua manutenção biológica na terra, que é passageira e veloz —, mas na plenitude da vida superior, iniciada, sobretudo na vivência do mundo interior. A nossa autonomia, física, emocional, mental, espiritual, está diretamente ligada as nossas conquistas e descobertas interiores. Seres equilibrados, capazes de passar por cima da tristeza, da depressão, são aqueles que almejam sua realização interior, a qual está relacionada com o conhecimento de nós mesmos.




O planeta Terra é uma escola.


A Terra é planeta ricamente dotado de valores inquestionáveis para a felicidade pessoal e grupal — uma imensa escola, oficina de crescimento interior. Para que as criaturas entendam a finalidade da existência, vem o sofrimento, a dor, as almas ficam enfermam —, contudo o Universo é um ninho de esperanças, um hospital para essas almas, para o aprimoramento, aprendizado e destarte crescimento interior.
É aqui, neste planeta criado por Deus, que podemos conhecer a vida e conquistá-la através do esforço pelo trabalho e pelas reflexões interiores, ao mesmo tempo, auxiliando-nos e transformando-nos.
Quando percebemos a vida profundamente, é impossível não perceber seus amanheceres de sol e os seus entardeceres de sombra e de luz. Quando surgem as primeiras estrelas, são convites à meditação e a alegria propiciadora de ventura e espiritualização.
A beleza de suas paisagens fascinantes é um poema de vida em cada parte; só não é vista por aqueles que insistem continuar percorrendo um caminho pelas nuvens da ignorância.
Sua flora, sua fauna, seus minérios extraordinários — tudo constitui a Terra, um conjunto de perfeito equilíbrio e da programação superior —, obedecendo a uma ordem preestabelecia, que vige soberana. Quando perturbada, interrompida ou vilipendiada, abre campo para efeitos semelhantes que se voltam na direção de quem agiu incorretamente.
É necessário, portanto, que haja na criatura humana o “despertamento” moral — a fim de que a Terra seja respeitada pelo menos, quando não amada, o que constitui um dever impostergável.
Alerta sobre o aquecimento global: os homens não respeitam a natureza nem o seu semelhante. É necessário, então, já que não amam, fazê-los respeitar através das normas ou leis que foram criadas pela sociedade para que fosse possível a convivência entre os homens, a natureza. É complexo, difícil, para a maioria, tomada pela ganância de ter poder, riquezas. Pouco importam os prejuízos que causa ao meio ambiente se, com dinheiro e poder, comprar “consciência” daqueles que deviam usar dos meios e impedir esses “monstros” que não possuem mais consciência moral de acabar com o mundo.
Qual é o futuro do nosso Planeta? O que irão fazer as autoridades? Contra a violência, os corruptos e a política, nada fizeram; será também assim com a Natureza? O que nós poderíamos fazer para desmascarar os ladrões de cofre público?
O nosso dinheiro: os cidadãos do Bem pagam seus impostos, o que deveria retornar como forma de contribuição de melhora, saúde, educação... A violência estampada, crianças, adolescentes, adultos, velhos...
Escapar hoje de tanta barbárie é questão de sorte.
Amly vive realmente no mundo. A sua enfermidade não a deixa apática, aliviada; vive normalmente. Talvez, por essas razões, não se sente vítima, coitadinha.
Há pessoas que só enxergam o seu problema; são as únicas que sofrem, são as únicas injustiçadas.
Abra a sua visão para o mundo, leia. Conheça os problemas do mundo (África, Iraque, o próprio Brasil). Há calamidade pelo mundo inteiro. Faça alguma coisa; pode ser um gesto pequeno; todavia, se esse pequeno gesto ajudar alguém, é uma atitude grandiosa. Não perca tempo na mediocridade, falar mal do próximo, querer destruir; essa não é missão para você. Deus é misericordioso e perdoa os filhos que ainda não entenderam o significado a vida. A consciência de cada um é que vai ser a sua própria “palmatória”. Siga sua vida, faça o bem, não se importe se não é compreendida. Continue fazendo, amando.
Opinião, críticas não abalam quando, no seu “eu”, na sua alma, o seu objetivo é seguir a lei divina. Afaste-se de influências negativas; fique longe de quem a quer tirar dos ensinamentos, e não deixe que o ódio, o deboche desses abatam seu espírito. Você é forte, corajoso; lutou a vida inteira, esforçou-se para aprender. Exercite o que aprendeu e não se deixe levar pela raiva, a ignorância dos que ainda não se acordaram. Você não é melhor do que ninguém; apenas se esforça para praticar o que é certo. O certo incomoda; ser verdadeiro incomoda a muitos; eles não suportam, aí vem a crítica e os adversários gratuitos. Valorize o seu “eu”, e o seu poder pessoal brilhará através do seu otimismo e na vontade de só amar. Isso incomoda também a muitos. Porém não se afaste do que já conseguiu. Você não precisa da aprovação dos outros, e sim dos ensinamentos da palavra de Deus.






Acredite no seu poder pessoal e no amor.


Seja segura (o) em todos os seus atos, valorize o seu poder pessoal. Você possui talentos, potenciais, talvez adormecidos. À medida que começa a valorizar a si mesmo, o que faz, o que pensa e aprende, não precisa da aprovação dos outros para colocar uma idéia sua na prática; você vence a insegurança.
A insegurança traz como característica psicológica os mais variados tipos de medo, como o de amar, o da mudança, o de cometer erros, o da solidão, o de se pronunciar. Inseguro, o ser humano não confia no seu poder pessoal, desacredita das suas habilidades e desconfia de não possuir capacidades para enfrentar as ocorrências da vida —, o que o impulsiona a sentir-se infeliz, desanimado e precisar sempre de “muletas” para realizar qualquer trabalho, desenvolver qualquer idéia; tende ainda a se apegar às pessoas em qualquer relacionamento para poder viver, só que, em vez do amor, é a insegurança a fonte principal que o une aos outros.
Geralmente isso acontece nas pessoas saudáveis, e passa a ser maior quando, nas ocorrências da vida, essa lhe apresenta qualquer tipo de dificuldade, uma doença, por exemplo.
No caso de Amly, o Lúpus; ela poderia ter se tornado uma pessoa insegura. No início, ela se sentiu insegura. As pessoas não iriam amá-la, mas ter piedade; isso, ela não queria; passar pela vida como “a bichinha, a coitadinha, a infeliz” —, isso nunca. Ninguém iria ter esse sentimento em relação a ela, porque, mesmo com o diagnóstico claro, evidente, nunca deixou de acreditar no seu poder pessoal, nas suas potencialidades e jamais se desanimou.
Como professora, estudou muito; além do conteúdo a ser ministrado, a melhor forma de como o educando aprenderia o que ela estava ensinando, métodos novos, incentivadores. Para ela, era fácil, pois nada lhe era obrigação; ama o que faz e isso lhe dá uma leveza. A criatividade é aguçada facilmente e foi fácil todos esses anos como educadora. Entrava no expediente, cantando feliz e saía depois de uma quinta aula um pouco cansada, mas feliz e continuava a cantar, já com a certeza de que as próximas aulas seriam melhores ainda.
Quando o nosso coração está cheio de amor, a leveza da vida é a conseqüência lógica. Muitos ainda não perceberam que, com o coração vazio de amor, tudo fica mais pesado, a vida fica chata, difícil, insuportável. Quando será que vão acordar para uma realidade tão simples, porém tão necessária? A vida é linda! O amor é a receita.
Para avançarmos pela vida de forma harmônica com as pessoas, devemos desenvolver a auto-estima, a capacidade de admitir erros, a responsabilidade de assumir nossos atos e, acima de tudo, acreditar em nós mesmos, no poder que cada um possui de criar e realizar independente das ocorrências que a vida traz. Somos fortes para superar e vencer qualquer obstáculo, vencer as batalhas. Essa luta no enfrentar dos desafios nos faz evoluir.


Você pode suportar.


O sofrimento é um ato de conhecimento e aprendizagem. Se bem entendermos as verdadeiras intenções das lições a nós apresentadas, retiraremos tesouros imensos de progresso e amadurecimento espiritual.
O Lúpus trouxe para Amly um maior estado de compreensão e discernimento em relação à vida, pois as dificuldades que a vida nos apresenta sempre têm um caráter educativo. Mesmo que as vejamos agora como castigo ou punição, mais tarde tomaremos a consciência de que era unicamente produto limitado da nossa compreensão. De alguma forma, todos estamos progredindo e crescendo, ainda que, algumas vezes, não nos apercebamos disso.
O amadurecimento é importante, o conhecimento, o aprendizado determina a qualidade de vida. Você é o que você pensa. O modo com que você pensa hoje determina a maneira do seu viver amanhã.
É importante ressaltar que a ignorância causa prejuízo, o conhecimento é poder-varrer o medo, o medo faz com que você fuja da vida.
Enfrente com coragem a sua enfermidade. Não fuja do viver por medo de morrer ou porque perdeu o encanto pela vida, pelo fato de não aceitar a doença, caso se ache injustiçada. Vá à luta, não pare. Saiba que a Vida como um todo será sempre um constante processo de trabalho dos homens. Efetivamente a Vida é trabalho, é movimento. Na Vida, nada está perdido; existe época certa para cada um de nós saber o que é preciso para se desenvolver.
A autocompreensão lhe dá o fundamento para uma vida bem equilibrada, e a decisão, por sua vez constrói essa vida. Com certeza absoluta, podemos mudar para melhor se assim decidirmos. Uma decisão positiva eliminará para sempre a atitude, a idéia de que “eu não posso”. Infelizmente muitos são infelizes simplesmente porque estribaram suas vidas na frase “Eu não posso suportar”.
Você pode suportar, sim. Encontre Deus no seu coração e a sua vida se transformará em alegria, otimismo. Sozinhos, nada somos; com Ele, somos e podemos tudo.






Crescer e amadurecer é amar a vida.


Lição educativa, ensinamentos, aprendizagem, a dor e o sofrimento nos trazem.
Há muitos que não conseguem enxergar que podemos evoluir espiritualmente nos momentos de escuridão e dor. A ignorância causa prejuízo, muitos se revoltam. A revolta de nada faz melhorar a vida; ao contrário, você se torna amargo(a), triste e infeliz.
A vida já é tão passageira! Procure viver cada segundo, minuto, hora, dia, semana, mês, ano, com serenidade; compreender a natureza universal, a lei de Deus.
Viva dentro dos seus princípios e verá como será feliz. Isso não implica dizer que não terá de enfrentar problemas, aflições, dificuldades, obstáculos. Mas a compreensão da vida o tornará forte, sereno para administrar cada problema que a vida apresenta.
Procure sempre ser alegre; divida sua alegria, distribuindo sorrisos para as pessoas que o cercam. Sorrindo sempre, você atrairá a saúde e o sucesso. Viva feliz, sorrindo e fazendo com que seus amigos também se sintam felizes quando o virem.
A tristeza não resolverá seus problemas. Entretanto, sorrindo você, ela se tornará mais fácil e, a partir daí, o mundo será todo seu.
Amly sempre foi alegre. A sua alegria dá-lhe a vida e vida aos que a cercam. De personalidade muito forte, sempre foi ela mesma; não se preocupa com o que vão dizer dela. É muito autêntica e age, obedecendo as suas vontades e impulsos.
Entretanto, sabe controlar seu ímpeto para não incomodar as pessoas.
O ser humano é livre para ser como realmente é. Seu direito, por outro lado, finda quando sua liberdade alcança o limite da liberdade alheia. Respeitando as outras pessoas, ninguém ousará recriminá-lo.
A vida é bela; aproveite-a para não se arrepender mais tarde.
Acompanhe a evolução do mundo. Não seja retrógrado, mas atualize-se. Procure inteirar-se dos acontecimentos, leia, pesquise e fique certo do progresso que bate às portas do tempo.
Não fique parado em sua estrada. Siga seu caminho paralelamente às mudanças e evolução da humanidade. Saiba compreender as novas gerações que surgem; não exija que sejam tais como a sua. Tudo é mutável e você faz parte do sistema. Dê um passo à frente. Rompa seus preconceitos e viva o presente que também é seu.
Há tanto a aprender! Não desperdice o seu tempo com o que não soma nada na sua vida, por exemplo, não perca tempo, falando da vida alheia. Se não pode falar bem dos outros, não diga nada.
Somente Deus, o juiz universal, pode condenar ou absorver seus filhos. Enquanto dispende tempo falando da vida alheia, você estará perdendo grandes oportunidades de trabalhar vencer e prosperar. Elimine a futilidade da sua vida. Vá lutar pela vida e por sua vitória. Cresça e amadureça. Você ficara surpreso(a) com os frutos do seu trabalho.



Seu médico, seu amigo — confiança cura


O paciente de qualquer enfermidade possui uma sensibilidade “à flor da pele”.
Amly não nega o quanto é sensível. O seu médico é para ela um intermediário de Deus, porque sente uma grande confiança, uma grande amizade, um amor fraterno imensurável. Vinte anos de tratamento com ele, Dr. Eyorand não conhece a sua terra natal; mas, onde ela convive, todos o conhecem. Ela fala tanto nele, que é amigo, psicólogo, pai, calmo, competente... Ela não consegue encontrar palavras para falar o quanto o admira e lhe quer bem. Impossível conhecê-la e não ouvir falar no seu médico.
É muito importante que o paciente sinta isso em relação ao seu médico. Já é meio caminho andado para o processo de cura, de melhora no tratamento.
Todas as vezes que vai se consultar, ela, por ser muito sensível, espera sempre uma boa acolhida, que ele a atenda com carinho, dedicação, que não demonstre pressa em terminar a consulta.
Todo paciente deseja se sentir amado e protegido, evidentemente essa troca de afeição deve ser voluntária. Não existe amor em nenhuma relação à força. Há muito tempo, Miguel de Cervado, escritor e poeta espanhol, escreveu que “O verdadeiro amor não se divide e há de ser voluntário e não forçado”.
Cada pessoa é única. Para cada paciente, o médico tem a sua maneira de como se relacionar. Cada um é um ser em particular: possui únicas peculiaridades, situação de vivências diferenciadas.
O verdadeiro profissional é aquele que acredita que a cura do seu paciente não está apenas, exatamente nos resultados dos exames e nos medicamentos. Pois se não houver o encanto, a confiança do paciente em relação ao médico, nenhum remédio haverá de fazer efeito.
O médico racional, frio, só vê o que está escrito no resultado do exame; não acredita no poder da mente, da auto-estima, que gera a força de verdade de lutar e vencer.
O ser humano é de fato muito complexo, tornando impossível separar o corpo físico e espírito. Se o paciente alcança o equilíbrio interior, ao invés de lamúrias e lamentações — mesmo diante de situações penosas —, ele vai estar pronto para acreditar na disciplina de não pensar negativamente, melhorando o seu modo de pensar; a sua melhora é uma certeza. Não há como separar o corpo da mente.
O equilíbrio interior faz o ser humano viver o presente e buscar o futuro, com equilíbrio, superando vícios, mágoas e ressentimentos, cultivado o bem e a verdade, empenhar-se em progressiva renovação. Mesmo com a enfermidade, vê a vida sem drama, sem traumas, pois podemos ser perfeitamente felizes, aceitando os desígnios de Deus.
Acima de nós, dos nossos limites pessoais, há um Poder Supremo, um Poder Criador que tem objetivos a respeito de nós, os quais vamos desenvolvendo e conhecendo à medida que amadurecemos.
A terra é a nossa escola; as dificuldades são nossas lições; a dor é nossa mestra; e os problemas, nosso desafios; o mal, nosso desvio; o bem é a perfeição, o nosso futuro.
O paciente que consegue o equilíbrio interior é consciente de que é importante disciplinar a mente. Assim vencerá os desafios existenciais, os seus temores, as suas dúvidas, os sentimentos negativos que resvalam para angústia, a depressão, o desespero e a revolta.
A vida é uma escola para quem tem olhos, para a busca de compreensão, conhecimento, aprendizado; tem tudo para dar ao ser humano.
A vida é uma infinitude material, espiritual, sob o império da evolução. Evolução é sem fim; não há limites para que você se transforme, cresça e evolua.
Siga avante. Transcenda, pois, os limites que aprisionam sua mente e terá vivido a lição da infinitude. Não esqueça jamais que não existem limites para a prática das virtudes — a caridade, a humildade, a generosidade, a lealdade, a fidelidade, a compreensão. Você tem livre-arbítrio para amar, crescer e tolerar infinitamente.
A nossa vida está em permanente construção. A todo instante, podemos crescer emocionalmente, espiritualmente, socialmente, fisiologicamente e intelectualmente —, buscando sempre contribuir de cada forma para a nossa felicidade, a felicidade dos outros; “é dando que se recebe”.
Trabalhar o seu presente para o equilíbrio interior é fundamental, a fim de que o tratamento seja eficiente e eficaz. Mandá-lo simplesmente para um psicólogo é o ser ético, o sistemático, é o racional. Mas, no seu entender, o seu próprio médico, além do especialista no Lúpus, pode ser seu psicólogo, seu amigo confidente... A confiança que o paciente sente no seu médico acelera a melhora e a cura, mais rapidamente.




O planejamento faz parte da vida de Amly.


Tudo na vida de Amly tem de ser planejado nos mínimos detalhes.
Se ela não planeja, tudo lhe vai faltar; por tal razão, precisa de muita disciplina.
Planeja e determina como obter um resultado prático de modo planejado e conjunto. É o planejamento regido por ela que coordena e que nutre o seu desenvolvimento pessoal. É necessário que ela harmonize, interligando eficientemente todos os elementos de que dispõe, para a obtenção dos resultados almejados.
Todas as vezes que vai a Fortaleza para fazer revisão, realiza uma planificação detalhada, abarcando todos os objetivos a serem coordenados e atingidos em períodos determinados. É uma antevisão detalhada e idealizada do que poderá ocorrer, com a finalidade de predeterminar as bases de ação e prever os possíveis transtornos que possam suceder durante a sua permanência naquela Capital.
Ela tem o seu mundo, os seus problemas, os desafios que precisa vencer. Por outro lado, o seu médico também: ele tem muitos pacientes, está longe de saber a “ginástica” que é para ela estar ali, no seu consultório, na hora marcada. Ela comentou que é de “praxe”: todas as vezes que vai consultar-se, chora. Ele nada pergunta; coloca uma caixinha de lenços descartáveis ao seu lado; isso desde o início do tratamento. Como, em uma das vezes, não conseguiu falar nada, ele lhe deu uma agenda de presente e todas as vezes que vai para se consultar — temendo não conseguir falar ou esquecer de lhe fazer alguma pergunta —, escreve na agenda tudo que quer saber e o que precisa falar, entrega-lhe a agenda, ele recebe e sorri muito. Um dia, ele comentou com ela que falou para os seus amigos sobre ela, ninguém acreditou. Ele vai lendo as perguntas, número 01, 02, 03, 04... E responde, olhando nos seus olhos, uma por uma, na maior calma (e paciência) do mundo.
O que será que “seu médico” pensa: por que ela chora tanto? Há muitos desafios a serem vencidos para ela chegar ali: uma viagem de quase 600 quilômetros, deixar sua mãe por uns dias, hospedar-se de favor e o lado financeiro não é tão fácil. Ela possui um plano de saúde considerado ótimo. Quem o tem, normalmente possui condições de ficar em hotel, andar de táxi. Só que com ela não é bem assim; tem de economizar muito, é quase impossível ficar em hotel e só andar de táxi.
Muitas vezes ele diz que ela está “negligente”, pois passa do tempo da revisão necessária; ela apenas chora ou sorrir. Como lhe dizer que ela não é negligente, que o problema é sempre o financeiro? E quando ele lhe pede o exame de urina em 24 horas? Hospedada em casa de parentes ou amigos, fica impossível. Quando ele diz que não aceita ela não fazer, ela precisa se hospedar em uma pousada por 24 horas. Só teve uma vez que ficou na casa de uma amiga, irmã Marta Valéria que, quando soube que ela ia para uma pousada devido a isso, não deixou e a fez ficar à vontade; ela tem muita sorte: amigas como essa, ela já encontrou muitas; ela diz que essa amiga é realmente uma irmã, já fez muito por ela. Sangue não quer dizer nada: ser irmão é muito mais do que ter nascido do mesmo pai e da mesma mãe.
É, a vida é difícil, uma batalha árdua e que se renova a cada dia. Amly pode até chorar muito, mas nunca parou de lutar e realizar os seus sonhos, de amar a quem precisa de amor, carinho, atenção. Se tudo está para cair, mesmo sem forças, ela sabe que precisa encontrar, e em um impulso, busca as forças divinas. Não se dá por vencida; enfrenta o medo. Às vezes sua consulta termina às 19 horas, 20 horas; o consultório sempre fica em bairro nobre; esquisito, de lá até onde está hospedada, uns dois ônibus; em cada terminal, seu coração dispara; o medo da violência, dos assaltos, quando chega, já passa das 22 horas. Depois, começa outra batalha: fazer os exames, assaltos não têm mais hora, no entanto durante o dia, ela diz que fica mais tranqüila. Depois o mesmo percurso para receber e outro para mostrar os resultados ao médico. Não reclama. Diz ser uma abençoada por Deus; comenta para algumas pessoas que nada cai do Céu, nada é fácil, um mar de rosas; existem espinhos. É preciso lutar e de cabeça erguida, não se intimidar com nada; avante sempre, não desistir nunca. Ela não se lamenta, não vive amarga, ri da situação, brinca; a sua alegria é otimista, é admirável.
A dor, o sofrimento é uma lição educativa. A vida inteira de limitações, mas nunca de tristeza; quanto mais difícil, mais Amly segue em frente; aprendeu a viver e vencer os desafios — desde a asma, quando criança, até o convívio com o Lúpus hoje; nada lhe fez esmorecer; cai, mas levanta-se rápido; não será nunca uma “perdedora” desanimada. Se “a banda passar cantando coisas de amor” e ela no momento não pode ficar de pé para ver (vir), fecha os olhos e escuta, pois está viva, tudo vai passar. Os momentos difíceis passam, é questão de tempo; acredita que vai melhorar; cultiva a paciência, espera; controla sua mente para os pensamentos positivos; reflete onde errou, o que pode melhorar seja na maneira de ser, no fisiológico. Sempre há um motivo para que o Lúpus descontrole-se: o emocional é um deles. Vive em um mundo como hoje — quem não sofre problemas emocionais? Está preocupada. As pessoas, em grande maioria, são egoístas, menos solidárias; a violência hoje é normal, o ilícito é tão natural. Uma pessoa de bem sofre mais; aprendeu a viver na lei divina, e aceitar o que acontece com muita naturalidade no mundo. É um transtorno emocional. Ela é muito otimista na vida; gosta muito de ler, de manter-se informada, participar da vida em comunidade; ama os projetos sociais. Manter-se atualizada é o seu lema.
Ler bons livros alimenta a mente e o espírito. É fundamental cuidar do intelecto e incrementar sua cultura; estudando, você estará exercitando seu cérebro, aprendendo e vivenciando.
O trabalho é a sua vida. O trabalho é uma das coisas mais importantes na vida do ser humano. Entretanto, distribua sabiamente seu horário para que sua mente tenha o descanso merecido. Divirta-se nas horas de lazer. Aproveite sempre os momentos livres para esquecer os problemas. Relaxe-se. Divida seu tempo de forma coerente e saudável. Se agir dessa forma, não duvide, será capaz de desempenhar qualquer função de maneira eficiente.
São tantos os desafios que Amly tem de vencer para fazer sua revisão que aquele choro, lá na hora da consulta, é de alegria, por ter conseguido passar por cima de “pau e pedra” e estar ali, fazendo o que tem de ser feito, para continuar viva e ter uma vida de qualidade, pois sendo cuidada, terá muitos anos ainda pela frente.
Jamais se desanime em atingir seus propósitos. Nunca perca a calma e a esperança. Ao sentir-se fraco e incapaz de continuar, pare um pouco para a reflexão.
Acredite na força divina que habita em você e diga para si mesma (o) “eu conseguirei”.
Mobilize todos os recursos de que dispõe e siga em frente, lutando pela sua conquista.
Não importa que o caminho seja longo e árduo. Se o seu objetivo for para o bem, não existirá força capaz de detê-la(o).






Amando e sentindo o amor


A dor e também a alegria batem continuamente à porta, estimulando, sacudindo para um despertar espiritual.
Em outubro de 2002, Amly começou sentir fortes dores na perna direita, no pé, depois foi ficando avermelhado, com bolhas brancas enormes, na perna, entre os dedos do pé, em baixo do pé. O diagnóstico de alguns médicos é que tinha sido “Aranha”. Doía muito; não tinha explicação para tanta dor. Quinze dias passaram-se e a cada dia ela estava pior. Resolve telefonar para Dr. Eyorand. Ela descreveu o quadro; de imediato, ele diz: “É um cobreiro, venha para Fortaleza urgente, já está infeccionado e se não houver urgência no tratamento, pode ser irreversível; você não tem defesa, sua imunidade é baixa devido a sua enfermidade. Sua vida está em suas mãos”.
A mãe, sua amiga e companheira, a única a entender a doença dela, resolve tudo. Chama o neto Rogério, manda fazer revisão no carro; enquanto isso, arruma sua mala, a do seu marido, a de Amly; tudo isso em uma manhã de 15 de outubro e às treze horas, já estão dentro do carro, rumo a Fortaleza.
Telefonou antes para sua sobrinha Fátima Gonçalves, casada com o coronel Landim. Lá havia lugar para todos, inclusive uma garagem disponível.
Chegaram às vinte e duas horas, foram bem recebidos por pessoas suaves e delicadas como canção de ninar. Isso traz um grande alento. Situações difíceis são amenizadas quando somos acolhidos com amor, carinho, dedicação, boa vontade de pessoas generosas que de fato querem ajudar.
No outro dia, foram para o médico de Amly. Quando ele a viu, não teve dúvidas: era cobreiro mesmo, já infectado. Encaminha para o médico especialista, o infectologista Dr. Jorge Luiz, e ele a interna no hospital São Mateus. Foram dez dias de internação, lutando para reverter o quadro que estava muito difícil.
Por ignorância, ela deixou passar muitos dias. Quando surgir algo diferente para quem conviver com esta enfermidade, é participar logo ao seu médico. Ficou difícil e ela não nega: foi negligente.
Com a graça divina, tudo deu certo. Seu anjo da guarda, sua mãe, ficou com ela como sempre; entrou com ela e só saiu no dia da alta, juntas. Ficaram mais uma semana na casa da prima para complementar o tratamento por ordem médica. Fez a revisão, tudo correu bem e o médico autorizou que ela voltasse para sua terra natal.
Você é imensamente rico. A riqueza em si não significa apenas bens materiais. Riqueza é o amor que temos dentro do nosso ser; e somos capazes de dar esse amor. Se dentro de você existe a força do amor, não se julgue pobre, esse amor é capaz de sobrepujar todas as dificuldades.
Seja altruísta. Procure sempre ajudar o seu semelhante mais necessitado. Estenda sua mão para aqueles que sofrem. Dê de si, contudo saiba fazer a caridade com sabedoria. Não é apenas de recursos materiais que os carentes necessitam; às vezes, um apoio, uma palavra amiga de incentivo, um gesto ou até mesmo sua amizade sincera servirão como lenitivo dos que sofrem. Existe felicidade maior do que servir?
Amly sente-se uma pessoa feliz. Encontrou, e encontra, pessoas que querem ajudar — muitas, como, por exemplo, sua prima Benedita Morais, José Morais, sua filha Viviane, o amigo Diego, Angelúcia, a família de D. Carmelita (Aparecida, Norma, Regina, Nailtom e Bosco), a grande amiga Amélia; são tantos... Tia Terezinha, Irmã do seu pai. Ela tem tanta sorte: até o marido da sua amiga Marilce, Dr. Valter Albuquerque (in memoriam); perdeu a conta das vezes que ele a levava ao médico, para fazer os exames; um verdadeiro irmão. Amly jamais esquecerá todos que lhe deram a mão; a sua gratidão por todos será eterna.
Impossível não falar em Hiáscara e Karyne, filhas da prima Fátima. Ela comenta que encontrou amigas de verdade; são uns encantos, não sabe dizer o tamanho da sua gratidão, fica feliz de sentir a satisfação delas quando vai a Fortaleza e hospeda-se lá; diz que se sente em casa, recebe carinho de todos, e agora tem um lindo garoto, José Vitor, filho de Karyne; a alegria, quando ela está lá, é imensa; todos a tratam bem e o ambiente é só de alegria. Agradece a Deus, nem sabe se merece tudo isso.
Amar, ser amada; servir, ser servida. A vida é linda. Nem mesmo os maiores obstáculos são capazes de desanimar o ser humano, desde que ele valorize o amor. Ame a Deus sobre todas as coisas, siga os seus ensinamentos e será muito feliz.






Crescendo espiritualmente —
somos o que pensamos


Para que o ser humano possa crescer espiritualmente, progredir, precisa se movimentar por si. Procure não se servir de formas já prontas de concepções alheias, como meio de auxílio. Siga seu caminho sem se apoiar em “muletas”. Acredite: os seus próprios membros estão sadios; evite o comportamento dos tolos que, ao seguirem os seus caminhos, servem-se de concepções alheias, apóiam-se em “muletas”, enquanto seus próprios membros sadios permanecem inativos.
O caminho para a Luz, para uma vida com sabedoria, deve cada qual vivenciar dentro de si, descobri-lo pessoalmente. O que o ser humano vivencia e sente intuitivamente com todas as mutações, ele compreende plenamente.
Pesquisando na Internet, encontrarão tudo sobre o Lúpus: conceitos, tipos... Entretanto, o mais importante é você pesquisar a si próprio. As pessoas são diferentes, pensam diferentes; a fé é diferenciada, a cultura, o otimismo, o pessimismo, cada um é cada um. É importante que cada um faça uma auto-análise e, a partir daí, é que viverá feliz ou infeliz; vai depender de cada um, como encara a vida, como convive com o Lúpus ou qualquer outra enfermidade.
Força de Vontade! Um poder não pressentido por tantas pessoas — o qual, como um imã que nunca falha, atrai as forças iguais, fazendo-as crescer como avalanche, e unidas a outros poderes espirituais semelhantes, eleva o ser humano para a Luz da plenitude ou o arremessa na lama —, conforme o que o próprio indivíduo projetou para si.
O pensamento pessimista atrai negativo. É importante manter um espírito elevado, alegre, otimista. Procure jamais deixar de atentar que todas as conseqüências do seu pensar recaem sempre em você mesmo, seguindo a força, o tamanho e amplitude dos efeitos dos pensamentos, tanto no bem como no mal.
Nessa existência terrena, cada hora da sua vida torna-se mais preciosa. Tudo depende de você. Todo aquele que procura e aprende com sinceridade, desprende-se com todos os esforços dos pensamentos baixos que o aguilhoam às coisas terrenas.
Somente as coisas impossíveis exigem crença cega sem reserva, pois cada possibilidade estimula imediatamente o pensar individual. A verdade mostra a naturalidade e as conseqüências lógicas; aí se inicia o pensar e, automaticamente, também a reflexão intuitiva.
Conhecer a enfermidade, encarar a verdade, saber o que tem de ser feito para uma convivência harmoniosa dos seus limites, do seu potencial, não só o Lúpus, mil outras enfermidades, não aniquila o indivíduo para que ele passe a vida estagnado. O pensamento otimista, a força de vontade, se pressentida por ele, poderá viver produtivamente, construir, semear, criar, crescer socialmente, profissionalmente. Ninguém vai fazer nada por você. Deus com certeza ajudará, mas você precisa fazer a sua parte. Pense positivamente.



Habilidade do ser espiritual — vontade


Quem não sofre? Quem nunca passou por dores espirituais de perda, traição, inveja? As decepções e sentimentos inferiores fazem parte da vida terrena, o egoísmo, individualismo, a falta da caridade, humildade, a violência, a corrupção. Esta dói, quando praticada por pessoas que tiveram a chance de atuar na sociedade como homens de bem e escolhem o roubo; é frustrante nos noticiários, nossos representantes políticos, promotores, desembargadores, juízes... Enfim, é difícil aceitar tantos desvios.
Mas nem por isso se desanimar; é continuar na luta, pregando sobre a moral, os bons costumes.
As crianças de hoje merecem um futuro melhor; formá-los, prepará-los para não seguir o exemplo desses corruptos que aí estão.
Quem não sofre dores físicas? Faz parte da vida. Não se desanime, não perca a esperança e nem o seu otimismo. A sua alegria contribuirá para felicidade de muita gente.
Busque primeiro o espírito, a evolução pessoal. Dirija sua mente para Deus, em primeiro lugar, quando alcançar um objetivo.
Aperfeiçoe seus pensamentos, seus sentimentos e passe a agir corretamente, com dignidade, amor, perdão e tolerância. Não é preciso ser Santo... É preciso ser correto.
Depois, e somente depois, busque o objetivo material que deseja, porque todas as coisas materiais são dadas de acréscimo para quem já encontrou as coisas espirituais.
“O Reino de Deus em primeiro lugar e as coisas lhe serão dadas” — são palavras de mestre Jesus.
Reforme o seu coração, mude seus sentimentos, se quiser crescer espiritualmente, ter sucesso e ter paz de espírito.
Mude só de atitude mental, não desista, o tipo de sentimento que mantemos é insuficiente.
É essencial uma dupla renovação: de pensamentos e de coração, mental e sentimental. Significa que não basta pensar positivo; é preciso sentir mais amor por tudo, do fundo do coração.
É preciso aguçar a sensibilidade consigo próprio, com outras pessoas, parentes, amigos, desconhecidos, inimigos. Conquiste uma equilibrada força de tolerância e calma, com gente, coisas e fatos.
É preciso aprender a renovar-se, renascer e amadurecer no espírito a cada momento.
A conseqüência da renovação do espírito é a melhora da nossa enfermidade. O equilíbrio emocional é um fato essencial para a cura, a melhora, o controle e equilíbrio de qualquer enfermidade. Como conseqüência inevitável, seremos mais felizes em todos os sentidos, crescemos e evoluímos rumo ao Infinito.
Quando aprimoramos nosso estado de espírito, quando unimos nosso Eu interior cada vez mais com Deus, alcançamos a compreensão mais profunda da verdade dos filhos de Deus e conseguimos assim a ajuda Divina para resolver nosso problema de saúde e tantos outros.
Quando evoluímos espiritualmente, temos a absoluta certeza de que não somos apenas corpo e a consciência da existência do Espírito, e de que estamos sintonizados com a infalível e ultrapoderosa Força Cósmica de Deus Pai.
Na medida do possível, temos tudo, tudo mesmo, porque estamos unidos a Deus que já nos deu tudo em abundância e poder.
A maior habilidade de um ser espiritual é a vontade. Na dimensão espiritual, basta você querer que algo mude, e a mudança ocorrerá; é extraordinário.
Que poder nós temos? Se alguém consegue se ver como um ser Espiritual o que é na verdade, poderá agir como um ser espiritual, poderá vencer qualquer situação, usando simplesmente a vontade de fazê-lo.
Modifique primeiro você por dentro, reconcilie-se com todos, com o Universo. Ao contrário, não crescerá em poder interior enquanto não se reconciliar com todos e tudo. Comece das pessoas de casa: se tiver de perdoar, perdoe; se tiver de se desculpar, peça desculpas...
Esqueça o passado! Vida nova! Não ter mais forças, depressões, desânimos. E se tiver doente, não fique deitado a pensar no pior; busque meios para sua melhora, não deixe a tristeza invadir o seu coração. Reaja, procure uma ocupação prazerosa: música, ler bons livros, passear, ficar ao lado de quem você ama, escrever. Ocupe a sua mente sempre. Exercite o otimismo e a força de vontade; você pode fazer isso. Você é filho de Deus e ele habita dentro de você. Intensifique a sua fé; não deixe morrer a sua esperança.
Acabe imediatamente com o seu mau humor; este não faz a vida ficar melhor. Deixe a “carranca” de lado e sorria. “Sorria, mesmo que o seu sorriso seja triste; mais vale um sorriso triste do que a tristeza de não saber sorrir”. Amly comentou que sua Avó Santana sempre lhe dizia isso.
Pessoa maravilhosa é alegre, risonha, bem-humorada e agradável a todos. Nunca fala em doença; só pensa, fala e age positivamente.
Se você tiver fé em Deus e em si mesmo, poderá vencer todas as dificuldades, enfrentando todas as situações, paira acima de todas as derrotas e doenças, resolve todos os problemas embaraçados em sua vida.
A oração é essencial. Quando você reza e sua oração é atendida, a solução vem de dentro de você mesmo — através de você em forma de iluminação, forças ou idéias para a solução do problema; ou em forma de fluxo divino de paz para a sua aflição interior.
Ao rezar, não suplique nada de fora; deve apenas pedir ajuda para iluminar você mesmo. A pessoa confiante em si, positiva, otimista e que faz o seu trabalho com segurança de que terá êxito, magnetiza a sua condição. Atrai para si as forças criadoras do Universo.
Quem vai resolver seu problema é você mesmo, impulsionado(a) pela resposta divina as suas orações.
A fé é tudo. Deus, a mente cósmica universal, atenderá as suas preces caso você acredite de todo o coração que será atendido. Se você confiar, tiver a absoluta confiança em si mesmo e em Deus, será, então, capaz de resolver qualquer problema ou situação por mais grave que seja.
Nós complicamos a vida devido ao pensamento negativo. Exercite o otimismo, o pensamento feliz, este é coisa de Deus; aí você verá tudo mudar na sua vida. É tão fácil quando você entende tudo isso e age como um ser espiritual — é sensacional. Você mesmo se cura, você mesma encontra a solução do problema, você se acalma na aflição, você mesmo se anima na depressão e conquista a alegria de viver; você mesma esquece a tensão e a ansiedade pela fé em Deus e na ajuda do seu próprio interior.
Lembre-se dos tempos de Cristo; o grande Mestre assim falou ao curar leprosos e cegos: “Não fui eu quem curou; foi a própria fé de cada um”.
Jesus lançou e sempre pregou a religião interior. O reino de Deus está dentro de cada um, à nossa imagem e semelhança de Deus, o nosso poder pessoal, a nossa própria consciência individual.
Devemos ser honestos com Deus se realmente quisermos a sua divina graça. Devemos viver sem malícia, rancor, agressividade, inveja, ciúme ou cupidez —, que são causas de moléstias mentais e enfermidades físicas.
Existe o preceito bíblico que manda nos reconciliar com o nosso irmão antes de rezar. Assim, além da oração atendida, eliminaremos os causadores de neuroses e psicoses.
A oração leal com Deus é uma espécie de Seguro Mental.
Quando acontecer qualquer coisa desagradável a você, pense e analise: o que devo compreender? E nunca: o que devo sentir? É de fundamental importância analisar o ocorrido, seja o que for, e não sentir o fato, não ficar se remoendo ou sofrendo ou se consumindo em raiva. Tente compreender, analisando, pensando e fazendo esta pergunta: que lição tenho de tirar disso?
Procure não sentir, não se deixar levar pela emoção. Exercite o hábito desse controle, porque ou você controla sua emoções, ou suas emoções controlam você.
Examinando o que lhe aconteceu ou que lhe acontece, tire lições e proveitos, talvez o culpado tenha sido você mesmo. Procurando compreender e não sentir, você vencerá —, acredite.






Na luta pela vida, encontra amizades sinceras —
uma notícia deixa Amly radiante


Era 13 de setembro de 1987. Amly estava em Fortaleza. Havia piorado: as dores físicas intensas, joelhos, mãos, o sangue queimava por dentro, e a maior angústia, o cabelo caía; além disso, “piolhos”. Um triste quadro; gorda (inchada); os corticóides contribuíram para isso, o rosto é que mais incha, os tecidos flácidos. Tivera de viajar às pressas.
No apartamento do amigo Luiz Wanderley, não podia ficar; lá estava em festa, havia muita gente para brincar, divertir-se. Impossível para ela; iria de certa forma atrapalhar, pois gritava com fortes dores nas juntas, mal podia andar; até para abrir uma garrafa de café, era difícil.
Antes de viajar, procurou nos Classificados dos jornais alguma “pensão”, pois viajaria só. Dois dias antes de viajar, recebe um telefonema: era a amiga-irmã Angelúcia Nepumuceno que morava em Fortaleza, soube que ela estava procurando um lugar para ficar e ofereceu sua casa. Amly ficou feliz com o convite, a consideração, mas ficou receosa; ela morava com umas amigas, todas as despesas divididas, podia ser que as outras não gostassem. Mais a amiga foi forte, firme e conseguiu convencê-la a ficar lá.
Foi maravilha; elas são bem amigas; deu muita força. Elas são parecidas; estão sempre rindo, são otimistas, não medem distância para atingir suas metas. Até hoje a amizade continua; quando encontra Amly, grita “Mãe”, e Angelúcia também a chama de “Mãe”. É até engraçado: um dia, encontraram-se dentro de um ônibus, ao verem-se, gritam ao mesmo tempo “Mãe”; as pessoas do ônibus ficaram sem entender: Quem é mãe mesmo? Frase feita, mas é verdadeira: quem tem um amigo tem um tesouro.
A casa dessa amiga ficava no bairro Rodolfo Teófilo, onde Amly já morou quando estudante.
À noite, recebe uma notícia excelente: Madalena sua irmã havia dado à Luz uma menina; seu nome seria Marília. Era exatamente 13 de setembro de 1987. Essa felicidade, ela não esquece. Mesmo com todos os problemas, ela sabia saborear o “morango” — aquela história do homem que, segurando nos galhos de uma árvore, olhava para baixo um precipício cheio de animais ferozes, olhava para cima uma onça faminta, na sua frente, uma porção de morangos, ele estira o braço, puxa o morango e saboreia; foi assim que fez Amly, é assim que ela se conduz na sua vida; resmungado, lamentação, aprendeu que não vale a pena. Ser feliz é uma questão de escolha. Ela opta sempre por estar bem. No meio da tempestade, procurando alegria na alma, haverá de encontrar algo, um lugar seguro, seco, gostoso para amenizar o vento forte que, com sua força, destrói tudo.
A vida, o sofrimento deu-lhe equilíbrio, maturidade e serenidade.
Sempre foi irrequieta, cheia de idéias, de vontade e tremendamente dominadora — o que era aceito na sua roda de amigos, pois suas qualidades também eram muitas. Havia equilíbrios: o tanto que era dominadora, era também generosa; com a mesma força que impunha e defendia as suas idéias, compreendia e defendia o ponto de vista de outras pessoas. Continua entusiasta, cheia de vida e de iniciativa.
O que mudou é que hoje é calma, serena, ponderada. Por que mudou? O que deu esse equilíbrio? Essa maturidade? Sem querer amenizar a situação em poucas palavras, pode-se dizer que foi o sofrimento. A dor é uma ótima mestra. Ao longo da sua vida, aprendeu assumir os pequenos sofrimentos de cada dia. Se ela não tivesse aprendido e assumido todos os problemas da sua vida, do seu dia-a-dia desde a infância, não teria condições de aceitar com serenidade o Lúpus.
Só Deus pode nos dar essa força e essa sabedoria.
Quase 20 anos passaram-se. A vida de Amly caminha, grandes conquistas, hoje já faz parte da história da sua cidade, como professora, administradora, escritora; é referência como lição de vida.
Lúpus sem Martírio é o seu segundo livro. Esse, ela diz que é uma missão a qual tem de cumprir: ajudar a muitos que perderam a esperança, fazem a sua vida amarga e escura, vivem na depressão, na lamúria —, para que acordem e vejam a beleza da vida, para que acreditem na existência de Deus — pois, para ela, o Senhor é a sua força, a sua paz, e ela confia e espera na graça Divina. Sabe que a cada dia pode reinventar o seu futuro, Deus é vida e quer que ela viva.
Construindo sempre, crescendo a cada dia espiritualmente, mesmo terminando o ciclo da vida terrena, continuará viva na terra através do seu trabalho e da sua própria história de vida e viverá feliz eternamente na pátria espiritual.
O seu grande orgulho — os sobrinhos —, afirma que não os trata como tia, mas de igual para igual e esse é o motivo da admiração e respeito por ela. Ela os trata como adultos capazes de assumir qualquer compromisso de trabalho, não tem nem medo quando entrega algum trabalho seu para que eles executem; faz como se tivesse contratando qualquer profissional que não fosse família.
É exigente, perfeccionista; escreveu este livro de próprio punho e, para digitar, contratou Marília, aquela que nasceu há quase 20 anos. Hoje ela é uma linda moça. Linda, sem fanatismo, responsável, segura no que faz, tem opinião própria, gosta de ler, é excelente digitadora, é calada, prudente no que faz, no que fala e sabe se relacionar bem com Amly, pois exigente como é, é lei a pontualidade, o compromisso de trabalho.
Está radiante, pois Marília aceitou o desafio, renunciou às férias para digitar este livro; é acadêmica de Administração de Empresas, na Faculdade Leão Sampaio de Juazeiro do Norte; afirma ser parecida com a tia; é, realmente, há muito em comum: a faculdade, gosta de ler, apresenta-se bem em público, excelente dicção, gosta de desafios, estudar para concursos, enfrentar o novo no campo profissional, não tem medo de correr riscos, está sempre pronta para enfrentar a vida. Acredita que ela será uma profissional bem-sucedida. Isso é felicidade. Não se cansa de agradecer a Deus nos momentos difíceis e de escuridão, como naquele 13 de Setembro, uma notícia maravilhosa que a reanimou. Deus sabe exatamente quando socorrer os seus filhos, sempre quando mais precisam. É muito grata a Deus. O sentido de gratidão e o espírito de louvor vêm sempre acompanhados do sentimento de Amor.






Apelo aos médicos — viva a espiritualidade


Para Amly, que se apóia na fé, a crença de uma divindade ou ser superior rege a vida na terra. Afirma que esse é o motivo de obter resultados mais favoráveis em relação a sua doença do que os que preferem não trilhar esse caminho.
Acreditar em Deus faz bem à saúde. Ao optar pela espiritualidade, cultivar, exercitar, tem uma vida mais saudável do que é permitido pela própria enfermidade; tem menos comportamentos autodestrutivos, menos estresse e muita satisfação geral com a vida. O seu sistema de defesa espiritual é forte e, nesses vinte anos, a depressão não faz parte da sua vida.
Os médicos poderiam contribuir muito mais com o paciente se entendessem a importância de olhá-lo no seu interior, na sua alma.
Tudo está no valor das pequenas coisas, um sorriso, um aperto de mão. O paciente, quando vai para a consulta, espera muito, quer ser curado, amenizar as dores... Em muitas ocasiões, a dor nem existe, mas a mente impulsiona a sentir; é tão poderoso o poder da mente! Uma palavra amiga, gentil, de conforto do médico, já é suficiente para reanimar o doente, aumentar sua auto-estima.
A vida é fantástica, maravilhosa, contudo não corre sempre às mil maravilhas; mesmo nas pessoas que aparentam ser felizes, que parecem viver na maior harmonia, há problemas profundos, sofridos no silêncio e amadurecidos na oração e na dor.
Portanto, caríssimos médicos, quando um paciente sentar-se à sua frente, não vejam, não consultem apenas o seu corpo físico, tentem ver o seu interior, sua alma. Os exames laboratoriais darão o diagnóstico como uma matemática; os remédios, vocês já têm de saber. Agora o efeito vai depender muito da “acolhida” que esse paciente recebeu do seu médico, da confiança, do carinho. O doente precisa sentir que o seu médico é o seu protetor, que ele o defenderá contra todos os males, que é seu amigo...
A relação de conjunto entre corpo e alma ainda é uma utopia. Ainda não conseguiram provar cientificamente a alma, a fé, e para a ciência, pouco importa o nome de Deus, ou se de fato existe algum. Mas a verdade é notória: pessoas mais envolvidas com a prática espiritual encara melhor a sua enfermidade.
Os estudos mostram que toda doença começa na mente, para depois afetar o corpo. Toda doença tem origem mental, através do sistema nervoso, que reage com dor ao sentimento errado da pessoa.
O equilíbrio interior traz a maturidade e serenidade. Daí a importância do crescimento espiritual. A verdadeira crença deve ser uma força que, irradiando-se do espírito do ser humano, penetre em sua carne e em seu sangue, tornando-se assim uma única evidência natural. Nada de artificial, nada de forçado. A crença tem de ser viva conforme Cristo já exigiu outrora; do contrário, não tem finalidade. Devemos ponderar.
Analisar a aceitação apática de pensamentos alheios não é o ideal. Crê às cegas quer dizer explicitamente não compreender; e o que o ser humano não compreende não lhe traz proveito espiritual, pois na incompreensão, aquilo não pode tornar-se vivo dentro dele.
O ser humano deve pesquisar dia-a-dia o que lhe serve para a sua ascensão e, com isso, também para beneficiar seu próximo.
Será livre o ser humano que viver nas leis de Deus! Assim, e não diferentemente, ele se encontra sem pressão nem restrições nesta criação. Tudo o auxiliará, então, em vez de lhe obstruir o caminho. Tudo lhe servirá porque ele de tudo se utilizará de modo certo.
Já se haviam passado dez anos e Amly tomava o medicamento “Cloroquina”. Só que ela percebeu que sua visão estava diferente, sentiu dificuldade, mesmo usando óculos. Falou para Dr. Eyorand que a encaminha ao oftomologista. Exames mostram “olho de boi”, vulgarmente conhecido, suspender a medicação imediatamente.
O incrível é que, mesmo com a visão deficiente, ela passou a ler, utiliza-se de uma lupa. Enxerga bem para longe; para perto, é que é difícil. Em 1995, fez cirurgia “Catarata”, melhorou muito, contudo o seu problema é muito mais profundo.
Aumenta o seu interesse pela leitura. Gosta mesmo de desafios e de “persistir” na sua evolução pessoal. Títulos diversos, a fome de conhecimentos, de exercitar o que aprendeu... A mente ocupada não lhe dá espaço para o desânimo, o pessimismo de ser a vítima, a coitadinha. Acredita no seu potencial interior — isso porque compreende que Deus existe e a ama. Por tal razão, não tem motivos para o desânimo ou aflição, preocupação ou medo de qualquer situação.
Ela, em suas conversas, diz sempre com muita firmeza que não teme as coisas passageiras deste mundo, porque tudo se renova a cada dia.
Viver um dia de cada vez é o seu bem. A ansiedade, o pânico e o medo do amanhã, a preocupação somente prejudicam a nossa saúde, às vezes gravemente. Tira-nos o sono, a fome e a harmonia no ambiente onde vivemos. A inquietação sempre termina em erro, de uma forma ou de outra. Pode-se até pensar que um pouco de ansiedade e preocupação é indicativo de que somos corretos. Mas, com certeza, isso não é verdade; é mais indício de que somos de fato muito fracos, medrosos e pecadores. A ansiedade e a impaciência brotam do medo de acontecer aquilo que determinamos, em vez de aceitarmos seja qual for a vontade do Poder Superior, os desígnios de Deus.
Não vai parar de viver devido à deficiência visual. Jamais se desanimou; continua ministrando aula, lê, estuda, elabora suas notas de aula em letras maiúsculas e não se sente limitada em nada. Os livros fazem parte da sua vida; é claro que existe a dificuldade, mas ela só considera problema quando não há solução; para ler, além dos óculos, utiliza uma lupa, cansa o braço, não é confortável, mas tudo é questão de hábito. A sua Avó Santana sempre lhe dizia que, ao invés de “amaldiçoar a escuridão, é melhor ascender uma vela”.
Considera-se feliz, ama a vida. Os sofrimentos deram-lhe melhor compreensão do mundo, da vida; sabe o significado e, por esse motivo, agradece todos os dias a tudo e a todos, as coisas que tem, a manifestação de Deus. Ao ultrapassar as pedras do caminho, sente a sua proteção, sabe que é Ele quem a ilumina nas suas ações, dando-lhe força, saúde e proporcionando paz de espírito em todas as circunstâncias.
Não importa o mundo agressivo às atitudes das pessoas que ainda vagam nas trevas. Devemos rezar para que elas vejam um dia a Luz e encontrem Deus.
Devemos exercitar a todos os instantes, a tolerância, o não reclamar de nada e de ninguém, o não ter preconceitos, o perdoar e esquecer, o ter bons pensamentos.
Habitue-se a esperar somente pelo melhor, porque o semelhante atrai semelhante.
Jesus Cristo é o meu grande mestre. Que ele seja o seu também.





Eterno aprendizado


A vida é um filme de luzes e de sombras.
Sol, chuva, frio, calor. Se revemos as horas do nosso guia desde a hora em que nos levantamos, pela manhã, até a hora de dormir, concluímos que passamos por diversos períodos: de alegria, tristeza, ansiedade, depressão, entusiasmo, auto-estima alta e baixa, compaixão, pessimismo, otimismo, esperança, desilusão, fé, confiança, tédio, e assim por diante. É assim a vida; tudo isso faz parte.
Não vivemos só momentos de luz, pois são justamente as trevas que nos fazem valorizar e ressaltar a luz. É justamente a impermanência das formas, do que é bom com o que não é, da tranqüilidade, do desafiador, que produz o atrito para que o carro da nossa vida prossiga.
Devemos lutar sempre para crescermos e sermos cada vez mais harmoniosos e saber também aceitar nossa própria verdade. É fundamental conhecer-se, aceitar-se, esquecer os rótulos que colocamos sobre o tipo de ser que somos sem fazer um juízo. A não aceitação do que somos é a recriminação a Deus que nos fez assim.
Para Amly, a aceitação da enfermidade facilitou sua vida, o seu tratamento; resolveu que aprenderia a conviver com o Lúpus e com a humanidade. Estudou, esforçou-se muito para alicerçar o seu interior, para crescer espiritualmente e entender todos os sentimentos inerentes ao ser humano, principalmente os sentimentos inferiores, como o preconceito, a inveja, o egoísmo.
Viver e vencer aqueles períodos que podemos vivenciar em apenas um dia, vivendo os positivos e equilibrando os negativos. Por tal razão, sabe a grande importância de esforçar-se para agir como um ser espiritual e vencer todos os sentimentos inferiores, aprendendo a não se ferir com os “descarregos” dos muitos que discriminam e alimentam-se do sofrimento do próximo.
Como tudo se renova a cada dia, a cada dia ela tem muito a aprender. Todos os dias, novos fatos, situações, ocorrências... Atenta, consciente da necessidade da aprendizagem, observa tudo, filtrando o que lhe servirá de lição e exercita cada novo aprendizado. Não vai parar jamais — caminhando sempre — caminhará sempre em busca do amor, a fim de viver com intensidade cada dia, para que, quando um dia cumprida sua missão, possa ser feliz eternamente, conforme os desígnios de Deus.






Como conseguir a fortaleza da alma,
alegria e felicidade


Nosso crescimento consiste em trabalhar os aspectos negativos, livrando-nos de suas manifestações, e descobrir e desenvolver o que há de melhor em nós e nos outros. Aprender as lições capazes de curar o nosso espírito, nossa alma, e de trazer à tona a pessoa que realmente somos. Estamos na terra para curar uns aos outros e a nós mesmos.
Há tantas lições a serem aprendidas na vida que é impossível dominá-las em uma única existência. A verdade é esta: quanto mais se aprende lição, mais concluímos assuntos e mais plenamente viveremos.
Infelizmente a maioria das pessoas não investe o seu tempo a fim de viver o mais plenamente possível, colocando sua realização apenas em dinheiro, prestígio, prazeres efêmeros, esquecendo os valores eternos, as virtudes, a Lei Divina. Esquecem que a humildade e a caridade engrandecem o espírito. Gastam grande quantidade de energia para não tomar conhecimento do que é mesmo importante na passagem da vida terrena. Muitas pessoas existiram, mas, na verdade, nunca viveram.
É tão fácil ser feliz! Ações simples que brotam no fundo do nosso coração, crescem e ramificam, como, por exemplo, aliviar a dor física ou espiritual do próximo, dos que amamos ou até mesmo dos inimigos gratuitos. Ver com os olhos do coração.
A vida passa a ser simples e fácil de viver plenamente, a felicidade e a alegria na alma fazem com que os obstáculos, as dificuldades, os problemas que a própria vida apresenta, sejam fáceis de serem solucionados, sem desespero e com serenidade.
Gestos simples, sinceros, um sorriso, um aperto de mão, um abraço apertado; riscar, ou seja, apagar da sua vida os aspectos negativos do ódio, da inveja, do orgulho, insensatez; tirar as travas dos próprios olhos e deixar de apontar o dedo para o irmão; não temer a verdade; fazer reflexões, se na sua vida, tornou-se individualista, omisso(a) em relação à Lei Divina. Há tempo de exercitar os aspectos positivos. Comece hoje, agora, pois saiba que o tempo é irreversível (não volta); amanhã pode ser tarde; faça enquanto há luz guiando os seus passos; é com vida que precisamos amar e sermos amados, com carinho, atenção, cuidado com todos, principalmente os idosos e enfermos. “Faço o que posso” — errado. O desafio é fazer até o impossível para fazer felizes os que amamos ou até mesmo aqueles com quem não temos afinidade. Um dia Amly ouviu: “Não me disseram que era impossível, eu fui lá e fiz”.
Podemos, sim, superar-nos. Se o nosso coração está atento para as leis de Deus, podemos, sim, fazer muito mais do que imaginamos poder. Um coração aberto para o amor de Deus está presente para ações simples e generosas — o que as tornam grandiosas e que, com certeza absoluta, fará o ser humano ser realmente feliz, mesmo enfrentando problemas como enfermidades, perdas, capaz de possuir a fortaleza da alma, a alegria, a felicidade. É tão maravilhoso quando, no âmago da sua alma, você descobre o significado da vida- amor-doação total!
As nossas maiores lições decorrem de nossas maiores dores.
Encontramos muitas coisas nesta longa e às vezes estranha jornada que chamamos de vida, mas, sobretudo encontramos a nós mesmos. Quem realmente somos e o que é mais importante para nós? Aprendemos o que é o verdadeiro amor e o que são os relacionamentos. Encontramos a coragem para abrir caminhos, seja através da raiva, das lágrimas e do medo. No meio de todo o mistério da vida, recebemos tudo de que precisamos para administrar nossa existência e encontrar a felicidade, a felicidade que é abordada, não é aquela dos contos de fadas, mas de uma vida autêntica e cheia de significados.
Então quando chegar a nossa hora, poderemos exclamar felizes: “Meu Deus, eu vivi!”.
A vida humana é belíssima, porém brevíssima — tão breve como as gotas de orvalho que aparecem na calada da noite, cintilam ao amanhecer e dissipam-se ao calor do Sol.
Cada ser humano vive em um pequeno parêntese do tempo. Envolve-se em tantas atividades sociais, em comportamentos que levam a crer que não possuem nenhum. Temos as leis de Deus, que estão muito longe de perceberem o mistério que cerca a existência.
A infância e a velhice parecem tão distantes, mas são tão próximas! Em um instante, parecemos eternos; no outro, uma página na história. Por ser a vida tão breve, deveríamos vivê-la com sabedoria para sermos cada vez mais humanos.
Há o muito que aprender. Muitos vivem apenas porque estão vivos, sem objetivos benéficos, sem meta, sem ideais, sem sonhos. Não aprenderam como lidar com a sua fragilidade e suas lágrimas. Foram preparados para vencer; por isso, não sabem o que fazer quando tombam pelo caminho ou perdem a direção. Vem o desespero, a revolta, o ódio, até que chegam a ponto de fazer o mal a si e aos outros. Sabem lidar com os aplausos, todavia desesperam-se diante das vaias; andam com segurança quando tudo dá certo, mas recuam quando não vêem o horizonte.
Pode se concluir que o ser humano, a todo momento da sua existência, tem constantemente a escolha de ser autômato e escravo dos seus instintos, emoções destrutivas, pensamentos e condicionamentos —, ou ser plenamente consciente de todos os atos da sua vida. Ser consciente a toda hora implica viver de modo pleno, isto é, viver em plenitude.
Afinal o que é plenitude? Plenitude é um estado de alma em que o ser humano sente-se completamente realizado, em que ele se sente completo, em que ele se sente pleno. É um estado de plena realização de todo o seu potencial.


A perda — saudades eternas


A lição mais dolorosa da vida é da perda. Amly perde a sua mãe, o que está sendo uma experiência difícil. Não há revolta. Até agradece a Deus todos esses anos de felicidade. Sabe que, na vida, nada é permanente; tudo é transitório. Mas não consegue ainda conter as lágrimas — lágrimas de saudade da presença física. Descreve a sua dor, “um buraco que ficou no seu coração”.
As lições de vida significativas deixadas por sua rainha, amiga, confidente, companheira, Hilda Alves Freire, são imensas.
Ela a ensinou muito. Amly pretende exercitar, rever, colocar em prática todos os seus ensinamentos e, com isso, aprender cada vez mais como se aprimorar. Nada é por acaso; tudo tem uma razão de ser.
Sua mãe defendia a paz e ensinou a deixar “para lá” os aspectos negativos do comportamento humano. Insistia em pregar o amor, a fraternidade, a união, nos gestos e ocasiões no cotidiano da vida. Trabalhava pela harmonia, a paz interior. Amly a entende muito bem, pois elas se comunicavam de alma para alma. A mãe já exercitava todas as virtudes em toda plenitude. Amly ainda se esforça, está longe de chegar ao estágio de evolução da sua mãe. Entende e conhece os caminhos para a evolução; só precisará ter boa vontade, esforçar-se mais, abrir o coração para o amor e exercitar os ensinamentos e lições que sua amada, querida e inesquecível mãe lhe deixou, o maior patrimônio, que é a riqueza espiritual voltada para a prática do bem.
Quantos se enganam, colocando acima de tudo as coisas materiais! Existimos na terra para crescermos, e só é possível através do burilamento interior, ou seja, uma cirurgia moral, seguindo a lei divina.
Sua mãe deixa para todos a lição mais importante da vida: nascemos para amar, servir, ser fraternos, solidários, fiéis e leais, viver a vida intensamente, em festa — quer dizer, viver cada dia, dando alma aos acontecimentos do presente. Ela adorava dançar e, com as amigas, vivia cada minuto, brincava, dançava até harmônica quando o mestre André ensaiava enfermo deitado em uma rede, dançava com o reco-reco do cego (irmão de pastora); ia com as amigas e dançavam, a poeira cobria. Elas eram felizes; havia a inocência no seu coração e a vida sempre foi para ela maravilhosa. Na simplicidade, vivia grandiosamente.
Em entrevista concedida a Amly, a mãe fala na sua vida, quando, em 1930, vieram todos de Pernambuco (Santa Maria do Pajeú) para morar em Missão Velha-CE. Família humilde, mas, em nenhum momento, lamentou-se da sua pouca condição material. A alegria da alma sempre foi a sua maior riqueza. Por tal razão, realizou os seus sonhos, ideais, estudou, trabalhou, foi caixa no Armazém Freire (na loja de Rosalvo Maia), caixa e balconista, sempre feliz. Dizia sempre “como a vida é bela, eu sou feliz”. Casou-se com Luiz Freire do Nascimento. O seu orgulho era dizer “Eu tenho 8 filhos”; sabia entender cada um, nunca cobrou nada de nenhum, o seu lema era que o amor deve ser voluntário e sempre respeitou a maneira de ser de cada um, evitando dessa forma conflitos, descontentamento, entendia muito bem sobre o Livre-arbítrio. A sua serenidade, tranqüilidade, vinha da sua sabedoria.
Sempre soube o valor do amor e vivia o amor. Não é à-toa que os amigos, comadres, compadres, afilhados, sobrinhos, cunhados (as), e até mesmo os que só agora tiveram contato com ela a amaram tanto, carismática. Incrível é o número de pessoas que sentiam a necessidade de visitá-la; vinham para dar a “benção”, beijar sua mão e sentir a sua mão beijada por ela.
A saudade é indefinível. Amly ainda chora muito de saudade. Mas, ao mesmo tempo, é essa saudade que a faz sentir-se perto dela, no seu coração, nas suas lembranças, de ensinamentos preciosos, da alegria que viveram juntas. Deus foi demais generoso com Amly e ela só tem de agradecer por toda felicidade que esta rainha mãe, querida Hilda Alves Freire lhe proporcionou. “Obrigada, meu Deus. Jesus, eu te amo. Virgem Maria, eu te amo. Obrigada por tudo. Amanhã será um novo dia.” Essas palavras eram ditas todos os dias no final da oração que juntas faziam.
O buraco que ficou no seu coração e as lágrimas de saudade, um dia, irão passar —, pois o que ela deixou é tudo tão bonito, sublime, tão positivo que Amly está concentrando-se nessa riqueza espiritual deixada por sua mãe. Só tem motivos para agradecer a Deus, a cada segundo, a glória dos 83 anos bem vividos e sua passagem pela terra, seus atos, suas ações, virtudes terem sido voltadas para o amor sublime de Deus.
A vida de Amly, mesmo com as dificuldades que o Lúpus a faz passar, já valeu a graça que Deus lhe permitiu de ter uma mãe como Hilda Alves Freire. Nada tem a lamentar da vida, da enfermidade com a qual convive há mais de 20 anos. Se já era otimista, dinâmica, trabalhadora; se nunca parou de lutar, com o exemplo da mãe —, vai continuar lutando.
Não é porque hoje não tem a presença física da mãe, que vai desmoronar. Pelo que já falamos sobre Amly, vai continuar lutando e seguindo as lições de vida que a mãe, durante toda a sua vida, passou-lhe, viver intensamente cada dia, dando alma, significado à simplicidade da vida, servindo e amando sempre.




Nossa realidade na terra não é permanente —
tudo é temporário


Selma Legentat escreveu: “Ninguém pode livrar os homens da dor, mas será bendito aquele que fizer renascer, neles, a coragem para suportar”.
Para Amly, a sua mãe, durante toda a sua existência, tornou-se mãe, amiga, confidente, companheira, esteve presente em todos os momentos, alegres e tristes, vitórias e derrotas. A amizade entre as duas foi de total confiança, lealdade, fidelidade, amor, ternura, carinho...
A vida é feita de desafios. E juntas, aliaram-se e enfrentaram inúmeras batalhas. A mãe, sua rainha Hilda Alves Freire, era o exemplo para Amly; a alegria era o seu dom; a vida para ela era festa, dádiva de Deus. Por tal razão, viveu cada segundo da sua existência com muitos significados, alegria, felicidade, intensamente. Fazia tudo de acordo com a Lei Divina, os preceitos morais, eternos. Foi uma constante em seu comportamento, na infância, na juventude, na adolescência, na maturidade, na velhice. Criança amável, disciplinada, educada sob “o certo é o certo” —, desde pequena, adotou que nada a desviaria para o que não fosse certo, seguindo as leis, e assim exercitou e praticou todas as virtudes durante toda a sua existência. Muito jovem, dona de uma beleza espetacular, notória pelo seu corpo escultural —, sobretudo o que iluminava toda beleza física, na verdade, era a sua essência, o que ela possuía por dentro, o seu rico teor espiritual, da alma, do âmago do seu coração. Os valores eternos eram percebidos em cada gesto, em cada ação dessa mulher encantadora, serva de Deus. As virtudes iluminavam a sua existência — virtudes com muita modéstia, como têm de ser (virtude sem modéstia não existe); e nela, a luminosidade — o seu agir com virtude modesta, em que a humildade e a caridade, o amor ao próximo, uma língua sã, a compreensão, a paciência, a bondade, a generosidade, a lealdade, a fidelidade era o natural do seu modo de ser e da sua índole. Gestos simples, com certeza ingredientes que a fizeram viver uma vida intensa, feliz, como criança, jovem trabalhadora, como amiga, como esposa, mãe, como filha de Deus.
Os que tiveram o privilégio de conhecê-la, conviver, têm a felicidade de dizer com toda autoridade: a vida é linda, é possível ser feliz na vida, mesmo diante dos problemas e obstáculos inerentes.
Não há fanatismo nessa descrição; apenas fatos. Amly sempre foi muito apegada à mãe e, por tal motivo, chora a perda. Fez a sua viagem no dia 2 de julho de 2007.
Não é um choro de revolta. Entende os desígnios de Deus, a lei natural. Hoje, 17 de julho de 2007, há 15 dias do seu sepultamento, a saudade é muito grande; mas, no fundo, ela sabe que vai encontrar força para suportar a saudade e conta com Deus para aumentar suas forças, do seu amor para sentir-se forte, da sua mão protetora para se sentir segura. Precisa da luz divina a fim de poder continuar a sua jornada, encarar sua missão, suas provações, pois tem a certeza de que Deus existe e que vai ajudar-lhe a suportar tamanha saudade. Confessa estar ainda fraca, abatida; entretanto, no fundo da alma, sabe que irá superar, pois sabe também que essa separação é apenas física; o amor espiritual que a une à sua mãe é eterno.
Daqui ela sabe que pode fazer a sua mãe feliz, cuidando-se (o Lúpus necessita cuidados) e servindo (sempre gostou de trabalhos humanistas). Há muito que fazer. No momento, experimenta a dor da perda.
Se a vida é uma permanente escola, a perda é uma das principais partes do currículo.
Nesse momento de dor e necessidade, recebemos o carinho daqueles que amamos e às vezes até mesmo de desconhecidos. A perda é um buraco no coração, mas é um buraco que desperta o amor e pode despertar o amor de outras pessoas por nós.
Nossa realidade na terra não é permanente. Tudo é temporário. Por mais que nos esforcemos, acabamos concluindo que não é possível encontrar a permanência e acabamos aprendendo que nossa segurança não pode depender de tentar “conservar” tudo e impedir a perda.
Fácil não é encarar a vida dessa maneira. Por mais inexorável que seja o fim da vida, temos a sensação de ser eternos e recusamo-nos intensamente a contemplar a suprema perda percebida, a própria morte.
Amly sempre viveu ao lado da mãe, quando sentiu em 1989 o primeiro pequeno enfarte, na região onde mora (Cariri) não se fazia nem “Eco, só Eletro”.
O médico aconselha levar a mãe para a Capital para fazer um Eco. Viajam e lá iniciam o tratamento. Feito o Eco, o médico pede um Cateterismo. Feito em um hospital da Capital, não foi necessário interferência cirúrgica, só medicamentos e acompanhamentos de exames de rotina. E foi assim todos esses anos. Amly do seu lado, perseverante no tratamento da mãe, a sua prioridade e razão de viver.
Em 2000, a mãe foi submetida a uma cirurgia, um cisto do estômago. O médio deu-lhe três meses de vida. Disseram que era maligno. Na verdade, nunca foi. Questão de insensibilidade humana. A biópsia nunca foi feita; o amigo médico que levou o cisto nunca chegou ao laboratório, simplesmente achou que era C.A., e pronto.
Dois anos depois, ela, linda, cheia de vida, continuou fazendo acompanhamento com o médico especialista. Esse cobrava a Amly o resultado a biópsia. Ela ia em busca, porém o amigo médico sempre tinha uma desculpa, “vou procurar o papel, volte amanhã” e assim o tempo foi passando.
O médico especialista cansou-se; os exames eram excelentes e a mãe de Amly cada vez melhor. Ele mesmo foi ao laboratório e teve a certeza: não havia nenhum registro em relação à mãe. E quando chega o dia da consulta, o médico chama Amly e conta-lhe a verdade, “ela nunca teve C.A., ela está ótima”; deu-lhe alta. Imagine a felicidade de Amly e da família. A mãe nunca soube dessa suspeita. O melhor era esquecer a insensibilidade humana e ir em frente. Para Amly, foram dois anos vivendo na incerteza, complica o seu estado de saúde (o Lúpus).
O amor de Amly é tanto que nem mesmo o agravamento da sua enfermidade a desanima; firme e forte, cuida da mãe, ela lhe dava motivos para viver.
A vida continuou linda, a mãe de Amly com o seu dom de alegria, de amor, de bondade... Uma família normal, mesmo com problemas. A mãe nunca perdeu a alegria da alma, um ser raro; lições significativas, ela deixou nos seus gestos, nas suas atitudes, comportamento; era a autenticidade do verdadeiro amor.
O rumo da vida segue; a rotina, os exames do coração, os medicamentos, os cuidados para zelar a sua saúde nunca foram interrompidos. Amly é perseverante e, em relação a sua mãe, mais do que perseverante: um amor e dedicação total.
Quando, na vida, temos um objetivo sublime, somos capazes de vencer todos os problemas.
No caso de Amly, já faz mais de 20 anos que foi diagnosticado o Lúpus e ela nunca, nem nas piores crises, desanimou-se. O que a mantinha firme e forte era o amor pela sua mãe, do seu bem dependia a felicidade da sua rainha; então ela lutava para ficar bem; como poderia cuidar da sua mãe se não estivesse bem? Uma dava força a outra; e juntas, venceram inúmeros desafios.
E agora? Com a separação física, será que Amly vai se desmoronar e não lutar pela sua saúde?
Hoje ela ainda está sofrendo a perda.
Quase todos nós procuramos ignorar e resistir à perda, a vida inteira, sem compreender que a vida é perda e perda é vida. É impossível viver e crescer sem a perda.
O fato de você sentir que está sofrendo uma grande perda significa que você recebeu uma benção muito especial da vida, o ser querido que lhe deu tantas alegrias e agora partiu. Aquilo que você sente quando perde alguém tão amado, querido, a sua razão de viver, é exatamente o que deveria estar sentindo.
As perdas nos deixam vazios, indefesos, imobilizados, paralisados, impotentes, tristes, com medo; alguns ficam revoltados. Não conseguimos dormir ou ter vontade de dormir o tempo todo; não temos apetite, ou comemos vorazmente. Cada um tem seu tempo e vive o processo ao seu modo. Podemos oscilar entre os extremos ou passar por todos os níveis intermediários. Está em uma dessas fases ou em todas; faz parte do processo de cura.
A única certeza a respeito da cura é que o tempo cura tudo, talvez...
Seria ideal que a cura fosse um processo ascendente que nos conduzisse à superação com rapidez e suavidade. Infelizmente não é bem assim. Hora ou outra, avançamos em direção à melhora e de repente mergulhamos no desespero; avançamos para depois regredir; progredimos para depois ter a sensação de que voltamos ao início. É assim a cura; podemos ter a certeza de como Deus existe; a cura e restabelecimento virão. Com o tempo você verá; nunca recuperará o que perdeu, a presença física; mesmo assim; a cura virá, porque, em algum momento da sua jornada através da vida, irá perceber, compreender que sempre irá ter aquela pessoa querida, amada de outras maneiras.
A perda é sem dúvida uma das lições mais difíceis da vida.
Perder uma pessoa que amamos é de fato uma das experiências mais dolorosas que existe. O alento, quando morre quem muito amamos, é que, apesar da falta da presença física, somos capazes de encontrar novas maneiras de conviver com ela, pois continuará presente no nosso coração, na nossa lembrança...
Todos sofremos a perda, e cada pessoa experimenta as perdas em seu próprio ritmo e da sua maneira. Cada um é cada um; ninguém sai igual dessa experiência.
Mesmo dentro do nosso sentimento de perda mais profundo, sabemos que a vida continua e que, apesar da perda que ora a bombardeia, você terá novos inícios que brotarão por toda parte.
Fica difícil acreditar nisso, porque, no meio da dor, a perda pode parecer interminável, mas o ciclo da vida cerca-nos por todos os lados. A cura da perda envolve muitos passos e a certeza de que o amor que você sentiu e o amor que você deu nunca é perdido. Esse amor continuará por toda a eternidade, e o que realmente importa é que esse amor é eterno e é nosso para sempre. E se você amou, se sentiu-se amado por esse ente querido que partiu para a pátria espiritual, significa que você recebeu uma bênção muito especial da vida. Este ser querido amado deu-lhe tantas alegrias, felicidades, amor, carinho; fez ver a vida como realmente uma dádiva de Deus, fez aprender muitos ensinamentos, superar obstáculos, amenizar os sofrimentos, ter a força e a coragem de lutar pelos seus ideais, sonhos, metas, objetivo, não ter medo de lutar, aceitar a enfermidade com coragem, aceitação, resignação; tornou-a um ser alegre voltado para discernir entre o bem e o mal, que a sabedoria de viver é o essencial para se viver e não apenas existir. Baseado nessa verdade, Amly não vai desmoronar-se; hoje chora muito, mas não há revolta; agradece a Deus, por saber que sua mãe está melhor junto Dele. Rezava e dizia “Meu Deus, que seja feita a vossa vontade”. Vendo a mãe na UTI “entubada”, sabia que seu estado era gravíssimo e naquele momento, entregava a Deus para que ele providenciasse o que fosse melhor para ela. E Deus providenciou. Resta Amly agradecer por ter tido uma mãe como teve. Na sua espiritualidade, continuará convivendo com sua mãe, pois acredita na vida eterna.






O amor é a finalidade da existência humana —
revendo alguns fatos


Em 18 de fevereiro de 2006, a mãe de Amly tem um AVC, é internada, passa 37 dias no hospital. Recebe alta no dia 25 de março, alimenta-se pela sonda durante 5 meses. No dia 6 de julho, retira a sonda, faz exame de rotina; apesar de dependente, vive bem, sem dores, alimenta-se bem, a sua auto-estima é impressionante, o seu quarto não parece de doente; música, meditação, a alegria é o dom da vida da sua mãe.
Energia positiva, ela irradia. Não há sofrimentos; só alegria; tudo é motivo para festa. “Amly e Ana Célia”, dizia ela, “são meus anjos da guarda”; elas viveram 24 horas por dia esse amor maternal; não havia cansaço; o amor é mais forte e superava todas as dificuldades que, de vez em quando, aparecia.
“O ponto extremo do sentimento é o amor, na sua mais elevada característica e elevado sentido, como um sol eterno que condensa e reúne em seus focos de luz todas as aspirações e revelações humanas e sobre-humanas”.
O maior patrimônio invisível que se oculta na alma humana chama-se amor. Somente o amor revela o caminho do bem e ilumina as trevas. O intelecto ofuscado pela luz do Sol diante da força soberana do amor. Os suplícios, os sofrimentos e as dores desaparecem quando o coração abre-se para o amor.
A lei do amor é que une todos os seres. Através deles, buscamos os gozos suaves de alma que são prelúdios das alegrias celestiais. O amor é de essência divina e todos nós possuímos, no fundo do coração, essa centelha sagrada.
Os anos de amor, cuidados, dedicação, ternura, carinho... com certeza, os anos mais felizes para elas; descobriram o significado da vida — amor-doação total, a certeza absoluta de que Deus existe, que existe também o verdadeiro amor.
Tanto para Ana Célia como para Amly, nada era mais importante do que o bem-estar, a saúde, o conforto, a alegria, a felicidade da rainha Hilda Alves Freire, sempre o mais importante. Por ela renunciaram a tudo. Nada, nem ofensas, críticas dos inimigos gratuitos as atingiriam. Passavam por cima de tudo. Estar em harmonia era necessário. Os seus estados de espírito tinham de estar felizes, alegres, equilibrados, para só passar alegria, felicidade, amor, carinho, dedicação... Uniram-se as duas e venceram. Nada podia atrapalhar os seus objetivos. A vida da mãe, a sua saúde, o bem-estar e alegria da alma são mantidos até o fim dos seus dias.
Se as duas irmãs conseguiram passar esse amor, essa ternura, essa alegria, essa dedicação, a paz, é porque no interior, no âmago das suas almas, era o que sentiam. É maravilhosa a paz e o equilíbrio interior. Onde existe amor verdadeiro, existe harmonia. Por tal razão, reflitam: a vida precisa de amor. Amem! Amem para serem amados. Somente na força e na pureza do amor é que podemos encontrar tudo que conforta, acalma, dignifica e ameniza as penas de cada dia. O amor desenvolve nossa compreensão para a vida presente, dando-nos inspiração para prosseguirmos confiantes no futuro.
Amar é ser leal, nobre, consciencioso, é liberdade, fraternidade, solidariedade; é receber a sublime mensagem de renovação.
“Quando Jesus pronunciou esta divina palavra Amor, fez com que os povos do mundo inteiro estremecessem e fez renascer a esperança em todos os corações, estabelecendo a harmonia e a paz nos seres de boa vontade.”
Quando amamos, podemos nos conhecer, compreender o mundo, a vida. O amor é a base, a essência e a finalidade da existência humana.
Um ano e 35 dias passaram-se depois do AVC. A felicidade era grande, alegria, descontração; amanheciam rindo e dormiam rindo. O ambiente de alegria imensa. Essa energia era comandada pela mãe, Hilda Alves, que, com certeza, passava para as duas filhas. Amly trabalhava a auto-estima, música, cantava, fazia show; gravava mensagens da mãe, entrevista; enchia a mãe de palavras que elevavam seu ego; falava na beleza do seu interior, do seu espiritual; ressaltava todas as virtudes que sua mãe praticou durante toda sua existência; falava na beleza física, dos cabelos, dos olhos lindos, da testa bonita, do nariz afilado, da boca, do queixo, de todo o corpo o quanto era lindo. Perfumada, massageada, hidratada, o quarto era perfumado, o seu quarto parecia um quarto de bebe. Os cabelos sempre bem penteados (feito o fofinho), o batom de cacau, colírio, perfume, o prazer em cada troca de fraldas, dos lençóis na limpeza do quarto — tudo era festa — quando defecava, na diurese, na alimentação, no medicamento... Todos esses momentos eram de amor, felicidade; não havia cansaço; o amor superava tudo.
Luiz Freire, esposo de Hilda, sempre presente, todos os dias ia ao seu leito ou à rede; beijava-lhe a mão, a testa e perguntava se ela estava bem; ela ficava toda feliz e dizia: “Estou bem, meu amor”. Ele, muito sensível, saía do quarto, chorando. De casados, mais de 58 anos, ela falava “quem me amar tem de amar Luiz Freire, pois eu o amo”. Inclusive nas fitas gravadas, ficou registrado esse amor.
Em 1° de maio, uma crise forte de falta de ar... Foi internada, passou 12 dias. Dr. Meton deu alta, ela passa o Dia das Mães e o seu aniversário em casa (19 de maio).
Como sempre, Amly comemora, como fazia há muitos e muitos anos; um lindo bolo, mensagens, presentes. Essa foi a última comemoração. Colocou o bolo na cama; ela, feliz, apagou a vela; depois, só parabéns; fotos registram esse momento maravilhoso. Ela sempre gostou de festas, de alegria.
Infelizmente, no dia 24 de maio, retorna ao hospital e fica até o dia 6 de junho, recebe alta, volta para casa, feliz e sorridente.
Mas veio o agravamento das crises: o oxigênio já não resolvia, a falta de ar ficou crônica. No dia 12 de junho, Dr. Meton envia a ambulância do hospital São Vicente e ela fica internada, já na UTI; é “entubada”. É grave; os seus dois pulmões estão comprometidos.
Dr. Meton passa por cima de todos os impossíveis, e a nossa Rainha Hilda Alves Freire vai em uma ambulância com todos os equipamentos necessários para atendimento de emergência. Tudo é rápido: o enfermeiro coloca na maca, depois na ambulância e segue para o hospital São Vicente, na cidade de Barbalha. Lá chegando, Dr. Meton já se encontra na calçada do pronto-socorro; sim, lá estava nosso anjo protetor, médico, amigo, pai, irmão — ele foi tudo isso para a mãe de Amly; tratava como se ela fosse a sua própria mãe e agia como um verdadeiro e afetuoso filho —, daqueles que valorizam o amor maternal, que sabem a importância de uma mãe; na verdade, Dr. Meton é um ser humano especial, humanista, generoso, bondoso... Recebeu-a e logo tratou de fazer o que era possível. Muito grave, mas dizia “estamos na luta”; deixava Amly com a realidade mas nunca a desanimou; enquanto houver vida, há esperança, vamos lutar.
Vinte e um dias de UTI. O difícil para Amly era aceitar, deixar sua mãe na UTI e ter apenas cinco minutos à tarde para vê-la. Mesmo o plano de saúde, quando o paciente está na UTI, não dá direito à família ficar em apartamento.

Na entrada da UTI, há duas fileiras de cadeiras, de um lado e do outro. Hoje, fizeram um quarto muito minúsculo sem conforto; não possui banheiro nem ventilação. Mas, Amly agradece a Deus; em hipótese alguma, sairia de perto da mãe; para ela, opinião, aprovação dos outros, não necessita; só faz o que o coração pede. Não passou a vida inteira cuidando da mãe, para deixá-la sozinha. É lógico: não podia estar ao seu lado do leito; mas, estando ali fora, sentia-se perto dela, tinha notícias a toda hora, através de um enfermeiro, de um médico, de um estagiário; isso era importante. Revezava com a sua irmã Ana Célia. Algumas vezes as sobrinhas Sara e Marília, a cunhada Darquinha e as irmãs Madalena e Marta, e assim nem um dia, nenhuma noite, a mãe ficou no hospital sozinha.
O amor e a vontade de estar perto da mãe davam disposição. Não sentia dores nem cansaço; só a felicidade de estar perto da sua mãe era o suficiente para se sentir feliz.
Alguns achavam idiotice ficar no hospital já que a mãe estava na UTI, mas Amly não vive de aprovação dos outros.
A mãe, mesmo “entubada”, estava lúcida. Amly entrava, fazia os carinhos, cantava para ela, ajeitava os seus cabelos e dizia: “Meu amor, estamos com a senhora, eu e Ana Célia estamos dia e noite aqui, lhe fazendo companhia, lhe protegendo. Não vai ficar sozinha nenhum segundo. Se tiver me entendendo, feche os olhos”, e ela fechava os olhos e fazia um gesto de riso. Ela estava entendendo, ficava serena, pois nunca gostou de ficar só. Isso lhe dava serenidade e, como Amly nunca lhe mentiu, ela confiava plenamente.
Não foi por acaso que a sua mãe foi para UTI. Em 21 dias, Amly recebe lições grandiosas: a experiência que tem hoje sobre a vida, a Lei Divina, a prática das virtudes. Foi exatamente nesse lugar e espaço de tempo onde encontrou amizades sólidas, pessoas que estavam no mesmo barco que ela, com seus entes queridos na UTI; essas pessoas e Amly uniram-se e ajudavam-se mutuamente. Foi uma rica experiência e a certeza de que os valores eternos, apesar da violência no mundo, não se acabaram.




Amly e como aconteceu quando
Jesus chama a sua mãe


Seu quadro cada vez mais crítico, os braços inchados, roxos, gravíssimo — dizia Dr. Meton. Mas deu a Amly este alento: pelo menos com dores, falta de ar não iria sofrer.
Amly chega para a tarde de domingo do dia 1° de julho; leva para a acompanhar, passar a noite, Socorro Soares Bezerra —, amiga que lhe ajuda no projeto Receita Para Ser Feliz, uma pessoa maravilhosa que Deus, na hora certa, colocou na sua vida. Já faz mais de um ano de amizade sincera; a amiga sempre pronta, à disposição para ajudá-la.
Essa noite, ela foi para fazer companhia a Amly, pois no sábado, ela esteve muito doente e Ana Célia deu a idéia de chamar a amiga pelo menos para dormir, já que Amly andava com dificuldades e o quarto de apoio não tinha banheiro; para ir, tinha de subir uma rampa enorme, isso tudo escuro — ali na porta da UTI é tudo escuro, sinistro —, mas nada fez Amly ter medo, desistir. A noite transcorreu, Amly na cadeira de balanço, Socorro no sofá do quarto. Amly correu para a porta da UTI; queria notícias da mãe, obteve. Foi para o refeitório, lá encontrou Dr. Meton; desce com ele, ele entra na UTI. Ela coloca a cadeira de balanço fora do quarto de apoio para esperar notícias da mãe por meio de Dr. Meton.
De repente, uma moça vai até ela e pergunta se ela está só e a leva a um escritório que fica em frente ao quarto de apoio. Ao chegar lá, a moça apresenta-se: “Eu sou a assistente social”. Amly não espera o resto; olhou para todos e disse: “Minha mãe morreu, não é isso?”. Ela diz: “Calma, precisa ter calma”. De repente, aparece a irmã Ideotrades para a confortar. Porém, ela vê os enfermeiros empurrar a maca que leva o corpo da sua mãe; corre e, com eles, vai empurrando até o necrotério. Lá chegando, havia outro corpo. Amly diz aos enfermeiros que não vai deixar sua mãe só. Eles dizem que não pode ficar, mas ela não sai.
Descobre o lençol da cabeça da mãe; beija-lhe o rosto e fica a alisar os seus cabelos. Dali mesmo, telefona para Ana Célia — a primeira pessoa, porque ela é muito fiel; nem que a irmã fique nervosa e faça os outros nervosos, era primeiro para ela, pois quem estava com Amly no mesmo barco era ela. Foi um choro indefinível, gritos, dava para Amly ouvir o desespero que ficaram todos. Depois liga para a cunhada Darquinha e pede que ela vá para a sua casa, pois lá está o maior desespero. Liga para a funerária e providencia tudo, e depois liga para alguns. Depois de tudo providenciado. Tira o terço do pescoço e, mesmo chorando, começa a rezar enquanto espera a funerária. Socorro está com ela; depois chega Luzi e uma irmã que mora em Barbalha. Quando a funerária chega, resolve com eles os últimos detalhes; eles levam o corpo para Juazeiro do Norte a fim de preparar o corpo e o enterro ser no outro dia. Ela queria ir, mas não havia espaço. Providencia no hospital o laudo, para, em seguida, obter o óbito.
Ao chegar em casa, há muita gente e Amly não foi deitar-se e nem tomar calmante; foi tomar providências. O padre titular estava viajando. Foi então ao sítio Camila falar com o Padre Luiz, que a atendeu com muita gentileza e carinho. Marcou a missa para 9 horas da manhã; depois resolveu com o cerimonial da funerária, que é de Juazeiro do Norte; queria uma missa linda, com música, pistom, como sua mãe sempre gostou (amava música); tudo foi como ela sempre sonhou.
Ficou a noite toda na sala, com o caixão, a amiga Angelúcia do seu lado (há amigos que são mais queridos do que irmão). A mãe, uma vez tinha-lhe dito que, quando morresse, não queria que ninguém ficasse trancado nos quartos; queria que ficassem ao redor do caixão. Fica toda a noite Amly, Ana Célia, Angelúcia e alguns amigos, rezando; afinal, era a última noite de corpo presente; haveria tantas noites para dormir! É assim que Amly é; teve força de ir até o fim, ao sepultamento, à missa de 7° dia, e na missa de 1 mês, outro cerimonial lindo, como sua mãe merecia e gostaria.
Hoje, está ainda chorando de saudades, mas está lutando para reiniciar os seus projetos. Ela tem a certeza de que sua mãe, lá do Céu, quer isso; quer que ela se cuide; pedia-lhe enquanto viva. Apesar de estar se sentindo ainda fraca, sabe que Deus não a abandonará; ela encontrará forças para ir em busca da sua saúde; é uma maneira de fazer a sua mãe feliz.






Ame, amem muito — e o Universo lhes responderá.


O poder, a felicidade e o bem-estar verdadeiros são construídos na requintada arte da gratidão. Sentir gratidão pelo que você tem e pelas coisas como são.
Amly é grata a Deus pela felicidade de ter tido uma mãe como Hilda Alves Freire, pelos seus 83 anos bem vividos; grata a Deus por ter tido o privilégio de cuidar ainda nos momentos mais importantes da sua vida, na velhice e na enfermidade. É quando mais se precisa dar amor, carinho... Sente-se imensamente feliz; olha para trás e não tem como dizer “Se eu tivesse feito assim ou assado”; tudo foi feito; não houve um único dia para que ela se esquecesse de dizer e demonstrar o seu amor.
A sua mãe chamava-a de “carrapato”; eram ligadas demais; e assim durante toda a vida; não era só por causa da enfermidade.
Hoje, precisa encontrar forças para recomeçar; a sua razão de viver era a sua mãe, e continuará sendo, confessa, está fraca, abatida. Sem a presença física de quem tanto ama, sofre ainda de saudades. Mas, é consciente de que Deus sabe que era o melhor para ela, que já vinha há muito tempo doente; sofria resignadamente, sem se lamentar; uma grande lição de vida.
Amly, com Lúpus há mais de 20 anos, e sua mãe, a única que entendia a enfermidade, foram companheiras de verdade: uma ajudava a outra.
Hoje, sabe que sua caminhada não será fácil sem ela. Uma família grande, mas cada um tem suas vidas. Sabe que hoje só pode contar com Deus e alguns amigos sinceros.
Promete a si mesma: seguirá os ensinamentos e o exemplo de vida da mãe; não vai desistir de lutar pela sua saúde, pelos seus projetos de vida, que são tantos, metas, objetivos, todos voltados para o Amar, o Servir!
Agradece a Deus por tudo, inclusive pelo Lúpus, que a fez crescer espiritualmente através de amigos sinceros, da leitura. Quem consegue agradecer até pelos sofrimentos não tem mais nada a temer, pois as decepções, as derrotas, são também lições. A dor nos traz lições educativas; só é necessário saber ler nas entrelinhas.
Ela vai continuar lutando; irá sorrir, chorar, gritar, gemer, cantar; mas sabe que, “por mais escura que seja a noite, haverá de amanhecer”; no fundo do seu coração, sabe que Deus está dentro dela; e se querem saber, dentro de todos vocês que se sentem vítimas, coitadinhos, só porque enfrentam uma enfermidade, uma decepção. Parem com isso; a vida é maravilhosa, amem e valorizem a vida, deixem de drama; “mude o que pode ser mudado e aceite o que não pode ser mudado”.
Ame, ame muito, a tudo e a todos e o Universo lhe responderá.
A propósito, esta obra não é uma “ficção”. Amly é na verdade a própria autora deste livro — Lúpus sem Martírio: aprendizagem, espiritualidade e amor à vida — Hilma Freire. Amly é Hilma ao contrário.
Escolheu essa forma porque se sentia mais à vontade para relatar alguns assuntos selecionados por ela; era como se estivesse falando na vida de alguém muito íntimo.






Homenagem a sua Rainha
(Mensagem lida por Hilma Freire na missa de 30° dia)


E ASSIM VIVEU HILDA ALVES FREIRE

(Escrita e lida por Hilma Freire)

Hilda Alves Freire, filha de Defino Alves da Silva e Ana Alves Furtado, conhecida por Santana Alves.
Nasceu no dia 19 de maio de 1924, em Santa Maria do Pajeú-PE.
Em 1930, devido a um longo período de seca, a sua família foi morar no Ceará, especificamente em Missão Velha. Já havia familiares residindo nessa região. Sua família era composta de 6 irmãos: 3 homens e 3 mulheres.
Casou-se com Luiz Freire do Nascimento, um comerciante missãovelhense e, dessa união de mais de 58 anos, frutificaram-se 8 filhos, 19 netos e 6 bisnetos.
Estudou, trabalhou como caixa e balconista na loja de Rosalvo Maia e também no armazém Freire.
Rainha do lar, o seu maior orgulho era dizer “eu tenho 8 filhos” —, como em uma entrevista documentada e concedida a sua filha Hilma, onde relata em detalhes a sua vida do Pernambuco até chegar a Missão Velha, terra que aprendeu a amar como sua terra querida.
O amor e a alegria fazem parte da sua índole, da sua personalidade, conquistando muitas amizades e conservando-as.
A paz, para ela, era o mais importante; em todos os gestos, em todas as ações, dava demonstração de amor e de alegria — um dom especial, único, dessa maravilhosa e encantadora mulher, dessa rainha — a alegria e o amor que possuía na alma.
Exemplo, lição de vida, que vale mais do que qualquer sermão.
A finalidade da sua vida era a “Lei do amor”. Praticava os ensinamentos da lei divina, as virtudes, valores eternos como a bondade, a compreensão, a lealdade, justiça, a fidelidade, a humildade, o amor ao próximo como a si mesmo, a língua sã, a caridade.
Durante toda a sua existência, aproveitou para demonstrar o amor sublime de Deus a si mesma, a sua família e ao mundo.
Uma autêntica heroína, guerreira, serva de Deus; viveu intensamente todos os momentos da sua vida, dando significados valiosos às inúmeras circunstâncias: alegrias e tristezas, luz e trevas, sucessos e derrotas... Tirava de cada circunstância, fatos, Lição educativa para aprimorar mais o Seu Eu interior.
Jamais teve medo de lutar, de enfrentar os desafios da vida. Viver é lutar — administrar cada batalha e seguir sempre em frente, avante, com otimismo, força de vontade e a alegria da alma.
Lutou com coragem, força, resignação, determinação, sem jamais se lamentar, de cabeça erguida e sorriso nos lábios.
Em 2 de julho de 2007, deixa essa vida e retorna para Deus.
Em vida, através da meditação, trouxe o amor de Deus para seu coração. E nesse exercício mental que envolve mente e coração, sabia no âmago da sua alma que esse exercício é um método infalível de alcançar Deus — voltar-se para Deus, retornar a Deus. Deus é o amor que envolve todo o Universo. Foi o que fez Hilda Alves Freire durante toda sua existência. Permitiu que Deus entrasse na sua mente e no seu coração; foi uma decisão sua, uma escolha de viver no amor de Deus; e quem faz essa escolha nada tem a temer dos obstáculos, dos desafios, das pedras do caminho que a própria vida apresenta. Lutou sempre; jamais, em nenhum momento, desanimou-se; nada apagava aquela alegria da alma, o sorriso, a felicidade.
Hilda Alves Freire, em vida e por toda a eternidade, tornou-se um veículo do amor de Deus.
O amor é um bálsamo que pode curar as terras, como à violência e a tudo que ela causa de todo universo.
Essa cura torna-se cada vez mais crescente e envolvente, à medida que cada indivíduo partilha seu amor. E assim ela viveu, transmitindo o seu amor, o amor de Deus, a sua família, às cidades, às nações e a cada indivíduo que habita o mundo inteiro. Ela era atenta aos acontecimentos do mundo.
Hilda Alves Freire sempre acreditou na força do amor e que o amor está sempre em expansão e movimento na busca visível por mais pessoas e coisas a amar.
Partiu para junto de Deus. A sua missão foi cumprida. Viveu com a plena certeza de que a prática da lei divina é essencial para o crescimento espiritual, para a felicidade, para a paz e serenidade, para ter força suficiente e vencer as tempestades que ora a vida apresenta, sem medo, com coragem e ainda manter a calma, o sorriso nos lábios, transbordando na plenitude da vida. Quem possui Deus dentro de si, possui amor e a alegria da alma.
E assim viveu Hilda Alves Freire: viveu amando, viveu servindo, com modéstia e humildade.
Deixa o maior patrimônio invisível que se oculta na alma humana: chama-se amor. Somente o amor revela o caminho do bem e ilumina as trevas.
A sua existência — o seu modo de ser, o seu agir, a maneira de cultivar a paciência, ser compreensiva e a fé que possuía — deixa a certeza absoluta de que Deus existe e que existe o verdadeiro amor.
Amor-Doação total foi a tua vida, mãe querida! Obrigada, mãe amada, por ter sido esse veículo do amor, aqui na terra, e continuará sendo aí no Céu por toda a eternidade.
Semeou tanto o amor que não há dúvida da existência de Deus e do verdadeiro amor. Obrigada, mãe querida, do fundo do meu coração. Te amo e te amarei eternamente.
A saudade é enorme; não consegue parar as lágrimas de saudades.
Pai, todo-poderoso, preciso de forças para prosseguir em frente; preciso do teu amor para me sentir forte; preciso da tua mão protetora para me sentir segura; preciso da tua luz para me unir na sua presença e nela enxugar as lágrimas dos meus olhos e a morte já não existirá. Não haverá luto nem pranto, nem fadiga, porque tudo isso ira passar, porque um dia nos reveremos no Céu.
A força curadora de Deus está dentro de mim e me curará.


Hilma Freire, em 2 de agosto de 2007















A vida não pára. Ressurge a vontade de lutar.


A vida não pára. A cada segundo, cada minuto, Amly pensou ter concluído o livro com a mensagem que leu na Missa de Trinta Dias de sua mãe.
Há um mês e oito dias da missa, vive uma experiência trágica: o seu irmão Joaquim Neto tira sua própria vida, jogando-se debaixo de uma carreta. Ela não quis detalhar os motivos. O irmão tinha diabete, mas estava controlada a doença. Nesta época, ele era casado: filhos, esposa; com certeza, os problemas familiares deixaram-no com depressão. Para essa doença, a cura é o amor, cuidados, atenção e a entrega do verdadeiro amor. Os amigos são importantes, mas a base para essa cura está no âmbito do núcleo familiar.
Amly sofreu muito. Não é porque esse irmão partiu para a pátria espiritual, mas, era o único dos sete irmãos que a beijava, que a procurava nos momentos difíceis —, o único sentimental como a própria Amly em relação à mãe: não media esforço para, de alguma forma, ajudar a Amly e Ana Célia com os cuidados com a mãe. Chegava do trabalho e Amly dizia: “Tem uma ou duas horas para ficar com mamãe?”. Em muitas vezes, não tinha empregada e, naquelas duas horas, Amly ia para a cozinha lavar a louça e a irmã lavar a roupa; jamais deixava a mãe só. Ele ficava feliz; sentava-se do seu lado e, a cada tosse, tirava a secreção, fazia-lhe carinho, conversava, brincava; e a mãe ficava toda feliz.
Depois da seqüência — a morte súbita do cunhado Hoffman, a morte da mãe, do irmão —, Amly, que sempre se mostrou forte, resolvendo tudo, caiu doente e com uma tristeza sem definição.
Já havia um ano e nove meses que não ia para revisão. O seu medico, nada satisfeito com ela, mandava recados através de amigos comuns, porém ela não ligava. A mãe era seu objetivo maior. Ela sabe que errou, mas não “chora o leite derramado”, não se arrepende. A mãe era mais importante que sua própria vida. Por tal motivo, doutor Eyorand diz aos colegas pneumologistas-cirurgiões que “ela está rebelde e desaforada”.
A situação de Amly complica-se: dor horrível nas costas, não sabia como definir; abatida com toda a situação, fica deixando o tempo se passar e nada faz; só deitada em uma rede a chorar.
O seu amigo fraterno Edilson Santana telefona-lhe quase diariamente: “Professora, se você não tomar uma atitude e retornar a Fortaleza o mais rápido possível, não vai dar tempo. Isso que você está fazendo é um tipo de suicídio”. Ela ouvia, chorava; mas, onde buscar o ânimo? Dores horríveis! Não aparece ninguém para lhe ajudar a arrumar a mala.
A sua cunhada, irmã Joana Darq, de quem ela tem um apoio total, veio, levou sua roupa, mandou lavar, engomar e, aos poucos, Amly consegue ânimo e disse “eu vou; mamãe sempre quis que eu me cuidasse”. E só em sentir que sua rainha ia ficar feliz, ela vencia as dores, as dificuldades; e a vontade de lutar pela vida ressurge; de cabeça erguida, sem lamentação, com serenidade, resignação, foi crescendo dentro dela a fé e a esperança; foi esse o exemplo que sua mãe lhe deixou e elas se seguram na lembrança, na lição de vida, daqueles lábios sorridentes na alegria de viver, mesmo nos piores momentos quando já estava fraca física e espiritualmente — pois sua mãe nunca se deixou abater. Uma vez, com pneumonia, o genro Hoffman olhou e disse “Mãe, você é linda mesmo doente; esse seu sorriso nos lábios fortifica qualquer espírito cansado, a sua alegria contagia o que tem o privilegio de conhecer e conviver com a senhora”.




A viagem — em busca de um milagre


No dia 11 de setembro de 2007, Amly viaja para Fortaleza, em um vôo que sai de Juazeiro do Norte às 14h30min, em companhia de seu amigo fraterno e da sua esposa.
Quando viajou, já tinha consulta marcada com o doutor Eyorand, às 16h30min; foi chegando à casa de sua prima Fátima Gonçalves (esposa do Coronel Landim): só o tempo de deixar a bagagem, tomar um café e ir direto para o médico. Não sabe explicar; mesmo com as dores terríveis, quase impossibilitada de andar, foi sozinha para a consulta, ligou para o táxi (ela não se importa em pedir ajuda), o motorista ajudou e lá os “maqueiros” a colocaram na cadeira de rodas. Tudo deu certo.
Quando chega ao consultório, nem ela acredita, mas está ali; não é sonho, é realidade; fala baixinho: “Vou fazer minha parte, meu Deus, e que seja feita a vossa vontade”.
Entrega os documentos para a atendente e fica aguardando. A porta do elevador abre-se e vê doutor Eyorand, de jaleco, com uma pasta na mão; quando ele a viu, foi até ela e disse “Sua danada, um ano e nove meses... ”. Bate com carinho na sua cabeça e continua: “Estou feliz em lhe ver de novo”.
É a sua vez. Entra no consultório, já em prantos. Doutor Eyorand diz: “Vamos com calma e por etapas: primeiro, o que mais lhe incomoda?” Amly responde: “As dores nas costas”. Ela havia levado radiografias que havia tirado em razão de ter feito RPG “readaptação postura global”. A radiografia mostra fraturas em várias vértebras. Doutor Eyorand não gostou do fato de Amly ter feito RPG; ficou indignado a esta realização devido a fraturas visíveis nas vértebras.
A primeira etapa será a dor nas costas. Na verdade, sete vértebras fraturadas, e lhe diz que ela é forte por ainda está andando.
O lúpus atinge todos os órgãos do corpo humano. A osteoporose e quatro quedas complicam a coluna de Amly.
Tudo começa ali; o ponto inicial do tratamento é dado pelo seu médico reumatologista doutor Eyorand Andrade. Ele lhe diz que ela vai ter de se submeter a uma cirurgia chamada vertebroplastia; o especialista que ele indica é o doutor Marcelo Otoch, neuroradiologista-intervencionista.
Antes, manda que ele faça diversos tipos de exames. Ali mesmo onde fica o seu consultório, no Hospital São Carlos, ela faz todos os exames: radiografias, tomografias, etc. Ele lhe diz que, quando estiver pronto, ela venha lhe mostrar, que ele a encaminhará para o médico especialista no tipo da cirurgia. Amly chega dia 11 de setembro; faz os exames no mesmo dia, e recebe no dia 14 do corrente mês; leva para seu médico e ele lhe diz: “Segunda-feira, dia 17, você me telefona, que vou mandar marcar sua consulta para segunda, à tarde”. Tudo muito bem. Amly telefona e a atendente lhe diz que sua consulta está marcada para as 18h30min; deu-lhe o número do andar, da sala do médico.
Ela vai para a consulta com sua prima Hiáscara. Como tem dificuldades para andar, precisa de acompanhante. Quando chega ao consultório, a prima diz: “O que tem haver vértebra com gastro? Ela, como é Fisioterapeuta, não consegue assimilar”. Amly nem liga e diz: “Eu não sei, mas o meu nome está lá, a consulta foi marcada aqui” e brincando, diz ainda “e talvez tenha a ver, pois ando tomando luftal”. As duas ficam rindo.
É chamada para consulta. Doutor Marcelo, um jovem médico simpático, pergunta-lhe: “Em que posso lhe ajudar?”. Amly lhe diz que é paciente do doutor Eyorand e entrega-lhe todos os exames e sorrindo, diz: “Eu queria ter a competência para consertar vértebras”; pega o telefone e liga para doutor Eyorand; a atendente confundiu, pois havia mais de um doutor Marcelo no prédio do Hospital São Carlos. Esse jovem médico foi de uma delicadeza tão excepcional que Amly não vai esquecer. Ele diz ao doutor Eyorand que ele resolve o problema. Telefona para doutor Marcelo Otoch, conta-lhe toda a história; a preocupação maior é que o especialista em vértebras só tem consulta uma vez na semana e era na segunda-feira; esperar uma semana era impossível com tanta dor.
O doutor Marcelo, o gastroenterologista, anota o celular do doutor Marcelo Otoch e ele diz a Amly que ligue no outro dia para o Otoch às 13h30min a fim de marcar como se encontrarem. (Na verdade, dr. Marcelo, o gastroenterologista, não é Marcelo: é dr. Marcellius H. L. Ponte de Sousa.) Amly liga exatamente na hora combinada e ele lhe diz que, às 16:00h, liga para ela e diz como e onde vão se encontrar. Amly fica insegura: preferia ela ligar; tinha medo do médico não ligar. Mas, para sua surpresa, ele lhe telefona meia hora antes e diz que, para aquele dia, não será possível e promete ligar para ela no outro dia às sete da manhã. Ele liga, marca com Amly para as “oito e trinta” no hospital da Unimed.
Amly fica feliz; prepara-se e vai para o encontro, levando todos os exames; ao chegar ao hospital, telefona dizendo que se encontra lá. Ele lhe diz onde ela deve ficar: em uma sala de espera, em frente à imagem de Nossa Senhora de Fátima e que ela não se preocupasse; ele a encontraria.






Doutor Marcelo — uma claridade com raios
de luzes douradas


Sentada na sala de espera do hospital da Unimed em Fortaleza, vestida de preto (Amly é conservadora: luto, para ela, é no coração, na roupa); pouco se importa com a opinião dos que consideram uma idiotice, ela só faz o que lhe pede o coração.
De repente, surge alguém, vindo em sua direção, seu coração bate disparadamente; não tem duvida: é o doutor Marcelo Otoch. Ela não consegue ver o seu rosto, ou que roupa está usando; o que vê é uma claridade tão intensa, raios de luzes douradas formam a imagem de um homem, o que consegue ver é um sorriso amável, carinhoso, atencioso — tudo que ela precisava ali, naquele momento, e de repente, um forte fraterno abraço.
Amly tem escalado muitas montanhas, e inúmeras pedras têm machucado seus pés; por toda tempestade e calor ardente, seu coração ainda canta uma canção de gratidão; mesmo que esse jovem médico não pudesse fazer nada por ela em relação a sua saúde, só aquele sorriso sincero, vindo da sua alma, já era suficiente para ela lhe agradecer pelo resto da vida e por toda a eternidade.
Tem sofrido muito, mas não se lamenta; segue os ensinamentos da mãe, sorriso nos lábios, nada de lamentações. Chora, é verdade, quando as dores físicas lhe atormentam, ou chora por saudades, à falta de um aconchego; diz que é bom chorar, lava a alma; chorar, mas sem desespero.
Acredita que todos os sofrimentos e lágrimas, todas as angústias e dores, os dias tristes, esperança que viveu em vão — sim, podem acreditar — Amly acredita que foram essas coisas que a fizeram crescer. Engana-se quem acredita que as coisas mais suaves da vida fazem o ser humano crescer; não. O que estimula o desejo de batalhar em uma pessoa são as adversidades.
Estivera durante um ano e nove meses sem dar a mínima para seu problema, como já foi citado. A mãe era o seu maior objetivo de vida; errou, mas é humana. Quem não comete erros? Cabeça dura do jeito que é, faria tudo de novo, mesmo vendo e sentindo o que está passando: três cirurgias de vértebras “broncoscopia”, etc.
Ali, naquele exato momento, buscava um milagre, lutava contra todas as adversidades do mundo; quase impossibilitada de andar; dores terríveis, as perdas dos entes queridos, principalmente da mãe, dificuldades financeiras. Mas, e daí? Estava ali, esperava com toda esperança e fé; alguma coisa vai ser feita, o que tiver de fazer, vai fazer, vai até o fim. Desistir é muito cedo.
Amly sabe muito bem que a vida é uma batalha; a escalada é contínua, se quisermos algum dia alcançar nosso objetivo; requer grande esforço, desde alvorada até o anoitecer. A estrada, o percurso da vida é áspero, é acidentado, as pedras estão por toda parte pelo o caminho da vida, e somente com coragem e vontade de vencer, podemos alcançar o auge dos nossos objetivos.
Amly tinha plena convicção de que, a partir dali, sua caminhada não seria fácil e sua trajetória não seria coberta de flores. Estava pronta para recomeçar.
A hora certa de mostrar sua coragem, sua força de vontade, seu otimismo, sua vontade de lutar pela vida. A qualidade de vida vai depender dessa valentia espiritual; o destino da sua vida está direto à frente e, por essa decisão, ou ela se levanta, ou cai. Amly está decidida a seguir em frente, a levantar-se.
Doutor Marcelo Otoch, ao aproximar-se, vai logo lhe falando “você é Amly, a paciente do doutor Eyrand Andrade, a que foi para o doutor Macédios, o gastro, por engano, e sorrindo, leva-a para uma sala do hospital chamada termodinâmica. Olha todos os exames e diz: “Você precisa ir na Federação da Unimed dar entrada nesses papéis para a autorização do material cirúrgico. A cirurgia será realizada no momento que seja autorizado”. Conversaram bastante e Amly tem a sensação de que já o conhecia há muito tempo.
Ele lhe passou entusiasmo enorme. Os sábios sabem que o entusiasmo é a mãe do esforço e, como Amly sentia o desejo forte de curar-se, parecia que poderes sobre-humanos enchiam o seu ser de coragem para prosseguir a luta pela a vida.
Do hospital vai de imediato em busca da autorização. É muita burocracia, a espera, vencer a ansiedade, as dores, não é fácil. Depois de muita insistência por parte de Amly e do próprio doutor Marcelo, a autorização só é concedida na sexta-feira, no final do expediente.
A cirurgia foi marcada para o dia vinte e três de setembro de 2007.
Domingo, pela manhã, Amly e sua prima Fátima dirigem-se ao hospital. Quando chegam, dão entrada no setor de internamento; logo depois, são levadas para o apartamento. A enfermeira prepara Amly para o centro cirúrgico. Tudo bem a cirurgia foi um sucesso.



O desespero da sua prima Fátima


Amly ficou “encubada” durante a cirurgia; não viu nada; estava sedada e depois a levaram para a UTI cardiológica.
Esse fato foi motivo de desespero, pois a sua prima Fátima não foi preparada para que, depois da cirurgia, Amly fosse levada para a UTI. Esperava que ela fosse para o apartamento. Fica em pânico. A enfermeira pediu que desocupasse o apartamento e, logo que Amly tivesse alta na UTI, o hospital telefonaria para a família; e que ela fosse para casa. Ela chorou muito; começou a telefonar, primeiro para Dr. Marcelo, este a acalmou e disse-lhe que, na Capital, qualquer cirurgia, o paciente é levado para UTI; é um procedimento normal. Mais calma, telefonou para Marilce Stenia, amiga de infância de Amly, e para o amigo fraterno Edilson Santana.
Os mesmos vão para o hospital dar força a sua prima.
No leito da UTI, Amly, ainda sonolenta, vê do seu lado esquerdo a sua amiga Marilce; esta a conforta, diz que estava bem, passa-lhe a mão na cabeça, lhe sorri, querendo lhe passar força, otimismo, e consegue: Amly fica imensamente feliz. Ela se despede e sai, quando Amly percebe do lado direito do seu leito o amigo Edilson Santana, de braços cruzados; olha para a amiga como se ali fosse a sua última batalha; ele é espírita e intelectual. As pessoas que lêem muito pensam muito, criam imagens em questão de segundos, trilhão de hipóteses... Amly, quando o vê, consegue captar a preocupação dele; como é simpatizante de espírita, existe uma sintonia entre eles. Amly é insistente; no fundo, sabia que ainda não era seu fim, pois ela queria viver e não se dava por vencida. Em uma poesia que o próprio Edilson fez para Amly em relação ao seu livro Educação política, chamou-a de “sapo-cururu de banheiro”. É teimosa demais para aceitar a palavra “acabou”, “é impossível ou não tem mais jeito”... Lembra a fisionomia do amigo, querendo passar força, otimismo, todavia ele sabe o quanto luta para ser racional. Tinha a certeza de que Amly estava entendendo a gravidade da situação, balançava a cabeça, não conseguia falar nada, não descruzou os braços, o seu corpo balançava-se, eram as pernas mexendo-se. Contudo, só a presença dele foi importante demais para ela; ele, que tem sido o seu protetor, amigo, conselheiro e o seu médico espiritual. Amigos presentes há 21 anos na luta contra o lúpus, Marilce e Edilson, é com eles que Amly chora, ri. Ela mesma tem outras amigas, graças a Deus, mas é nesses dois que ela se sustenta durante toda a tempestade, 24 horas por dia. Isso não quer dizer que ela fica atormentando os amigos toda hora, não, ela os guarda no seu coração; quando não der mais para suportar seja lá o que for, ela, com certeza, entrará em contato com eles e sabe que receberá um apoio de carinho e amizade.



Felicidade é estado de espírito.


Sai da UTI e vai para o apartamento. Fátima, sua prima, dorme com ela e, durante o dia, sua filha Karyne fica com Amly.
Amly agradece a Deus por tantas bondades; é grata por tudo; o que a prima e as filhas Karyne e Hiáscara fazem por ela, não há ouro no mundo que pague.
São os sentimentos que fazem o mundo melhor, o amor, a bondade, o carinho, a atenção, o sorriso, tudo o que vem da alma é o que importa a Deus. É só isto que levamos quando partimos: o verdadeiro amor bem vivido, partilhado, doado para todos que precisam de ajuda, de um aconchego.
Muitos estão longe de encontrar Deus. Pensam que serão felizes por receber honrarias, méritos, dinheiro; estão perdendo a consciência moral, roubam, matam e tornam-se corruptos porque acreditam que o poder é ter muito dinheiro, fama. O homem, quando perde a consciência moral, é mais perigoso do que um animal selvagem; este age por instinto, o homem pensa. O homem faz porque quer poder, aplausos; não se preocupa com quem vai atropelar ou matar.
Os políticos estão aí; a maioria em destaque de roubo, corrupção, etc. Como essa classe, existem outras pessoas que querem poder e fama. O médico é uma classe especial por trabalhar, salvando a vida humana; infelizmente, uma classe sacrificada; trabalha em vários hospitais, no consultório; a vida não é fácil; deveria ganhar o suficiente para uma vida digna, viver com qualidade de vida para poder desempenhar o seu papel o qual é tão importante.
Na verdade, o Brasil precisa pelo menos atender as necessidades básicas: moradia, alimentação, educação, saúde, transporte, saneamento; pelo menos, isso.
O professor é outra classe sacrificada. A nossa gente precisa de educação verdadeira, e não de estatísticas. A nossa educação cresce em número de pessoas, freqüentado a escola, mas a qualidade do ensinar e aprender deixa muito a desejar. Um enorme número de faculdades particulares; recentemente, o Fantástico (programa da rede Globo) mostrou que alunas das séries fundamentais são capazes de passar nas provas de vestibulares destas faculdades. É tudo tão absurdo como a violência que aumenta a cada dia, assim como a corrupção, a prostituição infantil, formação de quadrilhas, redes de pedofilia pela Internet, seqüestro, violência no trânsito, etc. É tão grande o absurdo que até passamos a nos acostumar.
Mas isso não é o certo. Temos que rebater, não é porque se opta pelo caminho errado que devemos seguir o errado. Siga sempre os ensinamentos de Deus e a felicidade lhe tocará nas horas difíceis; nunca vai estar só. O que aflige o ser humano na verdade é a falta de Deus; pena é que muitos ainda não sabem disso; mas, quem sabe, um dia, acordarão. A própria vida, os sofrimentos os farão entender que, “fora da humildade e caridade, não há salvação”. Deus é vida.
Como alcançar a felicidade? Devemos confrontar e vencer os nossos piores adversários; e quem são eles? São os nossos inimigos interiores, como a raiva e o ódio. Erradicando esses males, podemos obter felicidade, porque felicidade, em última analise, é um estado de espírito.





Doutor Marcelo Otoch, doutor Herbert Magalhães, doutor Ovilhdo Barreto — uma equipe amiga
e profissionais competentes


A primeira cirurgia de Amly — verdade seja dita — ela estava com infecção pulmonar, muita febre, e o lúpus a deixa com imunidade zero.
Esse foi o motivo de ter passado oito dias. Doutor Marcelo Otoch teve o cuidado especial e não trabalhou sozinho para vencer essa batalha; com ele, doutor Herbert, o cardiologista, Ovihdo o anestesista — profissionais da mais alta competência médica.
Os dois, doutor Marcelo e doutor Herbert, visitavam-na todos os dias; a atenção foi de cuidado tão especial que deixava Amly confiante de que venceria essa difícil experiência.
Eles lutavam por resultados satisfatórios. Amly sentia essa energia e queria a cura, viver. Essa sintonia é essencial entre médico e paciente.
Todo ser humano tem a capacidade de fazer mais do que pensa que pode.
O poder dormita dentro de cada ser humano; é como se fosse um centro de força capaz de mobilizar energia de acordo com a nossa vontade; essa energia impulsiona para que continuemos a prosseguir, a romper desafios, sustentando-nos nas horas difíceis.
Existe um ditado popular que diz “querer é poder”. Quando temos uma firme convicção, um firme propósito, a intenção de conseguir seja lá o que for, sua determinação em alcançar aliados, a persistência, proporcionará o alcance de seus objetivos em todas as esferas da existência humana. No caso de Amly, a sua saúde.
Era apenas o começo. A primeira cirurgia, o contato com essa equipe espetacular ainda se repetiria.
Amly nunca perguntou por que não foi feito tudo de uma vez só. Um dia, doutor Marcelo disse que teve pena, mas ela sabe que não foi isso. O seu estado de saúde, o pulmão, o próprio lúpus complica bastante. Teve que ser por etapas. Ela estava fraca demais, tanto física como espiritualmente; o seu emocional estava demais abalado; ela confiou cegamente na competência de quem a estava tratando e entregou-se sem medo. Isso só é possível porque é a confiança que o médico lhe passou, além da confiança, competência, amor, carinho, de quem está cuidando de um ser humano. Infelizmente existem médicos que perderam essa sensibilidade.




A segunda cirurgia


Teve alta. Infelizmente, ao chegar em casa, todos estavam gripados, e é inevitável, ela fica também. Era muito dolorido, além da cirurgia, a tosse muito a maltratava. Com o passar dos dias, terríveis dores nas costas.
Telefona para doutor Marcelo; ele marca com ela no hospital São Carlos e lá faz mais radiografias. Terá que se submeter novamente à vertebroplastia o mais rápido possível. E no dia 10 de outubro, é realizada a cirurgia.
A burocracia é a mesma: a busca da autorização do material cirúrgico. Desta vez, a sua irmã Ana Célia foi para Fortaleza a fim de acompanhá-la na cirurgia.
A demora é grande; as dores, insuportáveis. Na segunda-feira, ela é atendida na emergência do hospital para aliviar as dores. O próprio doutor Marcelo é quem a leva. Neste dia, entrega-lhe os papéis para dar entrada na Unimed.
No outro dia, pela manhã, Dr. Marcelo telefona e diz a Amly que ela mande os papéis e documentos, que ele mesmo vai dar entrada na autorização. Ele sabia o estado de saúde da sua paciente; as dores a impossibilitavam de andar.
Tem uma grande e bondosa alma esse médico. Hoje, em pleno século XXI, com o esgotamento da prática das virtudes, esse fato é um caso raro. Amly telefona para Marilce e esta leva os papéis e documentos ao Dr. Marcelo; depois, volta com tudo resolvido, entrega os documentos; agora só resta esperar.
No outro dia, Dr. Marcelo telefona e orienta Amly para ficar em jejum, pois a cirurgia poderá ser feita em qualquer momento, assim que sair a autorização. Passa um dia, e nada, Amly fica sem se alimentar. Às 18h00min, ele telefona; diz que ela pode comer alguma coisa e que, no outro dia, jejum novamente, na esperança de sair a autorização. O mesmo sofrimento, sem se alimentar, pronta para pegar um táxi e ir direto para o hospital a qualquer momento. Esse quadro de fatos mata qualquer um, é muito cruel. Chega a noite e nada de autorização, mais, um dia de espera e ansiedade; as dores insuportáveis. Amly segura-se na meditação — graças ao incentivo do amigo Edilson que há muitos anos vem lhe presenteado com livros e CDs de meditação; ela levou a sério e vem praticando ao longo dos anos, não é fácil, mas é possível, a meditação é uma aliada com que Amly conta nas horas difíceis.







Doutor Marcelo Otoch — um médico humanista


Outro dia sem resultados, nada de realizações. Tudo se repete.
Dr. Marcelo Otoch realmente vê o paciente como um ser humano; ele é humanista; conhece e pratica as virtudes. É um jovem médico, entusiasmado, cresce a cada segundo, pois tudo que faz, faz com emoção, amor, carinho e vontade de viver, e de obter melhores resultados. Sabe que não são apenas os procedimentos médicos que darão a cura ao paciente; o paciente precisa confiar e sentir carinho fraterno do médico. Um sorriso, um aperto de mão, uma conversa amigável, dar ao paciente energia, vontade de lutar pela vida, a calma, elimina a ansiedade, o medo; esse ponto é importante demais em qualquer argumento entre médico e paciente.
Amly é assim: prefere ver a alma à aparência; valoriza atitudes simples, um simples gesto de carinho, um sorriso. Ela diz que Deus é maravilhoso, tem a certeza absoluta de que Ele existe (essa herança foi a que sua mãe lhe deixou. Essa certeza).
A doença, os problemas, as dificuldades que todos passamos. Deus não tem culpa. Se a vida fosse só flores, não haveria o crescimento espiritual; se de todas as dores, obstáculos, sofrimentos, das pedras do caminho todos aprendessem a ler nas entrelinhas, tudo melhoraria... É assim que tem de ser.
Se algo está acontecendo com você, não aconteceria se não fosse para seu próprio bem. “Não há crescimento sem dor.” O que fazer com o que nos acontece? Somos os construtores da nossa própria vida, os responsáveis por nossa tristeza, sucesso ou fracasso.
Não é fácil, é verdade, mas devemos tentar viver felizes. A vida é dádiva de Deus; é apenas uma passagem, um curto espaço de tempo, e por que não fazer dessa passagem algo que lhe traga felicidade, alegria, destarte aos outros? Faça os que estão perto de você serem felizes e você será feliz...
É muito complexo assistir aos acontecimentos dolorosos; agora, na China, o terremoto, milhares de mortos, desabrigados, órfãos... E de repente, observamos, vemos centros de amor ao próximo que nos fazem acreditar no coração, no amor, na bondade... Há tanto o que se refletir.
O importante é que a vida é amor. Se o amor existe, não importam as condições que estamos passando; mesmo sofrendo, amando, sentimo-nos amados, estamos vivendo. É uma grande verdade. Difícil é uma pessoa materialista, ou que busca poder, honraria, fama, entender isso. Muitas vezes, quando estão começando, são humildes e bondosos; mas, em outros casos, assim que crescem, vão achando “que são melhores que os outros”, porque ficarão conhecidos, porque subiram de cargo, etc. É incrível como passam de seres humanos a monstros.
Somos humanos, e há muito que aprender: policiar-se e tentar que o monstro não o domine. O ser humano, esse é lindo, há virtudes, amor, solidariedade...
Amly comenta sobre Dr. Marcelo e frisa bem: não há fanatismo. É autêntica e verdadeira ao extremo (o que, às vezes, passa a ser um defeito); às vezes, esquece que tem, que existe o caminho do meio.
Disse que Dr. Eyorand, quando o indicou, nada foi por acaso; disse que, desde o primeiro momento em que o viu, ou seja, quando falou com ele ao telefone, a sensação que teve era que já o conhecia. Quem sabe, de outras vidas?
Dr. Marcelo Otoch, Amly sente-o verdadeiro, amigo, com tantos sorrisos espontâneos que viu aflorarem; vê-lo transparente, e por tal motivo, não tem vergonha de ser ela mesma, e não tem vergonha de chorar, pois a cada lágrima, tinha a certeza de que não era fraqueza espiritual, eram as dores, e ao mesmo tempo, emocionada e agradecida a Deus por ter colocado no seu caminho um médico humanista, de bondoso coração, grande alma. Doutor Marcelo Otoch, ela o vê como um livro aberto, pois não tem o receio de mostrar a sua inquietude, de saber o resultado do seu trabalho, quando pergunta, sorrindo para Amly: “De um a dez, que nota você me dá do resultado da cirurgia?’’ Às vezes, vê-lo criança, adolescente e o que a deixa totalmente feliz é vê-lo humano.
É incrível que atitudes como essas são raríssimas. Em menos de um mês, ele já fazia parte da vida de Amly, até se dispor a deixar um cheque de valor muito alto para que o material cirúrgico fosse liberado; com a autorização da Unimed, ele receberia o dinheiro depois. Para Amly, esse ato é a prova de que Dr. Marcelo Otoch é mesmo um ser humano raro; nada tem de exagero quando ela fala na sua grande alma e no seu coração cheio de Deus.





A terceira cirurgia — e hoje a sua razão de viver


Em uma tarde de terça, ele liga para Amly: “A auditora não está mais no trabalho e ainda são 1600h. Está errado. Ligue para seu amigo promotor de Justiça e vamos fazer justiça”. Ele sabia o que Amly estava passando. Quem trata da burocracia nem lembra que é um ser humano que aguarda um sinal.
Amly telefona para a Federação e diz que vai para lá, de cadeira de rodas para que eles vissem o seu desespero; levaria com ela a Impressa e levaria o caso para o Ministério Público. Ela não gostaria de fazer isso, mas, se era necessário, não pensaria duas vezes. Quase uma semana na espera, não suportava mais, a tolerância dela é mil; as dores e a própria situação é que já não suportava.
Em Educação Política, o seu primeiro livro lançado, ela é firme na participação do cidadão na busca dos seus direitos e deveres. Seria desacreditada se não agisse conforme defende seus ideais.
A moça que atendeu o telefone pediu-lhe calma, que, em meia hora, voltava a responder. Graças a Deus, um bom diálogo é melhor do qualquer desavença. Retornou a ligação em 15 minutos, dizendo que o material cirúrgico havia sido liberado. Amly telefona para Dr. Marcelo Otoch e ele diz que “venha o mais rápido possível; vou ficar esperando na entrada do hospital”. Depois vai ao centro cirúrgico.
E assim Amly pega suas coisas e junta com sua irmã Ana Célia, pegam um táxi e foram direto para o hospital. A irmã foi dar entrada na papelada e Amly foi diretamente à cirurgia.
Tudo deu certo; a mesma equipe: Dr. Marcelo Otoch; Dr. Herbert e a anestesista, nada a temer; já eram “familiares”.
Sai do centro cirúrgico e de novo a UTI, desta vez, tudo calmo; já sabiam que era normal.
Desta vez, demora menos, 2 dias; não teve febre como teve na primeira cirurgia.
De alta da segunda cirurgia, pensa que tudo está terminado. Já na casa da prima Fátima onde se hospeda desde o dia 11 de setembro, acredita que, em breve, voltaria a Missão Velha. Como tudo corre bem, Amly sugere a sua irmã que volte. O pai não pode ficar só, e a outra irmã que tinha ficado com ele, Marta, adoeceu (um cobreiro). Aquela aceita a sugestão e volta.
Com o passar dos dias, Amly começou a sentir dores nos “quartos” (quadris); dor, dificuldade, pior que as outras. Telefona para Dr. Marcelo. Ele diz que ela deve ir ao hospital São Carlos, pegar umas solicitações com Dr. Eyorand para novos exames, radiografias, etc., o mais rápido possível. As dores não eram normais e precisa ser mais rápido ainda.
Difícil situação: a prima não pode ir, uma filha estudando e outra trabalhando; sozinha, Amly não consegue ir. Telefona, então, para o amigo fraterno Edilson Santana e explica a situação. Ele se dispõe a ajudar-lhe e marca com ela às 1500h para levar ao hospital; tudo aconteceu como o combinado: ele chega na hora exata; chegando lá, vão direto pegar a solicitação e depois para o centro de imagens. Dr. Marcelo havia combinado que, tão logo Amly entrasse para os exames, telefonava para ele, que ele iria ao encontro e já veria o resultado do exame e destarte a causa das dores.
Foi feito o exame. Dr. Marcelo chega ao centro de imagens; convida Amly e Edilson para uma sala onde ele pode explicar o resultado dos exames.
Além da fratura de vértebras, uma estava comprimindo as outras. Não havia outra alternativa: outra cirurgia fazia-se necessário.
Foi realizada no dia 9 de novembro. A mesma burocracia; desta vez, a autorização foi mais rápida (o caso de Amly já era bastante conhecido).
A cirurgia foi em uma sexta-feira pela manhã. A irmã retornou a Fortaleza a fim de acompanhar outra vez para a UTI. Outra experiência terrível. Como não havia leito no hospital, Amly passa sexta, sábado e domingo às 6 horas da tarde na UTI; ela, cansada, sabia o risco que corria; não tem defesa; o lúpus não lhe permite. A UTI foi a pior experiência que ela viveu: barulhenta. Chamou a enfermeira-chefe; essa fazia que não ouvia. Funcionários conversavam como se estivessem em casa de “comadre”; brigavam entre si, pois usavam o telefone indevidamente para problema “extraprofissional” e os pacientes ficam à mercê da sorte, das graças de Deus.
Se morresse, já era previsto; se não, os cuidados foram excelentes. “Brasil, mostra a tua cara”. O professor Darcy Ribeiro saiu do hospital para se tratar.
Domingo à noite, vai para o apartamento. A irmã Ana Célia já está lá. Agradece a Deus e a um casal de enfermeiros, Bernadete Paixão e o amigo dela, Roberto, que lhe encheram de cuidados, atenção. Naquele “mato sem cachorro”, eles apareceram e cobriram-na de carinho. Deus existe e não abandona ninguém. Internada, ficou um dia e meio.
Em casa, já aliviada das dores, não se esquece nunca de agradecer a Deus.
E no dia 20 de novembro, de madrugada, viajou de volta a Missão Velha com o Coronel Lamdim, um amigo e sua irmã.
Dr. Herbert havia recomendado que ela não viajasse de avião, devido ao problema da falta de ar.
Os três meses em que Amly fica em Missão Velha não foram bons. Ela fez foi piorar, não das vértebras, mas agora a falta de ar, um ambiente triste; ficou sem apoio de ninguém; a alimentação precária, ela entende que tem de andar com suas próprias pernas. As pessoas já possuem a sua própria vida para cuidarem. Por tal motivo, não sente mágoa nem rancor.
Essa etapa da sua vida valeu como experiência de muito valor; sabia ela que agora, sem a presença da mãe, teria de lutar mais ainda para sobreviver e não deixar nunca que o desânimo a abatesse.
Ela é muito confiante em Deus; e nas horas mais difíceis, quando ela pensa que tudo está perdido, aparece sempre um anjo do Céu para lhe ajudar. Acredita que a sua fé e esperança aumenta a cada dificuldade, a cada momento, onde as dores a limitam para andar; mas, quando as dores passam, ela começa a trabalhar.
Agora, que ela se encontra afastada do Estado como professora, dará prioridade a sua vida literária. Escrever, para ela, é um prazer. E o projeto Receita Para Ser Feliz — que dispõe do centro cultural Hilda Alves Freire e Luiz Freire, da Biblioteca Humanista Jose Rosendo Santana, e da ASA (Academia Santana Alves) —, é através desse projeto que Amly vai desenvolver trabalhos filantrópicos na sua comunidade e comunidades vizinhas; ela sempre gostou desse tipo de atividade.






PALAVRAS FINAIS


Este livro conta a história da vida de Amly, sua convivência com o Lúpus, o que aprendeu, a importância do crescimento espiritual e o amor à vida.
Quando um indivíduo conta sua história pessoal, é única; está apenas descrevendo sua própria interpretação, filtrada por suas crenças, valores, argumentos, pressuposições, cultura — elementos de que se utiliza para apresentar seu modo de pensar e de ver o mundo.
A vida aborda vários aspectos; podemos contar muitos fatos e ocorrências sobre nós, dando maior importância a alguns aspectos e ignorando outros, ou mesmo selecionando diferentes atos e comportamentos que tivemos nas mais diversas ocasiões.
Somos na verdade seletivos por natureza e tudo que falamos, pensamos ou fazemos tem certa relatividade quando comparado com outros momentos, situações ou fases evolutivas.
Cada um de nós, uma individualidade original e exclusiva. Para reforçar essa afirmação, basta utilizar esta singela metáfora: “Toda vez que Deus cria um Espírito, ele quebra o molde”.
O amor pela vida no seu contexto geral faz com que Amly caminhe sempre, seguindo adiante. A busca do amor é o principal anseio de todo ser humano; ele é legítimo e saudável e incentiva-nos ao despertar da inteligência e dos talentos inatos, a fim de criarmos, renovarmos e crescermos, quer no campo da Religião, da Filosofia, quer no campo da ciência, da arte e em outros tantos setores do desenvolvimento humano.
Tudo que existe no amor — essência fundamental de todas as coisas que vivem sobre a terra.
O nosso mais profundo centro amoroso, o ponto de partida de todas as ações humanas é a alma, que transmite energeticamente a afetuosidade para os nossos sentidos.
A aspiração do amor causa em inúmeros indivíduos uma sensação de inadequação ou medo; por esse motivo, eles a reprimem de modo inconsciente ou voluntário. No entanto, apesar de tentarem recalcar ou “apagar” a emoção, eles nunca conseguirão silenciar por muito tempo o sentimento amoroso que flui da intimidade da própria alma.
É um grande equívoco acreditar que o desejo de amar é motivo de fraqueza, vergonha, submissão ou domínio. Esse anseio, quando reprimido, acarreta conseqüências angustiantes e desastrosas, tanto na área física como na psicológica.
Medo, vergonha de amar, Amly não tem, porque, para ela, somando todos os atos de toda história de vida, poderá ser resumida unicamente no fato de que somos criaturas frágeis a cometer erros e acertos e que buscamos consciente ou inconsciente o amor.
A dignidade do ser humano não está fundamentada em “parecer amar”, e sim, amar verdadeiramente.
Onde há amor, não existem imposições e repressões; onde esses prevalecem, o amor está ausente.
A autêntica afetividade, ou seja, o amor está associada a uma ampliação de consciência e a um amadurecimento espiritual. Quem a possui, aprende a ser caridoso, generoso, benevolente.





BIBLIOGRÁFIA


BELO, Gilson. Tudo é possível.
BRIAN, Weiss. Eliminando o stress.
BULLAN, Alejandro. Sinais de esperança.
CAUÉ, Émile. Os domínios de si mesmo, sugestão.
COELHO, Paulo. O dom supremo. [Tradução].
FREIRE, Hilma. Educação política. Fortaleza: Din Edições, 2002.
HELLINGER, Bert. Religião, Psicoterapia e aconselhamento.
LISZT. Pensando com o coração.
MARTINS, Cleide. A eterna busca da cura.
PINHEIRO, Donizete.Terapia da paz.
RAY, Louise. Afirmação positiva.
ROHDEN, Humberto. De alma para alma.
SANTANA, Edilson. Filosofar é preciso. São Paulo: DPL, 2007.
_____. Arte da política mundana. Campinas (SP): Edicamp, 2003.
_____ Há um mestre adormecido dentro de você. São Paulo: DPL, 2001.
SANTO NETO, Francisco do Espírito. Os prazeres da alma.
UBALDI, Pietro. A Lei de Deus.
A essência de Deus, coleção Pensamentos e Textos de Sabedoria.
Otimismo, da coleção Pensamentos e Textos de Sabedoria.
Vida, da coleção Pensamentos e Textos de Sabedoria.


FORMAÇÃO E ATIVIDADES DA AUTORA

Maria HILMA FREIRE nasceu em Missão Velha (CE), no dia 5 de dezembro de 1957; é filha de Luiz Freire do Nascimento e Hilda Alves Freire.
Fundadora do Projeto “Receita para Ser Feliz” em parceria com o Promotor de Justiça e Pedagogo dr. Edilson Santana Gonçalves — uma iniciativa de cunho cultural e filantrópico, já tendo publicado livros de autores do município de Missão Velha, objetivando a valorização da cultura local e da região, no reconhecimento das riquezas culturais, como o lançamento do livro Antologia Poética, do Poeta Biu Pereira e trabalhos sociais.
CURSOS DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO:
 Formada em Administração de Empresas pela Fundação Educacional Edson Queiroz — Universidade de Fortaleza (Unifor).
 Especialização em Administração de Empresas — Curso de Pós-Graduação — latu senso, regido pelo Conselho Federal de Educação, ministrado pela Universidade Regional do Cariri — Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa nas seguintes áreas:
o Gerenciamento do conhecimento humano
o Estatística aplicada à Administração
o Método de solução do problema
o Marketing básico
o Times de qualidade
o Gerenciando as mudanças organizacionais
o Reengenharia Business Games
o Negociação estratégica e habilidades
o Gestão estratégica empresarial
o Gestão de qualidade
o Gestão empresarial na prática
o Metodologia do ensino superior.
 Formada em Geografia, ministrado em Licenciatura Plena — Fundação Universidade Regional do Cariri (Urca);

OUTROS CURSOS:
 Capacitação Gerencial para Administradores Escolares — Secretaria de Educação do Ceará;
 Exercício Físico e Saúde — Fundação Edson Queiroz — Universidade de Fortaleza (Unifor);

SEMINÁRIOS:
 Seminário de Auxiliar de Escritório e Administração — Parcem (Planejamento Representações e Consultora de Empresas) — Fortaleza, ministrado na cidade de Missão Velha (CE);
 Encontro de Professores de Contabilidade da Rede Pública Estadual. Departamento e Desenvolvimento de Recursos Humanos — Secretaria de Educação do Estado do Ceará;
 Seminário Caririense de Educação Física, Desporto e Lazer, realizado pela Universidade Regional do Cariri (Urca);
 Seminário Avançando com o Turismo — Secretaria de Turismo de Missão Velha — CE;
ATIVIDADES PROFISSIONAIS ANTERIORES E ATUAIS:
 Estagiária da Caixa Econômica Federal em Fortaleza — CE (1980-81);
 Auxiliar de escritório, no Cartório Ossian Araripe — Fortaleza — CE (1982-83);
 Auxiliar de escritório, Serviço Autorizado Arno e Brastemp — SAB — Fortaleza — CE (1983-85);
 Assessora administrativa — Hospital e Maternidade Maria Fechine Dantas — Missão Velha (CE);
 Professora da Rede Oficial de Ensino do Ceará:
a) na Escola de 1º e 2º Graus General Eudoro Correa Fortaleza — CE (1982-85), disciplina Técnicas Comerciais;
b) na Escola de Ensino Fundamental e Médio Monsenhor Antônio Feitosa, Missão Velha (CE), onde ministrou as seguintes disciplinas de 1986 a 2006:
 Curso de Contabilidade
 Organização e técnicas comerciais
 Estágio de Contabilidade
 Estatística
 Direito e Legislação
 Curso de Magistério
 Filosofia da Educação
 Estatística aplicada à Educação
 Educação Física
 Didática Geral
 Curso Científico
História Geral e do Brasil.
 Afastou-se do Estado como professora em 2006.
 Em 17 de março de 2001, lançou na cidade de Missão Velha (CE) — em parceria com o promotor de Justiça Edilson Santana — o livro Antologia poética do poeta Biu Pereira, homenagem aos 73 anos de poesias.
 Em 27 de setembro de 2002, lança a obra Educação Política.
 Em outubro do mesmo ano (2002), o citado livro participa da 5ª Bienal Internacional do Livro, em Fortaleza (CE), no Centro de Convenções, no stand da Editora Public.
 Atualmente, administra o projeto Receita para Ser Feliz — que dispõe do centro cultural Hilda Alves Freire e Luiz Freire, da biblioteca humanista José Rosendo Santana e da academia de Ginástica ASA (Academia Santana Alves).

PUBLICAÇÕES:
 Em 2001 em parceria com o promotor de justiça Edilson Santana, lançou o livro ANTOLOGIA POÉTICA DO POETA BIU PEREIRA – UMA HOMENAGEM AOS 73 ANOS DE POESIA. – Editora ABC
 EDUCAÇÃO POLÍTICA – 2002 – editora Dim-Ce




HOMENAGEM


• Todas as mães, em nome da minha mãe, Hilda Alves Freire.
• Todos os pais, em nome do meu pai, Luiz Freire do Nascimento.
• Meus irmãos(as), sobrinhos(as), tios(as), primos(as) e cunhados(as).
• Deus, “médico dos médicos”.
• Dr. Eyorand Andrade Castelo Branco — meu médico reumatologista (há 22 anos).
• Médicos a seguir mencionados, que me assistem nas suas especialidades — todos indicados ou com a aprovação de Dr. Eyorand:
• Dr. Tausser Barreto, dermatologista;
• Dr. Jorge Luís Nobre Rodrigues, infectologista;
• Dra. Elcineide Soares de Castro, pneumologista;
• Dr. Rafael Pontes de Siqueira, cirurgião (tórax-broncoscopia);
• Dr. Rafael Dias Marques, oftalmologista;
• Dr. Marcelo Otoch, neuro-radiologista, intervencionista-vertebroplastia;
• Dr. Herbert Magalhães, cardiologista;
• Dr. Marcellius H. L. Ponte de Sousa, gastroenterologista;
• Dra. Kirla W. Poti Gomes, reumatologista.
• Maria de Fátima Gonçalves Cruz, seu esposo José Cruz Landim e suas filhas Karyne Gonçalves Cruz Landim e Hiáscara Mara Gonçalves Cruz Landim.
• Meu “pequeno grande” amigo José Victor Landim Sena.
• Paulo Rafael Cruz Vasques, grande amigo.
• Dr. Jarbas Macedo Cruz, advogado.
• Benedita Pereira Moraes, professora e minha prima.
• Terezinha Freire, minha tia paterna.
• Dr. Meton Soares de Alencar Filho, cardiologista.
• Edilson Santana Gonçalves/Marilce Stênia Ribeiro Macedo, verdadeiros amigos e “anjos da guarda”.
• Dra. Marta Maria Serra Azevedo, presidente do Garce (Grupo de Apoio a Pacientes Reumáticos do Estado do Ceará), em Fortaleza.
• Irmã Edeltrau Lerch, “anjo da bondade”, fundadora do Hospital São Vicente de Paula, em Barbalha (CE).
• Programa “supertempo” da rádio “Tempo FM” — um programa de notícias e humanista — nas pessoas de João Hilário Coelho Correa e Murilo Siqueira, em Juazeiro do Norte (CE).
• Francisco Pereira da Silva – “Biu Pereira” – in memoriam - o maior poeta da cidade de Missão Velha (CE).
• Dr. Stênio Dantas de Araújo e Lúcia Gurgel Dantas de Araújo – minha eterna gratidão.
• Joana d’Arc Diniz, cunhada e amiga-irmã.
• Carmelita Ferreira, grande amiga.
• Nailton da Silva Ferreira, amigo.
• Francisca Amélia Crisóstomo, amiga fiel.
• Valdir Loureiro — bibliófilo, colaborador gramatical e metodológico da presente obra e da minha outra obra, Educação política, publicada em 2002.
• Agenor Alves da Silva e in memoriam as suas três irmãs Hilda Alves Freire (minha mãe), Maria Alves da Silva e Isabel Alves Ferreira (Biluca), e também in memoriam seu irmão, pai e mãe, Antônio Alves da Silva, Delfino Alves da Silva e Ana Furtado de Menezes (Santana Alves)
• Dr. Antônio Hoffmann Correa, advogado (in memoriam).
• Dr. Walter Alves Albuquerque, advogado (in memoriam).
• Luiz Fernando Freire de Figueiredo, sobrinho e afilhado.
• Marília Freire de Figueiredo – sobrinha, acadêmica de Administração de Empresas e digitadora desta obra.
• Oly Pinheiro – amiga de infância da minha mãe.
• Dr. Eugênio Parcelly Macedo Luna, engenheiro mecânico.
• Todos os meus ex-alunos, na pessoa de Maria Gilvanilce Lucena de Figueiredo Alves — uma lição de vida, formada em Letras — sucesso na vida familiar, social e profissional.
• Antônio Miranda e sua esposa, Socorro Miranda, por terem amado verdadeiramente o meu irmão Joaquim Neto Freire. (in memoriam)
• Angelúcia Soares Nepomuceno, amiga das horas certas e incertas.
• Cláudia Roberta Pereira Silva, amiga.
• Nicoly Freire Braz, sobrinha amada.
• Pe. João Bosco de Lima – (in memoriam).
• Pároco da cidade de Missão Velha – Ceará - que apesar do pouco tempo muito realizou.




APOIO CULTURAL


“Quem tem amigos, coleciona tesouros.”



 Mário Sérgio Ribeiro Macedo – empresário.
 Marilce Stênia Ribeiro Macêdo – administradora de empresas.
 Marilde Salete Macêdo Mangabeira – engenheira civil.
 Marcos Danilo Lima de Figueiredo – oficial de reserva do Exército Brasileiro.
 George Cláudio Lima de Figueiredo – engenheiro de pesca.
 Maria Vilany Dantas – professora.
 Guiomar Miranda de Alencar Maia – professora.
 Marta Valéria Xavier Queiroz – comerciante.
 Terezinha Freire – administradora do lar.
 Maria Josely Landim PruthAnsky – odontóloga.
 Losango Variedade – organização Carlos e Ziany.
 Ana Maria Gadelha Necos – empresária.
 Angelúcia Soares Nepomuceno – funcionária da Cagece.
 Lailze Maria Gonçalves Toledo – administradora de empresas.
 Rosa Maria Freire do Nascimento – da Escola Jean Piaget, educação de qualidade.
 Francisca Amélia Crisóstomo – coordenadora pedagógica.
 Maria Gilvanilce Lucena de Figueiredo Alves – divulgação da editora Ática.
 Edilson Santana Gonçalves – promotor de Justiça.
 Agenor Alves da Silva – profissional autônomo.
 Dra. Marta Maria Serra Azevedo – administradora de empresas.